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quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Meu Brasil de canto a canto tem suor de nordestino

Por Antônio Francisco


Enviado pelo poeta, escritor, pesquisador do cangaço e gonzagueana Kydelmir Dantas

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DEBATER COM ELE NO AR

Por Archimedes Marques

Caros amigos: Hoje pela manhã o cidadão PEDRO DE MORAIS estava dando uma entrevista para uma rádio de Feira de Santana falando sobre o LIVRO IDIOTA DELE. Quando um amigo me ligou e então entrei em contato com a dita rádio pois era meu desejo DEBATER COM ELE NO AR para colocar por terra todas as suas alegações FRÁGEIS E DESCABIDAS, tudo fruto da sua imaginação, entretanto, me informaram que o programa era gravado e que posteriormente eles entrariam em contato comigo para uma entrevista... Pois bem, da fala dele, disse que a FAMÍLIA FERREIRA É SUA AMIGA, que apenas exerceu o direito querer proibir o livro dele mas não conseguiu e, que a UNICA PESSOA DO BRASIL QUE É CONTRA O LIVRO DELE sou eu, que escrevi um livro contestação, entretanto, não contesto nada, pois AS PALAVRAS DELE SÃO INCONTESTÁVEIS, vez que foram frutos de ESTAFANTES PESQUISAS e tudo que ele diz no livro ESTÁ DEVIDAMENTE COMPROVADO, etc e tal...

Este sim vale a pena ler

Diz que tanto andou, tanto pesquisou, mas na pratica, lendo o livro dele, qualquer um logo nota que é justamente o contrário: suas pesquisas restaram XINFRINS, desprovidas de quaisquer provas.

Dentre as tantas aberrações coloca como suposta TESTEMUNHA DE OUVIR DIZER um cidadão que já faleceu, FELINO BOMFIM, um escrivão, enquanto ele era Juiz....

Dá a entender que dois ex-policiais volantes, JOÃO GOMES DE LYRA e NECO DE PAUTILIA, que saem em fotografias como seus supostos entrevistados COMUNGAM COM OS SEUS ENTENDIMENTOS, mas, entretanto, esses dois cidadãos TAMBÉM ESCREVERAM EM LIVROS AS SUAS MEMORIAS e as suas narrações NADA TEM A VER COM AS ACUSAÇÕES DELE, são totalmente contrárias, ANTAGONICAS, como antagônico também é o entendimento do prefaciador do seu livro ao seu próprio entendimento. O escritor Oleone Coelho Fontes autor do livro Lampião na Bahia é o seu prefaciador. É a primeira vez que vejo prefaciador e autor se debaterem em TANTAS SITUAÇÕES CONTRÁRIAS UMAS A OUTRAS. Além do mais o livro dele VAI DE ENCONTRO A MAIS DE 800 TÍTULOS JÁ ESCRITOS, alguns deles escritos na própria época do cangaço, na efervescência das guerras em que os pobres sertanejos tanto sofriam e rogavam pelo fim de Lampião, ou pós-era, baseados nas tantas entrevistas com inúmeros remanescentes do cangaço. Seriam todos esses historiadores perfeitos idiotas ou exímios enganadores? De tudo o seu livro é fraco em todos os sentidos, pois ele troca datas dos acontecimentos, nomes, lugares, enfim comprova que do tema CANGAÇO ELE NADA ENTENDE.

Entretanto, ELE CONTINUA CANTANDO DE GALO como se fosse o verdadeiro REI DA COCADA PRETA, o SEMIDEUS dono da verdade. Lança logo mais, no inicio da noite, o livro na Livraria Escariz, diz ele que será UMA VERDADEIRA MULTIDÃO em busca da sua "obra" e que já mandou confeccionar mais DEZ MIL EXEMPLARES. Para ele a literatura do cangaço tem duas fases: ANTES E DEPOIS DO LIVRO DELE... Então eu pergunto pra vocês: será que está nascendo o livro Best Seller do cangaço?

Fonte: facebook
Página: Archimedes Marques

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Homenagem da CM Penafiel a José Teixeira (Zé do Telhado)


Este artigo foi publicado em Março de 2005, quando da aproximação da Homenagem da Câmara de Penafiel a José Teixeira.

Link Original, aqui

A Câmara de Penafiel vai homenagear a partir de sexta-feira a figura do Zé do Telhado, com uma exposição de banda desenhada, um debate e uma peça de teatro, anunciou hoje a autarquia.

A homenagem integra-se nas comemorações dos 235 anos de elevação de Penafiel a cidade, aniversário que a segunda cidade (depois do Porto) mais antiga do distrito do Porto completa quinta- feira.

Zé do Telhado, o bandoleiro que a lenda diz que roubava aos ricos para dar aos pobres, nasceu em 1816 na freguesia de Castelões, comarca de Penafiel, "filho de um capitão de ladrões e no seio de uma família em que extorquir o alheio era actividade de raízes fundadas", recorda a autarquia.

José Teixeira (ou José Teixeira da Silva ou José Teixeira de Matos), verdadeiro nome do Zé do Telhado, casou com a sua prima Aninhas em Caíde de Rei, concelho de Lousada, e morreu em 1875 com pneumonia em Xissa, Angola, para onde foi enviado para cumprir degredo pelas suas "façanhas".

Episódios da vida do Zé do Telhado vão ser mostrados a partir de sexta-feira e até dia 31 na Biblioteca Municipal de Penafiel, numa exposição de banda desenhada de Eugénio Silva, autor de vários livros de BD de cariz histórico, como "Eusébio, o Pantera Negra" e "A História de Inês de Castro".

