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quinta-feira, 31 de maio de 2012

Roteiro Histórico e Cultural de Mossoró III - 31 de Maio de 2012

Por:  Geraldo Maia do Nascimento

É o maior e mais importante monumento histórico de Mossoró. Foi executado pelo Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo, sob a direção do professor Otoni Zorline e sob a supervisão do professor Pedro Suzana.
               
O referido monumento foi oferecido a Mossoró pelo povo do Rio grande do Norte, por indicação da Câmara Municipal de Ceará Mirim, em homenagem póstuma ao grande mossoroense desaparecido quando em serviço do Estado, em 12 de julho de 1951, em Aracaju, Sergipe.
               

Consta de uma estátua de Dix-Sept, com 3,80m de altura, pesando 1.300 Kg, ladeada por dois grupos, de tamanho natural, de homens, mulheres e crianças. O pedestal onde se apoia o monumento é de granito róseo extraído do município de Angicos.
               
A inauguração do monumento se deu no dia 30 de setembro de 1953, com a presença do Governador Sílvio Pizza Pedrosa, na qualidade de chefe do executivo potiguar e orador oficial da cerimônia, em companhia de vários auxiliares de administração e representações do Tribunal de Justiça do Estado, Assembléia Legislativa e Prefeitos de vários municípios do Estado.
               
Na frente do pedestal, numa grande placa de bronze está escrito: \"Governador Jerônimo Dix-Sept rosado Maia. Morto na tragédia aviatória de Aracaju, a 12 de julho de 1951, quando, em missão do seu cargo e no benefício de sua gente, viajava à Capital da República, com o objetivo da solução de serviços e problemas do Estado, cujas condições econômicas e sociais o flagelo das secas, mais uma vez agravava, devastando a terra potiguar. Nele se conjugaram idealismo e ação, espírito público e solidariedade humana, capacidade de resistência e destino de comando-transfigurado, pela contagiante irradiação popular e o doloroso sacrifício em plena ascensão, numa legenda e num exemplo que o Rio Grande do Norte sempre recordará com emoção, confiança e orgulho. Homenagem do povo. \"
               
Do lado direito do pedestal, em outra placa de bronze: \"Eis porque Mossoró resistiu sempre sustentada em Deus e no estoicismo da sua gente. Gente digna de levar-se a uma cruzada, a uma expedição, a toda empresa que necessite de fé.\" Edgar Barbosa.
               
Na parte posterior do monumento, em placa de bronze: \"Mário Negócio, Felipe Cortez, José Borges e José Gonçalves, Secretário Geral e Auxiliares Geral do Governo desaparecidos, o primeiro, em Tacima, a 30 de março de 1951 e os demais, juntamente com o Governador Dix-Sept Rosado, no desastre aviatório de Aracaju, a 12 de julho do mesmo ano. A eles que, animados de acendrado amor à terra comum, pela qual sacrificaram a vida, legando aos pósteros um magnífico exemplo de virtudes cívicas, este preito do Rio Grande do Norte. A memória de todos os seus companheiros de infortúnio é também aqui reverenciado\".
               
Acima dessa placa encontra-se quatro medalhões em alto relevo, representando os homenageados acima.
               
Do lado esquerdo do monumento encontra-se outra placa em bronze contendo os dizeres: \"O povo de Ceará Mirim foi pioneiro desta homenagem. Encarregou-se da realização deste monumento uma comissão central constituída de Dr. José F. Vieira, Manuel L. Nogueira, Raimundo Rebouças filho, Francisco V. de M. Mota, Jorge de A. Pinto, Dr. Vicente da Mota Neto, Lauro da Escóssia, Dr. Vicente de Almeida, Dr. José A . Rodrigues, Jorge F. de Andrade, Capitão Manuel A . Freire, Lauro do Monte rocha, Jaime Hipólito Dantas e Cleide Siqueira\".
               
Jerônimo Dix-Sept Rosado Maia nasceu em Mossoró em 25 de março de 1911 e morreu no desastre do avião PP-LPG da Linhas Aéreas Paulistas-LAP, no Rio do sal, próximo ao campo de pouso de Aracaju, às 9:00h do dia 12 de julho de 1951. Foi industrial, comerciante, líder político, prefeito de Mossoró empossado a 31 de março de 1948, cargo que renunciou a 6 de junho de 1950 por ter sido eleito Governador do Estado do Rio Grande do Norte. 

