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domingo, 16 de junho de 2019

LIMÕES X JESUINO

Achados do Cangaço da Família Limão

Por Epitácio de Andrade

“José Rodrigues de Barros ficou considerado como o patriarca dos Limões, porque se casou com Maria Rosalina da Conceição, irmã de Preto Limão”, assim afirmou José Alves Rodrigues, conhecido como “Zé Limão”, neto do “patriarca”, em entrevista a Epitácio de Andrade Filho, autor de “A Saga dos Limões – Negritude no Enfrentamento ao Cangaço de Jesuíno Brilhante”, no último dia 15 de dezembro, em sua residência no Bairro Paulo VI, na cidade de Caicó, na região do Seridó do Rio Grande do Norte.
  
No final do Século XIX, o Cearense José Rodrigues de Barros assumiu a liderança do Grupo étnico representado pela família Limão, principal algoz dos “Brilhantes”, ao se casar com uma irmã de Preto Limão, único sobrevivente masculino da família remanescente do conflito cangaceiro e comandante da emboscada fatal contra Jesuíno Brilhante, na Comunidade Santo Antônio, na zona rural de São José de Brejo do Cruz, na fronteira paraibana, em dezembro de 1879.
O Patriarca aos 100 anos 
Reprodução: Epitácio Andrade

A primeira imagem do “Patriarca dos Limões” foi resgatada pelos pesquisadores Emanoel Amaral e Alcides Bezerra de Sales, em 1981, quando levantavam dados para a elaboração da Revista “Jesuíno Brilhante em História de Quadrinhos”, na Comunidade Saco dos Limões, na zona rural do município de Patu/RN, terra natal do Cangaceiro Jesuíno Brilhante (1844). A fotografia é datada do início do século passado e foi apresentada pelo neto José Alves Rodrigues, 60 anos, o mesmo membro da família Limão, que trinta anos depois, apresentou a fotografia do avô aos 100 anos (1963), para ser reproduzida pelo Escritor Epitácio de Andrade Filho.

Festa dos 100 anos do “Patriarca dos Limões” 
Reprodução: Epitácio de Andrade

No ano de 1963, a família Limão comemorou festivamente o centenário do Patriarca José Rodrigues de Barros, que nunca participou de atividades cangaceiras, mas teve a tarefa de proteger a família das possíveis recidivas do conflito, depois da morte de Jesuíno Brilhante, organizando inclusive, um esconderijo inexpugnável e recôndito, o “Saco dos Limões”. Na festa do centenário, o grande líder já não contava com sua companheira Maria Rosalina da Conceição, a Limão genuína, que faleceu com cerca de 50 anos, provavelmente no final da década de 20 para início dos anos 30 do século passado, e se encontra sepultada no cemitério de Catolé do Rocha, no vizinho estado da Paraíba.

Do casamento de Seu José Rodrigues Barros com Rosalina Limão, que moravam no Sítio Coroatá, na zona rural entre Patu e Almino Afonso, saíram vários filhos, entre homens e mulheres. O mais velho Antônio Limão migrou para o norte do país e lá permaneceu até a morte. Em 1888, nasceu Zé Limão, que foi fotografado por Emanoel Amaral aos 93 anos, no ano de 1981.
Zé Limão aos 93 anos 
Foto: Emanoel Amaral - 1981

Em 1898, nasceu Luiz Limão ou Luiz Catonho que se casou com Anelita Alves Rodrigues, afilhada de Valdivino Lobo, o mais abastado dos fazendeiros inimigos de Jesuíno Brilhante e coiteiro dos Limões na região do Catolé do Rocha e Brejo do Cruz, na fronteira paraibana. Em 1981, o pesquisador Emanoel Cândido do Amaral também fotografou Luiz Limão.
Luiz Limão aos 83 anos 
Foto: Amanoel Amaral - 1981

José Alves Rodrigues, Zé Limão, é filho de Luiz Catonho com Anelita Alves Rodrigues, e em 1981, acolheu Emanoel Amaral e Alcides Sales para prestar informações sobre a família Limão e posar para uma fotografia nas adjacências do “Saco dos Limões”, com seus filhos Ângelo Márcio e Marcélio Alves, que na época tinham sete e três anos, respectivamente.