Eugénio Silva, o historiador Coelho Ferreira e o encenador Helder Costa vão participar dia 11 no Auditório da Biblioteca de Penafiel no debate "Zé do Telhado - ficção e realidade".

A homenagem termina a 02 de Abril, com a encenação na Escola Secundária de Penafiel da "Peça do Zé do Telhado", pela companhia Jangada Teatro.

POSTED BY [MAMEDE] AT 6:55 DA TARDE 0 COMMENTS 

Sobre o Processo "Zé do Telhado"

O Processo Zé do Telhado, por Guilherme Pereira, jornalista - Link original, aqui

Zé do Telhado, titular da Ordem da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito, permanece no imaginário popular como um assaltante que roubava aos ricos para dar aos pobres. O mito e as lendas têm servido para ocultar um processo judicial feito de mentiras e provas forjadas.

Na campa, onde jaz, consta uma data de nascimento igualmente falsa. As quadrilhas integravam padres, morgados, administradores, empresários e alfaiates. Nunca foram julgados. A História reconduz-nos a julgamentos recentes, alguns dos quais da actualidade...

Na noite de 16 para 17 de Março de 1857, Zé do Telhado é já alvo de uma caça ao homem sem precedentes. Tinha renovado a quadrilha, agora constituída por Zé do Telhado e o irmão Joaquim, António da Cunha, o Silva mestre pedreiro, a senhora Tomásia, Joaquim Pinto e a mulher, donos de uma estalagem , o Morgado António Faria, o padre Torquato José Coelho Magalhães, o alfaiate Miguel Exposto, o Morgado da Magantinha(António Ribeiro de Faria) e o administrador Albino Leite.
Zé do Telhado resolve pernoitar em Amarante, cujo administrador, José Guedes Cardoso da Mota, fora avisado que o fugitivo passaria a noite na casa de Manuel Teixeira, do Sardoal.

Cabos de ordens, tropas de caçadores e regedores das freguesias são mobilizados em peso para a captura, cujo comando fora confiado ao regedor Alves, de São Gonçalo.

Cercaram a casa durante a noite. Mal irrompessem os primeiros raios de sol, por imposição legal, o assalto e as prisões consumar-se-iam. A mulher do dono da casa, quase de madrugada, apercebeu-se do cerco e tentou alertar Zé do Telhado, entretanto ocupado a cuidar do visual.

Nas situações mais dramáticas, o homem cofiava a barba hirsuta, ajeitava o paletó, empertigava a peitaça frente ao espelho.

Dirigiu-se a uma janela e interpelou um dos cabos. ”Quem anda aí? – as palavras de Zé do Telhado rasgaram a noite gelada. A resposta chegou e trazia mau augúrio: ”É o regedor da freguesia. Por ora não queremos nada, o que queremos será mais logo”. O foragido dirige-se para o lado oposto da casa e abre outra janela. ”Tu, que estás detrás do carvalho, sai!.. senão morres!”

Ao grito da última palavra, colou-se um tiro que aterrorizou a patroa. “Entregue-se, senhor, que eles não lhe fazem mal” – ajoelhou-se a mulher. Zé do Telhado nem ouviu. Ao nascer do dia, para surpresa geral, abre a porta de casa e aparece de peito feito. Desce os degraus e simula que se vai entregar. Em tropel, a tropa lança-se sobre a criatura. O gesto é fulgurante - recua, entra de novo em casa, bate com a porta, foge pelas traseiras, galgando um monte.

Os sitiantes seguiram-lhe no encalço. Sentindo-se perseguido, desfechou um tiro. Depois, outro. Estava morto o regedor Alves, comandante do pelotão destroçado.

A verdade histórica confronta-se, hoje, com as versões oficiais e a lenda de José Teixeira da Silva, nascido em 1818 no lugar do Telhado, freguesia de Castelões de Recezinhos, concelho de Penafiel.

Aos 14 anos, o garoto muda de ares e vai residir para casa do tio João Diogo, no lugar de Sobreira, freguesia de Caíde de Rei, concelho de Lousada. Castrador e tratador de animais, acolhe o sobrinho, interessado em aprender o ofício. Diogo tinha vida abastada e deu abrigo a José Teixeira da Silva durante cinco anos.

Agosto quente, festa da Senhora da Aparecida, 13 de Agosto, dia de folguedo geral no lugar. José Teixeira descobre o aceno de um lenço branco por detrás de uma janela, na casa onde morava.

Ana Lentina, a prima, faltara ao festim. Afogueado, o moço galga o portão e corre para os braços da prima. Um beijo subtil e cinco palavras de amor selaram uma paixão que acabaria em casamento e tragédia. Tinha 19 anos.

Pouco depois, assenta praça no quartel de Cavalaria 2, os “Lanceiros da Rainha”. Corria o mês de Julho de 1837. Rebenta a “Revolta dos Marechais”, contra o partido dos setembristas e pela restauração da “Carta Constitucional”. Os lanceiros alinham com os revoltosos, desbaratados a 18 de Setembro.

O general Schwalback, líder da insurreição, foge para Espanha e leva José Teixeira, que se distinguira em combate. A caminho do exílio, o intrépido recebe a notícia de que o tio, finalmente, abençoara o seu casamento com Ana.

