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quinta-feira, 17 de novembro de 2016

LIVRO "LAMPIÃO A RAPOSA DAS CAATINGAS"


Depois de onze anos de pesquisas e mais de trinta viagens por sete Estados do Nordeste, entrego afinal aos meus amigos e estudiosos do fenômeno do cangaço o resultado desta árdua porém prazerosa tarefa: Lampião – a Raposa das Caatingas.

Lamento que meu dileto amigo Alcino Costa não se encontre mais entre nós para ver e avaliar este livro, ele que foi meu maior incentivador, meu companheiro de inesquecíveis e aventurosas andanças pelas caatingas de Poço Redondo e Canindé.

O autor José Bezerra Lima Irmão

Este livro – 740 páginas – tem como fio condutor a vida do cangaceiro Lampião, o maior guerrilheiro das Américas.

Analisa as causas históricas, políticas, sociais e econômicas do cangaceirismo no Nordeste brasileiro, numa época em que cangaceiro era a profissão da moda.

Os fatos são narrados na sequência natural do tempo, muitas vezes dia a dia, semana a semana, mês a mês.

Destaca os principais precursores de Lampião.
Conta a infância e juventude de um típico garoto do sertão chamado Virgulino, filho de almocreve, que as circunstâncias do tempo e do meio empurraram para o cangaço.

Lampião iniciou sua vida de cangaceiro por motivos de vingança, mas com o tempo se tornou um cangaceiro profissional – raposa matreira que durante quase vinte anos, por méritos próprios ou por incompetência dos governos, percorreu as veredas poeirentas das caatingas do Nordeste, ludibriando caçadores de sete Estados.
O autor aceita e agradece suas críticas, correções, comentários e sugestões:

(71)9240-6736 - 9938-7760 - 8603-6799 

Pedidos via internet:
Mastrângelo (Mazinho), baseado em Aracaju:
Tel.:  (79)9878-5445 - (79)8814-8345
Clique no link abaixo para você acompanhar tantas outras informações sobre o livro.
http://araposadascaatingas.blogspot.com.br

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III CONGRESSO NACIONAL DE TURISMO COMUNITÁRIO & X SIMPÓSIO DE TURISMO SERTANEJO



Aproveite enquanto a chuva não vem!


Dr. Giovanni de Farias Seabra
Geógrafo, Professor Titular
Departamento de Geociências
Centro de Ciências Exatas e da Natureza
55.083.3243.7264
Universidade Federal da Paraíba, Brasil


Enviado pelo professor, escritor pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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O SERTÃO E A FALTA DAS DUAS ÁGUAS

*Rangel Alves da Costa

“Desde o tempo de menino que me vejo em desatino, sobre a terra esturricada do tanque não restar nada, padecer é o destino por essa triste jornada. A seca vem derrubando, a bicharada dizimando, não resta uma só boiada, ê gado ê ô...”, assim o aboio dolente do sertanejo sofrido com a secura da terra. Retrato aflitivo de hoje, mas já revelado desde que o sertão passou a ser conhecido como tal.

Contudo, é outro aboio, e este bem mais recente, que agora anda de boca em boca como grito revoltoso do homem perante a insensibilidade de outro homem, do governante: “Quando a torneira do céu se fecha deixando ao léu o sertanejo sedento, tudo dói em desalento, mas seca é coisa sagrada, diferente da torneira que é pelo homem fechada e toda gente castigada. A conta chega certeira, mas quando abre a torneira nem da água a poeira...”.

Dois aboios e duas verdades. O sertão tomado por duas aflições, que se aproximam e se contrastam por que uma deveria ser pela outra amenizada. Mas assim não ocorre. Quanto mais a estiagem se prolonga, quanto mais o sertanejo se ajoelha perante o barreiro lamacento, quanto mais a sede toma conta de todos, mais as torneiras estatais da Deso se negam a compreender o sofrimento do homem e do bicho.

A verdade é que o sertão é sofrido demais. Sofre pela seca, sofre pelo descaso governamental. De cima não cai um pingo d’água, pelas tubulações não escorre uma gota d’água. E assim, ante a ausência de chuvas e a secura nas torneiras, resta tão somente o padecer sertanejo e o lamento angustiante do homem em sua plena desolação. E para quem exige a conta mensalmente paga, tanto faz que a água chegue ou não. É situação de rima triste: tão dolorosa quanto vergonhosa.

