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sexta-feira, 6 de março de 2020

QUANDO A ARTE E A PERFEIÇÃO CAMINHAM JUNTAS... ESSE É O RESULTADO.


Quem quiser adquirir é só ligar e falar diretamente com o nosso amigo Dinho Gomes.


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EU NÃO QUERIA MATAR CORISCO

Material do acervo da Indaiá Santos


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SANTANA, CARNAVAL E PÃO DE LÓ

Clerisvaldo B. Chagas, 4 de fevereiro de 2020
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.267

Nem é por ser uma recordação, pois sequer vivenciamos a época, mas registros históricos. Os blocos que saíam nos Carnavais santanenses, em geral, contavam antecipadamente com seus pontos de apoio. Percorriam as ruas e paravam defronte as casas de políticos e outros influentes da cidade. Em dois lugares sempre encontravam guarida e convite para entrada. Um deles era o casarão do riquíssimo coronel Manoel Rodrigues da Rocha, situado em pleno centro comercial. Subiam os degraus de madeira até o primeiro andar, dançavam, bebiam e comiam no salão de luxo, para deleite do coronel. O abastado fazendeiro, industrial, comerciante, e coronel da Guarda Nacional, tinha o maior prazer em receber qualquer um dos blocos que almejasse subir sua escadaria.

Casarão do padre Bulhões, poucos dias antes da demolição
(Foto: B. Chagas/Livro 230)
O outro ponto marcante era também o térreo casarão do padre Bulhões, localizado à margem direita da foz do riacho Camoxinga. Bem recebidos pelo sacerdote, esses blocos carnavalescos terminavam comendo como tira-gosto, o pão de ló fabricado com bastante esmero pelas irmãs de Bulhões. O padre, considerado muito austero, tinha um coração de ouro. Não recusava bloco carnavalesco e nem viajante para com ele almoçar. Estamos falando de uma época em que Santana nem era cidade ainda. A ligação entre o Centro e o bairro com o mesmo nome do riacho, ainda era ponte de madeira e, de vez em quando levada pelas cheias perigosas. Os Carnavais dos anos vinte e trinta, não teriam grande diferença da Folia de vila.
O Carnaval constava de blocos, bandos de caretas e um ou outro folião solitário com resumida fantasia. Havia blocos femininos muito bem organizados. Como sinal de prestígio, os políticos também preparavam a comilança em casa para a visita dos blocos. Os bandos de caretas não entravam na casa de ninguém e raramente acompanhavam um bloco. E se acompanhavam era por um tempo mínimo. Em alguns lugares do Nordeste, os mascarados caretas também são chamados de bobos ou papa-angu. Para impor medo e respeito, cada um conduz um relho de couro com ponteira na extremidade, estalando-o vez em quando e fazendo menção de correr atrás de meninos e adolescentes.
Era mais ou menos assim os antigos Carnavais de Santana do Ipanema e de toda a região sertaneja.


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EU, MEU PAI E UM SERTÃO

*Rangel Alves da Costa

“De toda riqueza nossa, abdicamos de ter bens para nos contentarmos com o sol e a lua, para rabiscar sobre João e Maria, para ter a mão calejada do sertanejo sobre a nossa, e, dessa riqueza tanta, encontrar a verdadeira motivação do viver”. De todos os bens, eis a herança maior: o ser imenso e repleto de sertão!
Eis também o que herdei de Alcino, meu pai: a filiação sertaneja e o amor ao sertão. De sua partida, o único espólio deixado foi um imenso legado todo dedicado ao sertão. E foi o que herdei e o que me tornou o mais rico dos homens.
Ora, anel dourado não é nada, terno e gravata não é nada. Nada são perante o verdadeiro bem da vida: o amor pelo simples, pelo povo humilde, pelo que está depois da porta da frente e além do quintal. O que herdei não compra nada, mas abre todas as portas do mundo através do aprofundamento e compreensão das realidades.
Minha herança maior, pois, é trilhar os mesmos caminhos que meu pai trilhou, é contar histórias iguais as que meu pai contou, é amar o sertão da forma que ele tanto amou. Apenas um pai um filho, mas um entrelaçamento indescritível com o sentido maior do sertão.
Eu, Rangel, e meu já saudoso pai Alcino, nascemos dois sertanejos num mesmo berço de terra e sol, num mesmo chão semeado de flores da história, dos espinhos da luta, dos brotos da esperança e do que se tem entre passado e presente: uma saga viva e nem sempre avistada.