Regressado com um perdão a Portugal, troca alianças a 3 de Fevereiro de 1845. A 7 de Novembro, nasce a primeira filha do casal – Maria Josefa.

Grassava no país uma revolta larvar contra o governo de Costa Cabral. O povo, ajoujado a impostos e arbítrios, aproveita a publicação da “Lei de Saúde Pública”- que proíbe os funerais nas igrejas e impõe aos cadáveres um exame por mandatários do governo, em detrimento dos cirurgiões locais – e amotina-se por todo o Minho contra as “papeletas da ladroeira”.

Estala a 23 de Março a “Revolução da Maria da Fonte”, liderada por mulheres. As quatro cabecilhas da revolta são presas dois dias depois, mas o rastilho espalha-se a Trás-os-Montes.

Há soldados que desertam para o lado dos insurretos. Chaves adere, depois Póvoa de Lanhoso, Vila Real, Guimarães. Centenas de revoltosas são presas pelos soldados e libertadas por companheiras.

José Teixeira foi o líder militar da insurreição, à qual aderiram pés descalços e o General-Visconde de Sá da Bandeira, às ordens de quem fica o sargento Silva. Logo se distingue na expedição a Valpaços.

Os actos de bravura, despojamento, apurado instinto militar, num combate que perdeu, valeram-lhe a mais alta condecoração que ainda hoje vigora em Portugal: a ” Ordem da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito”.

O pior viria depois.

Derrotado, aconchega a condecoração, tira as divisas de sargento e voa como um pássaro para os braços da mulher e dos cinco filhos. Os vencedores atacaram a canalha. José Teixeira é perseguido, atola-se em dívidas por impostos que não consegue pagar e é expulso das Forças Armadas.

Não há quem lhe dê ofício, a todas as portas bateu – todas se lhe fecharam.

Assim nasce o Zé do Telhado que faria lenda.

Nesse tempo, Custódio, o “Boca Negra”, capitaneava a maior quadrilha de bandoleiros que aterrorizou as duas beiras em 1842. Conhecia, de gingeira,as façanhas militares de José Teixeira.

Ferido num dos assaltos, “Boca Negra” leva Teixeira a um casario meio abandonado onde se acoitava o bando. Apresentam-se à luz da vela - o “Tira-Vidas”, “O Girafa”, o “Sancho Pacato” o “Veterano” e o “Zé Pequeno”. Para o assalto do dia seguinte, “Boca Negra”, o líder ferido, informa a quadrilha que José Teixeira o substituiria no comando.

A bola de neve cresceu, imparável.

Zé do Telhado faz e reorganiza quadrilhas, ganha fama de generoso e audaz pelas vítimas que escolhe para os assaltos e o destino do dinheiro ou das jóias – os desgraçados com que se cruzava e, antes de tudo, a “ minha rica mulher e os queridos filhinhos”, como os viria a chamar, mais tarde, ao companheiro de prisão Camilo Castelo Branco.

A fama do bandoleiro atravessa o país. O temido Zé do Telhado emite, aos que estimava, um salvo conduto com a sua assinatura e esta informação:

” O portador deste salvo-conduto pode passar livremente e mando que o ajudem quando for preciso”.

Com as autoridades no seu encalço por todo o país, mil vezes o cercaram, mil vezes se escapuliu o tenebroso. Vendo-se perdido, decide fugir para o Brasil. Escondeu-se na barca “Oliveira”, acostada no Porto, onde lhe dera guarida nos últimos três dias Ana Vitória, uma das suas vítimas que passou a idolatrá-lo e sobre quem disse haver pessoas “de bem que nunca deram às classes humildes um centésimo do que lhes deu Zé do Telhado.” Desarmado e a horas de zarpar, Zé do Telhado é preso no esconderijo, a 5 de Abril de 1861.

Às dez da manhã do dia 25 de Abril, começa no tribunal de Marco de Canaveses o julgamento de José Teixeira da Silva.

No dia 27, às duas da madrugada, o júri, presidido pelo juíz António Pereira Ferraz, considerou Zé do Telhado culpado da prática de doze crimes. Roubos, um homicídio, organização de quadrilha de assaltantes e a tentativa de evasão sem passaporte.

“Condeno o réu José Teixeira da Silva da freguesia de Caíde de Rei, comarca de Lousada, na pena de trabalhos públicos por toda a vida na Costa Ocidental de África e no pagamento de custas” – assim determinou o tribunal.

O julgamento, sabe-se hoje, foi uma farsa. Uma consulta, ainda que superficial, a todos os documentos oficiais que constam no Tribunal da Relação do Porto e no Arquivo Distrital do Porto não deixam qualquer margem para dúvidas.

Alguns dos membros das quadrilhas chefiadas por Zé do Telhado foram arroladas pela acusação e safaram-se. Morgados, padres, administradores e regedores que tinham cometido os mesmos crimes do réu nunca seriam acusados ou perseguidos.

Várias testemunhas de acusação nada viram, de tudo souberam por terem ouvido.

Consta do processo que António Ribeiro, pedreiro, ”ouviu dizer que fora o querelado José do Telhado a roubar”. Alexandre Nogueira, comerciante, “não sabe que armas feriram o regedor se as do querelado se as dos sitiantes”. António da Silva, lavrador, “soube pelo ouvir dizer do padre roubado que o Zé do Telhado fora um dos que penetrara dentro da casa armado e isto tem ouvido ao povo”. Manuel de Sousa, lavrador, disse que “ sabe por ser bem público que tivera lugar o roubo de que se trata no dia pela forma que nos autos se declara”. Timóteo José de Magalhães, lavrador, “ disse que sabe pelo ter ouvido ao povo que tivera lugar o roubo de que se fala nos autos”. Francisco Moreira da Cunha, lavrador, “ouviu dizer e ser público e notório que o réu José Teixeira e o irmão estavam para embarcar para o Brasil”.