É uma situação dolorosa demais. Pelos campos e descampados sertanejos a secura na terra se alastrando e definhando resto de planta, bicho e homem. Os gravetos se acumulam onde havia um resquício de pastagem, os animais de cria e de mataria andejando no passo de moribundos, o homem da terra sentindo na pele e no coração a dor de si mesmo e de tudo aquilo que vai jazendo em magreza pelos arredores. Em casa, abrir a torneira é certeza de nenhuma gota caindo.


É uma realidade angustiante demais. Sem nada no fundo do tanque, sem resto molhado no fundo do pote, sem torneira que se abra enchendo a caneca, fica difícil demais. Acostuma com a seca por que não há jeito a dar, porém não suporta pagar todo mês – e com um sacrifício danado – a conta da água que chega e não ter um pinguinho sequer. Amanhece e anoitece e sempre a mesma situação: uma torneira que nunca enche um copo e uma conta de encher um rio.

As secas doem, causam profundos sofrimentos, mas o homem da terra compreende e sabe que tem de suportar suas consequências. Não há como acabar com as estiagens, não há como modificar os ciclos das chuvas, não há como reverter uma situação que antecede à própria existência humana na região. Mas não consegue compreender - e pleno de razão - o porquê de sofrer tanto pelas mãos de governantes que ainda fazem da sede e da morte um nefasto jogo político eleitoreiro.

Dói, angustia, torna o homem desesperado. Um padecente que mesmo acostumado com a situação, pois ela sempre chega e se prolonga, dessa vez parece ter chegado de forma mais insistente, mais terrível, mais impiedosa. Em muitas regiões sertanejas ainda há total dependência das águas das chuvas. Sem o sonho da água encanada (que mais tarde sempre se torna em pesadelo), sem a torneira que exista ao menos como ilusão, muita gente ainda vive do que foi juntado na trovoada, na chuvarada grande que passou por ali. 

As águas juntadas nos tanques, poços, cisternas, baldes, potes e outros reservatórios, acabam se tornando em meio de salvação de homem e bicho. Do líquido acumulado é que se bebe, cozinha, mata a sede do animal, numa serventia danada de boa. Mas quando as reservas escasseiam ou acabam de vez, e não há como esperar água de torneira, então é como se o mundo desandasse em aflição e tormento.

Contudo, não é diferente o sofrimento daquele que pagou para ter água encanada. Ora, a seca é a mesma, tanto no tanque como na torneira. Qual a diferença viver à beirada de um tanque seco e duma torneira da Deso? Absolutamente nenhuma. O que mais dói é que a Companhia de Saneamento de Sergipe verdadeiramente achincalha, zomba, faz escárnio com a população sertaneja. Na região de Poço Redondo, por exemplo, água só chega por poucos minutos depois de quatro ou cinco dias. E logo some de vez.

Mas a conta não atrasa de jeito nenhum. E um carro da empresa de canto a outro cortando o fornecimento daquele que não pagou pelo serviço não prestado. Resta dizer, sem medo de errar: a Deso é a maior vergonha de Sergipe, é a maior inimiga do sertanejo.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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LOUIS JACQUES BRUNET: O FRANCÊS AVENTUREIRO EM SUAS EXPEDIÇÕES CIENTÍFICAS.

Por Clemildo Brunet

Louis Jacques Brunet o francês e médico naturalista da cidade de Moulins, quando aportou aqui no Brasil em 1852, não era nenhum desconhecido na França, sua intenção inicial seria explorar a flora e a fauna dos países da América do Norte. Era uma viagem que pretendia fazer com um amigo na qual lhe custaria uma fortuna. De repente num lance de aventura resolveu embarcar no primeiro navio à vela com escala por Pernambuco. Descendo em terra, deixou-se seduzir pela paisagem pernambucana, renunciando dessa forma outras regiões que pudesse conhecer.

