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sábado, 23 de junho de 2018

LAMPIÃO E O CANGAÇO NA HISTORIOGRAFIA DE SERGIPE


Esta obra foi escrita pelo pesquisador do cangaço Dr. Archimedes Marques e se você, leitor, deseja adquiri-la, entre em contato com o autor através deste e-mail: archimedes-marques@bol.com.br

Dr Archimedes Marques também é o autor do livro: 

"Lampião Contra o Mata Sete"

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Livro "Lampião a Raposa das Caatingas"


Depois de onze anos de pesquisas e mais de trinta viagens por sete Estados do Nordeste, entrego afinal aos meus amigos e estudiosos do fenômeno do cangaço o resultado desta árdua porém prazerosa tarefa: Lampião – a Raposa das Caatingas.

Lamento que meu dileto amigo Alcino Costa não se encontre mais entre nós para ver e avaliar este livro, ele que foi meu maior incentivador, meu companheiro de inesquecíveis e aventurosas andanças pelas caatingas de Poço Redondo e Canindé.

O autor José Bezerra Lima Irmão

Este livro – 740 páginas – tem como fio condutor a vida do cangaceiro Lampião, o maior guerrilheiro das Américas.

Analisa as causas históricas, políticas, sociais e econômicas do cangaceirismo no Nordeste brasileiro, numa época em que cangaceiro era a profissão da moda.

Os fatos são narrados na sequência natural do tempo, muitas vezes dia a dia, semana a semana, mês a mês.

Destaca os principais precursores de Lampião.
Conta a infância e juventude de um típico garoto do sertão chamado Virgulino, filho de almocreve, que as circunstâncias do tempo e do meio empurraram para o cangaço.

Lampião iniciou sua vida de cangaceiro por motivos de vingança, mas com o tempo se tornou um cangaceiro profissional – raposa matreira que durante quase vinte anos, por méritos próprios ou por incompetência dos governos, percorreu as veredas poeirentas das caatingas do Nordeste, ludibriando caçadores de sete Estados.
O autor aceita e agradece suas críticas, correções, comentários e sugestões:

(71)9240-6736 - 9938-7760 - 8603-6799 

Pedidos via internet:
Mastrângelo (Mazinho), baseado em Aracaju:
Tel.:  (79)9878-5445 - (79)8814-8345
franpelima@bol.com.br
Clique no link abaixo para você acompanhar tantas outras informações sobre o livro.
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LEMBRANÇAS MOLHADAS DE CHUVA

*Rangel Alves da Costa

Se por aqui ainda existissem madrugadas verdadeiras e galos nos quintais, eu diria que amanheço antes do seu cantar. Não passa das três horas e já estou em pé. Pulo da rede feito relógio compromissado. E assim a alvorada já me encontra nos afazeres das letras costumeiras, pois nenhum dia sem uma linha, como bem diz o provérbio latino: Nulla dies sine linea.
E nesses últimos dias desperto mais feliz ainda. O tempo fechado e a noite chuvisquenta são prenúncios do que encontrarei lá fora, as águas se derramando incessantes e desapressadas. Coisa boa é despertar assim, levantar com a vida sendo lavada e renascida para as possíveis realizações.
Assim, nos últimos dias, é exatamente quando levanto da rede que a chuvarada já está caindo ou prestes a tal. Se o tempo é chuvoso, não há instante mais apropriado para a molhação, pois é entre a madrugada e o alvorecer que as nuvens descem pertinho das cumeeiras e soltam seus salvadores e confortantes respingos.
Ao menos por aqui, sem trovejar ou relampejar, as chuvas silenciosamente chegam para desfazer a descrença e o descontentamento de muitos. Pelo calorão que estava já se esperava sua visita, mas ainda assim de modo desesperançoso e aflitivo. Descrença pelo sofrimento suportado pelos irmãos de mais adiante, nas distâncias esturricadas do sertão sergipano.
 Mas, como diz a sabedoria, assim sempre será no cumprimento dos desígnios. As estiagens mais prolongadas não significam que o homem esteja abandonado, entregue às desvalias e ao desprezo divino. Pelo contrário, e está  escrito no Eclesiastes, que há um tempo pra tudo. Tempo de semear, tempo de colher. E também de padecer.
E de repente o tempo vai mudando, o vento soprando diferente, os olhos brilhando de contentamento ao avistar o horizonte cheio de nuvens prenhes, carregadas da seiva molhada da vida. E começam a cair os pingos grossos, volumosos, valentes, fazendo a terra soprar um bafo quente e cheirando a trovoada. O sertanejo conhece muito bem esse cheiro. E diz que não há fragrância melhor de sentir.