Só um tiro sairia pela culatra à acusação. Francisco António de Carvalho, lavrador, afirmou que “ o Zé do Telhado pagava crimes que não tinha cometido e ouviu dizer que se havia combinado com o administrador do concelho para imputar os dois crimes de roubo ao Zé do Telhado”.

Os quadrilheiros nobres evadiram-se para o Brasil, como sucedeu com o padre Torcato, ou colaboraram com a acusação, a troco da ilibação. O historiador Campos Monteiro analisou os autos e emitiu um parecer a este respeito:

“ É de crer que nesta altura se movimentassem altas influências tendentes a ilibar estas parelhas de bandidos engravatados. O facto é que saíram em liberdade. E é natural que o administrador, ao mesmo tempo que os inocentava, procurasse aproveitá-los ”.

O caso da ilibação do Morgado da Magantinha está igualmente documentado nos autos. Após a fuga do padre Torcato, a acusação subornou a testemunha António Eliziário que, perante o juíz, afirmou saber que “Margantinha foi um dia convidado pelo padre Torcato a ir ter à capela de Santa Águeda e, indo ali, o encontrou com alguns membros da quadrilha e quatro bois roubados”, pedindo-lhe “ o padre que tomasse conta dos bois para os vender, mas o Margantinha recusou-se”.

A verdadeira história do mito Zé do Telhado está mal contada, a começar pela data de nascimento que lhe é atribuída – na campa aparece 1815, em vez de 1818 – e culminando no julgamento relâmpago que durou menos de dois dias úteis.

Foram subtraídas testemunhas indispensáveis, promovidas declarações falsas e adulterados os critérios de escolha dos jurados. Em vez do sorteio, foram escolhidos a dedo conhecidos inimigos de Zé do Telhado. Condenado ao degredo, José Teixeira da Silva desembarcou em Luanda, seguindo para Malange, onde viveu cerca de um ano.

Palmilhou cada légua das terras da Lunda.

Fez-se negociante de borracha, cera e marfim.

Casou-se com uma angolana, Conceição, de quem teve três filhos. Cresceu-lhe a barba, até ao umbigo.

Era, para os angolanos, o “quimuêzo” – homem de barbas grandes.

Viveu desafogado, financeiramente. As saudades da mulher e dos cinco filhos levaram-no mais cedo.

Morreu, moído de remorsos, aos 57 anos.

Sepultado na aldeia de Xissa, a meia centena de quilómetros de Malange, os negros ergueram-lhe um mausoléu.

Hoje, fazem-se romagens à campa do mito.

Os anciãos de Malange dizem que, embora fosse um homem austero, tinha um grande coração e nunca deixava cair um pobre.

P.S.1

O julgamento de Zé do Telhado iniciou-se em 25 de Abril de 1859, com acusação pública em 9 de Dezembro do mesmo ano. Foi condenado na pena de trabalhos públicos por toda a vida, na costa ocidental de África e no pagamento das custas. Esta pena foi mantida pelo Tribunal da Relação do Porto, cujo acórdão de sentença substituíu a expressão "costa ocidental de África", por "Ultramar".

Por acórdão da mesma instância, foi comutada a pena aplicada na de 15 anos de degredo para a África Ocidental, que contou desde a data de publicação do Decreto de 28 de Setembro de 1863.

A condenação deu como provados os seguintes crimes: tentativa de roubo, na forma tentada, em casa de António Patrício Lopes Monteiro, em Santa Marinha do Zêzere, comarca de Baião, homicídio na pessoa de João de Carvalho, criado de Ana Victória de Abreu e Vasconcelos, de Penha Longa, Baião, roubo na casa de referida senhora (Casa de Carrapatelo) de objectos de ouro e prata no valor de oitocentos mil e um conto de reis e algumas sacas com dinheiro, cujo valor a queixosa calculou em doze contos de reis, ainda que revelasse desconhecer os montantes visto que o dinheiro se encontrava na casa mortuária onde jazera, poucos dias antes, seu pai, e, após isso, ela ainda nem sequer lá voltara a entrar, roubo em casa do Padre Padre Albino José Teixeira, de Unhão, comarca de Felgueira, no valor de um conto e quatrocentos mil reis em dinheiro e ainda objectos de prata e outro, outro homicídio na pessoa de um correligionário, ferido num confronto com as autoridades.

Para além de outros crimes de roubo e de resistência à autoridade, foi também condenado como autor e chefe de associação de malfeitores e de tentativa de evasão do reino sem passaporte, com violação dos regulamentos policiais.

POSTED BY [MAMEDE] AT 6:20 DA TARDE 0 COMMENTS 
Síntese histórica do Tribunal da Relação do Porto
Excertos da Síntese Histórica sobre a Cadeia da Relação do Porto

"...Do lado Nascente do Jardim da Cordoaria, deparamos com a monumentalidade granítica do pesado colosso que é o edifício da Cadeia da Relação..."

"...Na Cadeia, que demorou cerca de 29 anos a construir e custou 200 mil réis, funcionou o próprio Tribunal da Relação do Porto, ali instalado, após deambular pelo palácio do conde de Miranda ainda no tempo regência de D. João VI, em 1796..."