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Autor:
Geraldo Maia do Nascimento
Fonte:

Comentário de Lusa Vilar sobre o suicídio praticado por Anathália Cristina Queiroga

Lusa Vilar

Meu amigo, que história triste! Como poderemos compreender um fato como esse, depois de ler toda a sua narrativa sobre essa moça tão jovem e tão linda, cujo futuro prometia ser brilhante? “Há mais coisas entre o céu e a terra do que supõe nossa vã filosofia.” (William Shakespeare).


O cérebro humano é capaz de tudo, está sujeito a tudo, por isso que devemos invocar o Santo nome de Deus a cada momento, para que Ele nos livre destas tentações.

Que Anathália Cristina receba o perdão de Deus por tirar a sua própria vida, e que alcance a verdadeira felicidade no outro plano de vida, que Ele na sua infinita misericórdia conceda a todos os familiares a paz necessária para continuar a viver, depois de passarem por tão grande dor.

Fique com Deus, amigo, receba meus sinceros pêsames, extensivo a todos que amavam a essa linda moça!

Comentário de Lusa Vilar,
prima do escritor João de Sousa Lima

Visite o blog:

Raízes, administrado por Lusa Vilar

http://raizeslusavilar.blogspot.com.br/

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O Cangaço e Lampião

Lampião, rei do cangaço

A violência aplicada na colonização para tomar posse das terras indígenas, ainda pairava no ar seco do sertão.
Nos brejos perenes e em períodos de chuva, o interior nordestino tornava-se promissor e produzia muito, mas entre as fazendas havia muitos bandidos que ameaçavam esse progresso.
Os coronéis, que exploravam e oprimiam o povo, não admitiam as ações desses bandidos em seus territórios, tendo nos jagunços e na volante da polícia a segurança local.
Essa contradição de segurança despertou em homens bravios, o sentimento de injustiça, e o abuso de autoridade por parte dos coronéis gerou rixas, que fizeram surgir o cangaço no contexto histórico nordestino.
O cangaço tomou força no começo do século XX e os grupos atuavam em todo o sertão, foi um acontecimento social que produziu uma cultura ímpar, com indumentária, música, versos, dança e um jeito de ser bem característicos.
Luiz Gonzaga tomou emprestadas essas características e absorveu essa cultura para se lançar no cenário da música brasileira.

Cangaço

Os cangaceiros eram homens valentes que começaram a agir por conta própria, através das armas, desafiando grandes fazendeiros e cometendo agressões. Geralmente, os cangaceiros saíam da lida com o gado.
Eram vaqueiros habilidosos, que faziam as próprias roupas, caçavam e cozinhavam, tocavam o pé-de-bode (sanfona de oito baixos) em dias de festa, trabalhavam com couro, amansavam animais, desenvolvendo um estilo de vida miliciano e, apesar da vida criminosa, eram muito religiosos.
A astúcia e a ousadia nos ataques às fazendas e cidades era outra característica desses guerreiros, que quase sempre saíam vitoriosos das investidas, mas às vezes levavam desvantagem, por isso tinham uma vida cigana, de estado em estado, de fronteira em fronteira.
Vestiam-se com roupas de tecido grosso, ou até com gibão, calçavam alpercata, usavam chapéus de couro com abas largas e viradas para cima, gostavam de lenços no pescoço, de punhais compridos na cintura, cartucheiras atravessadas ao peito disputando espaço com as cangas, que eram as bolsas, cabaças e outros suportes, utilizados para transportar os objetos pessoais.
Pelo Nordeste havia vários grupos de cangaço, porém o mais famoso foi o de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, um pernambucano que desafiou todos os poderes políticos. Ficou conhecido pela bravura, a qual Luiz Gonzaga venerava e cantava.
Fonte: www.recife.pe.gov.br

