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domingo, 8 de maio de 2011

1928-PARA GANHAR CASTANHA-UM POEMA DE JORGE FERNANDES

           Na histórica revista A Cigarra, publicada em Natal durante os anos de 1928 e 1930, encontramos um verso do poeta potiguar Jorge Fernandes, que aqui reproduzo.


PARA GANHAR CASTANHA

Já apareceu na rua
Com uma muleta andando largo
Com uma perna só…
-Mutilado da Grande Guerra-
É toda vida um menino antigo
Jogando academia pelas calçadas…
-Primeiro ano…
(Volta o caquinho com bem cuidado
Pra não ficar no risco)
E o mutilado que nunca foi a Grande Guerra
Da Europa joga de novo o segundo ano…
E assim ele joga até o sexto ano para se formar…
E o mutilado que nunca foi a Guerra
É toda vida uma criança antiga
Jogando o jogo antigo de academia
Empurrando o caquinho com o pé só
Pra se formar
-Mutilado da grande guerra-
Da grande guerra de todo o mundo-

SOBRE JORGE FERNANDES

Jorge Fernandes

Na página 

 http://www.antoniomiranda.com.br/poesia_
brasis/rio_grande_norte/jorge_fernandes.html encontramos uma pequena biografia sobre este interessante poeta;

            JORGE FERNANDES de ????j?Oliveira(1887-1953) nasceu em Natal-RN. É considerado um dos precursores da poesia moderna no Brasil. Jorge Fernandes com seu “LIVRO DE POEMAS”, de versos modernos, editado em 1927.

             “A poesia, no Rio Grande do Norte, apresenta dois momentos culturais  da maior plenitude literária e (anti) literária: a publicação do Livro de poemas, de Jorge Fernandes, em 1927, e o lançamento local da poesia concreta, em 1966, com o seu posterior desdobramento no poema/processo. (…) no espaço literatizante inaugurado por Jorge Fernandes, levantar a problemática da vanguarda, ou seja, da poesia (abstração: sentimento) ao poema (concreção: fisicalidade).”  Moacy Cirne

           “O poema jorgiano contém, em seu bojo, a simbolização onomatopaica (vide Manhecença…, Briga do teju e a cobra, Viva o sol!…Tetéu, etc.), o recurso caligramatizante (Rede), o espaçamento verbal (Tetéu),  a metacrítica ao parnasianismo. No meio de tanta versalhada, que então se publicava, o nome de Jorge Fernandes — cuja poesia, até 1959/1960, ainda seria bastante atual — é um monumento literário. Nas palavras de Mário de Andrade, seu Livro de poemas conserva uma memória guardada nos músculos, nos nervos, no estômago, nos olhos, das coisas que viveu”” Moacy Cirne em A POESIA E O POEMA DO RIO GRANDE DO NORTE. Natal: Fundação José Augusto, 1979.

             Nesta mesma página encontrei o poema de Jorge Fenandes que mais gosto e que de vez em quando leio para minha filha Tainá, embalando ela em uma gostosa rede.

LIVRO DE POEMAS
(1927)

REDE

Emboladora do sono…
Balanço dos alpendres e dos ranchos…
Vai e vem nas modinhas langorosas…
Vai e vem de embalos e canções…
Professora de violões…
Tipóia dos amores clandestinos…
Grande…  larga e forte…  pra casais…
Berço de grande raça.
 S                                  A
U                        S
S               N
P       E
Guardadora de sonhos
Pra madona ao meio-dia
Grande… côncava…
Lá no fundo dorme um bichinho…
—  Balança o punho da rede pro menino dormir.

Extraído do blog: "Tok de História" de propriedade do próprio autor deste texto Rostand Medeiros


É permitida a reprodução do conteúdo desta página
em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso,
desde que citada a fonte e o autor.

 

Os "brinquedinhos" que mataram Lampião.