"...A Cadeia da Relação, justificando o nome, serviu de cárcere até à inauguração da actual cadeia de Custóias, em 1974, após a Revolução de Abril. Os presos eram distribuídos pelos diversos pisos, conforme a sua posição social, um pouco à guisa do inferno de Dante. Nos andares de cima, os mais categorizados, ali se situando os catorze "quartos de malta" (celas individuais). Nos "quintos dos infernos", no rés-do-chão, os mais pobres, a ralé, onde os detidos se amontoavam em amplos salões com piso de pedra, as enxovias, com catres imundos em redor, os quais, durante o dia, eram levantados por meio de dobradiças, ficando empinados junto às paredes. Essas celas comuns eram conhecidas pelos nomes de Santo António e de Santa Ana, as destinadas a homens, de Santa Teresa para mulheres, de Santa Rita para menores, de S. Victor e o Segredo para castigos. Havia uma oficina denominada Senhor de Matosinhos. A imundice das enxovias tinha o cimento dos anos e das sucessivas gerações de presos. O cheiro das latrinas era nauseabundo. O ambiente soturno e triste, o que levou D. Pedro V a exclamar, após uma visita, em 1861: "É preciso arrasar tudo isto!".

Nos seus soturnos ergástulos albergou muitos presos, al
guns célebres: José do Telhado, Camilo Castelo Branco (cela n.º 12). Nesta mesma cela esteve preso o desembargador Gravito, antes de ser enforcado, juntamente com mais nove liberais, em forca instalada na actual Praça da Liberdade, por decisão dos miguelistas. Mais tarde, esteve ali também detido o banqueiro Roriz. Obras recentes preservaram-na. Ana Plácido, então amante de Camilo, esteve instalada num corredor porque não havia celas para senhoras de sociedade. O Duque de Terceira permaneceu, durante algum tempo, na cela n.º 8. O médico que envenenou familiares, Urbino de Freitas, ocupou a n.º 13. João Chagas, por via do seu republicanismo, estava detido nesta cadeia quando eclodiu a abortada revolta de 31 de Janeiro. Os processos relativos a Camilo, Urbino de Feitas e Zé do Telhado, encontram-se no pequeno museu judiciário instalado no Palácio da Justiça do Porto, onde também funciona, actualmente, o Tribunal da Relação, que já tinha saído da Cadeia para se albergar na Rua Formosa, onde, depois, funcionou o Arquivo de Identificação e, agora, está a sede da Liga os Combatentes.

É interessante supor Camilo Castelo Branco, de imaginação flamejante, a resmungar na sua cela n.º 12, como leão enjaulado, por ter cometido crime que, agora, já nem o é: relações sexuais com mulher casada. Só o adultério da mulher era punido. O homem casado podia impunemente relacionar-se com mulher que não fosse casada. Sendo-o, como era Ana Plácido, então poderia ser punido, com pena grave, extensível a ambos. Aguardaram, durante mais de um ano, presos o julgamento em que o júri não considerou provados os factos e, por isso, foi proferida sentença absolutória. No cárcere, Camilo continuou a escrever e, no silêncio do último piso, onde se situava a cela com janela para nascente - é a que se situa mesmo por baixo do ângulo esquerdo, de quem está virado para ele, do frontão -, o que mais o irritava era o barulhar ritmado e invariável dos passos do carcereiro sobre as tábuas rangentes do sobrado. De noite, nas longas lucubrações, convenceu-se de que o marido enganado, Pinheiro Alves, teria subornado um outro preso para o matar. Confidenciou esse temor a outro preso que também ali se mantinha, José do Telhado. Este sossegou-o, dizendo-lhe: "- Esteja descansado. Se aqui alguém tentasse contra a sua vida, três dias e três noites não chegariam para enterrar os mortos"...."

"...José Teixeira da Silva (Zé do Telhado) nasceu em 1816, provavelmente no lugar do Telhado, do concelho de Penafiel. Alistou-se nos Lanceiros da Rainha D. Maria II, tomando parte em vários combates, ascendendo distintamente ao posto de sargento. Obedeceu às ordens de Saldanha na Revolta dos Marechais, em 12 de Julho de 1837, que colocou no poder o marquês Sá da Bandeira. Na Revolução de 1846, acompanhou o então Visconde Sá da Bandeira a Valpaços, e em boa hora para aquele, pois lhe salvou a vida. Recebeu a Torre-e-Espada, ordem honorífica criada por D. Afonso V destinada a distinguir elementos das forças armadas, tendo os seus possuidores honras militares e precedência a todas as outras ordens daquelas forças, em igualdade de grau. Terminada a guerra após a Convenção de Gramido, tentou obter um modesto emprego no Depósito do Tabaco, instituição economicamente importante para o norte, nomeadamente para o Porto e que o grande jurista e liberal, membro do Sinédrio, Ferreira Borges salvara da gula dos franceses comandados por Junot. Não lhe deram o emprego. Desiludido, voltou para casa onde o esperavam a mulher e cinco filhos à beira da miséria. Acabou numa falperra à semelhança de um irmão, do pai e do avô Sodiano, distribuindo generosamente o produto dos roubos. Foi julgado por isso e por assassínio de três pessoas, cometidos pelos seus capangas: um padre, um criado da Casa do Carrapatelo e um correligionário que, num assalto fôra ferido, ficando incapaz de fugir. Foi deportado para Angola onde morreu cheio de prestígio entre os indígenas, no Malongo ou em Xissa, em 1875..."

