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quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

MEMÓRIA GUARDADA EM RETALHOS

*Rangel Alves da Costa

O descuido provoca a destruição, não há como discordar de tal assertiva. Do mesmo modo, o desconhecimento da importância de coisas, relíquias e objetos, acaba com a desvalorização dos mesmos. Por consequência, aquilo que mais tarde poderia servir como boa recordação tem sumiço antes que se torne saudade.

Tais afirmações se voltam para uma perspectiva de sertão, de uma terra de inigualável riqueza histórica, mas cuja população parece não se dar conta de que sua vida e da vida familiar, bem como da própria feição sertaneja, pode ser guardada para as futuras gerações através da preservação de pequenas coisas. Simples objetos pessoais ou de uso familiar, bem como retratos, móveis e utensílios de uso cotidiano, mais tarde poderão servir para retratar um tempo passado.

A voracidade do tempo e os modismos vão apagando tudo numa rapidez quase sempre indesejada. Nada mais tem tempo de ficar velho, de ser colocado num canto após tanto uso, pois nada mais dura além do tempo de surgimento do novo. É o próprio espelho social que reflete o chamado aos modismos, a tudo que surge como novidade. O apelo é tanto que a maioria das pessoas, por vergonha ou vaidade, dá tudo de si para ter o que está sendo usado na novela televisiva.

Tal enxurrada modista, contudo, é de recente surgimento. Ao menos no sertão sergipano. Até os anos 80 ainda se valorizava o jeito próprio de ser e havia um cuidado especial – de amor mesmo – com cada objeto que guarnecia o lar da família. O apego era tanto que somente pela inevitabilidade do desgaste, coisas e objetos eram trocados por novidades. Mesmo assim não se jogava ao lixo aquilo que havia feito parte de gerações. Sempre havia um cantinho na casa para abrigar as relíquias.

Para uma ideia clara do que vem acontecendo, basta citar uma velha calça como exemplo. Não faz muito tempo que as roupas de uso, principalmente aquelas usadas nos ofícios do dia a dia, eram cuidadas com carinho todo especial. Desgastadas, velhinhas, quase sem cor, mas ainda assim sempre lavadas, passadas a ferro, cuidadosamente dobradas. E mais: remendadas todas as vezes que surgisse um buraquinho no tecido. Hoje em dia, antes mesmo que ela desbote logo vem o filho ou a filha para jogar no lixo. E coloca no seu lugar uma nova, de marca.


Outro exemplo. São raras as residências onde os armários e baús ainda guardam as recordações familiares. Costumei frequentar as casas sertanejas e sempre encontrava não só retratos de avôs, avós, pais e mães, de gerações inteiras, belamente emoldurados nas varandas, salas e quartos. Não só retratos de pessoas como figuras de santos, oratórios, jarros com flores de plástico, porta-retratos por cima de móveis de madeira envernizadas pelo tempo, até mesmo baús e pilões dos tempos da escravidão.

Hoje em dia é muito difícil encontrar algo assim. As casas estão enfeitadas com quadros de lojas, os móveis deixaram de ser de madeira para se tornarem de material prensado e frágil, os sofás coloridos e pouco duradouros, televisões de plasma, local para o computador e outras inovações tecnológicas. Tudo isso na mesma casa onde já avistei mesa de madeira de lei, tamborete, rede armada na varanda, oratório, santos de madeira por cima dos móveis, maravilhosos baús trabalhados à mão, verdadeiras relíquias de feições sertanejas.

Sim, verdade que os novos tempos chamam ao novo. Verdade que muitas dessas pessoas passaram até a se envergonhar dos objetos que guarneciam suas casas. E pensando na transformação como acompanhamento da realidade, acabaram trocando tudo por móveis e coisas de falsa beleza e cuja duração nem sempre vai além do pagamento da última prestação. E agora pergunto: o que fizeram das relíquias do passado, daqueles móveis maravilhosos, daqueles objetos que contam toda uma história?

Lamentável que hoje seja difícil encontrar qualquer antiguidade nas residências sertanejas, nem de uso nem por estar guardada. Candeeiro, lamparina, alguidar, suporte para bacia de lavar mãos, baú, oratório, cristaleira, tamborete, castiçal, jarro antigo, cabaças, cumbucas, tudo isso se tornou comumente difícil de ser encontrado. Até mesmo os retratos de família deixaram de enfeitar as paredes.