Cangaço

O banditismo parece ser um fenômeno universal. É difícil encontrar um povo no mundo que não teve (ou tenha) bandidos: indivíduos frios, calculistas, insensíveis à violência e à morte. Sem entrar no mérito das atrocidades cometidas pelos colonizadores portugueses, que escravizaram os negros africanos e quase exterminaram os índios nativos do país, a região Nordeste do Brasil vivenciou um período de quase meio século de violência, especialmente no final da década de 1870, após a grande seca de 1877.
O monopólio da terra e o trabalho servil, heranças das capitanias hereditárias, sempre mantiveram o empobrecimento da população e impediram o desenvolvimento do Nordeste, apesar do empenho de Joaquim Nabuco e da abolição da escravatura. As pessoas continuam sendo relegadas à condição de objetos, cujo maior dever é servir aos donos de terras.
Enquanto o capitalismo avançava nos grandes centros urbanos, no meio rural persistia o atraso da grande propriedade: a presença do latifúndio semifeudal, elemento dominador que, da monarquia à república, se mantém intocável em seus privilégios. Os problemas das famílias abastadas são resolvidos entre si, sem a intervenção do poder do Estado, mas com a substantiva ajuda de seus fiéis subordinados: policiais, delegados, juízes e políticos.
No final do século XIX, os engenhos são tragados pelas usinas, porém as relações pré-capitalistas de produção se conservam: os trabalhadores rurais se tornam meros semi-servos. E o dono da terra – o chamado “coronel” – representa o legítimo árbitro social, mandando em todos (do padre à força policial), com o apoio integral da máquina do Estado. Contrariar o coronel, portanto, é algo a que ninguém se atreve.
É importante registrar também a presença dos jagunços, ou capangas dos “coronéis”, aqueles assalariados que trabalham como vaqueiros, agricultores ou mesmo assassinos, defendendo com unhas e dentes os interesses do patrão, de sua família e de sua propriedade.
Diante das relações semifeudais de produção, da fragilidade das instituições responsáveis pela ordem, lei e justiça, e da ocorrência de grandes injustiças – homicídios de familiares, violências sexuais, roubo de gado e de terras, além de secas periódicas que vêm agravar a fome, o analfabetismo e a pobreza extrema, os sertanejos buscaram fazer justiça com as próprias mãos, gerando, como forma de defesa, um fenômeno social que propagava vinganças e mais violências: o cangaço.
Fora o cangaço, dois outros elementos que surgem nos sertões nordestinos são o fanatismo religioso e o messianismo, a exemplo de Canudos (na Bahia) com Antonio Conselheiro; de Caldeirão (na chapada do Araripe, município do Crato, no Ceará) com o Beato Lourenço; e dos seus remanescentes em Pau de Colher, na Bahia. O cangaço, o fanatismo religioso e o messianismo são episódios marcantes da guerra civil nordestina: representam alternativas através das quais a população regional pode retaliar os danos sofridos, garantir um lugar no céu, alimentar o seu espírito de aventura e/ou conseguir um dinheiro fácil.
A expressão cangaço está relacionada à palavra canga ou cangalho: uma junta de madeira que une os bois para o trabalho. Assim como os bois carregam as cangas para otimizar o labor, os homens que levam os rifles nas costas são chamados de cangaceiros.
O cangaço advém do século XVIII, tempo em que o sertão ainda não havia sido desbravado. Já naquela época, o cangaceiro Jesuíno Brilhante (vulgo Cabeleira) ataca o Recife, e é preso e enforcado em 1786. De Ribeira do Navio, estado de Pernambuco, surgem também os cangaceiros Cassemiro Honório e Márcula. O cangaço passa a se tornar, então, uma profissão lucrativa, surgindo vários grupos que roubam e matam nas caatingas. São eles: Zé Pereira, os irmãos Porcino, Sebastião Pereira e Antônio Quelé. No começo da história, contudo, eles representam grupos de homens armados a serviço de coronéis.
Em 1897, surge o primeiro cangaceiro importante: Antônio Silvino. Com fama de bandido cavalheiresco, que respeita e ajuda muitos, ele atua, durante 17 anos, nos sertões de Alagoas, Pernambuco e Paraíba. É preso pela polícia pernambucana em 1914. Um outro cangaceiro famoso é Sebastião Pereira (chamado de Sinhô Pereira), que forma o seu bando em 1916. No começo do século XX, frente ao poder dos coronéis e à ausência de justiça e do cumprimento da lei, tais indivíduos entram no cangaço com o propósito de vingar a honra de suas famílias.