Porto, Novembro de 1998

(O texto de síntese histórica do Tribunal da Relação do Porto é da autoria do Sr. Conselheiro José Pereira da Graça).

http://quem-foi-o-ze-do-telhado.blogspot.com.br/

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Outras informações sobre Lampião










Fonte: facebook
Página: Geziel Moura

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O CONTESTADO

Por: Marco Antônio Barbosa
Combatentes do Contestado

Quando surge o debate sobre qual teria sido o maior levante popular envolvendo posse de terra no século XX no Brasil, nem sempre surge à lembrança a Guerra do Contestado, que se desenrolou nos estados do Paraná e Santa Catarina entre 1912 e 1916. Culminação de um longo período de disputas territoriais entre os dois estados (cuja fronteira era contestada desde 1900, daí o nome do conflito), a guerra contrapôs a população cabocla da região e as forças militares estaduais e federais. Num movimento que unia reivindicações territoriais sobre uma área rica em madeira e erva-mate a uma revolta antifederalista, a população se organizou numa milícia que ficou conhecida como Exército Encantado de São Sebastião – indicativo de uma inspiração messiânica, não muito distante daquela que moveu os rebeldes de Canudos, no século anterior. Disposto a eliminar as insurreições regionais contra a ainda jovem República brasileira, o presidente Hermes da Fonseca acirrou a intervenção militar em 1914, chegando a enviar 8 mil soldados contra os rebeldes (que somaram 10 mil, no auge da mobilização). Os quase quatro anos de batalhas resultaram em cerca de 20 mil mortes e tiveram como conclusão a delimitação oficial da fronteira entre Paraná e Santa Catarina, ratificada em 20 de outubro de 1916.


A Guerra do Contestado é um assunto muito caro ao cineasta Sylvio Back. Natural de Santa Catarina, o diretor cresceu ouvindo as histórias dos combates. O longa-metragem que projetou seu nome internacionalmente, A guerra dos pelados (1970), era uma versão ficcional dos eventos de 1912-1916, filmado em locações autênticas em Santa Catarina. Hoje, consolidado como um dos mais importantes documentaristas da história do nosso cinema, com 34 filmes entre longas, curtas e médias-metragens, Back retorna ao conflito com O Contestado – Restos mortais, que estreou em outubro. O filme é definido pelo autor como um “docudrama”, misturando ficção e levantamento factual. Aborda o ângulo místico da guerra (incluindo depoimentos de médiuns que falam em nome do espírito de testemunhas do conflito) e recupera histórias e memórias que ainda sobrevivem no coração do Sul do Brasil. Com isso, Back espera reavivar a memória nacional sobre o Contestado, um episódio pouco lembrado até mesmo no meio acadêmico. “Foram milhares de mortos em quatro anos de embates, mas aquela tragédia persiste como um ‘acontecimento zumbi’ na formação territorial brasileira”, aponta o cineasta.

Jagunços perfilados para fotografia

Como resumir, para o brasileiro do século XXI, o que foi a Guerra do Contestado?

A Guerra do Contestado é o maior, mais violento e trágico levante popular pela posse e contra a usurpação da terra no século XX no Brasil. Começou em 22 de outubro de 1912, por causa de histórica disputa de fronteiras entre Paraná e Santa Catarina – que remontava ao Império – e acabou numa impensável guerra civil nos sertões catarinenses. Provocou a morte de mais de 20 mil pessoas, entre civis e militares, e, ao mesmo tempo, nela vieram à tona formidável surto de fanatismo religioso, com nítido substrato terrorista, xenofobia, veleidades separatistas, entrada do capitalismo na região, anti-impelialismo e uma forte ânsia de poder entre os revoltosos. Ainda assim, com a repressão de mais de um terço do efetivo do exército brasileiro à época (8 mil homens), combatendo numa área do tamanho do estado de Alagoas, a Guerra do Contestado continua pouco estudada e re-conhecida nas escolas e universidades, quase inteiramente desterrada da historiografia e do inconsciente coletivo nacionais.


Qual a importância do conflito para a história daqueles anos formativos da República brasileira?

Chegamos ao centenário da Guerra do Contestado e, quando penso no conflito, uma sensação de lesa-pátria nunca deixa de me assombrar, não apenas como cidadão catarinense, com vasta vivência no Paraná, mas também como um cineasta cuja obra é seduzida pela ânsia de reverter falácias, distorções e esquecimentos da “história oficial”. Quando a guerra eclodiu, na falta de melhor entendimento e até pela proximidade histórica, logo se alcunhou o Contestado de “Canudos do Sul”.  E há semelhanças, principalmente, na crença da chegada de um messias, no fanatismo dos revoltosos e na feroz repressão militar. Mas seu espectro místico, bélico, geopolítico, sócio-econômico e demográfico extravasa em envergadura, recorrência e reflexos nas décadas seguintes a trágica epopeia de Antônio Conselheiro. O Contestado que persegue uma modernidade a toda prova, justamente, por tratar da irresolvida questão da terra no Brasil, um “perrengue” sócio-econômico que prevalece desde o descobrimento, portanto, há 512 anos!


Pode detalhar um pouco como foi sua abordagem dos vários temas que 
permeavam o conflito?