Além de filho e pai, de pai e filho, eu e Alcino temos muito em comum. Dizem que na feição eu me pareço muito com ele, o que me causa sempre contentamento pela certidão pessoal que vai além da filiação. Quando me avistam e dizem que sou a cara de meu pai, juro que é como se ouvisse o maior dos elogios.
Contudo, creio que o mais nos identifica são alguns aspectos relacionados ao sertão: o amor, a devoção, a veneração. Alcino amou o sertão e me ensinou a amar o mesmo chão. Alcino escreveu e descreveu o sertão e me ensinou a ter a mesma escrita. Alcino sentiu o sertão no mais profundo da alma e me ensinou a ser apaixonado pela terra, pelo sertanejo, pela saga de um povo.
De Alcino eu herdei a melhor parte da herança, repito. E tal herança eu deixarei naquilo que eu puder legar como história escrita, como registro passado a gerações e testemunhos de tanta e de toda nossa riqueza sertaneja.
Eis a maior e melhor parte de minha herança. Ser filho e caminhar os mesmos passos do pai. Ser filho e honrar o que ele me legou.

Escritor
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ENTRE COITEIROS, CANGACEIROS E VOLANTES


ESTE SENHOR CRESCEU NO CARITÁ, LOCAL DE ENCONTROS ENTRE LAMPIÃO, CEL. JOÃO SÁ, VOLTA SÊCA... CONFIRAM O NOSSO BATE PAPO:
O “Cangaço”Foi uma onda de banditismo, crime e violência que se alastrou por quase todo o sertão do Nordeste brasileiro entre o século 18 e meados do século 20. Para alguns especialistas, o cangaço teria nascido como uma forma de defesa dos sertanejos diante da ineficiência do governo em manter a ordem e aplicar a lei. Mas o fato é que os bandos de cangaceiros logo se transformaram em quadrilhas que aterrorizaram o sertão. Para combatê-los, o governo reagia com as “volantes”, grupos de policiais disfarçados de cangaceiros, que muitas vezes eram mais brutais que os próprios cangaceiros. O maior de todos os cangaceiros, Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, começou a atuar em 1920. Há centenas de pessoas, ainda vivas, que testemunharam as ações dos cangaceiros, dentre elas está senhor João Raimundo Filho, popularmente conhecido como "Vaqueiro", morador da cidade de Sítio do Quinto, interior da Bahia. Neste vídeo o senhor João Raimundo (Vaqueiro) nos conta alguns momentos em que viveu neste período turbulento da nossa história. Assista, deixe o seu like, se inscreva e compartilhe! Josevaldo Matos. VEJAM TAMBÉM: "Lampião em Ribeira do Pombal" https://youtu.be/syjF1ssgD8g “Brincando Com Lampião” https://www.youtube.com/watch?v=ZJnPm... #1NosVídeosEmAlta #PlayList #JosevaldoMatos #MaisViews #Nordeste #Cangaço #Lampião #Cultura #CaririCangaço #Cangaceiros #ContosEFatos #Verdades #Boatos #Volantes #Virgulino #Top10 #YouTube #RibeiraDoPombal #MaisVistos #MaisAcessados #EmAlta #WhinderssonNunes #Caritá #Coronel #JoãoSá #Jeremobo #SítioDoQuinto #SerraTalhada #ComediaSelvagem #CarlinhosMaia #Cangaçologia
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Música neste vídeo
Música
Artista
Amelinha
Licenciado para o YouTube por
SME (em nome de Columbia); LatinAutor, UNIAO BRASILEIRA DE EDITORAS DE MUSICA - UBEM, EMI Music Publishing e 4 associações de direitos musicais

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SERTÃO DE CRATHEÚS A VELHA CADEIA DE CRATHEÚS


Por Raimundo Cândido

No tempo em que o sertão de Cratheús era um abandono só, isolado do mundo, na época em que pertencíamos ao vizinho Estado do Piauí, por todo século XIX e o começo do século XX, essa região era um imenso cangaço sem lei. A Vila Príncipe Imperial vivia sobre o domínio de arruaceiros, facínoras e pistoleiros que agiam sem um pingo de remorso e sem o mínimo controle por parte de autoridades.