Quando indagados sobre os objetos antigos, os mais velhos geralmente afirmam que não sabem mais onde estão, que acham que deram fim. Quando perguntados sobre o mesmo, os mais jovens repetem que acabaram jogando no lixo tanta velharia. Quer dizer, com a desculpa de faxina e embelezamento, toda a história vai sendo menosprezada, relegada, jogada nos entulhos, se apagando de vez.

Não sabem, pois, que a história, a verdadeira história de um povo, é feita de retalhos. É feita de pedaços das tradições, dos costumes, dos usos, dos objetos, de tudo aquilo que fez parte da vida pessoal, da família, do meio social onde se gesta a vida. Há que se dizer que a vida é a história de tudo, de todo o percurso, e que por isso mesmo se afeiçoa a um museu. E não há museu da existência que faça entender o passado através somente do novo.

Escritor
Membro da Academia de Letras de Aracaju
blograngel-sertao.blogspot.com

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UM POUCO DA HISTÓRIA DE CARAÚBAS-RN – QUINCA SALDANHA, O “GATO VERMELHO”.

Por Marcos Pinto

Ao visitar as páginas na rede social facebook deparei-me com a imagem do lendário “Quinca Saldanha”, que possui história na nossa cidade. 


A mais conhecida é que ele foi o motivo pela não visita do bando de Lampião a Caraúbas, a pedido de Décio Holanda (genro de Tilon) como um bandido por nome de “Coqueiro”, que residiu com os Saldanhas: …”ter sido informado por Décio Holanda, genro de Tilon, que não a atacasse, pois tratava-se de pessoas de sua estima e amizade, bem como pelo pedido do bandido Coqueiro, que residiu com os Saldanha, que segundo consta, ao passar nas proximidades apontou para a fazenda e afirmou: ali não vou atacar, pois é a casa do gato vermelho ! - apelido com que era conhecido Benedito Saldanha, pelos outros grupos de cangaceiros”.

Vejamos mais:

“Chefe de cangaceiros JOAQUIM DANTAS SALDANHA (Quincas Saldanha) dono da fazenda "Setúbal", em Caraúbas-RN, onde escondia seu grupo de jagunços, ao lado do não menos truculento irmão Benedito Saldanha. Hoje já está situada na periferia da cidade. Observem o modo de vestir, característico de cangaceiro.”

Marcos Pinto

http://www.sociedadeativa.net/2013/12/um-pouco-da-historia-de-caraubas-rn.html

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A FAZENDA PEDRA PINTADA E OS CABRAS DE LAMPIÃO


(Matéria feita em 2008 para a Revista Papangu)

O fazendeiro João Amorim tem 84 anos de idade e vive nas cercanias de Caraúbas desde 1946, “sem nunca ter arredado o pé das terras para lugar nenhum” como ele mesmo diz ao visitante que chega à Fazenda Pedra Pintada e se senta no alpendre da casa grande para beber um café passado na hora.

Nessas ocasiões, João Amorim aproveita para contar histórias sem fim sobre como sobreviver de agricultura na seca e a passagem de Lampião pelo município, quando o cangaceiro marchava em direção à Mossoró.


Seu João Amorim conta que quando Lampião se direcionava à Mossoró não quis passar pelas terras do coronel Quincas Saldanha, conhecido na região como “Gato Vermelho”, velho inimigo de cangaceiros, muito temido pela sua valentia e crueldade.

O cangaceiro Massilon Leite

O capitão Lampião foi avisado por Massilon Leite que o bando cruzaria as terras de Quincas Saldanha e o Rei do Cangaço resolveu alterar a rota por temor e respeito ao coronel.

Quinca Saldanha o Gato Vermelho - http://www.sociedadeativa.net/2013/12/um-pouco-da-historia-de-caraubas-rn.html

A mudança de direção fez com que a tropa de cangaceiros fizesse uma marcha demorada, chegando a Dix-sept Rosado através da cidade de Felipe Guerra. Por causa da longa caminhada, o trem já havia partido em direção à Mossoró.

“O desvio das terras do Gato Vermelho deu tempo suficiente para os passageiros avisarem aos mossoroenses da chegada de Lampião. Com isso, foi possível armar várias trincheiras na cidade, levando o bando à derrota histórica”, revelou João Amorim, com toda segurança naquilo que dizia.

