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sábado, 5 de agosto de 2017

LIVRO “O SERTÃO ANÁRQUICO DE LAMPIÃO”, DE LUIZ SERRA


Sobre o escritor

Licenciado em Letras e Literatura Brasileira pela Universidade de Brasília (UnB), pós-graduado em Linguagem Psicopedagógica na Educação pela Cândido Mendes do Rio de Janeiro, professor do Instituto de Português Aplicado do Distrito Federal e assessor de revisão de textos em órgão da Força Aérea Brasileira (Cenipa), do Ministério da Defesa, Luiz Serra é militar da reserva. Como colaborador, escreveu artigos para o jornal Correio Braziliense.

Serviço – “O Sertão Anárquico de Lampião” de Luiz Serra, Outubro Edições, 385 páginas, Brasil, 2016.

O livro está sendo comercializado em diversos pontos de Brasília, e na Paraíba, com professor Francisco Pereira Lima. - franpelima@bol.con.br

Já os envios para outros Estados, está sendo coordenado por Manoela e Janaína,pelo e-mail: anarquicolampiao@gmail.com.

Coordenação literária: Assessoria de imprensa: Leidiane Silveira – (61) 98212-9563 leidisilveira@gmail.com.

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83 ANOS DA DIOCESE DE MOSSORÓ

Por Geraldo Maia do Nascimento

Em 28 de julho de 1934, num dia de sábado, através da bula PRO ECCLESIARUM OMMIUN, o Papa Pio XI criava a Diocese de Mossoró, desmembrando-a da Diocese de Natal e ficando sufragânea da Arquidiocese da Paraíba. O seu Administrador Apostólico foi o Bispo de Natal Dom Marcolino Esmeraldo de Souza Dantas. 


A nova Diocese compreendia as freguesias do Assu, Pau dos Ferros, Portalegre, Apodi, Augusto Severo, Martins, Santa Luzia de Mossoró, Patu, Caraúbas, São Miguel, Areia Branca, Luís Gomes, Coração de Jesus (na sede) e Alexandria. A Matriz de Santa Luzia ascendia ao predicamento de Sé Catedral, instalada liturgicamente a 18 de novembro de 1934. O mais que centenário jornal “O Mossoroense”, em sua edição de 16 de novembro de 1934, trazia uma matéria onde se lia:  “... De muito, o nosso povo orientado pela ação indefesa do nosso operoso Diocesano, o Exmo. Sr. D. Marcolino Dantas, acalenta a esperança de ver transformado em realidade o antigo sonho que ora se positiva: - Mossoró sede de um Bispado. Os que acompanham o desenvolvimento econômico de Mossoró, quer pela sua situação geográfica e surto de progresso, vem sendo o empório de uma larga faixa do Nordeste, compreenderão facilmente o nosso entusiasmo ao saudarmos, bem próximo, o raiar dessa alvorada que há de espargir, sobre tudo e sobre todos, os clarões benfazejos de uma vida nova de fé e de progresso. O nosso povo sempre se fez notar pelo amor e dedicação indefectíveis aos seus princípios religiosos, às suas tradições de fé. Por isto, é justo que nas nossas colunas que tanta vez abrigou artigos e notícias de propaganda por esse ideal salvador, enviemos, com a nova alvissareira, nossos mais sinceros saudares a todos os que são capazes de sentir o alcance deste acontecimento tão promissor para o nosso futuro de povo amante da felicidade e progresso de nossa terra. Esses cumprimentos se dirigem de modo especial, àqueles que para o advento de tão feliz acontecimento já empenharam esforços morais e materiais juntando aqui um voto de louvor ao Exmo. Sr. Bispo Diocesano em primeiro lugar e depois aos dignos sacerdotes que presidem aos nossos destinos espirituais.” Dessa forma o jornal dava conhecimento ao povo de Mossoró da inauguração da Diocese de Santa Luzia. O ato de inauguração está registrado no 4º Livro de Tombo da Matriz, pg. 64v e 65. “Tendo recebido procuração de S. Excia. Revma. para em seu nome oficiar na cerimônia conforme as prescrições canônicas, o fiz com toda a solenidade na Catedral de Santa Luzia em sessão pública, com o comparecimento de todas as associações católicas, clero, autoridades e grande público. Nesta ocasião, tomei da palavra para explicar o grande acontecimento e declarar oficialmente inaugurada a Diocese de Mossoró. O Cônego Amâncio Ramalho, como secretário do ato, procedeu a leitura em vernáculo da Bula de criação da Diocese, do Santo Padre Pio XI, datada de Roma, no dia 28 de julho do corrente ano como também da Provisão da Nunciatura Apostólica do Rio de Janeiro, nomeando o Sr. Bispo de Natal, D. Marcolino Dantas, Administrador Apostólico da nova Diocese até a nomeação do seu primeiro Bispo. De tudo fez-se ata especial em Livro próprio para os atos da Diocese e foi assinada por todos os presentes. Em seguida à solene sessão, oficiou-se um “Te Deum” de ação de graças. A Catedral estava repleta de todo povo católico de Mossoró, representado por todos os seus elementos sociais. Era notada a satisfação geral dos assistentes ao verem a glorificação da nossa querida Padroeira Santa Luzia com a elevação da sua Igreja à dignidade de Sé-Catedral e nossa cidade distinguida com tão grande honra pela Igreja de N. S. Jesus Cristo. Renovaram-se os cumprimentos ao Sr. Bispo de Natal, nosso Administrador Apostólico, ao Vigário da Catedral de Santa Luzia, ao Clero.” No dia 20 de dezembro de 1935 chegou a Mossoró a notícia da nomeação do seu primeiro Bispo, que recaia na pessoa do Monsenhor Jaime de Barros Câmara, que foi sagrado em Florianópolis/SC no dia 2 de fevereiro de 1936 e empossado como Bispo de Mossoró em 26 de abril do mesmo ano. Parabenizamos a Diocese de Mossoró pelos seus 83 anos de trabalho e evangelização sob a invocação da nossa padroeira Santa Luzia, a Santa das doces claridades visuais.