O banditismo corria solto, o tropel dos cascos de cavalos na madrugada era motivo de inquietações. Essa violência incontida na velha Vila amedrontava o sertanejo corajoso, imagine o mais pacato. Era comum se ver um homem humilde andando com uma espingarda à mão ou uma longa faca do mato no quadril.

Famílias se digladiavam a ferro, fogo e sangue no estrondo do bacamarte ou no papouco das lazarinas, nas emboscadas armadas pelas veredas do sertão.

Não faz muito tempo, uma delegação de escritores de Academia de letras de Crateús foi à Teresina, capital do Piauí, em busca dos dados iniciais de nossa história. A surpresa ficou por conta de caixas e mais caixas com amarelados papéis, no antigo prédio do Instituto Histórico e geográfico- IHG, confirmando que a Villa Príncipe Imperial piauiense, já quase cearense, não passava de um caso de polícia. Leia um trecho do poemeto de Raimundo Cândido sobre o Cratheús de então: “Desde lá que se perdem as esporas / e ganham em incitamento e júbilo. / Aqui, subtrai-se o bridão e o estribo. / E nunca mais se reverenciou a Oeiras. // Nem a erupção da ira monárquica / reina mais na remota Príncipe Imperial, / a poeirenta Villa, que nunca se dobrou, / nem ao ferro nem ao fogo da lei.”

Naquela época, ano de 1849, sentiu-se a necessidade de uma Cadeia Pública para controlar os ímpetos, para dar ordem nos ânimos exaltados e silenciar o som apavorante dos bacamartes e da pólvora espingardeando vingança e espalhando mortes pela esquinas. E o presídio foi construído, na pedra e cal, nas proximidades do Largo da Igreja Senhor do Bonfim, com os fundos para a Caatinga inóspita, terras do Sr. Emanoel Cardoso. E confirmando o ímpeto arruaceiro da Vila, o primeiro a se hospedar atrás das grades foi um dos construtores da horrorosa cadeia que era rodeada por uma calçada de tijolos com sete batentes, com janelas guarnecidas por grossos gradeados de ferro de onde os curiosos ficavam a observas os presos trabalhando, batendo taxinha em chinelas de couros ou elaborando outros apetrechos, como forma de passarem o tempo e pagarem sua estadia naquela dura pensão.

Naquele mesmo ano de sua fundação foram presos os mandantes do bárbaro crime do Pe. Inácio Ribeiro de Melo. O recém chegado padre assume a liderança do Partido Liberal e se candidata a mandatário da Vila Príncipe Imperial. Vence as eleições com uma grande margem de votos, irritando os conservadores (Os Marretas), principalmente o Pe. Francisco Ferreira Santiago, seu opositor. Um perigoso conflito estava armado. O Pe. Inácio vai a Piancó-PB, de encontro a um Juiz, para lhe tirar do aperto. Os capangas de do Pe. Santiago o alcançam perto da cidade de Sousa e o padre foi abatido a tiro, juntamente com seus auxiliares e irmãos. O Pe. Santiago recebe os pistoleiros em Pelo Sinal (Independência), com uma grandiosa festa.

Tiveram o desprivilegio de se hospedar naquele ambiente nada aconchegante o primeiro intendente de Cratheús , Jacob de Melo, e o grande chefe político Cel. Jerônimo de Sousa Lima (Cel.Giló) por envolvimento no assassinato do Capitão Gregório Palhano, de Águas Belas, Ipaporanga. Episódio que ficou conhecido como o “Crime das Águas Belas”.