Zé Limão com filhos Marcélio e Ângelo 
Foto: Emanoel Amaral - 1981

Coincidentemente, no dia 15 de dezembro de 2011, data da visita a residência de José Alves Rodrigues, em Caicó, estava completando 28 anos da morte de Seu Luiz Limão, que faleceu em 1983, e se encontra sepultado, juntamente com seu pai, o “Patriarca dos Limões”, no cemitério velho do antigo povoado da Caiera, hoje Almino Afonso, no Rio Grande do Norte.

Luiz Limão aos 75 anos 
Reprodução: Epitácio de Andrade

Seu Zé Limão, aos 60 anos, está na terceira geração posterior ao cangaço da segunda metade do século XIX. O seu pai, Luiz Limão com os irmãos, compõem a segunda geração pós-cangaço jesuínico, e o casamento do “Patriarca” com Rosalina Limão é o representante da primeira geração, imediatamente posterior ao cangaço dos Brilhantes com os Limões. Esta sequência geracional pode ser observada no álbum familiar, exposto na sala principal da casa de Seu José Limão, em Caicó/RN.

A família Limão tem uma consciência pela preservação da memória muito acurada. Mantem sob sua guarda um acervo de fotografias, apetrechos, moedas, cédulas e armas, que segundo José Limão “pertencia aos antigos”. Em 1981, quando foi fotografado por Emanoel Amaral mostrava uma espingarda de caça, que preserva até hoje. Mesmo informando que é um objeto de 40 a 50 anos, a preservação é, por ele, justificada como lembrança do momento da pesquisa e como símbolo de que “os Limões faziam suas próprias armas”.

Espingarda fotografada em 1981 no Saco dos Limões – Patu/RN 
Foto: Epitácio Andrade

Contemporânea do período do Cangaço dos Brilhantes com os Limões (1870-1880), Seu Zé Limão apresentou uma faca, cujo cabo de madeira se desgastou ao longo de mais de uma centena de anos, sendo substituído por uma haste de aço, porém a grande lâmina de ferro fundido foi preservada.

Lâmina de uma faca do cangaço dos Limões 
Foto: Epitácio Andrade

Seu Zé Limão preserva uma cédula antiga, “do tempo do cruzeiro”, com a imagem de Duque de Caxias, para preservar a memória de que “os Limões resistiram ao recrutamento forçado para a Guerra do Paraguai”.

 Cédula de Cruzeiro com imagem de Duque de Caxias 
Foto: Epitácio Andrade

O acervo de moedas cunhadas em 1870 preserva a memória da proteção dos comboios do comércio primitivo do sertão, que era promovida pelos membros da família Limão, depois da aliança com os Lobos e os Lobatos, controladores da economia loco - regional. Não seria desnecessário afirmar que os Limões foram agentes pró-ativos de importantes lutas sociais, e como afirma Alicio Barreto em “Solos de Avena”, “é possível que voltaram ricos do quebra-quilos”.

Moedas do período do Cangaço 'Jesuínico'
Foto: Epitácio Andrade

Com muita cordialidade e presteza o Aposentado José Alves Rodrigues (Zé Limão) e sua esposa Maria Emília Cordeiro Alves, que é da descendência de Jesuíno Brilhante, prestaram as informações solicitadas pelo pesquisador Epitácio Andrade e serviram café num bule datado do início do século passado.

Bule do início do séc. XX 
Foto: Epitácio Andrade

Igualmente gentil foi o filho de Seu Zé Limão, Ângelo Márcio, que tem total lembrança da visita feita por Emanoel Amaral e Alcides Sales no início dos anos 80 do século passado, ao “Saco dos Limões”.

Ângelo Márcio, Zé Limão e o Autor de “A Saga dos Limões” 
Foto: Josivaldo Araújo

Os próximos passos serão uma visita ao “Saco dos Limões”, na zona rural do Patu, ao Sítio São Francisco, no Catolé do Rocha, e uma entrevista com Manoel Catonho, para consolidar informações para a segunda edição ampliada de “A Saga dos Limões”.

*Epitácio de Andrade Filho é autor do livro "A Saga dos Limões – Negritude no Enfrentamento ao Cangaço de Jesuíno Brilhante”, Médico Psiquiatra e Pesquisador Social.