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MALES DO BRASIL

*Rangel Alves da Costa

Supostamente descoberto pelos portugueses e colonizado perante a gula da coroa lusitana, em nome de Vossa Alteza el-Rei, o Brasil já nasceu raquítico, doentio, fragilizado. O escrivão da frota de Cabral, Pero Vaz de Caminha, na sua famosa Carta já havia reconhecido o destino da terra recém-descoberta:
“[...] E em tal maneira é graciosa que, querendo-a aproveitar, dar-se-á nela tudo, por bem das águas que tem. Porém o melhor fruto, que nela se pode fazer, me parece que será salvar esta gente”.
Referia-se ao nativo, ao índio visto como pagão, mas observação que daí em diante se ajustaria ao próprio povo brasileiro: uma gente descrente na força que tem e sempre entregue aos colonizadores do poder de qualquer tempo. O índio foi tido como ímpio, herege, mas o povo chamou para si a pecha de herege de suas próprias forças.
Por consequência dessa descrença ou inaptidão à crença da força transformadora que possui, o brasileiro passou a ser sinônimo de submisso, de inerme, de obediente ao algoz, de passivo na tomada de decisões, de um alienado ou subserviente às forças do poder. Assim, um liberto que nunca quis deixar os grilhões, um livre que permanece se comprazendo em servir ao que lhe destrata e maltrata.
Se o nativo, crente apenas nos seus deuses da natureza, à margem da cruz, da igreja e de qualquer crença imposta, foi tido como verdadeiro arredio que precisava ser domado aos objetivos do colonizador, e fazendo da religião uma das formas de imposição de obediência, logicamente o branco espalhado na nova terra teria que se amoldar aos desejos colonizadores: dever cega obediência e, assim, servir apenas como instrumento de uso aos interesses da corte. Um povo assim dominado desde os seus inícios.
A colonização portuguesa foi apenas a primeira forma de domínio. Sem falar na tentativa holandesa de imposição sobre a terra, o que restou mesmo na população brasileira foi o hábito de ser contínua e permanentemente colonizado. Colonizado internamente pelo poder, pela força econômica, pela política, pelas influências e os interesses. Significa dizer que o brasileiro se acostumou à submissão e escolheu permanecer na escravidão mesmo após a abolição.
E uma colonização que nos dias atuais ainda permanece escravagista. Ora, a maior parte da sociedade brasileira ainda vive sob o jugo do poder, das forças políticas e dos interesses mais nefastos, a partir de patrões que estão no pedestal da hierarquia social, e que são governantes, políticos e outros afetos ao mandonismo. Do mesmo modo diga-se que grande parte da população brasileira ainda vive como serviçal de engenho, sendo açoitado a todo instante. Ainda vive sob a chibata e o grilhão, caçado e acorrentado às imposições do poder.