Quem se aquartelou no Prédio da antiga Cadeia foi o futuro patrono da Infantaria Brasileira, o Tenente Antonio de Sampaio, futuro Brigadeiro Sampaio, com o Tenente Felix Bandeira, quando em perseguição ao “capitão” Alexandre da Silva Mourão IV, um caráter belicoso que atraía para si todas as atenções numa época de desenfreado cangaço. Um bandoleiro cantado em versos e prosas por Nertan Macedo, em Bacamarte dos Mourões, e pelo poeta Geraldo Melo Mourão, no Livro O País dos Mourões. Quem sofreu anos de prisão no velho Prédio foi o Ten-Cel José de Barros Melo, o Cascavel, local aonde chegou a falecer. De 1849 a 1851 enfrentam-se Mourões e Melos nos Sertões de Crateús por questões de sobrepujanças. Nestas intrigas, estavam envolvidos os Feitosas do lado dos Melos e membros da família do Francisco Fernandes Vieira, Visconde de Icó (o Carcará) que bafejavam do lado dos Mourões. As celas da cadeia de Cratheús viviam abarrotadas de malfeitores confessos.

As imundas celas do velho cárcere de Príncipe Imperial receberam muitos clientes ilustres. Quando a viúva Liberalina foi enjaulada, pelo cruel assassinado de sua nora, rezou desesperadamente e bem alto, dia e noite, enquanto durou sua sentença, até perder o siso.

Aquartelava-se, em 1926, no Prédio da cadeia Pública o capitão Peregrino Montenegro para combater os revoltosos, parte do 2º Batalhão da Coluna Miguel-Prestes. Nas ruas havia muita tensão, pavor e medo pela iminência de uma guerra, que na realidade aconteceu. Perambulava, por ali, um mendigo estudando a situação e tudo culminou numa batalha feroz onde caíram dois combatentes revoltosos: o soldado Antoninho Cabeleira e tenente Tarquino.

A velha cadeia segue na difícil missão de readaptar os delinquentes e inseri-los na estrutura coletiva “saldavel”. E quem passava pelo calçadão da prisão, rumo ao Mercado Público, sentia o odor forte da imundice, percebia as baratas e os ratos que por ali também se alojavam e ouvia as ordens que emanavam de dentro: “- Mete o Juca nos couros deste imbecil, cabo! Que ele para de reclamar.” “- Oh, soldado, cutuca nos couros deste vagabundo para ele trabalhar direito!” “– Cabo, vá lá fora e bota esse povo pra correr. Ficam passando fumo de rolo para esses malandros. Eu num digo mesmo!”.

No dia 1 de maio de 1931 a velha Cadeia Pública fecha seu portão principal para dá vez ao novo Quartel de Polícia de Cratheús, uma obra do digníssimo prefeito Pe. Juvêncio, que se apiedou de tanto sofrimento visto ali. Hoje, há quem passe no Prédio da Prefeitura Quadrada e escute os lamentos e os gemidos dos antigos condenados, até rogos da viúva Liberalina pedindo a Deus perdão pelos seus crimes, há quem ouça. Duvida? Então passe por lá e apure a audição!


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BELA FOTOGRAFIA!


MAGNÍFICA FOTOGRAFIA CEDIDA PELO AMIGO SÉRGIO DANTAS AONDE CONTÉM O REGISTRO DE OUTRO PESQUISADOR, ANTONIO AMAURY, QUANDO DA VISITA QUE FIZERAM A DONA MOCINHA, MARIA FERREIRA QUEIROZ, IRMÃ DE LAMPIÃO.

Acervo particular Sergio Augusto de Souza Dantas


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FAMÍLIA FERREIRA NASCEU PARA LUTAR CONTRA AS SUAS VÍTIMAS

Por José Mendes Pereira

Sem citar nomes de famílias valentes e nem das cidades que passaram por isso, aqui bem perto de Mossoró, no Estado do Rio Grande do Norte, duas famílias se desentenderam e a intranquilidade reinou por muitos anos quando uma matava membros da outra família e assim vice-versa. E o mais interessante, de geração a geração, vingando a morte de pessoas do seu rebanho que outra tinha matado. Mas elas não chegaram nem um tiquinho do que fizeram os Ferreiras.

Um dia no sertão do velho e sofrido nordeste brasileiro lá em Vila Bella (nos dias de hoje, Serra Talhada) no Estado de Pernambuco, duas famílias vizinhas e que antes eram amigas se tornaram inimigas.

De um lado o proprietário da Fazenda Pedreira José Alves de Barros o famoso 'José Saturnino', homem que não gostava de baixar a cabeça para ninguém, e no seu entender, não tinha motivos para isso, porque alegava a desavença criada pela outra família.