Por aqui, na dita cidade grande, não há aquele cheiro diferente subindo da terra, mas sim o barulhar nos telhados e os sons das cortinas de água se esparramando nos asfaltos e pedras, descendo pelas biqueiras e escorrendo pelas paredes. As ruas são lavadas, as plantas e canteiros encharcados, e as águas que se avolumam vão se tornando enxurradas e abrindo caminhos à força. E o que for frágil que saía da frente.
Mas nem sempre as chuvas chegam com espantosa voracidade. As águas que vêm caindo após a madrugada até o amanhecer só causam empecilhos nos lugares onde os escoamentos são dificultados pela ação do próprio homem. De resto, o que se tem é a sensação de cidade limpa, lavada pelas forças da natureza e com um clima muito mais agradável.
Por tudo isso, deito contente quando a noite já está chuvosa e acordo feliz quando os pingos grossos começam a cair. Sigo para olhar o tempo lá fora e do portão avisto a escuridão iluminada pelas luzes dos postes e o asfalto brilhoso, de negrume acentuado, todo lavado e produzindo uma belíssima imagem com o bater dos pingos graúdos.
De vez em quando sento ao lado do portão e me deixo molhar um tantinho só para apreciar melhor esse momento mágico. Instante atraente e diferenciado porque não somos muito acostumados com as chuvas diárias ou contínuas. E talvez seja por isso mesmo que os sons e imagens que provocam nos afloram tão sublimes sentimentos.
Não sei bem se é porque o momento ainda é de indefinição entre madrugada e manhã, se é porque o horizonte ainda se mostra escurecido e as luzes das ruas permanecem acesas, ou se porque estes primeiros sinais do dia nos encontram com a mente aberta e apta para voos no pensamento. Mas a verdade é que somos tomados por saudades e lembranças dificilmente retomadas nos dias estiados e calorentos.
E passo a me ver entre os meninos nus correndo pelas ruas interioranas em dias de chuvas fortes, cortando veredas de chão batido em busca dos esguichos fartos jogados pelas biqueiras, defronte às casas. Inesquecíveis momentos de brincadeiras molhadas que não existem mais. Festa sem igual da meninice pelas ruas de Poço Redondo.
E é por aquelas bandas sertanejas que o meu pensamento também viaja, mas por outros motivos, nessas madrugadas/manhãs de chuvarada caindo. Então vejo meu irmão sertanejo todo feliz e contente, tirando o chapéu de couro para agradecer aos céus, enchendo a mão de terra molhada e dizendo que ali será plantada a semente da vida.
No sertão, mais que em qualquer outro lugar, a chuva representa a própria vida. E suas águas escorrem na alma do sertanejo como veias que lhe permitem sobreviver.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com  

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LIVRO DE CANGAÇO ESTÁ NO FORNO..! DULCE A CANGACEIRA DE DEUS

Autor Tião Ruas

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SEGUNDO VÍDEO CANGAÇO

Por Aderbal Nogueira

Após sair da fazenda Passagem das Pedras com os irmãos, Lampião foi morar na Fazenda Poço do Nego com toda a família. A nova morada fica bem próxima a Vila de Nazaré, local onde Lampião e seus irmãos se meteram em atrito com os Nazarenos e de onde saíram os maiores perseguidores de Lampião durante toda sua trajetória como cangaceiro. 

Tenente João Gomes de Lira narra como foi o início da intriga grande que Lampião se meteu. Esse depoimento foi gravado em 1997.

https://www.youtube.com/watch?v=3RLjKEDn-nM

Publicado em 23 de out de 2017

Ten. João Gomes de Lira narra como foi o início da intriga de Lampião e o povo de Nazaré e a sua entrada nas forças volantes.

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MEU NETINHO JOÃO VICTOR

Por José Mendes Pereira

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DEVANEIOS QUE INSPIRARAM LIXOS LITERÁRIOS SEU DOTÔ, PODE BOTAR AÍ, QUE FOI VERDADE!

Por: Ivanildo Silveira

O jornalista baiano, Juarez Conrado (vide foto), na década de 80, escreveu para o Jornal "A Tarde", uma série de 03 reportagens, depois transformada em livro, sobre os últimos dias de Lampião, antes da chacina, que o vitimou, na Grota do Angicos/SE, em 28/julho/1938.