Qual a liberdade de um povo que trabalha para empobrecer, para sofrer, para viver na contínua desvalia? Qual a liberdade de um povo cujo suor da luta é para a manutenção das benesses do poder, para pagar tributos que em nada retornam ao seu proveito, para eleger representantes que logo adiante se tornam em seus algozes? Qual a liberdade de um povo que não tem segurança, não tem educação de qualidade, não tem perspectivas de crescimento na vida, que sequer pode sonhar em se aposentar?
Contudo, um povo cujo sofrimento parece se expressar de forma prazerosa, aceitável, de modo conivente. A verdade é que o povo brasileiro quanto mais sofre mais gosta de sofrer. Ao longo dos anos foi se tornando de uma vergonhosa passividade, aceitando indiferente tudo o que lhe é imposto. Reclama e cala, esbraveja e logo silencia, rebate e depois aceita. Nunca se vê discordar e se manter em discórdia. Nunca se vê a permanência além de algum breve instante de descontentamento. Sai às ruas, levanta bandeiras, bate panelas, grita palavras de ordem, mas em seguida já estará recolhido à indiferença. E tudo continua segundo as ganâncias e os abusos do poder e do mando político.
Sabido é que um povo que não contesta dá parecer de aceitação. E isto é o que mais acontece com o brasileiro. O contentamento maior parece ser apenas uma cesta de alimento doada, o recebimento de algum benefício social ou qualquer esmola política. E nada mais faz senão se entregar à preguiça, à ociosidade, à sonolenta morosidade. Ou faz. Novamente vai às urnas para eleger aqueles que lhes açoita, esvaziam os cofres da nação e se comprazem em figurar nas manchetes como corruptos, larápios, verdadeiros ladrões.
Naqueles inícios, pois, via-se na falta da religiosidade indígena um mal a ser combatido, de modo que fosse convertido à fé colonizadora. Mas daí em diante a conversão de todos a uma escravidão que ainda perdura. E perante uma população que aceita passivamente ser escravizada. Ora, nunca tem coragem de dar um basta de vez à submissão.

Escritor
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RELEMBRANDO: - BANDIDO DA LUZ VERMELHA JÁ CONFESSOU 130 ROUBOS


Linha Direta - Caso do Bandido da luz Vermelha - Parte 1

https://www.youtube.com/watch?v=QWWaGgK_KKQ

Publicado em 10 de abr de 2016
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A TRILHA DO CANGAÇO NO RN: CIDADES GUARDAM MARCAS DA PASSAGEM DE LAMPIÃO PELO ESTADO

Por Ivanúcia Lopes e Hugo Andrade, G1 RN

Reportagem percorreu mais de 600 quilômetros por onde passou Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião.

"O povo falava que Lampião tinha passado por aqui e tinha umas armas guardadas...”. Foi assim que dona Ilma de Oliveira começou a contar a história que sempre ouviu dos mais velhos. A senhora de cinquenta e poucos anos mora na casa que serviu de apoio aos cangaceiros em 10 de junho de 1927. Naquele dia de madrugada Lampião e seu bando entravam em terras potiguares. Eles chegaram pela Paraíba, cruzaram a divisa dos estados e apearam-se bem na casa onde dona Ilma criou os três filhos. A estrutura é quase a mesma: paredes largas, teto alto, tornos de madeira e caritós para guardar objetos. “Até um tempo desse os familiares do antigo dono ainda vinha aqui olhar e recordar”, conta.