Do outro lado os vingativos irmãos Ferreiras: Antonio, Livino, mais outros como um senhor chamado Antonio Matilde (que me parece ser sobrinho do José Ferreira pai de Lampião), e Luiz da Gameleira (não tenho informação quem seria sua família), com o passar dos tempos com a briga dos Ferreiras ambos entraram na confusão, no intuito de proteger os irmãos. Mas o mais famoso e briguento era o Virgolino Ferreira da Silva um homem ainda jovem e dono de uma timidez, de comportamento excepcional, e de repente mudou o pensamento adverso, contrariando os camponeses da época, que jamais acreditavam que o Virgolino Ferreira da Silva tinha tanta coragem para enfrentar o Zé Saturnino e seus filiados.

Virgolino ainda não era alcunhado de Lampião porque isso começou no ano de 1916, e só passou a ser Lampião a partir do ano de 1922. 4 anos depois (1926) tornou-se capitão Lampião, patente recebida no Juazeiro do Norte, no Estado do Ceará, entregue pelo padre Cícero Romão Batista a mando do deputado federal Floro Bartolomeu. Muito embora sem nenhum valor a sua patente de capitão, mas mesmo assim, Lampião reinou por muitos anos no nordeste brasileiro como capitão, e era com esta patente que os seus comandados o respeitavam. 

Os Ferreiras eram filhos de um homem de boa conduta e amável à tranquilidade, principalmente a liberdade, isso sim, era o seu desejo, viver harmoniosamente com a sua esposa, sua prole, vizinhos de propriedades, onde ali, alguns deles eram seus compadres. Andar despreocupado de dia e de noite sem ser perseguido, nem incomodado, respeitado por todos que ali viviam. 

Lógico que os seus filhos não desejavam uma vida intranquila para os seus pais e irmãos que não tinham nada a ver com as suas brigas, mas sem ter outro jeito, devido as suas rixas e ódios infelizmente criaram um mundo infernal e difícil para eles e para toda família. Marcharam em busca do desassossego, do corre corre, tanto para eles como para os pais e irmãos.

Existe um comentário na literatura lampiônica que o ódio e a valentia dos Ferreiras herdaram da mãe dona Maria Sulena da Purificação, porque, enquanto o José Ferreira dos Santos  desarmava os seus filhos na porta da frente ela os armava na porta de traz, e ainda dizia publicamente que: “não tinha tido filho para ser desmoralizado e nem para ficar no caritó”.

Sendo assim, no meu entender, dona Maria Sulena da Purificação atrapalhou um pouco o destino dos filhos, levando-os em busca da violência. Toda mãe quer ver o seu filho num bom caminho, não o incentivando para praticar o mal. Se ela dizia isso que informa a literatura lampiônica o que ela podia esperar de bom dos filhos? A mãe é a pessoa mais presente na educação dos filhos, por ter mais contato com eles desde o princípio da geração em seu útero. No meu pouco conhecimento que tenho sobre isso, ela foi a responsável pela declinação dos seus filhos. Se nunca tivesse dito isto, jamais eles teriam se tornados marginais.

Os irmãos Ferreiras se tornaram feras a partir do ano de 1916 quando o sumiço de bodes do seu rebanho começou, e passaram a ser espiões para descobrirem quem estava subtraindo os seus animais.

Como chegaram ao responsável pelo sumiço das suas criações.

Certo dia, Virgolino e o Livino entraram na casa de um morador do Zé Saturnino na Fazenda Pedreira, e vendo peles de bodes por lar, e ao conferirem as marcas nas orelhas perceberam que se tratava dos animais que vinham desaparecendo da fazenda do pai, Sentindo-se prejudicados e na certeza que o Zé Saturnino tomaria a devida providência, resolveram participar ao fazendeiro.

Zé Saturnino não aceitou as acusações contra o morador, e como não obtiveram apoio os manos se transformaram em feras humanas e difíceis de serem dominados. A partir daí, as portas do inferno foram abertas para as duas famílias. O furto de bodes deixou duas famílias de salto alto, cada uma se sentindo como a verdadeira vítima, quando as duas eram cúmplices uma da outra.