Com base em depoimentos de coiteiros e ex-cangaceiros, em entrevistas com testemunhas oculares, e apoiado em cuidadosa pesquisa, que incluiu visitas ao cenário dos acontecimentos, o jornalista refez os sete dias, os últimos da vida do Rei dos cangaceiros.

Uma das reportagens feitas pelo citado jornalista, foi com o grande coiteiro " Manoel Félix" (vide foto, logo abaixo). Esse coiteiro esteve com Lampião, na Grota do Angico, em vários dias, seguidos, inclusive, no penúltimo dia que antecedeu a morte do Rei do Cangaço.

O grande coiteiro "Manoel Félix"

Nascido e criado em Poço Redondo, de onde jamais se afastou, trabalhando sempre no campo, Manoel Félix um sertanejo calmo e tranquilo, e, certamente, a principal testemunha de tudo o que ocorreu com "Lampião" e seu bando durante os sete dias de permanência na Grota do Angico, onde, surpreendido pela tropa do tenente Bezerra, encerrou, tragicamente, os 22 anos de aventuras pelos sertões de sete estados nordestinos.

Cortesia do pesquisador/escritor- Dr. Sérgio Augusto de Souza Dantas

Durante muito tempo conviveu com "Lampião", sendo por ele encarregado da aquisição de mantimentos na feira de Piranhas, no Estado de Alagoas, do outro lado do Rio São Francisco, bem à frente de Canindé.

Manoel Félix como a grande maioria dos moradores de Poço Redondo/SE de uma certa idade, viu de perto "Lampião", a quem jamais traiu ou temeu, porque dele ignora qualquer crueldade praticada na região contra os que ali viviam, o que não acontecia, porém, com as "volantes", temidas e odiadas pela barbaridade de seus integrantes que, no afã de compensarem sua incapacidade em descobrirem o bandoleiro, martirizavam com seus impiedosos tratamentos a quantos julgavam "coiteiros".

Manoel Félix , amigo particular de Virgulino Ferreira da Silva, a quem reconhece "um homem fino e educado", embora lamentando o seu trágico fim, "porque um homem como Lampião não devia morrer assim", confessa ter sentido "uma frescura de alivio no espinhaço" ao certificar-se de sua morte, pois, mais dia, menos dia, sabia que também ele acabaria torturado pelas desumanas "volantes".

Seu depoimento gravado, que nos prestou em Poço Redondo/SE, percorrendo em nossa companhia os principais pontos por onde "Lampião" passou, é o maior documento que pode existir sobre os últimos dias do "Governador do Sertão".

Viajou com Lampião

Manoel Félix que já conquistara a confiança de Lampião, teve oportunidade de fazer algumas viagens em companhia do famoso bandoleiro, a última das quais à localidade conhecida como Capoeira, às margens do Rio São Francisco, fato ocorrido após sua chegada à Gruta do Angico.

Em meio à viagem, pegaram uma cabra, do que se encarregou o próprio Manoel Félix, com ela preparando o almoço, já por volta das quatro horas da tarde. Propositadamente, tendo em vista que o encontro se daria à beira do rio, por onde navegavam muitas canoas, "Lampião" permaneceu escondido no mato até o cair da noite, quando foi se avistar com o fazendeiro Joaquim Rizério, com quem fizera as pazes após longos anos de feroz inimizade. O que conversaram ninguém veio a saber, pois a reunião entre ambos foi sigilosa, em local reservado.

Poupava as cobras

Já de retorno à gruta, um fato chamou a atenção de Manoel Félix: a preocupação de Lampião e seu bando em não matarem cobras por mais venenosas que fossem. Disso, aliás, o próprio coiteiro teve provas quando, distraidamente, ia pisando uma cascavel que surgira em meio ao caminho. Pegando de um pau para matá-la, foi impedido por Zé Sereno, que não permitiu, procurando, com muito jeito, fazer com que a cobra retornasse aos matos de onde havia saído.

Em outra,oportunidade, quatro ou cinco dias antes da chacina, Manoel Félix, em companhia do seu irmão Adauto, foi até a gruta levar para Lampião certa quantidade de doce de côco, por ele muito apreciado, tendo o cangaceiro, bastante satisfeito, agradecido o presente, logo distribuído em pequenas quantidades com algumas mulheres do grupo, como Maria Bonita, Enedina, Cila, Maria, Dulce e Maria, mulher de Juriti.