Foi nessa casa que Lampião se abrigou ao entrar no RN em 1927 (Foto: Reprodução/Inter TV Cabugi)

A casa que fica no sítio baixio, no pé da Serra de Luís Gomes, pertencia a familiares dos cangaceiros Massilon Leite e Pinga-fogo. Massilon era ‘os olhos e ouvidos’ do líder pelas bandas do sertão potiguar. Era ele o responsável por guiar os homens do cangaço no plano de atacar a cidade próspera de Mossoró.

A recepção durou pouco. Quando amanheceu os cangaceiros se embrenharam na caatinga. Galoparam por veredas, saquearam fazendas e fizeram prisioneiros. Na Fazenda Nova, onde hoje é o município de Major Sales, até o padrinho de Massilon, coronel Joaquim Moreira, foi sequestrado. Na fazenda vizinha de Aroeira, onde hoje é a cidade de Paraná, eles fizeram mais uma refém: a senhora Maria José foi levada pelo bando que seguia despistando a polícia e invadindo propriedades. “A passagem do bando de Lampião pelo RN está qualificada como banditismo, pois tem casos de assalto, assassinato e uma novidade que até então não tinha aqui que era o sequestro”, explicou o pesquisador Rostand Medeiros que já fez o mesmo trajeto de Lampião no RN algumas vezes. “Depois desses ataques na manhã do dia 10, o bando continuou subindo e praticando todo tipo de desordem”, lembrou.

Para seguirem sem alardes os cangaceiros evitavam a passagem por centros urbanos mais desenvolvidos e desviavam de estradas reais, aquelas por onde passava o gado e o movimento era maior. O objetivo era evitar confrontos para não desperdiçar munição e nem perder homens, já que ainda tinha muito caminho até Mossoró.

Mapa mostra o percurso feito por Lampião em terras potiguares (Foto: Reprodução/Inter TV Cabugi)

Mais ataques

Na tardinha do dia 10 de junho de 1927 o grupo chegava na Vila Vitória, território que hoje pertence ao município de Marcelino Vieira. No povoado ainda é possível encontrar casas remanescentes da época, e algumas até com sinais da violência praticada pelo bando. Na casa de dona Maria Emília da Silva, por exemplo, eles deixaram marcas de boca de fuzil. Era comum bater com as armas na madeira para assustar os donos da casa. “Eles só foram embora quando viram o retrato de Padre Cícero. Onde tinha retrato de Padre Cícero ele não fazia nada”, contou.

Na comunidade vizinha os cangaceiros saquearam a casa onde mora dona Terezinha de Jesus. A casa é antiga, do ano de 1904, mas ainda mantém a estrutura da época. A aposentada conta que o pai avistou de longe quando o bando chegava, mas não teve tempo de fugir. Na casa, eles procuraram joias, armas e dinheiro. “Eles iam a cavalo e armados. Papai dizia que para montar era um serviço grande porque estavam pesados com armas”, disse Dona Terezinha ao mostrar o quarto dos fundos onde ficam guardados os baús alvos dos cangaceiros. “Deixavam as roupas tudo no chão. Jogavam tudo atrás de dinheiro. Aí dinheiro não tinha. Naquela época era difícil, né? Mas se achassem podiam levar. Era o que diziam”, contou dona Terezinha enquanto acendia a lamparina para mostrar os objetos preservados.

Depoimentos de testemunhas e vítimas da vila Vitória compõem o processo contra Lampião que tramitou na Comarca de Pau dos Ferros.

Em 1927 os pertences dos moradores eram guardados em baús (Foto: Reprodução/Inter TV Cabugi)

Fogo da Caiçara: O primeiro combate militar contra Lampião no RN

A notícia de que o bando estava invadindo propriedades na Vila Vitória mobilizou a força militar. A polícia juntou homens para enfrentar os cangaceiros. O combate aconteceu no local onde hoje é o açude de Marcelino Vieira. “Por conta da seca é possível ver exatamente onde ocorreu o primeiro combate militar contra a invasão do bando no estado. Essas plantas que estavam cobertas de água ainda podem testemunhar esse fato”, disse o historiador Romualdo Carneiro ao mostrar as marcas de tiros que ficaram nos pés de canafístulas.