Ele foi contratado em 1853, pelo presidente Sá e Albuquerque para “observar a posição geográfica dos principais pontos da Província; direção, curso, volume, temperatura das águas, sua composição química, quando elas apresentam propriedades particulares; estado higrométrico e temperatura da atmosfera. Inclinação e declinação da bússola, suas variações diárias”. Segundo o escritor José Américo, o plano foi sugerido naturalmente pelo francês e, comportava uma série de observações que, nem todas, com algumas reservas, só tiveram início, na Paraíba, decorridos mais de 50 anos.

"Em fins de 1852, chegou a Areia, em missão exploradora, o naturalista francês Louis Jacques Brunet, homem de grande ilustração e amigo de Leverrier, de Lamartine, de Dumas pai e outras celebridades da ciência e das letras. Ouvindo falar tanto e com tamanha admiração do pequeno Pedro Américo, quis conhecê-lo pessoalmente e foi procurá-lo à casa paterna.

Brunet e o jovem Pedro Américo (Gravura)

“Tinha o precoce desenhador menos de dez anos; sua timidez habitual cedeu prestes o lugar à confiança que lhe inspiraram as maneiras insinuantes e as palavras bondosas do sábio explorador, assim como ao interesse que, no seu juvenil espírito, despertou uma pequena coleção de gravuras - cópias de quadros célebres -, que lhe mostrara o estrangeiro, e que ele pôs-se a contemplar cheio de pasmo.

"Depois de examinar atentamente diversas paisagens e retratos feitos pelo pequeno, quis o Sr. Brunet certificar-se da verdadeira habilidade deste, para o que, fê-lo desenhar, do natural, um chapéu, uma espingarda e diversos outros objetos, que Pedro Américo reproduziu fielmente. Então, manifestou o naturalista o desejo de levá-lo em sua companhia como auxiliar, cujo concurso ser-lhe-ia precioso para os estudos que ia empreender.

Como era natural, sentiu-se o Sr. Daniel Eduardo lisonjeado, mas de certo não acreditaria na sinceridade daquela proposta se, poucos dias depois, não fosse consultado pelo presidente da Província, Dr. Sá e Albuquerque, a respeito do seu consentimento na nomeação de Pedro Américo para desenhador da comissão exploradora, da qual era chefe aquele distinto naturalista.

Quando Pedro Américo soube da notícia e do consentimento paterno, - diz Luís Guimarães Júnior - sentiu-se crescer cinco palmos, de súbito. - Explorar a província!, exclamava ele consigo, sem poder dormir uma hora, na véspera da partida. Ver árvores que nunca vi; grotas escuras e cheias de rumores desconhecidos; pássaros novos, cantos, harmonias, borboletas, mistérios da natureza luxuosa e esplêndida! - No desempenho dessa missão, que durou vinte meses, atravessou, com o Sr. Brunet, que se tornara seu amigo e apreciador, toda a província da Paraíba e parte das de Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Piauí.
O Museu de História Natural do Ginásio no Recife considerado um dos melhores no ensino secundário do Brasil, foi organizado por Louis Jacques Brunet, professor da 2ª cadeira de ciências naturais.
Museu de História Natural Louis Jacques Brunet – Centro de Ensino Experimental Ginásio Pernambucano – CEEGP. (Foto) - Coleções nas áreas de arqueologia, Botânica, Geologia e Zoologia, organizadas pelo naturalista e professor francês Louis Jacques Brunet, em 1861. Visitas por agendamento. Rua da Aurora, 703, Santo Amaro – Recife/PE. Fones (81) 3303-5315 / 3421-7427.

Durante os dois anos que precederam seu convite para participar do corpo docente do Ginásio (chamado à época de Ginásio Provincial), Brunet viajou pelo interior dos estados de Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, coletando amostras de espécimes nativas. Em outubro de 1855, Brunet foi nomeado como professor da 2ª cadeira de Ciências Naturais, ficando a seu cargo toda a estruturação desta disciplina, assim como a organização do gabinete de Ciências, fundado em 22 de outubro de 1855 (recebendo, a princípio, as próprias coleções coletadas pelo naturalista em suas expedições). Segundo o professor, o ensino das Ciências deveria ser composto de lições práticas e objetivas, no qual os alunos pudessem contemplar o objeto estudado.