DEMARCANDO MAIS UM SITIO HISTÓRICO

O combate das Caraíbas, 1926

Por Cristiano Ferraz 

No último domingo, dia 09 de junho cumpri um compromisso assumido com o amigo Louro Teles em maio de 2017 quando visitamos o local do combate de Serra Grande em serra Talhada. O combinado era visitarmos juntos o local onde aconteceu o combate das Caraíbas em fevereiro de 1926 entre Floresta-PE e Betânia-PE.

Nos encontramos na manhã de domingo em Floresta, eu, Louro Teles que veio de Calumbi-PE com Sálvio Siqueira (vindo de São José do Egito-PE) e Richard Torres Pereira de Serra Talhada-PE.

Seguindo para o destino pouco depois onde chegamos por volta de dez horas da manhã na residência de seu Antônio Odilon dos Santos, 84 anos de idade e que há quatro anos atrás havia me mostrado o local quando o visitei com meu primo Manoel serafim durante os preparativos para o Cariri Cangaço em Floresta em 2016.

Aquela visita foi um dos fatos que motivaram a escrita do nosso livro As Cruzes do Cangaço – Os fatos e personagens de Floresta-PE, lançado durante na abertura do primeiro evento Cariri Cangaço em nossa cidade no dia 26/05/2016.
  


Após conversarmos um pouco com seu Antônio, sua esposa e alguns familiares (uma filha e uma neta), nos dirigimos ao local onde foram sepultados os volantes mortos no combate que fica a cerca de um e meio a dois quilômetros da casa. Não sem antes tomarmos um cafezinho com queijo de coalho, como é “de praxe” na casa de todo bom sertanejo.

Chegando ao local percebi a diferença de quatro anos atrás. O local havia sido desmatado e a cruz de madeira que não mais existia em 2016 havia sido refeita de forma improvisada e colocada no local. Rapidamente cavamos o solo e colocamos uma cruz de metal feita pelo amigo Louro Teles. Aproveitamos o momento para fazer alguns vídeos e fotografias registrando o fato.


Em seguida fomos ao serrote onde aconteceu o combate, que fica a dois quilômetros da sepultur junto ao leito do riacho da Maravilha. Hoje o local também está bastante modificado em relação à época do combate, pois antes não havia o açude que hoje forma uma represa no leito do riacho.

Seu Antônio, apesar da idade avançada nos acompanhou, tendo ficado numa sombra aguardando nosso retorno. O acesso ao local do combate no serrote, estava muito tomado pelo mato e ele preferiu ficar descansando. Com poucos minutos no local fizemos alguns vídeos e passamos a procurar vestígios do combate com o detector de metais manuseado por Louro Teles.

Rapidamente localizamos um projétil de rifle calibre .44 enterrado no solo por trás do serrote. Pouco tempo depois, foi encontrado um projétil de calibre .22 próximo ao local do primeiro. Com o rápido passar do tempo decidimos retornar para deixar seu Antônio em casa pois a hora do seu almoço já havia passado. Eram duas horas da tarde e acabamos demorando nos deslocamentos a pé indo e voltando para onde deixamos o carro.

Com os vestígios encontrados ficou a certeza de que aquele é mesmo o “palco” dos acontecimentos. Mesmo não tendo tempo para aprofundarmos as pesquisas no serrote e do lado oposto do riacho onde se encontravam as volantes, deduzimos que ainda ainda existem resquícios do acontecido e retornamos satisfeitos com o resultado. Firmamos assim o compromisso de retornarmos em breve para descobrir mais detalhes da dinâmica do combate.

O combate das Caraíbas, em Floresta foi travado entre Lampião e as forças volantes na quinta-feira dia 04 de fevereiro de 1926 às margens do riacho da maravilha, afluente do riacho do navio - nas divisas entre os municípios de Floresta e Betânia .

Participaram as volantes comandadas pelo Tenente Higino José Belarmino e Optato Gueiros contra o grupo de Lampião. Junto com Lampião encontrava-se entre outros o conhecido Manoel Pequeno (da fazenda Saco – na ribeira do riacho do navio) e seu grupo. Os cangaceiros se entrincheiraram no leito do riacho, em um serrote à margem deste e próximo a estrada por onde vieram os soldados, emboscando a força em campo aberto.