A complexidade da Guerra do Contestado é estonteante, perturbadora. Talvez resida aí a ignorância sobre o conflito, que não se resume a uma luta entre deserdados da terra e as tropas do exército brasileiro armado até os dentes – usaram até canhões Krupp empregados na Primeira Guerra Mundial. Todo processo civilizatório embute barbárie. No Contestado não foi diferente. Seu caótico conteúdo era separatista e incluía a ideia da fundação de uma “monarquia sul-brasileira”, que se estenderia do Uruguai ao Rio de Janeiro. Ainda havia a influência multinacional, com a chegada do capitalismo na região; um componente xenófobo, com a entrada dos imigrantes europeus confrontados a caboclos, negros e índios; e a exploração de empresas estrangeiras aliadas a latifundiários, mercenários e aos detentores do poder político e militar no Paraná e Santa Catarina.

Marco Antônio Barbosa

FONTE:http://www2.uol.com.br/historiaviva/artigos/contestado_uma_guerra_civil_no_sertao_catarinense.html

Veja mais sobre a Guerra do Contestado em:
http://cpdoc.fgv.br/contestado

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Ademar ou Benjamim ?

Por: Ricardo Albuquerque
Ricardo Albuquerque em noite de Cariri Cangaço na Saraiva MegaStore

Caros Aderbal e Nirez evitei por um tempo fazer qualquer consideração sobre a entrevista realizada pelo Nirez com o meu pai Chico Albuquerque. Mas lendo alguns comentários, resolvi que seria hora de colocar alguns esclarecimentos neste assunto.

1) Meu avô Adhemar nunca foi um fotografo e cineasta profissional. Ele sempre trabalhou como caixa do London Bank em Fortaleza.

2) Fotografar e filmar era um hobby que ele exercia com tamanha paixão, que além de ter os melhores equipamentos à época de 20 e 30, ele foi o precursor da produção cinematográfica no Ceará, tendo realizado mais de 20 documentários.

3) Conforme consta na filmografia da Cinemateca Brasileira é de sua autoria o filme "O Juazeiro do Padre Cicero" de 1925 e "Os Funerais de Padre Cicero" em 1934.

4) Durante a realização do filme "Os Funerais de Padre Cicero" manteve contato com Benjamin Abrahão, que encontrava-se sem função após a morte de Padre Cicero. Deste contato surgiu a ideia de filmarem e fotografarem o bando e sub-bandos de Lampião com finalidade comercial.

5) Benjamin, que já havia mantido contato com Lampião em 1926, durante sua visita à Juazeiro, ficou encarregado de propor tal empreitada à Lampião.

6) Com o consentimento de Lampião, conforme documento de próprio punho e assinado pelo Capitão Lampião, Benjamin veio a Fortaleza procurar meu avô.

7) Nesta parceria, meu avô forneceu os equipamentos e filmes, além de ensinar ao Benjamin como manuseá-los.

8) Na primeira tentativa de Benjamin em 1936, os filmes fotográficos vieram totalmente velados, o que obrigou ao meu avô soldar a objetiva e a dar-lhe novas orientações em relação à luz.

9) Benjamin esteve mais 2 vezes com o bando de Lampião nos anos de 36 e 37, dando então por encerrado as tomadas.

10) Meu avô editou o filme e ainda em 37 anunciou a primeira exibição no Cine Moderno em Fortaleza. Esta exibição, por exigência do DIP, tornou-se verdade uma sessão fechada ao publico, sendo considerada uma sessão de censura.

11) A exibição publica foi proibida e o filme apreendido pelo DIP.

12) Somente em 1954, uma edição realizada por Al Ghiu do que restou do filme, foi apresentada numa sala de projeção do Rio de Janeiro.

Ricardo Albuquerque e Ângelo Osmiro

Antes de manifestar-me sobre a entrevista de meu pai Chico Albuquerque ao grande memorialista Nirez, preferi checar algumas duvidas com a minha família: netos de Adhemar Albuquerque. Como eu já supunha, o meu avô, que já havia realizado dois documentários com o Padre Cicero, deslocou-se à Juazeiro em 1934 (e não em 1930) para realizar o terceiro documentário denominado "Os funerais de Padre Cicero" Foi neste momento, apos a morte de Padre Cicero, que em conversa com Benjamin Abrahão, meu avô propôs a realização do projeto Lampião. Nunca houve qualquer intermediação do Padre Cicero nesta empreitada. Benjamin Abrahão, que se encontrava sem uma função após a morte do Padre Cicero e, que já tinha tido contato com Lampião em 1926 no Juazeiro, prontificou-se a procurar Lampião e solicitar a devida autorização, como atesta documento do próprio punho de Lampião. Com este documento em mãos, Benjamin veio à Fortaleza procurar meu avô, que lhe ensinou a fotografar e filmar, além de fornecer-lhe todo o equipamento e filmes necessários. Esta foi a origem do trabalho realizado durante os anos de 1936 e 1937. Espero ter colaborado para dirimir tantas duvidas sobre esta questão.
Espero ter colocado um pouco de luz sobre este trabalho.
Abraço,

Ricardo Albuquerque

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"Dei último percurso pelas trincheiras e ruas da cidade...",

Na 1ª foto - Padre Motta

"Dei último percurso pelas trincheiras e ruas da cidade, recolhendo-me ao ginásio, confiante em Deus, em nossa querida Santa Luzia (padroeira), no glorioso Santo Antônio que havia de dar coragem e valor aos nossos defensores. Convém dizer que cedi as torres das igrejas para nelas se fazerem trincheiras, o que fui aprovado pela autoridade diocesana".