Nesse dia, havia chegado um sobrinho de Lampião, chamado de “José” – de 18 anos, a fim de integrar-se ao bando, tendo "Lampião" encarregado o coiteiro de comprar na feira de Piranhas/AL, do outro lado do rio, a mescla para preparar o bornal do jovem, o que, entretanto, não chegou a acontecer, como veremos mais adiante.

Lampião esperava “Corisco e Labarêda”


Conquanto nada lhe dissesse diretamente, porque com ele não conversava sobre assuntos internos do grupo, Manoel Félix ouviu de Lampião, na véspera de sua morte, estar na expectativa da chegada de Ângelo Roque, o "Labarêda", que fora a Jeremoabo, e de Corisco, que se encontrava do outro lado, em Alagoas.

Embora a conversa sobre esses dois bandoleiros fosse com Zé Sereno, Manoel Félix sentiu por parte de Lampião certa preocupação ante a demora dos mesmos, preocupação que o levou a conjecturar sobre um possível encontro com as volantes, hipótese logo descartada porque, segundo disse, "se fosse macaco a gente já tinha sabido".

Até às 18 horas do dia 27/julho/1938, véspera da morte de Lampião, quando deixou a Grota, Manoel Félix não registrou a chegada de nenhum dos dois celerados, confirmando-se depois que se encontravam ausentes no momento do cerco pela tropa do Tenente João Bezerra.

Contatos

Outro detalhe muito importante relatado por Manoel Félix é o que se relaciona às ligações de Lampião com influentes fazendeiros, principalmente nos estados de Bahia, Alagoas e Sergipe, embora sempre com o cuidado de não revelar, nem mesmo aos seus mais chegados seguidores, a identidade desses indivíduos.

Na última semana de vida, Lampião  manteve, lá do Angico, contatos com vários desses fazendeiros através de emissários que despachava secretamente, e dos quais, por motivos óbvios, exigia absoluto segredo de suas missões, geralmente com o objetivo de apanharem dinheiro, mantimentos, armas e munições.

De quem chegava, ou de onde chegava o que ele precisava, Lampião fazia questão de não relatar, mantendo tudo sob o mais completo sigilo.

A confiança de Luiz Pedro

Por volta das 15 horas do dia 27/Julho/1938, treze horas portanto, antes do cerco que lhe causou a morte, Maria Bonita, que na opinião de Manoel Félix, não competia em beleza com Cila, deixou a gruta, onde se encontrava com os companheiros, e foi banhar-se no riacho que passa próximo a entrada da mesma.

O coiteiro descreveu-nos a fiel e corajosa companheira de Virgulino Ferreira a Silva, assim à vontade, como uma: "mulher baixinha, toda redondinha, uma carinha bonita e com dois olhos pretos e grandes, morena clara, cabelos negros e lisos, quadris relativamente largos, cintura fina, tendo os braços e pernas roliços e muito bem feitos".

Muito "prosista e conversadeira", brincava bastante com alguns dos bandoleiros, pelos quais era respeitada, apesar de muitos deles levarem essa brincadeira mais além, como Luiz Pedro, por ela chamado de “Caititu”, e que gozava da maior confiança e intimidade da mesma e do próprio Lampião, seu compadre.

Nada de anormal até o momento? Realmente o Juarez tava indo até "marro meno"... vejam como a "invenção" de um gesto poe em cheque a autoridade do Rei do cangaço perante seu comandados. (Kiko Monteiro) 

Nessa tarde, por sinal, depois de "caçoar" com Luiz Pedro, deixando de fazê-lo somente no momento em que se dirigia para o riacho, o bandoleiro, que estava sentado sobre uma pedra, deu-lhe uma palmada mais ou menos forte nas nádegas, fazendo-a correr na direção do pequeno córrego, enquanto Lampião, que a tudo assistia, sorriu como se nada tivesse acontecido.

Na véspera da morte

Manoel Félix recorda-se que, na véspera da chacina, quando esteve com Lampião, informou não lhe ter sido possível comprar na feira de Piranhas, em Alagoas, tudo o que ele mandara (carne, peixe, queijo, agulhas, chapéu de couro, uma máquina de costura e brim mescla), porque, como já dissemos na reportagem anterior, a Polícia passou a vigiá-lo.