O confronto teve a participação da força de Nazaré composta por, Afonso de Sá Nogueira , Altino Gomes de Sá, Antônio Joaquim dos Santos (o famoso rastejador Batoque), Aureliano de Souza Nogueira (Lero), Aureliano Francisco de Souza (Lero Chico), Constantino Marcolino de Souza, David Gomes Jurubeba , Euclides de Souza Ferraz (Euclides Flor) , João Cavalcanti, João Domingos Ferraz, João Gomes Jurubeba, João Jurubeba de Sá Nogueira (João Gato), Joaquim Ferraz de Souza (Quinca Néo), Joaquim Francisco de Souza (Quinca Chico), Manoel de Souza Ferraz (Manoel Flor), Manoel Neto (Anspeçada), Pedro Gomes de Lira (irmão de João Gomes de Lira), Pedro Marcolino e Pedro Tomaz de Souza Nogueira.

O tiroteio durou até o final da tarde quando Lampião se retirou do local levando seus mortos (acredita-se que em número de cinco) sepultando-os na caatinga entre o local do combate e o poço do ferro (ou na fazenda São Brás, que fica a oeste do local) e deixando entre os volantes um saldo de pelo menos três baixas fatais, os soldados Aristides Panta da Silva (Este de Floresta), Benedito Bezerra de Vasconcelos e Antônio Benedito Mendes.

Os soldados mortos foram sepultados na margem esquerda do riacho da maravilha próximo ao local onde o riacho do Jacaré se une a este . O riacho da maravilha é a divisa entre os municípios de Floresta e Betânia.

No combate saíram feridos o Tenente Higino no braço, Manoel Neto no braço direito, Antônio Joaquim dos Santos (Batoque) na perna, João Cavalcanti, Altino Gomes de Sá (na “maçã” do rosto), João Pereira de Souza e João Pinheiro Costa.
  
 Tenente Higino Belarmino de Souza
Acervo Lampião Aceso

Na visita ao local tomamos conhecimento que durante o combate o fazendeiro/boiadeiro florestano Joaquim de Alencar Jardim (Quinca Jardim) retornava a Floresta após a venda de uma boiada. Antônio Ferreira, que brigava no serrote no momento, sabendo da passagem deste pelo local o esperou com mais dois cangaceiros na sombra de um umbuzeiro (conhecido como umbuzeiro do Marçá – ou Marçal) abordando-o para lhe pedir dinheiro.

Quinca Jardim naquele momento se acompanhava de Joaquim Serafim (conhecido como Joaquim Grande do Rancho dos Homens) e mais duas ou três pessoas. Joaquim Grande então disse a Antônio Ferreira que Quinca Jardim não tinha a quantia pedida pois vendera a boiada mas não recebera o pagamento. Antônio Ferreira se contentou com a resposta sem saber que o dinheiro do pagamento da boiada estava no bornal que Joaquim Grande carregava a tiracolo.

Dois dos outros acompanhantes de Quinca Jardim disseram a Antônio Ferreira que um dos cangaceiros que o acompanhava tomara o pouco dinheiro que estes carregavam. Antônio Ferreira então perguntou quem pegara o dinheiro e o mandou devolver. O cangaceiro o fez embora queixando-se do trabalho ingrato onde era obrigado a devolver o dinheiro ganho.

Menos de um ano após, no final do ano de 1926 Lampião mataria 129 reses de Quinca Jardim na Barra do Juá por não ter recebido dinheiro após um pedido (acredita-se que um bilhete). Isso, provavelmente aconteceu ao descobrir que fora enganado cerca de dez meses antes. Comenta-se que apenas uma rês escapou porque este fato se deu no dia da morte de Antônio Ferreira no Poço do Ferro. Na ocasião lampião se encontrava na região (Poço do Ferro – Pipocas – Rancho dos Homens) preparando-se para dar uma brigada com Ildefonso Ferraz do Curral Novo. Com a morte de Antônio Ferreira Lampião teve que ir às pressas ao Poço do Ferro para sepultar o irmão, morto pelo companheiro Luiz Pedro (do retiro) em um disparo acidental.

Há controvérsias quanto à quantidade exata de bois mortos por Lampião e seu grupo naquele dia. O certo é que no total a boiada era de 100 a 130 animais. Desses apenas uma rês escapou, sendo tratada por Pedro Ferreira, da fazenda Rancho dos Homens, tio de Antônio Odilon dos Santos, que nos mostrou o local do combate, a sepultura dos soldados e nos contou vários detalhes do que aconteceu ali naquela época.