Foto e texto: Alex Gurgel

Fonte: facebook
Página: Igor Gomes
Grupo: O Cangaço

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CORONEL HORÁCIO DE MATOS "O CAUDILHO DO SERTÃO"

Acervo Sálvio Siqueira
https://www.youtube.com/watch?v=JE6KFHX2PUo&feature=youtu.be

O nascimento do último coronel do Brasil

"O cenário político do Brasil durante a República Velha foi dominado pelos coronéis, chefes políticos do interior do país, que controlaram a vida pública por várias décadas. Em seus vastos domínios, eles eram a lei e a autoridade máxima. Jamais eram contestados. Um dos coronéis mais famosos de todos os tempos foi Horácio de Mattos.

Ele nasceu na Chapada Diamantina, no interior da Bahia, e ficou famoso pelas muitas guerras que venceu contra outros coronéis, contra a Coluna Prestes e até mesmo contra o Governo Federal.

Coronel Horácio de Mattos

Horácio de Mattos foi tão poderoso que, num dado momento, chegou a controlar um território tão grande que era visto como um Estado dentro do Estado da Bahia. Mas, apesar de tanto poder, Horácio de Mattos acabou assassinado em 1931, quando passeava tranquilamente pelas ruas de Salvador, de mãos dadas com uma de suas filhas.

O De lá Pra Cá vai lembrar os 130 anos de nascimento do último coronel do Brasil, Horácio de Mattos. Participam do programa, o escritor Orlando Senna, o professor e Secretário de Turismo e Cultura de Lençóis Delmar Araújo, o autor do documentário "Horácio de Mattos, um coronel entre dois mundos" Valber Carvalho e a historiadora Dulce Pandolfi."

Programa de Lá Pra Cá TV Brasil

Quer conhecer mais um pouco sobre Horácio de Mattos clique neste link: 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Hor%C3%A1cio_de_Matos

Fonte: facebook
Página: Sálvio Siqueira
Grupo: Ofício das Espingardas
Link: https://www.facebook.com/groups/545584095605711/?fref=ts

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O EX-CANGACEIRO "BALÃO" FALOU À REVISTA REALIDADE EM NOVEMBRO DE 1973.


(...)

Entrei para o cangaço em 1929 e fiquei até ver Lampião com uma bala na testa, em 1938. Eu Morava em Paulo Afonso, na Bahia. Uma tarde passou pela minha casa uma força do sargento Inocêncio, de Alagoas.

Meu pai e meu irmão foram mortos e eu fugi com meu primo, o Azulão, que já estava no cangaço. Minha vida de cangaceiro começou num tiroteio, em Aroeira, contra a volante de Mané Neto. Eu tinha 19 anos. Lampião havia me dado 615 balas e, quando a luta terminou, perguntou-me: 

- E as balas?

- Só tenho cinco, respondi. 

- E as outras? 

- Por aí, capitão, voando atrás dos macacos.

 Ele riu e me admitiu.

Vivi de fogo em fogo durante 9 anos. A gente aprende a brigar. Soldado morria porque vinha de peito aberto. Cangaceiro não dá o peito nem as costas, briga de quina. Um homem de quina é uma faca. Também não brigávamos sem preparo. Só atraíamos a volante depois de construir a trincheira. E lá ficávamos, ajoelhados ou em pé, escorando firme o coice da espingarda.

Se matei muitos não sei. Quem mata é o mosquetão, e o Capitão Lampião é quem ordena. A gente obedece, vai atirando. Se o tiro pega, ouve-se o grito: "Ai, Nossa Senhora! Valei minha mãe". Vi uns filmes de cangaceiros. Tudo falso. Todo mundo bonito, a cavalo, como mocinhos. Nós andávamos quase sempre a pé, calçando alpercatas.

(...)

Clique neste link e leia toda entrevista que cedeu o cangaceiro Balão à Revista Realidade. 

http://lampiaoaceso.blogspot.com.br/2009/08/cangaceiro-balao-sensacional-entrevista.html

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O EX-CANGACEIRO ZÉ SERENO

O ex-cangaceiro Zé Sereno
(...)
O cangaceiro Zé Sereno em entrevista ao Correio da manhã, do Rio de Janeiro, a 28 de julho de 1971, caderno Anexo, recordando a tragédia de Angico, assim se exprime:

Grota do Angico



"O coiteiro (Pedro de Cândido) chegou com os alimentos envenenados a mando da volante, menos três litros de pinga que, normalmente, ele próprio, o coiteiro, deveria ingerir em pequenas doses para provar sua confiança (...) minha suspeita com Pedro de Cândido confirmou-se depois que ele se foi (...). Apanhei um litro de vermute Cinzano e notei um pequeno buraco na rolha, provavelmente feito por uma seringa. Chamei Lampião e disse-lhe:

"O senhor é cego de um olho, mas pode ver que esta bebida está envenenada".