Ainda assim, entregou as agulhas de Maria Bonita, devolvendo a Lampião os 200.000 réis que dele recebera para adquirir mantimentos. Conversaram durante longo tempo, comendo queijo, que chegara da Fazenda Mulungu, de onde o bando havia recebido certa quantidade de farinha e açúcar.

Lampião mostrava-se bem disposto, pedindo-lhe, inclusive, que lhe cedesse o cinturão em virtude do seu já se encontrar bastante estragado.

Também Maria Bonita, muito "prosista e conversadeira", conversou com Manoel Félix, procurando informar-se da situação financeira do mesmo e dos seus familiares.

Aliás, desde o primeiro encontro que teve com o grupo, na Fazenda Bom Jardim, em Sobradinho, no local conhecido como “ Olho D'Água de Antônio Jorge", quando foi levar banha de peixe que o seu tio Lisboa Félix, também amigo e coiteiro de Lampião, mandara para o cangaceiro "Boa-Noitepassar no joelho doente, que "Maria Bonita" demonstrou haver gostado dele.

Nessa tarde, dia 27 de julho, Manoel Félix recorda-se de que vários cangaceiros jogavam cartas, entre eles Juriti, Passarinho, e Sereno, Luiz Pedro, José de Julião, Moeda, Mergulhão, Colchete, Alecrim, Fortaleza, Cajazeira, Criança, Quinta-Feira, Elétrico, Macela, Canário e Caixa de Fósforo, enquanto outros passeavam nas proximidades.

Luis Pedro, teve oportunidade de mostrar-lhe, e ao seu tio Caduda, que estava em sua companhia, grande quantidade de ouro guardada numa pequena caixa, como anéis, correntões e argolas.

Este bandido, de estatura mediana, claro, cabelo miúdo, e muito alegre, juntamente com Manoel Moreno e Zé Sereno, preparou a comida para o grupo na véspera da morte.

Embora não lhe revelassem plano de ataques a qualquer cidade, Manoel Félix pôde ver que o grupo contava com grande quantidade de armas e munições, como fuzis e revólveres, além de punhais.

Na última tarde que teve de vida, Lampião, segundo  Manoel Félix estava absolutamente tranqüilo, chegando mesmo a fazer pilhérias quando soube do medo que causava ao coiteiro a possibilidade de ser descoberto pelas volantes. Aliás, nos últimos meses, Lampião parecia mais acomodado, um tanto diferente porque sempre pensativo, o que não impedia, porém, de manter a autoridade sobre o grupo, inclusive com os mais temíveis dos seus integrantes, como aconteceu com Luiz Pedro quando este, querendo botar o seu cachorro para brigar com "Guarany” o de "Lampião", acabou se desentendendo com o chefe, de quem levou, sem responder uma única palavra, séria repreensão.

Com relação ao cachorro “Guarany” ocorreu um fato interessante na segunda-feira que precedeu à chacina do Angico: descansando, com a cabeça recostada a uma pedra, Lampião cochilava, tendo ao lado seu fiel cão de guarda, quando dele se aproximou Zé Sereno, trazendo um bode que capturara pouco antes.

Vendo o animal, “Guarany”, latindo muito, avançou sobre ele, assustando-o, fazendo com que bode, espantado, pulasse sobre Lampião, que, extremamente supersticioso, vendo na reação do bicho um possível mau sinal, ordenou, aos gritos, que Zé Sereno soltasse imediatamente "esta peste", no que foi prontamente atendido.

Até às 18 horas do dia 27/julho/1938, aproximadamente, Manoel Félix permaneceu no Angico, de onde saiu com a recomendação feita por Lampião para retornar no dia imediato, madrugada ainda, pois eles teriam que viajar, tudo indicando que, como das vezes anteriores, a última das quais na Fazenda Santa Filomena, distante duas léguas da sede de Poço Redondo/SE, iria receber 50 ou 100 mil reis de gratificação, pelos serviços que prestou.

Este, o encontro que jamais iria se realizar, pois, de acordo com as instruções recebidas, ao se dirigir, na madrugada do dia imediato (28/julho/1938), para a Grota do Angico , à certa distância ouviu o tiroteio terrível, o que lhe deu a convicção de que, afinal, a volante houvera descoberto o esconderijo de Virgulino Ferreira da Silva, cercara-o e se encontrava dando-lhe combate, sobrevindo, a morte do Rei do Cangaço, naquele fatídico dia.