Seu Antonio Odilon é neto de Antônio Pedro dos Santos, que foi inspetor de quarteirão na região onde poucos anos mais tarde viria a surgir a vila de Nazaré. Conta-se que por volta de 1910 em perseguição a Zé de Souza houve um tiroteio onde morreu uma criança. Os familiares da criança diziam que a morte deste só seria vingada com a morte de Pedro Ferreira, o filho primogênito de Antônio Pedro. Com isso Antônio Ferraz de Souza, padrinho de Pedro Ferreira o trouxe para Floresta na garupa de seu cavalo e procurou amenizar a questão tirando a família de Antônio Pedro para a região da Barra do Juá.

Estes então vieram para a Fazenda Rancho os Homens onde se estabeleceram e vivem até hoje, muitos dos seus descendentes morando na região entre Floresta, Betânia e Ibimirim. Entre os filhos de Antônio Pedro um deles se tornou muito conhecido por sua grande habilidade como vaqueiro. Chamava-se Joaquim Pedro dos Santos, o Quinca Pedro, da fazenda Urubu, vizinha ao Rancho dos Homens.

Maiores detalhes dessa história podem ser lidos em vários livros sobre o cangaço Lampiônico, entre os quais podemos indicar:

1) As Cruzes do Cangaço – Os fatos e personagens de Floresta-PE, de Cristiano Luiz Feitosa Ferraz e Marcos Antônio de Sá;

2) O Canto do Acauã, de Marilourdes Ferraz;

3) Lampião – Memórias de um soldado de volante, de João Gomes de Lira;

4) David Jurubeba Um herói nazareno, de José Malta de Sá Neto;

5) Lampião Seu Tempo e Seu Reinado, do padre Frederico Bezerra Maciel.


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DOCUMENTÁRIO

Lampião continua aceso 

O Rei do Cangaço é o tema do documentário 'Lampião continua aceso', produzido pela TV Justiça. Virgulino Ferreira, trabalhador rural, deu lugar a Lampião, o cangaceiro que amedrontou o nordeste brasileiro por 16 anos. O que levou a essa transformação? Como era a vida fora da lei na Caatinga?

Os amores, os ódios, a morte. Esses sentimentos estão vivos 80 anos depois da emboscada que matou o bando cangaceiro. Lampião continua aceso.

Participação especial do pesquisador e escritor Sergio Dantas.

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COISAS DE CAÇADOR

*Rangel Alves da Costa

Todo caçador sabe que nunca depende somente de si mesmo para se sair bem nas suas caçadas. Sabe mais ainda que as matas sempre estão repletas de mistérios e segredos, e que estes vão muito além de qualquer imaginação. Existem olhos atrás dos tufos de matos. Existem aparições assombrosas por todo lugar.
O verdadeiro caçador reconhece os perigos da mata e busca se proteger o máximo que puder. Sabe que não adianta apenas estar com uma arma à mão quando aquilo que possa ser encontrado sequer possa ser atingido. Airar em coisa do outro mundo é perda de tempo e pode provocar um troco indesejado.
Não adianta ser corajoso, destemido ou valente. A arma que carrega consigo pouca valia possui perante o desconhecido. Não raro que puxa o gatilho e nenhum efeito produz. Não é difícil que mire algo logo à frente e o tiro saia todo desconcertado. Por quê?
Ora, as matas não pertencem aos caçadores e muito menos servem como matadouro de animais. As matas pertencem à natureza e são protegidas por seres e encantados que nunca se apresentam claramente ao forasteiro, ainda que de vez em quando a própria entidade se apresente.
Todo caçador que descuidadamente entre na mata, logo corre o risco de se arrepender nos primeiros passos. Ele não sabe, mas está sendo observado a todo instante. Os ocultos estão por todo lugar e nada do que ele faça deixa de ser sopesado pelos verdadeiros donos das florestas, matas ou caatingas.
Em cima da copa das árvores, por entre os tufos de mato, nos rasteiros das macambiras, nas locas das pedras, bem ao lado das veredas espinhentas, olhos atentos, afoitos e até raivosos, miram a todo instante. E se o caçador levanta sua arma e aponta em qualquer direção, então as forças se juntam em contra-ataque.
O caçador até que pode dar um tiro certeiro e derrubar sua presa. E assim sempre acontece quando ele já sabe o que deva ser feito antes de colocar os pés por ali. Rezas existem que abrem os caminhos e dão alguma proteção, amuletos existem que acreditam como guardiães contra todo o mal. Contudo, nada melhor que adentrar respeitando a natureza, principalmente os seres nas suas entranhas.