Não tenho autoridade para com o cangaço e muito menos sobre o José Saturnino, mas se através dos Ferreiras ele tomou conhecimento que o seu morador vinha praticando roubos de criações do seu vizinho o certo teria sido mandado embora, vez que aceitando, não só o empregado, como também ele seria desonesto com os animais do outro fazendeiro.

Segundo o que tenho lido o roubo de bodes feito pelo morador do Zé Saturnino foi comprovado por um inspetor de quarteirão, bastante violento e resolvia as coisas com autorismo, e que era compadre e amigo do paciente José Ferreira. Mas o inspetor não se sentiu seguro em prender o ladrão, apenas delegou impiedosos castigos. E a partir daí, só fez piorar a briga, tudo se transformou em conflitos nas duas famílias.

O Zé Saturnino e o José Ferreira eram amigos e se davam muito bem, respeitavam-se entre si, bons e pacíficos vizinhos. Mas os filhos não obedeceram o que ensinara o pai, e como não suportaram os roubos dos seus animais e nem Zé Saturnino aceitou a acusação apontada por eles, de repente as duas famílias criaram uma intriga.  Agora seria muito difícil de ser resolvida, porque nenhuma estava apta a baixar a cabeça para a outra e pedir desculpa. Cada família tinha no peito o ódio e vontade de vingança, e não demorou muito para ser iniciado tiroteios e emboscadas, manchando de sangue escarlate a pequena região que os viu nascerem naquele sertão desprotegido de autoridade governamental.

Sentindo-se desmoralizado e decepcionado com os Ferreiras pela  acusação que lhe era apontada, e como vingança, Zé Saturnino passou a mutilar os seus animais que na sua propriedade entravam para ruminarem, cortando os tendões das suas patas, e assim, os viventes não tinham mais condições de se deslocarem para se alimentarem e muito menos retornarem aos seus chiqueiros de origem, e o resultado era a morte. E vendo as suas criações mutiladas os Ferreiras não tiveram outra solução, e passaram a agredir o velho fazendeiro em sua própria residência na Fazenda Pedreira com ataques violentos, usando o poder das armas.

Os Ferreiras achavam que se de lá pra cá vinham 4 pedras jogadas pelo fazendeiro Zé Saturnino, daqui pra lá não poderia ir menos do que oito, isto é, respondiam ao velho ao dobro, e achavam eles que era isso o que o fazendeiro merecia.

Lampião não era qualquer um, era um homem de gênio forte, não só forte como fortíssimo, e aquele que tentasse vencê-lo seria impossível sair vitorioso, porque no seu “eu” reinava a maldade, a vontade de matar, de vencer os seus desafetos, de estrangular, de derramar sangue, só assim serviria de exemplos para outros que poderiam se juntar ao grupo do Zé Saturnino, e tentar vencer os Ferreiras, e não temiam de forma alguma o que os seus inimigos preparavam para eles.

Lampião era um homem destemido. Quando não gostava de alguém era fácil transformar o seu ódio em forte desavença, e não era preciso que o sujeito fosse o principal causador da desavença, porque ele mesmo passava a cutucá-lo até que a ira do outro nascesse. Uma intriga de alguém só o fazia ficar mais famoso, assim achava ele, e isso era o que mais queria. A fama para Virgolino era como se estivesse recebendo um valioso e cobiçado troféu, queria ser o rei, ou sendo uma autoridade qualquer, vista pelos sertanejos de sua jurisdição e reconhecido como um homem valente. Era o seu orgulho, e que todos aqueles que o viam, acanhadamente, apertavam-lhe a sua mão, mas com cuidado para não machucar alguns calos do futuro rei e capitão do cangaço, porque, poderia surgir um ódio, e desse ódio, uma morte sem demora e sem motivo, uma surra de chicote com três pernas, ou ainda uma punhalada enfiada na clavícula rasgando coração e fígado do indivíduo até o local que o punhal alcançasse.