Fonte: Segunda reportagem publicada em 28/05/1980) no Jornal "A TARDE" / Salvador
Autor: Jornalista Juarez Conrado


Considerações

Realmente, eu achei, também, muito estranho, a narrativa do autor da matéria, ao tecer comentários na reportagem sobre "Maria Bonita", tendo informado: É a narrativa de um fato inusitado, envolvendo "Luiz Pedro  e Maria Bonita", e que deixa os estudiosos/pesquisadores do cangaço de "orelha em pé ". Como se vê, ou o jornalista exagerou na sua narrativa, ou o coiteiro Manoel Félix, lhe narrou o fato, de maneira diversa do ocorrido, na realidade. 

Na minha opinião, acho difícil e improvável, que tal fato, tenha ocorrido.

Convém, também salientar, que na literatura cangaceira, pelo menos nos livros que li até hoje, não constatei, nenhuma linha, em relação ao comportamento de Maria Bonita, em que o rei do cangaço tenha externado "cenas de ciúmes", da parte dele, em desfavor de algum cangaceiro " . 
 
Como se constata, há muitas informações relativas ao "casal Rei do Cangaço", que precisam de uma melhor análise, separando-se o fato real, da lenda, bem como as insinuações de alguns escritores .

Um abraço a todos, 
Ivanildo Silveira
Natal/RN

http://lampiaoaceso.blogspot.com/search/label/Manoel%20F%C3%A9lix

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A MULHER E O CANGAÇO REMANESCENTES, VITIMAS E FAMILIARES

Por: João "das meninas" de Sousa Lima


Há um fascínio natural quando se fala da mulher no cangaço. Em uma época tão difícil o que levou tantas mulheres - meninas a entrarem para esse mundo desconhecido e de certa forma brutal? Que tipo de atração o mundo feminino viu no movimento cangaceiro? Quais foram os motivos que causaram tanto deslumbramento aos olhos daquela juventude?


 *Ximando o almoço de Durvinha


A sergipana Adília


Apreciando o silencio de Maria de Jurity

Essas são algumas perguntas que fazemos tentando entender os reais motivos da entrada da mulher no cangaço. Mesmo diante dos depoimentos de algumas que foram forçadas a seguir seus companheiros, como foi o caso de Dadá que foi raptada por Corisco, no caso de Dulce que foi trocada por jóias pelo cunhado, de Aristéia que seguiu o cangaceiro Catingueira por sofrer maltrato da policia, Tanto Antônia quanto Inacinha forçadas por Gato, podemos citar vários casos dessa natureza, porém a maioria foi por pura paixão como é o caso de Durvinha que se apaixonou por Virgínio, Lídia por Zé Baiano, Maria por Lampião, Nenê por Luiz Pedro, Eleonora por Serra Branca, Naninha por Gavião, Aninha por Mourão, Catarina por Nevoeiro, Joana por Cirilo de Engrácia.

Edson Barreto, Ex Cangceira Dulce, João e Maria Cícera irmã de Dulce com "103 anos de idade"

João vive a mimar a ex cangaceira Aristéia

Alguns cangaceiros não concordaram com a entrada das mulheres no cangaço como foi o caso de Balão que deixou depoimentos confirmando que as mulheres atrapalhavam as caminhadas dentro da mataria, principalmente quando ficavam grávidas. Os tiroteios diminuíram e Balão era um dos cangaceiros que gostava dos confrontos.


Dona Rita, vitima de estupro praticado pelo cabra  Sabiá


A centenária Dona Mocinha (irmã de Lampião)

Para outros, com a mulher no cangaço, os estupros diminuíram, a violência sem aparente razão se atenuaram.
A verdade é que com a mulher no cangaço o movimento ganhou uma áurea romanesca, as histórias contadas sempre falam do amor entre casais famosos, no cinema, nos versos tantos eruditos quanto populares, no livreto de cordel, na arte plástica, na música, no teatro, na literatura, os romances sempre mexeram com a capacidade de imaginar o cavaleiro em seu cavalo alado salvando as mocinhas e donzelas para viverem o amor eterno.


Dona Joana ( irmã de Dadá)

Uma irmã da cangaceira "Moça" de Cirilo

A mulher cangaceira deixou para sempre na historiografia do nordeste brasileiro o nome da mulher sertaneja como sinônimo de mulher guerreira, bravia, independente, sem perder sua feminilidade, sua capacidade de amar, independente das circunstâncias.