Quando o combate começou a caatinga se acinzentou com a queima da pólvora dos rifles e espingardas dos dois grupos em guerra. O agricultor Pedro Felix ouviu o pai contar como foi: “Muito tiro. Muito tiro. Chega assombrava o povo que só pensava em fugir”.

O escritor Sergio Dantas, conta em seu livro “Lampião e o Rio Grande do Norte: a história da grande jornada”, que o tiroteio durou trinta minutos. Os cangaceiros, em maior número e treinados na guerrilha da caatinga, puseram a frota militar ao recuo. No confronto morreram o soldado José Monteiro de Matos e um cangaceiro conhecido como Azulão.

Os moradores da região até hoje se referem ao soldado como sendo um herói. “Quando acabou a munição os outros foram embora, mas ele disse ‘eu morro, mas não corro!’ e morreu lutando.” contou seu Pedro ao apontar para os restos de tijolos do antigo monumento construído em homenagem ao soldado. “Era bem aqui que tinha uma cruz pra ele, mas quando fizeram o açude levaram lá pro outro lado”, explicou.

Ainda hoje o local onde está o monumento recebe visitações. Todo dia 10 de junho a figura do soldado é homenageada pelos moradores que fazem celebrações. A missa do soldado virou um evento no povoado.

O antigo mausoléu mudou de local em 1989 quando o açude foi construído (Foto: Reprodução/Inter TV Cabugi)

O monumento atual fica próximo a capela onde é celebrada a tradicional missa do soldado (Foto: Reprodução/Inter TV Cabugi)
Fim da festa, não do medo

Não demorou para o bando chegar ao povoado de Boa Esperança, local onde hoje é o município de Antônio Martins. O ataque aconteceu em frente a igrejinha da comunidade onde acontecia a festa de Santo Antônio. “Em vez de recepcionar a banda de música para a novena do padroeiro os devotos foram surpreendidos com a chegada dos cangaceiros que bagunçaram as casas, saquearam o comércio, quebraram melancia na cabeça do dono e acabaram com a festa”, contou o historiador Chagas Cristovão.

O ataque aconteceu no pátio dessa capelinha construída em 1901 (Foto: Reprodução/Inter TV Cabugi)

O principal comércio da época ficava ao lado da Igrejinha. O prédio ainda guarda as características de antigamente. Relatos dão conta de que na tarde do ataque o bando só foi embora depois que uma senhora implorou. “Atendendo ao pedido de Rosina Maria, que era da mesma terra de Lampião, o bando deixou o vilarejo e seguiu rumo a Mossoró.”, concluiu o historiador.

Mesmo depois que os cangaceiros se debandaram o medo permaneceu entre os moradores. Houve até quem fizesse promessa para não sofrer as maldades do bando. Hoje dá pra avistar no alto da serra, uma capelinha construída para agradecer a proteção.

Capelinha em homenagem a São Sebastião fica na Serra de Veneza (Foto: Reprodução/Inter TV Cabugi)
O massacre

Eram altas horas da noite do dia 11 de junho quando o bando entrava na Vila de Lucrécia. Uma das casas invadidas na Fazenda Serrota continua preservada. Na janela estão as marcas de tiros e nas paredes os retratos daqueles que estiveram frente a frente com Lampião. “Quem morava aqui eram meus avós Egidio Dias e Donatila Dias. Eles amarraram Egídio Dias e levaram ele lá pro Caboré.”, contou o aposentado Raimundo Leite, que mora ao lado da antiga casa dos avós.

Caboré é um sítio que fica a poucos quilômetros da Fazenda. O prisioneiro teria sido levado por uma estrada de terra onde hoje é a RN 072. Os cangaceiros pediram dez contos de reis para poder soltar o fazendeiro. “Um grupo de mais de dez homens foi até lá pra tentar salvar Egídio, mas foi surpreendido por uma emboscada. Três homens acabaram mortos.”, relatou a pedagoga Antônia Costa.

No local do massacre foi construído um monumento em homenagem aos homens. Em Lucrécia eles são reconhecidos como heróis. “Todo dia 11 de junho tem programação na cidade em memória de Francisco Canela, Bartolomeu Paulo e Sebastião Trajano”, enfatizou a pedagoga.