Os seres da natureza são de tamanha sabedoria que já conhecem aqueles caçadores que ali rastejam em busca do alimento do dia. Não entram na mata apenas para matar, para tirar a vida de seus habitantes. Muitas vezes, é a necessidade familiar que os impulsiona a pegar em armas para caçar nambu, codorna, passarinho, teiú, etc.
Contudo, mesmo sendo por máxima necessidade, sempre será bom que o caçador nunca se esqueça de levar um pedaço de fumo para a caipora. Ai dele se esquecer. Quando o encantado percebe o caçador e não avista o seu fumo em cima da pedra, ali deixado para o seu uso, então logo cuida de dar o troco. E é troco mais medonho que possa existir.
Muitos caçadores já sofreram terrivelmente por haverem esquecido o fumo do encantado. De repente e se sentem acossados, encurralados, amedrontados e sem mais saber o que fazer. Em seguida são açoitados, chibatados, até que caiam amolecidos pelo chão. O pior é que sabem que estão sendo açoitados e não podem se defender, pois sequer avistam o agressor. Apanham, apanham e apanham.
Desmaiam e ficam arriados do meio do tempo. Acordam depois de muito tempo e ainda assim sem saberem qual a direção que devem tomar. Muitos deles são encontrados perdidos na mata, lanhados, feito uns loucos esfarrapados. Parecem saídos de uma guerra, mas não, apenas por um esquecimento do fumo da caipora. Diferente ocorre quando a oferenda é farta. Perante o fumo, o encantado até mostra onde tem caça boa para ser abatida.
Os velhos caçadores conhecem bem os mistérios e os segredos da mata. Nunca se dispõe a caçar perante algumas situações. A própria mata avisa. As folhagens sopram os perigos, os ruídos da ventania sempre dizem que naquele dia não adianta. E o que insistir em enfrentar os avisos, logo adiante se terá diante daquilo que jamais quis encontrar.
Há um negrinho – e cuja história depois vou contar – que surge do nada de dentro dos pés de pau. Não passa de um metro de tamanho, todo pretinho e de cabelo mais parecendo uma porção de estrume escurecido, falando sem parar, mas numa linguagem incompreensível, que se posiciona perante o caçador para depois sumir após seu recado.
O que ele diz? Ninguém sabe, mas certamente que é melhor voltar dali mesmo. E que ali tem dono e precisa ser respeitado. Do contrário...

Escritor
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... para a realização do lançamento do livro "Lampião e o cangaço em Paulo Afonso" de autoria de Sandro Leite Cavalcanti "Sandro Lee" e hoje mais do que nunca, quero contar com o apoio e colaboração de todos vocês que acompanham nossos trabalhos a frente das redes sociais. Cangaçologia.

"Lampião e o cangaço em Paulo Afonso" é um trabalho muito bem elaborado e repleto de novidades referentes a história cangaceira ocorrida na região de Paulo Afonso na Bahia e redondezas e não podemos de forma alguma permitir que esse trabalho fique engavetado por falta de recursos para sua publicação.

Portanto quem puder colaborar para o lançamento do livro com qualquer quantia é só fazer o depósito através da conta:

Thiago L. A. Menezes.
Banco do Brasil 
Agência: 1466-4
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Peço para aqueles que colaborarem que nos envie uma cópia do recibo (Extrato) para fazermos posteriormente os devidos agradecimentos.

Antecipadamente agradeço a todos que puderem colaborar com qualquer quantia para que o trabalho seja publicado o quanto antes.



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TENENTE POMPEU

Por Aderbal Nogueira

Tenente Pompeu Aristides de Moura; quis ser cabra de Lampião mas jararaca não deixou "e muito novo" Disse que viu os cabras costurando e fazendo seus apetrechos. Estive com ele umas 10 vezes e sempre se mostrou seguro e humilde em suas respostas. Uma das vezes Candeeiro se fez presente em sua casa na cidade de Arcoverde, foi delicado narrar a morte de Virgínio cunhado de Lampião na presença do velho inimigo... "Pois é, o tempo passou e agora nós somos amigos, essa história já foi enterrada" https://www.youtube.com/watch?v=eAICazTQI88



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ROTA DO CANGAÇO FLORES PE COM DONA MARIA GRANDE



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