 Por: Ivanildo Silveira

Diagramatização: Lampião Aceso

           Para me somar em total apoio e exaltação ao Dr Leandro e seu artigo abaixo acrescento este texto que é mais um capítulo de um dos melhores tópicos postados na comunidade do Orkut "Lampião, Grande Rei do cangaço". Desde sua criação ele apresenta uma riqueza de detalhes impressionante, nunca visto, em nenhum livro de cangaço.
           Visando esclarecer, ainda mais, a utilização de armas no ciclo do cangaço, sobretudo o USO DE METRALHADORAS , postaremos, logo abaixo, uma descrição destas armas usadas no combate final de Angico /SE , em 28 de julho de 1938, em que tombaram mortos, Lampião e dez companheiros.
           Convém ressaltar, que o sonho do Rei do cangaço era conseguir uma destas, para poder se igualar ao poderio bélico da polícia. Tal intento, foi conseguido em 23 de abril de 1931 no Combate da Lagoa do Mel/Touro, com a volante baiana do Ten. Arsênio Alves de Souza. Nesse embate, morreram Ezequiel Ferreira (irmão de Lampião), e muitos soldados. A metralhadora foi abandonada no campo de luta, mas o esperto tenente, antes de fugir, levou consigo o percursor da aludida arma, para impedir que pudesse ser usada mais tarde. Desse modo, lá se foi o sonho de Lampião de possuir uma "costureira".
            Na FOTO, logo abaixo, visualizamos os vencedores do combate em Angico/SE, e suas armas :

           1 - Ten. João Bezerra (comandante da volante);
           2 - Aspirante Ferreira de Melo.
           3 - Sargento Aniceto.
 
 
           O Ten. João Bezerra e o Asp. Ferreira de Melo, estão portando, cada um, uma pistola metralhadora, indicadas por setas.

       Duas pistolas metralhadoras Mauser 712 "fogo rápido" (Schenellfeur), versão com seletor para fogo automático da Mauser C-96... Vulgarmente conhecidas, por “caixa de pau" por causa do coldre/coronha. Uso de oficiais e graduados das Volantes. Por vezes portaram pistolas espanholas Royal, cópias deste modelo... ( informações postadas nesta comuna pelo perito em armas - Dr. Fábio Carvalho Costa )

 Foto: Museu de armas da Polícia Militar de São Paulo .

           Além das pistolas metralhadoras, acima visualizadas, também foi usado no combate de Angico, a Sub-metralhadora Bergman, 1928 II, arma de dotação em várias Forças Públicas, em calibre 7,63 mm Mauser. (Veja a gravura e a foto).  
         Esta arma foi emprestada pelo Sgtº Odilon Flor ao ten. João Bezerra, no dia anterior ao histórico combate.

  FOTO: Museu de armas da Polícia Militar de São Paulo

           Nossos confrades J Renato e Fábio Carvalho Costa especialistas no assunto, analisam a postagem que fizemos, logo acima, enfocando:

1- Capacidade de tiro destas metralhadoras;
2- Tipos de "munição" usadas nas mesma;
3- Alcance, aproximado, de tiro;
4- Outras informações pertinentes,
inclusive,correções necessárias.
 
Um abraço e obrigado pela atenção.

 
Extraído do blog: "Lampião Aceso"

IVANIILDO ALVES SILVEIRA
Colecionador do cangaço
Membro da SBEC
Natal/RN

Aluísio Alves

                Aluísio Alves (Angicos, 11 de agosto de 1921Natal, 6 de maio de 2006) foi um jornalista, advogado e político brasileiro com base eleitoral no Rio Grande do Norte, estado do qual foi governador entre 1961 e 1966 sendo depois cassado pelo AI-5 em 1969. É o decano do clã dos Alves, contraparte política da família Maia num embate que há anos domina a cena política potiguar, em especial a partir dos anos oitenta do Século XX.

Antes e depois da política

               Filho de Manuel Alves Filho e Maria Fernanda Alves, é Bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito de Maceió com especialização em Serviço Social. Após a graduação voltou-se para as atividades jornalísticas: primeiro como funcionário dos jornais A Razão e A República, ambos em Natal tendo se dirigido em 1949 ao Rio de Janeiro onde foi redator-chefe do jornal Tribuna da Imprensa, que pertencia a Carlos Lacerda retornando ao seu estado natal no ano seguinte onde fundou e dirigiu a Tribuna do Norte.

              Ainda no ramo de comunicação foi diretor da Rádio Cabugi, da TV Cabugi e da Rádio Difusora de Mossoró. Antes foi Oficial de Gabinete da Interventoria potiguar chefe do Serviço Estadual de Reeducação e Assistência Social (SERAS) e diretor estadual da Legião Brasileira de Assistência.

              Sua vocação política foi desperta concomitantemente às atividades profissionais que desenvolveu e sua estréia na vida pública se deu sob os auspícios de Dinarte Mariz, então líder-mor da UDN no estado, e assim Aluísio Alves foi eleito deputado federal em 1945 participando dos trabalhos da Assembléia Nacional Constituinte que promulgaria a nova Constituição em 18 de setembro de 1946.