Lampião era o Lampião de Vila Bella, o perverso das queimadas em currais, o sanguinário das mortes de gado e criações miúdas, o vingativo das destruições de casas e roçados, o facínora das capações, das mutilações em orelhas de homens, o celerado dos ferros quentes em rostos de mulheres feitos por outros cangaceiros, mas a mando dele. Lampião era um homem que o sujeito não pudia confiar. Sorrir alto diante dele poderia interpretar aquele gargalhar como uma maneira de criticá-lo. Que todos tivessem cuidado com o Lampião. Quem gosta de cheirar todo tipo de flor geralmente se atrapalha, recebe o que não espera. Em vez de ramalhete, cheira espinho e finda se furando.

Lampião era como uma capivara que por sorte mergulha no meio de uma porção de jacarés faminta, e em nenhum momento, teme. Passeia para lá e para cá, e se considera intocável. Assim era o facinora, perverso e sanguinário capitão Lampião. O ódio fazia com que ele praticasse as mais tristes perversidades. Ver sangue derramado no chão de um seu desafeto era como se fosse simplesmente refresco de morango. 

Feliz daquele que Lampião o odiava e não chegou a passar pelas suas mãos vingaticas. A morte para os seus inimigos não era padrão. Morreriam de qualquer jeito, de faca, de punhal, de tiro de mosquetão.

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EM HOMEM NÃO SE BATE, SE MATA.


‎Por João Filho De Paula Pessoa‎ 


O cangaceiro Meia Noite quando ainda era uma criança de uns 12 anos de idade, voltava da roça com alguns legumes para sua casa, quando foi interceptado por um rapaz da região que passava a cavalo e o acusou de ter roubado aqueles legumes, o que lhe revoltou, fazendo-lhe reagir com alguns insultos ao rapaz, ocasionando uma briga entre os dois, e por ser menor e franzino apanhou muito, injustamente, despertando-lhe uma grande fúria interna, que o fez correr em casa, sedento de raiva, pegou a espingarda de seu pai, armada com um único tiro e correu de volta, atrás de seu agressor. Como estava à pé e o outro a cavalo, somente o alcançou quase à noite, quando esteve chegava em sua casa. 
Entrincheirou-se então para a tocaia, quando o rapaz saiu de casa para levar o cavalo ao curral estava escuro e chovia, mas Meia Noite atirou acertando-lhe seu único tiro, matando-o na hora. Ele não voltou para casa, dormiu nos matos, sendo encontrado ainda dormindo no primeiro raiar do sol por um vaqueiro, que o indagou porque estava dormindo nos matos daquela fazenda e armado.

Meia Noite tentou desconversar, mas acabou por contar-lhe toda a história. O vaqueiro o levou à seu patrão, o coronel da fazenda, que ao ouvir aquele acontecido mandou o vaqueiro dá-lhe uma pisa de tirar o couro e entregar-lhe às autoridades, momento em que Meia Noite retrucou pedindo que não lhe açoitassem, e sim lhe matassem, pois duas surras seguidas seria humilhação demais para um homem e preferia morrer do que ser humilhado, pois em homem não se bate, se mata. 

O coronel então disse-lhe que ele iria morrer e que começasse a cavar sua cova. Meia Noite começou a cavar sua cova, sem chorar, sem reclamar, sem pedir clemência, calado e determinado. Quando acabou, o coronel perguntou-lhe se ele estava pronto para morrer, ouvindo daquele menino “cabra macho” que sim, que estava pronto sim e apenas pediu que fosse dito em sua casa que ele morreu como um homem e não como uma cabra de pêia. 

Impressionado, o coronel disse-lhe que não iria matá-lo, nem surrá-lo, mas que ele sumisse no mundo, para nunca mais vê-lo. E assim Meia Noite fez, se desgarrou pelo mundo e se juntou ao Bando de Lampião. 04/03/2020.


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ARISTEIA E JOÃO DE SOUSA LIMA


Com a cangaCeita Aristeia na casa onde ela nasceu no Capiá da Igrejinha em Canapi....



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UM GRANDE EVENTO


João de Sousa Lima


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NO DIA EM QUE CONHECI DONA MOCINHA, IRMÃ DE LAMPIÃO....



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POR QUE AS DROGAS?



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CASTIGO!


Segunda-feira caiu chuva além do normal em Mossoró, havia desmantelado serviço de Internet. Desculpem-me! Ainda está lenta, mas vou aos poucos postando.