Fontes: Dicionário Biográfico Cangaceiros & Jagunços, Renato Luís Bandeira, Edição do Autor, Salvador, 2014 e Blog do Mendes & Mendes.

http://www.onordeste.com/onordeste/enciclopediaNordeste/index.php?titulo=Z%C3%A9+Sereno&ltr=z&id_perso=7009

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FLORO BARTOLOMEU DA COSTA

Deputado Federal Floro Bartolomeu

Floro Bartolomeu que era filho de Virgílio Bartolomeu da Costa e de Carolina Costa nasceu em Salvador, onde se formou em medicina em 1904.

Segundo depoimento de Carlos Navarro Sampaio, ele foi o primeiro médico do Ventura, onde ainda existem os alicerces da casa em que residiu. A sua mudança do Ventura está relacionada ao fato de ter assassinado um rapaz. Apesar de alegar que a arma disparou acidentalmente, a versão mais aceita é a de que se tratou de um crime passional, pois o médico era apaixonado pela esposa do engenheiro de minas conde Adolfo Van Den Brule, de quem era sócio em garimpos. A vítima era um tipo artista, bonito, que também se interessava pela condessa. 

Entretanto, existe outra versão para esse crime, na qual consta que após um sucesso inicial no garimpo ele teria aberto uma grande frente de serviço, onde trabalhavam vários garimpeiros. Com o decorrer do tempo houve um desentendimento com um dos garimpeiros que o atacou com uma enxada ou um machado. Apesar de Floro ter atirado para o chão, como advertência, o homem teria continuado o ataque, forçando-o a disparar o tiro fatal.

Floro Bartolomeu e Padre Cícero Romão Batista

De acordo com um telegrama do padre Cícero para o deputado Floro Bartolomeu (Menezes & Alencar, 1995), o conde Adolfo, nascido em Paris, era filho do conde José Idelfonso Van Den Brule e da condessa Joane Piló de Melo de Vanle. O conde José Idelfonso, que morreu em 1898, ocupou o cargo de diretor do Banco da França, por mais de 25 anos. O conde Adolfo foi diplomado pela escola de engenharia de minas de Paris, em 1882.

Assim, após esses acontecimentos no Ventura, em maio de 1908, Floro Bartolomeu e o conde Adolfo chegam em Juazeiro do Norte, no Ceará, que vivia sobre domínio espiritual do Padre Cícero.

A partir desse momento, a amizade de Floro com o Padre Cícero, a sua participação na política do Ceará, a sua atuação como deputado federal, o convite a Lampião para combater a Coluna Prestes são fatos bem documentados e descritos em vários livros.

http://www.fotosdemorrodochapeuba.com.br/pagina.php?id=180

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MAS... O GONZAGA NÃO MORREU!...

Por Dona Dora Limeira

MAS... O GONZAGA NÃO MORREU!...

Eu nunca mais ouvi uma música de Zé Gonzaga, irmão de Gonzagão, que falava sobre o boato que correu o Brasil inteiro de que Gonzaga tinha morrido de acidente de carro. 

Não me lembro bem da letra completa, mas era mais ou menos assim:

"Luiz Gonzaga não morreu
Nem a sanfona dele desapareceu
Seu astromóvi na virada se quebrou
Seu zabumba se amassou
Mas o Gonzaga não morreu.

E o Zequinha, 
O famoso rei do passo,
quase que vira bagaço
com uma pancada no focinho
Coitadinho!...

Luiz, escuta esse baião!
Quem tá falando 
Na sanfona é teu irmão
Tá esperando, 
Todo o povo brasileiro,
O seu grande sanfoneiro
Com as cantigas do sertão!...

Contribuição: Dona Dora Limeira

https://www.youtube.com/watch?v=3XDblMUgBP8

http://www.luizluagonzaga.mus.br/000/index.php?option=com_content&task=view&id=14&Itemid=32

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