Então, em um ofício de sete de abril de 1856, Brunet sugeriu uma mudança na grade de estudo (o 1º ano estudaria Zoologia, o 2º Botânica e o 3º Mineralogia e Geologia). Devido aos incentivos recebidos, tanto pelo regedor do Ginásio como pelo governo imperial de D. Pedro II e o de Barbosa Lima (Grande entusiasta das ciências) é deste último que vai partir a idéia de se criar um Museu de Ciências Naturais, o primeiro de Pernambuco e do Norte/Nordeste.

Anos se passam e o Ginásio é uma referência na educação do Norte/Nordeste brasileira, e com a entrada de outro francês, em fins da década de 1960, para o corpo docente, responsável pela cadeira de história natural e pelo seu gabinete, Armand François Gaston Laroche, vai com sua paixão pela Arqueologia, contribuir com espécimes pré-históricos encontrados no município de Belo Jardim – PE, que vão configurar como os mais importantes do museu, durante os anos de 1970 –1978, período no qual o professor Laroche trabalhou em suas pesquisas. O Gabinete de Ciências se destaca como um dos locais de referência para pesquisas científicas no estado.

No Boletim Informativo de nº 37 ano IV – Edição Especial, da Sociedade Paraibana de Arqueologia com sede em Campina Grande – PB, consta a seguinte referência ao cientista Francês.

Quem de fato primeiro registrou para a história os sedimentos cretáceos do Rio do Peixe foi o naturalista francês Louis Jacques Brunet, que em 1854 coletou amostras de calcário no Vale. Não há referências de Brunet sobre as pegadas fósseis, no entanto dificilmente tais registros escapariam ao espírito científico atilado deste pioneiro que dominava com muita perícia as áreas da geologia e da paleontologia. Na verdade, muito pouco do que Brunet anotou em suas expedições científicas pelo Nordeste chegou até nós, além de fragmentos de seus escritos e algumas citações de estudiosos da época. No entanto uma coisa é certa: Brunet passou um considerável tempo no vale do Rio do Peixe em estudos, pois foi nesta região que encontrou a senhora Custódia de Sá, com quem se casou.

Segundo a história, Louis Jacques Brunet nasceu na França, por volta de 1811. Já viúvo quando chegou ao Brasil e trazia em sua companhia o filho Charles Theobald Brunet, oficial reformado do Exército francês. A sua chegada a Paraíba em junho de 1853 foi comunicada ao Ministro do Império pelo Presidente da Província Antonio Coelho de Sá e Albuquerque que o apresentou como “naturalista de bastantes conhecimentos e habilidades viajando a própria expensa”. Logo o Governo Imperial apressou-se em contratá-lo para as expedições científicas.

A chegada a Souza é um capítulo a parte ligada intimamente a tradição daquele município. Contam que após um dia de fatigantes caminhadas, deparou-se-lhe o panorama da Várzea dos Martins. Confinaram-se a alma e o corpo no anseio de alento reparador e ali resolveu demorar-se para repouso. A presença do estrangeiro fez com que os vizinhos afluíssem para ali. Os olhos de Brunet, afeitos à beleza natural que o circundava, não foram indiferentes à graça da mulher sertaneja que o empolgou de tal maneira pelos seus atrativos, pois, ao deixar a família que o abrigara, já estava socialmente ligado a ela por um compromisso de casamento.

Tendo que se ausentar de Souza foi para Assu, onde realizou pesquisas mineralógicas que lhe deram o mérito de precursor da exploração de gesso, o que atualmente se constitui num dos fatores econômicos do engrandecimento de Mossoró. Explorou ainda o interior cearense, preso a sua atividade não deu conta do tempo para chegar a Souza e cumprir com a palavra empenhada com relação à data que havia marcado o casamento. Nem por isso deixou de cumprir o prometido, casando-se por procuração no dia 04 de novembro de 1854, com Custódia Francisca de Sá Barreto, tendo como procurador o deputado provincial Comandante Superior José Gomes de Sá Júnior parente da noiva.

Ao retornar a Souza o naturalista francês integrou-se a comunidade, como médico, atendendo com a sua terapêutica esdrúxula à enorme parentela, procurando cada vez mais firmar os laços em família, casou o filho Charles com a cunhada, Francisca Gertrudes de Sá Barreto. Deste casamento veio a perpetuação da geração que se espalhou por diversos municípios sertanejos.