Para combater esse novo fenômeno social, o Poder Público cria as “volantes”. Nestas forças policiais, os seus integrantes se disfarçavam de cangaceiros, tentando descobrir os seus esconderijos. Logo, ficava bem difícil saber ao certo quem era quem. Do ponto de vista dos cangaceiros, eles eram, simplesmente, os “macacos”. E tais “macacos” atuavam com mais ferocidade do que os próprios cangaceiros, criando um clima de grande violência em todo o sertão nordestino.
Por outro lado, a polícia chama de coiteiros todas as pessoas que, de alguma forma, ajudam os cangaceiros. Os residentes no interior do sertão – moradores, vaqueiros e criadores, por exemplo – se inserem, também, dentro dessa categoria.
Sob ordens superiores, as volantes passam a atuar como verdadeiros “esquadrões da morte”, surrando, torturando, sangrando e/ou matando coiteiros e bandidos. Se os cangaceiros, portanto, ao empregar a violência, agem completamente fora da lei, as volantes o fazem com o apoio total da lei.
Nesse contexto, surge a figura do Padre Cícero Romão Batista, apelidado pelos fanáticos de Santo de Juazeiro, que nele vêem o poder de realizar milagres e, sobretudo, uma figura divina. Endeusado nas zonas rurais nordestinas, o Padre Cícero concilia interesses antagônicos e amortece os conflitos entre as classes sociais. Em meio a crendices e superstições, os milagres – muitas vezes, resumidos a simples conselhos de higiene ou procedimentos diante da subnutrição – atraem grandes romarias para Juazeiro, ainda mais porque os seus conselhos são gratuitos. O Santo de Juazeiro, contudo, a despeito de ser um bom conciliador e uma figura querida entre os cangaceiros, utiliza a sua influência religiosa para agir em favor dos “coronéis”, desculpando-os pelas violências e injustiças cometidas.
Em meio a essa turbulência, surge o mais importante de todos os cangaceiros e quem mais tempo resiste (cerca de vinte anos) ao cerco policial: Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, também chamado rei do cangaço e governador do sertão. Os membros do seu bando usam cabelos compridos, lenço em volta do pescoço, grande quantidade de jóias e um perfume exagerado. Seus nomes e alcunhas são os seguintes: Antônio Pereira, Antônio Marinheiro, Ananias, Alagoano, Andorinha, Amoredo, Ângelo Roque, Beleza, Beija-Flor, Bom de Veras, Cícero da Costa, Cajueiro, Cigano, Cravo Roxo, Cavanhaque, Chumbinho, Cambaio, Criança, Corisco, Delicadeza, Damião, Ezequiel Português, Fogueira Jararaca, Juriti, Luís Pedro, Linguarudo, Lagartixa, Moreno, Moita Braba, Mormaço, Ponto Fino, Porqueira, Pintado, Sete Léguas, Sabino, Trovão, Zé Baiano, Zé Venâncio, entre outros.
A partir de 1930, a mulher é inserida no cangaço. Tudo começa com Maria Bonita, companheira de Lampião, e depois vêm outras. Muito embora não entrassem diretamente nos combates, as mulheres são preciosas colaboradoras, participando de forma indireta das brigadas e/ou empreitadas mais perigosas, cuidando dos feridos, cozinhando, lavando, e, principalmente, dando amor aos cangaceiros. Elas sempre portam armas de cano curto (do tipo Mauser) e, em caso de defesa pessoal, estão prontas para atirar.
Seja representando um porto seguro, ou funcionando como um ponto de apoio importante para se implorar clemência, as representantes do sexo feminino contribuem muito para acalmar e humanizar os cangaceiros, além de aumentar-lhes o nível de cautela e limitar os excessos de desmandos. As cangaceiras mais famosas do bando de Lampião, juntamente com os seus companheiros, são: Dadá (Corisco), Inacinha (Galo), Sebastiana (Moita Brava), Cila (José Sereno), Maria (Labareda), Lídia, (José Baiano) e Neném (Luís Pedro).
Como as demais sertanejas nordestinas, as mulheres recebem a proteção paternalista dos seus companheiros, mas o seu cotidiano é mesmo bem difícil. Levar a termo as gestações, por exemplo, no desconforto da caatinga, significa muito sofrimento para elas. Às vezes, precisavam andar várias léguas, logo após o parto, para fugir das volantes. E caso não possuíssem uma resistência física incomum, não conseguiriam sobreviver.