Padre Motta, pároco de Mossoró-Rn, sobre o ataque de 13-06-1927.

 2ª - grupo de Lampião, já depois do ataque. 
3ª -  grupo de Lampião, depois do ataque. 
4ª - defensores de Mossoró
 5ª - defensores de mossoró.

Fonte: facebook

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O cangaço – Sebastião Pereira da Silva o Sinhô Pereira


Uma das últimas fotos de Sinhô Pereira, antigo comandante de Lampião, antes de este ter o sob seu comando, seu próprio bando.

Uma imagem sensacional e em alta qualidade pertencente ao acervo de imagens do escritor e pesquisador Antônio Amaury Corrêa de Araújo, que gentilmente nos cedeu para publicação em nossas páginas o cangaço.

Fonte: facebook

Um pouco da biografia do Sinhô Pereira

Sebastião Pereira e Silva mais conhecido como Sinhô Pereira nasceu em Serra Talhada, no Estado de Pernambuco em 20 de janeiro de 1896. e faleceu em Lagoa Grande, no Estado de Minas Gerais, Foi um cangaceiro do Nordeste Brasileiro.

Era descendente do Coronel Andrelino Pereira da Silva, o Barão de Pajeú. Era alfabetizado e trabalhava no campo.

Motivos familiares levaram-no a ingressar-se no cangaço, tendo recebido a insígnia de comandante de tropa. Pressionado politicamente e perseguido por forças policiais, viajou com o primo Luiz Padre para Goiás e Minas Gerais, onde obteve o título de cidadão mineiro.

Ao deixar o cangaço, no ano de 1922, Sinhô Pereira entregou sua tropa para o comando de Virgulino Ferreira da Silva, que mais tarde recebeu a alcunha de Lampião.

Sinhô Pereira faleceu numa manhã no final do ano 1972, em 21 de Agosto de 1972, em Lagoa Grande, Estado de Minas Gerais, deixando para trás uma vida e uma história marcadas de angústia, dores e vontade de viver feliz com sua família e amigos.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Sinh%C3%B4_Pereira

Algumas perguntas e respostas da entrevista do Sinhô Pereira ao primo Luiz Conrado de Lorena e Sá


Lorena - Em que circunstância Lampião apareceu em sua vida?

Sinhô Pereira - Ele e os irmãos chegaram de Alagoas depois do assassinato do pai, dispostos a confrontar com José Saturnino, seu inimigo comum.Não tinham condições financeiras nem experiências. Procuraram-me e participaram com muita bravura de alguns combates.

Lorena - Por que Virgolino Ferreira da Silva ganhou o apelido de Lampião?

Sinhô Pereira - Num combate, à noite, na fazenda Quixaba, o nosso companheiro Dê Araújo comentou que a boca do rifle de Virgolino mais parecia um lampião. Eu reclamei, dizendo que munição era adquirida a duras penas. Desse episódio resultou o Lampião que aterrorizou o Nordeste.

Lorena - Você não quis Lampião em sua viagem para Goiás?

Sinhô Pereira - Ao despedir-me dele na Fazenda Preá, no município de Serrita/PE, pedi para não molestar ninguém da família Pereira. Ele prometeu e cumpriu. Não quis, entretanto, seguir viagem comigo.

Lorena - Depois de instalado em Goiás você convidou Lampião para ir morar naquela região?

Sinhô Pereira- Sim. Quintas (meu irmão) foi o portador da carta. Ele respondeu verbalmente, dizendo que não aceitava o convite para não me criar embaraços.


Um pouco sobre a biografia de Luiz Conrado de Lorena e Sá

Luiz Conrado de Lorena e Sá – Nasceu no dia 1º de janeiro de 1926 no município de São José do Belmonte e em 1936 ( com 10 anos de idade) veio residir em Serra Talhada onde permaneceu até seu falecimento.
            
Descendente dos principais políticos da região, foi herdeiro político do Cel. Cornélio Soares e por três vezes assumiu o governo do município.
            
Foi prefeito pela primeira vez, nomeado, no período de 1945 a 1946. Depois, eleito por voto popular foi prefeito no período de 1955 a 1958 e ainda mais uma vez  de 1964 a 1969.
            
Apesar de ter tido pouca “instrução” escolar, sua instrução foi até onde o município oferecia na época: 4ª série primária (equivalente hoje a primeira fase do ensino fundamental), “seu” Lorena, como era mais conhecido, era autodidata e acabou por se transformar num dos principais oradores de toda região.
            
Fervoroso estudioso da história do município, era considerado uma verdadeira “enciclopédia viva” e servia como fonte de pesquisas para estudantes e historiadores.
            
Em 1951 escreveu uma monografia sobre o 1º centenário de Serra Talhada. Em 1990 escreveu o “Perfil Histórico-Religioso de Serra Talhada” e em 2001 a sua principal obra: “Serra Talhada – 250 anos de História – 150 Anos de Emancipação Política”. Em 2003 publicou: “Festa de Nossa Senhora do Rosário 150 Anos” e em 2008 sua última obra: “Caminhos do Homem”.
            
Era membro fundador da Academia Serra-talhadense de Letras, onde ocupava a cadeira de nº 1.
            
Casado com Maria do Socorro Oliveira era pai de 5 filhos e faleceu  no dia 25 de fevereiro de 2009, aos 83 anos de idade.

http://www.fundacaocasadacultura.com.br/site/?p=materias_ver&id=273

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