Quanto a Louis Jacques Brunet atraído pelas informações das lendárias minas de prata do sertão baiano, abandonou o solo onde fora adotado. Contudo, levou na naturalidade da mulher e dos filhos a perpétua lembrança de seu nome. Pouco se sabe sobre o fim de seus dias, a não ser a versão de que se findara no Peru.

O filho Charles ficou preso à terra sousense, em cujo seio repousou para a eternidade, deixando a filharada que se desenvolveu dando maior amplitude ao apelido; dentre eles, o Dr. Manuel Brunet, o primeiro sousense que se formou em Engenharia Civil e foi Diretor de Obras Públicas em Pernambuco, onde seu nome é lembrado como o pioneiro da cultura agavieira.

Segundo o escritor e pesquisador Vingt-Um Rosado, “Os Brunet nordestinos e brasileiros são uma conseqüência da Expedição de 20 meses, descendentes todos do filho de Louis JacquesBrunet, Charles Gilbert Teobald Brunet, chegado da França em data posterior a 1854”. Os dados genealógicos extraídos do “Família Nóbrega” de autoria do agrônomo Trajano Pires da Nóbrega, (saudosa memória) registra nomes dos descendentes do filho do naturalista francês. Entre muitos outros descendentes, constam:

Olindina Ramalho de Sá Brunet casada com Julio Rabelo de Sá nascido em 29-10-1885 e falecido em Pombal a 30-07-1934, pais de: Napoleão Brunet de Sá nascido em 17-11-1906, comerciante em Pombal, casado com Maria de Sá Brunet, filha de Carlos Rabelo de Sá e D. Hercília Umbelina de Sá. Pais de: Clovis Brunet de Sá, Carlos Brunet de Sá, Claudio Brunet de Sá, Claudete Brunet de Sá e Clemildo Brunet de Sá.

Louis Jacques Brunet nascido em Moulins em 1811 era Professor de História Natural e Música em Bazas (1835) chegando a Pernambuco em 1850 casado com Custódia Francisca de Sá Brunet, nascida em 1832, em segundas núpcias. (anotação de Lucien Pouessel)

Olívio Montenegro, em uma carta a Vingt-Un Rosado fez essa observação: “Sobre Brunet li muita coisa, mas em mensagens do governo, relatórios e outros papéis que rebusquei em arquivos do próprio ginásio e nos arquivos também da Assembléia Estadual, e ainda na Biblioteca Pública... Aliás muitos desses papéis já se esfarelavam só em pegá-los”. E arrematou: “Isto é muito do Brasil: O maior desprezo por todas as coisas que interessam à cultura, que toquem a inteligência do homem. Sobretudo em círculos oficiais”.

(pesquisa e adaptação: 2ª Edição - Louis Jacques Brunet Naturalista Viajante - Vingt-Un Rosado, Antonio Campos Silva e outras fontes).
Natal, 17 de março de 2010.

*RADIALISTA.


Enviado pelo professor, escritor pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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O NAZARENO MANOEL JURUBEBA E AS PEDRAS NOS VOLANTES !

Por Volta Seca pesquisador 

Foto e texto: Olímpio Jurubeba e Paulo Virgulino no Cariri Cangaço Floresta 2016

O Senhor Olímpio Jurubeba filho de Davi Jurubeba, disse-me que Manoel Jurubeba era muito brincalhão, até na hora de brigar. Segundo o senhor Olímpio quando um indivíduo é atingido por bala, no momento só sente a pancada, depois vem a dor. 

Manoel Jurubeba nos tiroteios que participou como volante, costumava jogar pequenas pedras nos companheiros, que ao receberem as pedras, gritavam: 

- Estou baleado!

Daí Manoel Jurubeba se acabava de rir e gritava:

-Deixa de ser frouxo, cabra! Tu não está baleado não! Deixa de ser frouxo e briga!.

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HOJE TRAZEMOS AUDIZIO XAVIER E O FAMOSO FOGO DA IPUEIRA DOS XAVIER, VEM AI CARIRI CANGAÇO EXU/SERRITA 2017 !