Em decorrência da instabilidade e dos inúmeros problemas da vida no cangaço, os homens não permitem a presença de crianças no bando. Assim que seus filhos nascem, são entregues a parentes não engajados no cangaço, ou deixados com as famílias de padres, coronéis, juízes, militares, fazendeiros.
Vale ressaltar que um fator decisivo para o extermínio do bando de Lampião é o uso da metralhadora, que os cangaceiros tentam comprar, mas não obtêm sucesso. No dia 28 de abril de 1938, Lampião é atacado de surpresa na grota de Angico, local que sempre julgou como o mais seguro de todos. O rei do cangaço, Maria Bonita, e alguns cangaceiros são mortos rapidamente. O resto do bando consegue fugir para a caatinga. Com Lampião, morre também o personagem histórico mais famoso da cultura popular brasileira.
Em Angicos, os mortos são decapitados pela volante e as cabeças são exibidas em vários estados do Nordeste e sul do país. Posteriormente, ficam expostas no Museu Nina Rodrigues, em Salvador, por cerca de 30 anos. Apesar de muitos protestos, no sentido de enterrar os restos mortais mumificados, o diretor do Museu – Estácio de Lima – é contra o sepultamento.
Após a morte de Lampião, Corisco tenta assumir durante dois anos o lugar de chefe dos cangaceiros. A sua inteligência e competência, porém, estão longe de se comparar àquelas de Virgulino.
No dia 23 de março de 1940, a volante Zé Rufino combate o bando. Dadá é gravemente ferida no pé direito; Corisco leva um tiro nas costas, que lhe atinge a barriga, deixando os intestinos à mostra. O casal é transportado, então, para o hospital de Ventura. Devido à gangrena, Dadá (Sérgia Maria da Conceição) sofre uma amputação alta da perna direita, mas Corisco (Cristino Gomes da Silva Cleto) não resiste aos ferimentos, vindo a falecer no mesmo dia.
O fiel amigo de Lampião é enterrado no dia 23 de março de 1940, no cemitério da cidade Miguel Calmon, na Bahia. Dez dias após o sepultamento, o seu cadáver foi exumado: decepam-lhe a cabeça e o braço direito e expõem essas partes, também, no Museu Nina Rodrigues.
Naquela época, o cangaço já se encontra em plena decadência e, com Lampião, morre também a última liderança desse fenômeno social. Os cangaceiros que vão presos e cumprem pena conseguem se reintegrar no meio social. Alguns deles são: José Alves de Matos (Vinte e Cinco), Ângelo Roque da Silva (Labareda), Vítor Rodrigues (Criança), Isaías Vieira (Zabelê), Antônio dos Santos (Volta Seca), João Marques Correia (Barreiras), Antônio Luís Tavares (Asa Branca), Manuel Dantas (Candeeiro), Antenor José de Lima (Beija-Flor), e outros.
Após décadas de protestos, por parte das famílias de Lampião, Maria Bonita e Corisco, no dia 6 de fevereiro de 1969, por ordem do governador Luís Viana Filho, e obedecendo ao código penal brasileiro que impõe o devido respeito aos mortos, as cabeças de Lampião e Maria Bonita são sepultadas no cemitério da Quinta dos Lázaros, em Salvador. Em 13 de fevereiro, do mesmo ano, o governador autoriza, ainda, o sepultamento da cabeça e do braço de Corisco, e das cabeças de Canjica, Zabelê, Azulão e Marinheiro.
Por fim, registram-se informações sobre alguns ex-cangaceiros que retornam ao convívio social. Tendo fugido para São Paulo, depois do combate na grota de Angico, Criança adquire casa própria e mercearia naquela cidade, casa-se com Ana Caetana de Lima e tem três filhos: Adenilse, Adenilson e Vicentina.
Zabelê volta para o roçado, assim como Beija-Flor. Eles continuam pobres, analfabetos e desassistidos. Candeeiro segue o mesmo rumo, mas consegue se alfabetizar.
Vinte e Cinco vai trabalhar como funcionário do Tribunal Eleitoral de Maceió, casa com a enfermeira Maria de Silva Matos e tem três filhas: Dalma, Dilma e Débora.
Volta Seca passa muito tempo preso na penitenciária da Feira de Curtume, na Bahia. É condenado, inicialmente, a uma pena de 145 anos, depois comutada para 30 anos. Através do indulto do presidente Getúlio Vargas, porém, em 1954, ele cumpre uma pena de 20 anos. Volta Seca se casa, tem sete filhos e é admitido como guarda-freios na Estrada de Ferro Leopoldina.
Conhecido também como Anjo Roque, Labareda consegue se empregar no Conselho Penitenciário de Salvador, casa e tem nove filhos.
E, intrigante como possa parecer, o ex-cangaceiro Saracura torna-se funcionário de dois museus, o Nina Rodrigues e o de Antropologia Criminal, os mesmos que expuseram as cabeças mumificadas dos velhos companheiros de lutas.