*Ximar? É o mesmo que  desejar

Pescado no Açude do primo João

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"JOÃO NO COITO DE "VINTE E CINCO" UMA VISITA A UM DOS ÚLTIMOS GUERREIROS DE LAMPIÃO

Por João de Sousa Lima


José Alves de Matos, o ex-cangaceiro Vinte e Cinco é um dos três últimos cangaceiros vivos. Ainda lúcido tem uma memória privilegiada e apesar dos seus 95 anos de idade, sempre recebe visitas em sua residência na capital alagoana para falar do seu tempo de cangaceiro. Ele lembrou de nosso ultimo encontro há exatos seis anos.
 
José Alves de Matos nasceu em Paripiranga, Bahia, na fazenda Alagoinha. Teve vários primos  e sobrinhos com ele no cangaço, tais como: Santa Cruz, Pavão, Chumbinho, Ventania e Azulão. No dia que entrou para o bando de Corisco o seu sobrinho Santa Cruz entrou no grupo de Mariano.

 Corisco e Vinte e Cinco em plena atividade,
posaram para Benjamim Abrahão em 1936/37.

Vinte e Cinco discutiu com Dadá e saiu do grupo de Corisco para o grupo de Lampião. Podemos vê-lo em foto ao lado de Corisco e em outro momento ao lado de Lampião. Quando da morte de Lampião Vinte e cinco havia ido com os dois irmãos Atividade e Velocidade buscar uns mosquetões e umas munições.

Vinte e Cinco vem de uma família numerosa, sendo oito irmãos e seis irmãs e depois seu pai casou novamente e nasceram mais cinco homens e três mulheres. Quando acabou o cangaço e se entregou com alguns companheiros em Poço Redondo, Sergipe acabou ficando preso por quatro anos em Maceió e dentro da cadeia começou a estudar, quando recebeu o alvará de soltura conseguiu entrar no estado como Guarda Civil, conseguindo a vaga através de um amigo. 
 
 Período das entregas: "25", sentado ao centro de óculos escuros.

Quando o governador Ismar de Góis  Monteiro descobriu que ele havia sido cangaceiro convocou o secretário de Justiça do Estado, o senhor Ari Pitombo e disse que não podia ficar com ele na guarda pois ele havia sido cangaceiro, o secretário procurou o chefe da guarda, o major Caboclinho e o major disse que ele era entre os 38 guardas o melhor profissional que ele tinha. 

 Vinte e Cinco, Cobra Verde e Santa Cruz.  
(Santa Cruz era sobrinho de Vinte e Cinco, filho de sua irmã Joaninha, esse cangaceiro era irmão do também cangaceiro Zepellin)

O Secretário resolveu fazer um concurso entre eles e José Alves contratou duas professoras, esqueceu as festas e curtições e foi estudar bastante o que lhe rendeu o primeiro lugar na primeira fase, na segunda fase se classificou entre os melhores e quase foi reprovado na parte de tiro, pois era acostumado com o Parabéllum e teve que atirar com um "38", só passando depois que atirou com o parabélum e acertou o alvo, depois de duas sequências de erros com a outra arma. 

Hoje José Alves de Matos é aposentado como funcionário público estadual.

 João de Sousa Lima, José Alves de Matos e Josué Santana.
 
 José Alves com sua família, a esposa  Mariza, as filhas Dilma e Dalma, o Genro Givanildo,  a Neta Juliana, o neto João Pedro e a bisneta Maria Eduarda.

José Alves e a esposa Mariza
  

 Pesquei no Blog do primo João

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Adendo Lampião Aceso

Via comentário o confrade Fábio Menezes nos chamou a atenção para um possivel lapso de memória do "Vinte e Cinco": Quando ele se refere que no dia 28 de julho estava numa missão acompanhado dos irmãos "Atividade" e "Velocidade... Quanto ao cabra "Velocidade" é bem provável, mas e o companheiro Atividade? morto desde o 5 de junho de 1938? Como apresentado na pesquisa de Ivanildo Silveira Leia aqui comungando com outros tres autores, entre estes: Bismarck Martins, Elise Jasmin na página 146 do seu livro "Cangaceiros" com foto e legenda cedida por Frederico Pernambucano de Mello.

LAMPIÃO & MARIA BONITA FILME COMPLETO

https://www.youtube.com/watch?v=_YjMIqKc3c0&t=11s

Publicado em 3 de fev de 2013
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Música neste vídeo

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