Egídio Dias fugiu. Permaneceu várias horas no mato. Só depois que o bando foi embora ele conseguiu voltar para o convívio da família.

O bando seguiu desafiando a caatinga. Os rastros de destruição ficavam pelas propriedades. Na manhãzinha do dia 12 eles entraram na Fazenda Campos, onde hoje é território de Umarizal. Na casa grande, que estava abandonada pelos donos amedrontados, eles ficaram pouco tempo até pegarem a estrada de novo. Uma marcha que parecia não ter fim.

Horas depois eles chegaram ao povoado de São Sebastião, hoje Governador Dix Sept Rosado. “Meu pai conta que Lampião passou na Estação de Trem e fez muita bagunça. Aí o povo do sítio era tudo no mato com medo. Meu pai mesmo dormiu muitas noites no mato, com medo”, relembra seu Maurilio Virgílio, aposentado de 75 anos que hoje mora pertinho da Estação alvo dos ataques.

A estação foi alvo dos cangaceiros no povoado de São Sebastião (Foto: Reprodução/Inter TV Cabugi)

Os cangaceiros ainda saquearam o comércio, queimaram os vagões do trem e destruíram o telégrafo. Mas antes disso, um agente da Estação conseguiu mandar uma mensagem para Mossoró informando que o bando estava a caminho.

Foi o tempo de Mossoró se preparar para a luta. E a cidade tava mesmo preparada. Quando receberam o recado que Lampião e seu bando estava por vir, autoridades e outras personalidades da época se uniram, chamaram os moradores e começaram a montar as estratégias de defesa. Essas pessoas que venceram o combate 90 anos atrás são conhecidos como heróis da resistência.

“Foi um feito heroico de um grupo de cidadãos e cidadãs, que se juntou pra defender a cidade. Quando eu olho para a resistência ao bando de lampião, eu não vejo uma individualidade, vejo um ato de cidadania, de coragem que esse grupo frente à sua vida, à sua cidade”, diz o historiador Lemuel Rodrigues.

Noventa anos depois, os resistentes já se foram, mas ficou o legado. Ter um herói na família é motivo de orgulho para muitos mossoroenses. Algumas figuras estavam na linha de frente e lideraram a defesa da cidade contra o bando de Lampião. Tenente Laurentino, por exemplo, organizou as trincheiras e montou o plano de resistência com o apoio dos civis, todos liderados pelo prefeito Rodolfo Fernandes.

De acordo com os registros da época, o confronto entre os moradores e o bando de lampião durou cerca de quarenta minutos. Quase 170 homens participaram da defesa da cidade e ficaram espalhados em 23 trincheiras no centro de Mossoró. Uma delas teve papel fundamental para o sucesso do combate: a torre da capela de São Vicente que era o ponto mais alto de Mossoró. Do local, os resistentes tinham uma visão privilegiada. Três homens ficaram na torre e surpreenderam os cangaceiros.

“Manoel Felix, Tel Teófilo e Manoel Alves eram os três homens que estava no Alto da Torre. A partir daí, eles começaram a informar que os cangaceiros estavam vindo do lado de cá, na lateral da capela. E nesse momento, eles passam a ser revidados e deixam de ser atiradores para se tornarem alvos”, explicou o historiador Kydelmir Dantas.

Os homens que ficaram lá em cima não foram atingidos, mas as marcas dos tiros ainda permanecem no alto da torre. A capela que serviu de trincheira e guarda um dos maiores símbolos do combate de 13 de junho de 1927, dia em que Lampião e seu bando bateram retirada de Mossoró.

http://g1.globo.com/rn/rio-grande-do-norte/noticia/a-trilha-do-cangaco-no-rn-cidades-guardam-marcas-da-passagem-de-lampiao-pelo-estado.ghtml

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A RUA 25 DE JANEIRO - I.