Fonte


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Lampião contra o Mata Sete

Por: Archimedes Marques
Archimedes Marques e Manoel Severo

Participante do maior movimento pertinente que há no Brasil, o CARIRI CANGAÇO, evento que reúne anualmente as maiores autoridades nacionais e internacionais sobre o tema e que é realizado na cidade do Crato e região do Cariri cearense adjacente, o autor Archimedes Marques em nome da VERDADEIRA HISTÓRIA QUE FOI VILIPENDIADA com o livro “Lampião, o Mata Sete” resolveu escrever a sua contestação: LAMPIÃO CONTRA O MATA SETE.

Trata-se do primeiro livro oposição dentro do assunto cangaço. LAMPIÃO CONTRA O MATA SETE, procura refutar tudo que está errado no seu livro opositor, pois essa obra é eivada de vícios do início ao fim. Todas as alegações contidas no livro “Lampião, o Mata Sete” referentes às honras sexuais de Lampião e Maria Bonita são levianas e sem provas algumas por menor que sejam e até mesmo desprovidas sequer de indícios de veracidades, como se a história fosse feita de insinuações vindas do nada, provindas de uma mente criativa sem apresentar fatos alguns que pelo menos deixem dúvidas quanto ao alegado.

Da citada obra contestada, de todas as aleivosias existentes ainda há muita coisa errada, tais como troca de datas, de nomes de pessoas, de fatos, de passagens, além das constantes tentativas de levar o leitor a erro. Enfim o livro “Lampião, o Mata Sete” é de PÉSSIMO GOSTO EM TODOS OS SENTIDOS, jamais é um livro histórico. Trata-se sim, de um livro FICTÍCIO além de muito mal informativo, muito mal pesquisado.

Até os dizeres do escritor Oleone Coelho Fontes que fez a introdução do livro refutado, e que por sinal escreveu o excelente livro "Lampião na Bahia", em muitas vezes se esbarram em situações totalmente adversas ao pensamento contido no livro “Lampião, o Mata Sete”, em comprovação que de tudo nessa obra há somente aleivosias improváveis.

Coquetel de Lançamento

Local:Sociedade Semear -
Rua Vila Cristina, 148 - Aracaju - Sergipe
Horário: 19h -
Data: 02 / 06 / 2012
Sábado

Archimedes Marques (Delegado de Policia Civil no Estado de Sergipe. Pós-Graduado em Gestão Estratégica de Segurança Publica pela Universidade Federal de Sergipe) archimedes-marques@bol.com.br

Camilo Vidal no Cine Ceará

Camilo Vidal

Dia 05 de junho, às 15h,
no Auditório João Frederico Ferreira Gomes ,
Anexo II da Assembleia Legislativa do Ceará -
Centro Cultural do Parlamento,
exibe o documentário
“SOBRE CABRAS, MACACOS E CANGACEIROS” de Camilo Vidal.
Mostra Olhar do Ceará-22° Cine Ceará.