"Naquela época mandava em Serrita o coronel Chico Romão. Lampião era useiro e vezeiro em visitar a Chapada do Araripe, entrando sempre pelos municípios de Jardim, Barbalha, Porteiras e Missão Velha, todos no Ceará, sob as bênçãos do coronel Santana, da Serra do Mato.

Coronel Antonio Joaquim de Santana

Ainda em 1925, o rei dos cangaceiros pediu a Chico Romão para ser recebido em suas terras por ocasião de sua passagem por Serrita rumo ao Ceará.

Naquela ocasião o mandatário de Serrita ajuizou não ser conveniente receber em suas terras o cangaceiro. Por manter laços de parentesco e amizade com a família Xavier; possuía 3 familiares casados com 3 familiares daquela família; se dirigiu ao patriarca das Ipueira, Coronel Pedro Xavier e lhe pediu que pela conveniência recebesse nas Ipueira, Lampião e seu bando.

O consentimento de Pedro Xavier se revelou logo em seguida em um grande constrangimento. Na passagem do bando de Lampião naquele ano de 1925 pelas Ipueira dos Xavier, foi recebido com cordialidade e a todos foi servida refeição com a marca da anfitriã família Xavier. O inesperado acabaria acontecendo a partir de um "gracejo" dirigido por um dos cangaceiros do bando a uma das filhas do cel. Pedro Xavier, Maria Xavier, na época com 25 anos.

Já prontos para seguirem viagem, o cel. Pedro Xavier se dirigiu a Lampião afirmando que não iria mais recebê-lo nas Ipueira em função do desrespeito do cabra com relação à sua filha. O chefe do bando perguntou qual seria a punição que deveria dá ao cabra, mas o cel. Pedro disse que a providência seria Lampião sair de suas terras imediatamente. Virgulino desceu do cavalo e diante de todos afirmou que quando voltasse à Ipueira seria para ver muito choro e sangue...

Passaram dois anos e em fevereiro de 1927 Lampião buscou cumprir com o prometido ao Cel. Pedro Xavier. Novamente vindo do Ceará, desta vez trazendo como refém Pedro Vieira, acercava-se das Ipueira para o combate de choro e sangue para a família Xavier.

O fogo não se demorou muito, da casa grande foi rechaçado a bala por Dezim Xavier e poucos homens, Pedro Xavier que se encontrava na vila, do outro lado da estrada, seguiu para a casa, tendo uma crise de asma no caminho, todos pensavam que o mesmo havia sido atingido. Dezim logo alvejou a primeira e única vitima do combate, o cangaceiro Tempero, ou Musqueiro; o desenrolar do ataque era ouvido ao longe e logo muitos homens das redondezas ligados a Chico Romão e à família Xavier acorreram ao local, no total já se encontravam cerca de 120 homens para defender Pedro Xavier.

Lampião ao perceber a nítida desvantagem na peleja e ao notar um de seus amuletos, tipo patuá, cortados a bala, se fez em retirada, não sem antes matar o refém Pedro Vieira e outro rapaz que havia anunciado sua chegada à Ipueira. Dessa forma a famosa Ipueira dos Xavier se uniu a Uiraúna na Paraiba e a Mossoró no Rio Grande do Norte como uma daquelas que expulsou Virgulino Lampião." 

TUDO ISSO E MUITO MAIS EM NOSSO CARIRI CANGAÇO EXU 2017 em SERRITA !!! Avente...



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"STREET ANGEL"

Por Sálvio Siqueira

Lampião certa vez, na cidade de Capela, no Estado de Sergipe, cismou de ver a 'Sétima Arte'.

foto google.com

O filme que estava passando, ou ia passar no "Cinema Municipal de Capela" era Street Angel, "Anjo da Rua", estrelado pela atriz Janet Gaynor.


Já imaginaram os amigos (as), a polvorosa que se deu dentro desse cinema com a chegada do "rei dos cangaceiros Lampião" e parte da sua turba?

Bem, é lógico que a projeção não foi até o final, mesmo porque, quem danado ia prestar atenção no filme, estando Lampião dentro do cinema?

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A LUZ ELÉTRICA EM POMBAL/PB.