 Por Aécio Cândido
Prof. Dr. Aécio Cândido, ao lado do filhinho João Marcelo

A Rua 25 de Janeiro, no ponto em que nós morávamos, era centro da cidade. Algum conterrâneo mais abalizado na geografia de Cuité e em seu traçado urbano pode contestar, com quilos de argumentos, esta minha tese. Já aqueles que partilharam comigo a vizinhança, as brincadeiras na rua sem calçamento e os banhos de chuva nas biqueiras torrenciais hão de concordar com a tese, em nome dessas lembranças e das marcas suaves que elas deixam na alma.

Professor Aecio Candido dando um show de interpretação no espetáculo Chuva de Bala no País de Mossoró

A Rua 25 de Janeiro ia do Bar de Zé Vitalino à casa de Seu Jorge, o fotógrafo mais famoso da cidade, sucedido depois por Severino Palmeira. Após o bangalô de Seu Jorge, começava a Rua do Louro, e aí todos concordam, creio, que já não era mesmo centro da cidade, até porque todo um lado da rua era tomado por sítios, roçados e pelo campo de futebol. Era uma rua ímpar, de uma só linha de casas. De lá, cruzando nossa calçada, vinham Pai Véi e Liga, duas figuras muito conhecidas de todos. Pra nós que brincávamos na rua, vinham de muito longe.

Professor Aecio Candido dando um show de interpretação no espetáculo Chuva de Bala no País de Mossoró

O limite leste da Rua 25 era o Bar de Zé Vitalino, posteriormente Bar de Biléu, que continua a ser hoje, meio século depois, a única rodoviária que a cidade conheceu. Após o Bar de Zé Vitalino, vencida a distância de um único e curto quarteirão, chegava-se à Rua João Pessoa. E esta, com lembranças ou sem lembranças infantis a arregimentar partidários, era, inquestionavelmente, centro da cidade. Era a rua da igreja e era o berço de possíveis vereadores, prefeitos e deputados, de advogados e altos comerciantes, embora o celeiro dessa nobreza republicana fosse mesmo a Praça Barão do Rio Branco, mais um quarteirão à frente, e um trecho preciso da Rua 15 de Novembro.

Prof. Dr. Aécio Cândido e o filhinho João Marcelo

Algumas casas da Rua 25 de Janeiro tinham os quintais cercados por avelós ou pendão de agave. Mas as fachadas geminadas, todas elas de alvenaria, ainda que algumas de tijolo cru, não mostravam os fundos das residências e, portanto, não comprometiam a classificação espacial: a rua fazia parte do centro da cidade. Até o início dos anos 1960 houve por trás de nossa casa um matadouro de gado – a matança, como se chamava. Aí, o cheiro azedo e agressivo de tripas sendo lavadas, o borbulhar da água quente nos alguidares de barro à espera dos miúdos para escaldá-los e a latomia dos cachorros disputando algum rebotalho de carne embrulhavam os estômagos mais sensíveis. Nessas imediações também houvera, em tempos mais longínquos, um cemitério, confinando com o terreno onde depois seu João Dósio construiria alguns currais. Eles, com suas porteiras de estacas bem fornidas, boas para subir e para descer, eram nosso domínio para a brincadeira de “Mãos ao Alto” e para as guerras de carrapateira. Em busca de esconderijo, ao cruzarmos, na carreira e aos saltos, uma dessas porteiras, não raro encontrávamos pela frente o cocô quente das vacas e nele deslizávamos. Era também nas porteiras onde se amarrava, como castigo, os derrotados nos “tiroteios” com baleeira. A brincadeira era dura e meio perversa. Algumas dessas lembranças quase me levam a dar razão a um amigo que repete, sempre que pode, uma das conclusões antropológicas de seu pai, velho coronel do sertão cearense: “Ninguém me tira da cabeça que o bicho mais parecido com gente é menino”.

Localização geográfica do município de Cuité - Estado da Paraíba

Na década de 1940, contava minha mãe, a rua abrigava muitas casas de taipa, algumas com teto de palha. Vinte anos depois, já não restava mais nenhuma nesse modelo, e isso aproximou a rua da geografia social do centro.


Pra terminar, uma quase nota de rodapé: nos meus registros sentimentais, Seu Jorge, além de ponto de referência geográfico e de fotógrafo reconhecido, tinha outro atributo de destaque: era o pai de Marié, moça elegantíssima, que cruzava as tardes cuiteenses vestindo surpreendentes conjuntos de saia e blusa. 