              Reeleito em 1950, 1954 e 1958, chegou aos postos de secretário-geral da UDN e de vice-líder da bancada. Figura de proa quando da eleição de Mariz para o governo do estado em 1955 logo romperia com seu antigo aliado em face de um episódio onde o governador recém-eleito ignorou uma série de ações de governo que foram reunidas por Aluísio Alves num extenso documento. Irritado, rompeu politicamente com seu mentor e ingressou no PSD sendo eleito governador em 1960 para o desgosto de Dinarte Mariz.

              A animosidade entre os dois líderes tornou-se cada dia mais férrea e com o advento do Regime Militar de 1964 foi Mariz quem retomou o comando da cena política, o que não impediu, contudo, o ingresso de Aluísio Alves na Aliança Renovadora Nacional (ARENA) e a conquista de seu quinto mandato de deputado federal em 1966 após ter sua candidatura a senador vetada por Mariz. No ano anterior Aluísio Alves derrotara o grupo de Dinarte Mariz ao eleger o monsenhor Valfredo Gurgel para governador.

               Veio então o revés: em 7 de fevereiro de 1969 teve seu mandato cassado pelo AI-5 sob a acusação de corrupção sendo indiciado em um processo que foi arquivado em fevereiro de 1973. Mesmo sem poder atuar diretamente na vida pública fez uso de sua experiência política e se manteve influente ao levar o seu grupo político para o MDB em 1970 sem mencionar que sua condição de empresário permitiu que mantivesse boas relações com os arenistas, à exceção de Dinarte Mariz.

               Executivo da União das Empresas Brasileiras, logo expandiu suas atividades para além da área de comunicação e tão logo foi restaurado o pluripartidarismo ingressou no PP e a seguir no PMDB sendo derrotado na disputa pelo governo do Rio Grande do Norte em 1982 por José Agripino Maia do PDS.

            Entusiasta da candidatura vitoriosa de Tancredo Neves à Presidência da República foi indicado Ministro da Administração pelo presidente eleito sendo confirmado no cargo por José Sarney e permaneceu à frente desse ministério entre 15 de março de 1985 e 15 de fevereiro de 1989. Foi durante a sua gestão que foi criada a Escola Nacional de Administração Pública (ENAP).

             Em 1990 foi eleito para o seu sexto mandato de deputado federal, cargo do qual esteve licenciado durante o governo Itamar Franco quando foi Ministro da Integração Regional entre 8 de abril de 1994 e 1º de janeiro de 1995. Aluísio Alves faleceu em Natal vítima de isquemia cerebral.

              Pai do deputado federal Henrique Eduardo Alves.