Por Verneck Abrantes de Sousa

O prefeito Sá Cavalcanti instalou a luz elétrica em Pombal em 1927. O motor importado, tipo Internacional era movido a óleo diesel. A inauguração foi um acontecimento extraordinário. Antes, a população pombalense era assistida por uma iluminação a bico de lamparinas, candeeiros, velas e lampiões. A foto apresenta outro momento, é a chegada de um novo Motor, provavelmente no ano de 1949, instalado na Estação da Luz Municipal, onde hoje funciona a Câmara de Vereadores. 


A nossa direita, entre outras autoridades, está: Dr. Avelino, Dr. Zé Queiroga, Dr. Atencio, Dr. Janduhy, Padre Vicente, Dr. Nelson. 

Verneck Abrantes de Sousa

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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COMO SURGIU “LAMPEÃO”

Foto cangaçonabahia.com - lampiãoaceso.com - PS// A imagem de lampião foi colorizada, digitalmente, pelo professor Rubens Antonio

Naquele tempo os sertanejos que transporiam a barreira da ‘ilegalidade’, transformando-se em fora-da-lei usaram, ou foram apelidados, alcunhas que, de alguma forma, maneira, os ligavam a tais apelidos exceto as exceções, é claro.

Vejamos o caso do cangaceiro “Vinte e Cinco”. Segundo os pesquisadores esse apelido em José Alves de Matos foi-lhe dado por o mesmo ter entrado no cangaço em um dia 25 de dezembro, dia que se comemora o Natal.

Já Isaías Vieira, recebe a alcunha de Zabelê por esse ser o nome popular de uma ave de um entoado e bonito canto, já que Isaías era o cantador do grupo. Tanto cantando os forrós acompanhado por Balão ou mesmo Lampião com o fole, como os versos dos poetas de cordéis em toadas.

Sabemos, segundo as obras dos escritores, que Livino Ferreira brigava rodopiando, se jogando de um lado para outro falando diversos impropérios diante dos adversários ou inimigos. Acreditamos que por esse motivo recebeu a alcunha de “Vassoura”.

E assim meus amigos, apareceram Amoroso, Andorinha, Acuana, Alfinete, Assombro, Anjo Novo, Alecrim, Atividade, Arvoredo, Azulão, Ameaça, Asa Branca, Ás de ouro, Balão, Baioneta, Batoque, Boi Preto, Bronzeado, Bode velho, Labareda, Corisco, Moderno...etc., e mais uma infinidades de alcunhas.

Segundo o escritor João Gomes de Lira em seu livro “Lampião – Memórias de um Soldado de Volante”, 1ª edição. 1990, são quatro as versões de como surge o apelido “Lampeão”. Segundo o ex volante, referindo Olímpio Benedito, no pingo do meio dia, em um descanso num coito na Lagoa dos Soares, os apelidos dos três irmãos, Antônio, Livino e Virgolino, surgiram espontaneamente como “Esperança”, “Vassoura” e “Lampeão”, respectivamente.

A segunda versão é citada de quando os irmãos Ferreira já estavam em terras alagoanas junto ao bando dos “Porcinos”. Cita-nos o autor que em determinado combate, Virgolino ‘pêia’ a alavanca de seu rifle. Ele tinha pegado o lenço e amarrando-o n o gatilho da arma, o amarra na alavanca. Ao manejar a alavanca para levar a bala para agulha da arma, essa já disparava, “automaticamente” quando ele retornava a alavanca. Na velocidade dos disparos forma-se um clarão, quase que constante, na boca do cano do rifle. A terceira versão que consta na obra de Lira, é que, certa feita, os “Porcinos’ sequestram um cidadão chamado Artur Pinto e família, no meio de uma estrada. Desse sequestro resulta a morte, em martírio, do Patriarca, estando fazendo parte do bando os irmãos Ferreira. Antes dos bandidos irem embora, a volante comandada pelo sargento Aniceto chega com sessenta Praças, entrando em combate no ato com os doze cangaceiros. Saindo-se um grande combatente, Virgolino ganha a alcunha de “Lampeão”. A quarta e última versão contada pelo escritor João Gomes de Lira, ele referiu que, já estando junto ao chefe cangaceiro Sinhô Pereira, e perguntado sobre uma ‘brigada’ que tinham dado contra a Força Pública, Virgolino responde que nela, “... no tiroteio da noite anterior, jamais faltou clarão. Ao ouvir estas palavras, os célebres cangaceiros Baliza e Cajazeiras, gritaram: “- Temos agora um Lampeão! Temos agora um Lampeão! Não andaremos mais no escuro! Não andaremos mais no escuro!””.