Vista panorâmica de Cuité - Estado da Paraíba

A saía, muito estreita, dava ao andar um compasso contido. Saia estreita era, pra mim, o nível mais alto de elegância já atingido pela parte feminina da humanidade. E Marié, assim vestida e equilibrando-se em fenomenais sapatos de salto alto, parecia saída de uma das revistas de moda que eu via na casa de Celina Amâncio ou na de minha tia Zélia, costureiras que durante muito tempo cuidaram em dar graça às moças de Cuité.
  

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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O CANTOR JOÃO MOSSORÓ FARÁ SHOW HOJE, DIA 05 DE AGOSTO DE 2017 NO RIO DE JANEIRO


O cantor João Mossoró fará show hoje, 05 de agosto de 2017, 
no Rio de Janeiro, no bairro Benfica no"Mercadão Cadegue".
Uma festa portuguesa,  no "Cantinho das Concertinas".



Será uma festa bastante animada, quando o artista cantará as mais lindas canções.

Você que mora no Rio de Janeiro prestigie o artista, participando do seu show.

https://www.youtube.com/watch?v=_OfXk5C9Mu4

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WILSON SERAINE - LUIZ GONZAGA_PARTE 1

https://www.youtube.com/watch?v=FM7TDTrxxCQ

Publicado em 4 de ago de 2017
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 Uma produção da Aderbalvídeo

https://www.google.com.br/search?q=WILSON+SERAINE+-+Luiz+Gonzaga_Parte+1&oq=WILSON+SERAINE+-+Luiz+Gonzaga_Parte+1&aqs=chrome..69i57.1723j0j4&sourceid=chrome&ie=UTF-8

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QUADRO DENOMINADO AGRESTE, OBRA-PRIMA DA ARTISTA PLÁSTICA FRANCI DANTAS, ENCONTRA-SE EXPOSTO NA SALA DE REUNIÕES DO DGE/FAFIC/UERN


Está exposto na sala de reuniões do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Obrigado à equipe marceneira por ter viabilizado integralmente a fixação, pregando-o com competência singular na sala de reuniões do DGE.

Franci Dantas

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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DIA MUITO ESPECIAL

Por Mateus Monteiro
Prof. Moacir Vieira e discente Mateus Monteiro

Dia 31 de julho de 2017, foi um dia muito especial. Encerro a minha participação no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), onde fui bolsista por 3 anos. Afirmo, com bastante convicção, que o programa contribuiu enormemente para a minha formação complementar, instigando o pensar e aprimoramento das ideias do ensino da geografia, além de estabelecer uma ponte entre teoria e práticas docentes dentro e fora das dependências da Universidade. O desafio foi enorme e o aprendizado foi impar. Por isso, sou grato e me considero um privilegiado por ter participado deste programa, pois o mesmo me possibilitou diversas experiências profissionais e, acima de tudo, me permitiu encontrar pessoas que foram fundamentais para o meu crescimento como futuro docente e como ser humano e cidadão honesto.

Discente Erick Almeida, Prof. Dr. Jamilson Azevedo e discente Mateus Monteiro

Ao longo desta caminhada de 3 anos no PIBID Geografia/Campus Central - UERN, levarei comigo as amizades que fiz, a troca de experiências seja na faculdade ou nas escolas parceiras e, acima de tudo, os erros que cometi e que me possibilitaram uma reflexão crítica de mim mesmo e, consequentemente, me levaram ao êxito. Levarei comigo as boas recordações e tudo que contribuiu para a minha evolução.



Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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ANUNCIAÇÃO.

Por José Gonçalves do Nascimento

ANUNCIAÇÃO

É fogo,
é faca,
é faísca.
Um corisco
riscou o céu,
anunciando,
que Lampião
já chegou.
É Lamp,
é Lamp,
é Lampião que chegou.
Eu vi uma mulher
vestida de sol
e era Maria;
eu vi uma mulher
vestida de sol
e era Maria Bonita.


José Gonçalves do Nascimento

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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