Fonte: Wikipédia - A enciclopédia livre

Lampião e Maria Bonita são mortos em uma emboscada

Vídeo

Lampião e Maria Bonita

Lampião e Maria Bonita



Paulo Sérgio - Cantor

Paulo Sérgio

            Paulo Sérgio de Macedo, nasceu no Estado do Espírito Santos,  no dia  10 de Março de 1944 e faleceu em São Paulo, aos trinta e seis anos, de idade, em decorrência de um derrame cerebral. no dia  29 de Julho de 1980. Paulo Sérgio era filho do alfaiate Carlos Beath de Macedo e de Hilda Paula de Macedo.Porém, a veia artística já se desenhava cedo.
           Aos seis anos de idade, apareceram as caravanas de artistas de emissoras de rádio do Rio de Janeiro, Paulo Sérgio participou, ao fim do espetáculo, de um mini-concurso de calouros. Foi escolhido o melhor, passando a ser requisitado como atração especial em todas as festinhas da pequena Alegre.
           Iniciou sua carreira em 1968, no Rio de Janeiro, com a gravação da música "Última Canção". Paulo Sérgio  vendeu na época, 60 mil cópias em apenas três semanas, transformando seu intérprete num fenômeno de vendas. Paulo Sérgio lançou treze discos e algumas coletâneas, obtendo uma vendagem superior a oito milhões de cópias.
          Os anos 60 mexeu com  a juventude e Paulo Sérgio fez seu batismo no programa Hoje é Dia de Rock, comandado por Jair de Taumaturgo, o mais badalado entre os jovens do Rio. Posteriormente, passaria ainda por muitos outros programas de calouros, como o Clube do Rock, do saudoso Rossini Pinto, onde muitos outros ídolos que iriam formar o pessoal da Jovem Guarda se apresentaram. Em 1966, no filme Na Onda do Iê-iê-iê, Paulo Sérgio aparece como calouro do Chacrinha, cantando a canção Sentimental Demais de Altemar Dutra.
          Paulo Sérgio foi acusado  de que o mesmo era um imitador do cantor Roberto Carlos, então ídolo inconteste da juventude, dada a semelhança do seu timbre vocal. Como contrapartida, naquele mesmo ano Roberto Carlos lançaria o álbum O Inimitável.
          No dia 4 de Março de 1972, Paulo Sérgio se casou  com Raquel Teles Eugênio de Macedo, a qual conhecera num pequeno acidente de trânsito. O casamento aconteceu secretamente, numa cerimônia simples, em Castilho, pequena cidade do interior de São Paulo.
          Em 23 de maio de 1974, nascia Rodrigo, que mais tarde usaria artisticamente o cognome de Paulo Sérgio Jr. Além de Rodrigo, Paulo Sérgio tivera ainda duas filhas, Paula Mara e Jaqueline Lira, fruto de relacionamentos anteriores.
           No dia 27 de Julho de 1980, um domingo, Paulo Sérgio fez sua última apresentação na TV. Esta ocorreu no programa do apresentador Édson Cury (o Bolinha), da Rede Bandeirantes de Televisão, onde cantou duas músicas do seu último trabalho fonográfico: “O Que Mais Você Quer de Mim” e “Coroação”.
           Logo após apresentar-se no “Programa do Bolinha”,  Paulo Sérgio envolveu-se num incidente que talvez tenha provocado sua morte.
           Ele saiu do auditório para pegar seu carro, e  várias fãs o cercaram.  Uma delas, agressivamente, começou a comentar fatos relacionados à vida íntima do cantor e sua mulher, Raquel Telles Eugênio de Macedo. Já nervoso, Paulo Sérgio deu a partida em seu carro, mas, quando manobrou o veículo, foi atingido por uma pedrada no para-brisa. Ele desceu do automóvel e perseguiu a moça, que ao sentir que a coisa não era brincadeira, a moça  refugiou-se no interior de um edifício, sendo Paulo Sérgio esbarrado pelo segurança, que não o deixou entrar. 
          Sentindo-se não muito bem, foi levado a um hospital, mas não resistindo a decepção, às 14 horas e trinta minutos de terça-feira, 29 de Julho, já não havia a menor possibilidade de melhora. O cantor Paulo Sérgio estava praticamente sem vida, apenas os aparelhos mantinham sua respiração e seus batimentos cardíacos. Às vinte horas e trinta minutos, foi anunciado o fim de sua longa e dolorosa agonia. Apesar de todo o esforço feito para salvá-lo, Paulo Sérgio estava morto.
           Na capital carioca, o velório ocorreu no Cemitério do Caju. Entre os cantores que prestaram suas últimas homenagens: Antônio Marcos, Jerry Adriani, Agnaldo Timóteo e Zé Rodrix.
           Às 16 horas do dia 30 de Julho (quarta-feira), o seu corpo baixou à sepultura ao som de seu maior sucesso, “Última Canção”.
           O seu compositor era: Carlos Roberto Nascimento.

Observação: Se você quer conhecer mais o cantor Paulo Sérgio, procura em:   Wikipédia - a enciclopédia livre.



O Socorro

Por: Millôr Fernandes
 
Millôr Fernandes (Foto: Divulgação)
 
Bom para professores e alunos
 
           Ele foi cavando, foi cavando, cavando, pois sua profissão - coveiro - era cavar. Mas, de repente, na distração do ofício que amava, percebeu que cavara de mais. Tentou sair da cova e não conseguiu.
 
 
            Levantou o olhar para cima e viu que, sozinho, não conseguiria sair. Gritou. Ninguém atendeu. Gritou mais forte. Ninguém veio. Enlouqueceu de gritar, cansou de esbravejar, desistiu com a noite.
 
           Sentou-se no fundo da cova, desesperado.
 
           A noite chegou, subiu, fez-se o silêncio das horas tardas. Bateu o frio da madrugada e, na noite escura, não se ouvia mais um som humano, embora o cemitério estivesse cheio dos pipilos e coaxares naturais dos matos.
 
          Só pouco depois da meia-noite é que lá vieram uns passos. Deitado no fundo da cova o coveiro gritou. Os passos se aproximaram. Uma cabeça ébria apareceu lá em cima, perguntou o que havia:
 
           - O que é que há?.
 
          O coveiro então gritou, desesperado: “
 
          -Tire-me daqui, por favor. Estou com um frio terrível!.
 
         -Mas coitado!” - condoeu-se o bêbado. – “Tem toda razão de estar com frio. Alguém tirou a terra toda de cima de você, meu pobre mortinho!”.
 
       E, pegando na pá, encheu-a de terra e pôs-se a cobri-lo cuidadosamente.
 
 
Moral:
 
 Nos momentos graves é preciso verificar muito bem para quem se apela.