Mostra “Olhar do Ceará”

As produções cearenses têm seu espaço de exibição garantido, mesmo as não selecionadas para as mostras competitivas de curtas e longas-metragens. Esta Mostra foi criada em 1999 como demanda da crescente produção cinematográfica do Estado do Ceará impulsionada pelas escolas audiovisuais como a Casa Amarela Eusélio Oliveira, o Instituto Dragão do Mar e o Centro de Dramaturgia. Uma mostra com muitas caras que oferece a oportunidade aos realizadores de primeira viagem de enfrentar-se ao público pela primeira vez. Os filmes exibidos na mostra concorrem ao Troféu “Mucuripe” ao melhor curta-metragem da Mostra ‘Olhar do Ceará’, que será concedido por um júri formado por estudantes das universidades de Fortaleza.

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QUARTA MUSICADA VEM COM CLOTILDE TAVARES E A POESIA

Por: Kydelmir Dantas
Kydelmir Dantas

Em sua terceira edição no dia 06/06/12, o "Projeto Quarta Musicada" volta à cena na sala de arte contemporânea da Casa da Ribeira. Neste mês a música do duo Heliana&Joca dialogará com a poesia. A convidada especial do evento é a atriz e escritora Clotilde Tavares, que fará leituras dramáticas de poemas da literatura universal.

Foto Heliana e Joca na Casa
Joca e Clotilde

Clotilde, muito conhecida por livros como: "A Botija" e "O verso e o briefing", tem uma importante história ligada também ao teatro em Natal, onde atuou e escreveu peças ao lado de Marcos Bulhões, na saudosa Stabanada Cia. de Teatro. A noite da Quarta Musicada marca a volta dela aos recitais em público, depois de um tempo dedicado exclusivamente à literatura. Será, pois, uma noite de reencontro da atriz com o público.

O recital será composto por poemas de Adélia Prado, Iracema Macedo, Diva Cunha, Garcia Lorca, Pablo Neruda, entre outros. As canções que musicarão as leituras dramáticas vão desde Cole Porter a The Beatles, passando por Janis Joplin e outros clássicos internacionais.

A música que acompanhará os poemas fica, como sempre, por conta do da intérprete Heliana Pinheiro e da guitarra de Joca Costa que, através do blues e do jazz, criarão o clima necessário para a interpretação dos poemas.
O evento acontece apenas no dia 06 de junho (véspera de feriado), às 19h30 na Casa da Ribeira. Reservas podem ser feitas pelo 3211-7710.

Serviço:

06 de Junho de 2012 às 19h30
Valor: R$ 10,00 (Promocional)
Reservas: (84) 3211-7710 (das 16h às 21h)

Kydelmir Dantas é poeta, escritor, pesquisador do cangaço e sócio da SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço

Por: Aderbal Nogueira


Amigo Mendes,

Lamento profundamente o ocorrido. Espero que  sua família supere logo esse trágico acidente.

Meus pêsames  e muita força nessa hora.

Aderbal Nogueira

Aderbal Nogueira é cineasta e pesquisador do cangaço

ERA UMA VEZ NO SERTÃO (Crônica)

 Por: Rangel Alves da Costa*
Rangel Alves da Costa

ERA UMA VEZ NO SERTÃO

Era uma vez no sertão uma terra ainda em formação, apenas descampado e desolamento, sem que o olho de Deus por ali repousasse e desse uma destinação.

E o Criador achou por bem que o chão seria tomado de aridez, com um sol bem forte espalhando calor sobre tudo e uma lua bonita tornando menos entristecido o anoitecer adentro.

Há quem reclame dessa opção, achando que deveria ser mais clemente e não deixando o sol maior sempre desacompanhado do sombreado das nuvens, sem nimbos carregados no horizonte e de quase nenhum chuvarar para aplacar a sequidão.

Mas com a medida divina não se discute. Se deu tanto sol, tanta estiagem, tanta terra esturricada, tanta planta já morrendo sem vingar, tanto padecimento e tanta pobreza, é porque deixaria por ali outras características diferentes em outros povos e lugares.