O pesquisador/historiador José Bezerra Lima Irmão, em sua obra, livro “Lampião – A Raposa das Caatingas”, 2ª edição. 2014 refere o seguinte:

“... o apelido “Lampeão” teria sido dado no bando de Sinhô Pereira, quando certa noite Virgolono fez a experiência pela primeira vez, na fazenda Quixaba (do rifle peado). Ao ver aquela luz contínua na boca da arma, um cabra chamado Dé Araújo, entusiasmado, teria exclamado:

- Isso nun é um rife, isso é lampeão de Vila Bela!

Um cangaceiro gaiato chamado Fiapo gritou:

- Apois acenda esse lampeão de novo, pra eu acendê meu cigarro!...

A cabroeira achou graça, todo mundo queria ver como era que o novato fazia uma coisa daquelas. Fiapo vibrou:

- Eta, lampeão da gota serena!

Resultado: o inventor do “rifle peado” passou a ser chamado de “Lampeão”.”

Ainda existem outras e outras versões para que aparece-se esse apelido em Virgolino.

O blog pontodeculturacabrasdelampiao.com, em sua matéria “LAMPIÃO: A ORIGEM DO APELIDO” refere:

“(...)Certa ocasião planejavam um ataque à fazenda Quixaba, em Queixada, atual município de Mirandiba. Na elaboração do plano, Sinhô Pereira distribuía as funções e por onde cada um deveria seguir. 

“- Esses três seguem na direção que for Mão de Grelha. Baliza e Dé Araújo seguem Virgolino”, dizia mais ou menos isto. 

“- Como saberemos seguir Virgolino se a peleja será na escuridão da noite?” Perguntou o jovem cangaceiro Dé, que viera da fazenda Ema e era irmão de Olímpio Cavalcanti Araújo, amigo de infância e colega de estudo de Virgolino.

Antes do chefe responder, Virgolino profetizou seu futuro nome, que substituiria para sempre o que recebera no primeiro sacramento. 

“- Siga o lampião. Vou abrir fogo com tanta velocidade que o cano de minha arma vai iluminar feito um lampião!” 

E foi censurado tenazmente: 

“- Olha, que atire rápido, tudo bem. Mas deverá atirar somente o suficiente pra matar ou afugentar. É bom saber que munição de cangaceiro é adquirida a duras penas”. 

Esta repreensão de Sinhô Pereira estimulou os companheiros a ficarem lhe apelidando de Lampião(...).”

Dizem até que poderia ter sido, ainda, quando o mesmo trabalhava como almocreve, levando mercadorias do industrial Delmiro Gouveia, quando um de seus animais, burro, mula, choca-se contra um lampeão que iluminava as ruas de Água Branca.

No processo movido contra alguns cangaceiros em 9 de maio de 1921, testemunhas já referiam essa alcunha para Virgolino Ferreira.

Sabe-se que o primeiro a divulgar pela rede social da época, teria sido o jornal “Correio da Pedra”, de Pedra de Delmiro. Ganhando os quatro cantos da Região quando fora mostrado em matéria do jornal “Diário de Pernambuco”. (Fonte Ob. Ct.)

Particularmente, acredito na versão do “rifle peado”. É tanto que para se manobrar esse tipo de arma, a pessoa é orientada a retirar o dedo do gatilho, para não correr um disparo involuntário.

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MINHA VIDA - MÚSICA DE AUTORIA DE LAMPIÃO

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Publicado em 20 de dez de 2014
MINHA VIDA – Faixa do CD Memória Musical do Cangaço.
PESQUISA: Anildomá Willians de Souza e Cleonice Maria.
PRODUÇÃO MUSICAL: Karl Marx e Rui Grudi.
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