Fez o sertanejo um forte acima de tudo; disse que não haveria em outro lugar um luar tão bonito como aquele brilha no sertão; permitiu que nascesse uma raça cabocla cheia de orgulho, de fé e de esperança, um povo mais rico que todo mundo, pois ninguém faz render mais frutos apenas com o grão que semeará um dia.

Deu ao homem a força para a vida, para os desafios, para o trabalho; entregou a cada um seu rosário de oração, pois sabia que povo nenhum tem maior devoção, que clama por Deus na alegria e na incerteza, na precisão e na fartura, e por isso mesmo vive contente porque sabe que um pai não abandona o filho.

Permitiu que o sangue do sertanejo fosse diferenciado, mais autêntico, mais vivaz, tomado de encorajamento e preparado para jamais fugir da luta. Desse sangue vermelho e fervente de sol é que surgem nas suas veias tantos caminhos que percorre para fazer valer sua sina de valentia.

Não se quebra, não se curva; igual a catingueira do mato, resseca com sua imponência desnutrida e magricela, mas sempre pronto para enfrentar os desafios que a vida trouxer. Por isso mesmo é bicho de noite e de dia, é santo e excomungado, é cangaceiro e heroi, é Lampião e Padre Cícero, é Jesuíno Brilhante e Antônio Conselheiro, é procissão e tocaia armada.

Depois de criar a terra e fazer o homem, dando a um o nome sertão e ao outro o de sobrevivente, fez com que um não vivesse sem o outro e que até se misturassem num só. Daí que quando ouvir falar em sertão também estará o homem, quando ouvir da catingueira lembrará do sertanejo, pensar em seca e desolamento imaginará a triste figura em meio ao seu tempo.

A uns deu o trabalho na terra, o coivarar, o limpar o cercado para esperar a plantação de um dia, a sina de caçador, de vaqueiro, de aboiador, de dono de pouca terra, de pai de família imensa, de homem que se contenta em não passar fome, se arranchar debaixo de sua casinha, olhar a barra do amanhecer para pensar em chuvarada.

A outros deu destino diferente, caminho e estrada, veredas cheias de espinhos, labirintos cheios de inimigos, vez que nascido para a luta armada, para o enfrentamento das injustiças ou simplesmente pela vontade maior de acompanhar, de fazer parte de um bando de cangaceiros comandado por um certo Lampião.

Mas permitiu também os contrastes e as aberrações, com muita gente com tanto e a grande maioria com quase nada, com coronéis donos de terras e de gente e pessoas sem nem serem de si mesmas, com exploradores e explorados, ainda que de sangue navegassem no mesmo riachinho, com aproveitadores da inocência de muitos, e com tantos de nefasta sabedoria para enlamear até o nome da terra.

Deu a moringa e o pote, a cabaça e a cumbuca, mostrou o riacho com água nas profundezas, disse que a mata tinha de tudo para sobreviver; espalhou nome bonito, tanto João, Maria, Antonio e Josefa; fez homem amigo de bicho e este até seu parente, pois ninguém espane o vira-lata pois ele tem o seu dono, é do menorzinho da família.

Deu a beleza da manhã sertaneja e o maravilhamento do entardecer, um sonho bonito de sonhar sempre, uma esperança divina, uma vida que é sempre dádiva e jamais sina. E deu ainda a coalhada, o cuscuz e a perna de preá assada, e também o café torrado pelas mãos calejadas de tempo.
E deu a cada um misterioso olhar que enxerga um irmão em qualquer desconhecido que chegue por lá. Que entre seu moço, venha tomar um cafezinho e prosear um tiquinho, pois a estrada ainda é longa e a amizade abre o caminho.


Poeta e cronista
e-mail: rac3478@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com

Receita rápida de amor (Poesia)

Por: Rangel Alves da Costa* 

Receita rápida de amor


A fome
fome de amar
um lenço
lenço de enxugar
os olhos
para não mais chorar
a disposição
para o prato preparar
os ingredientes
para nada faltar
seguir a receita
do saborear
e depois:

Um coração inteiro
um corpo saudável
mãos carinhosas
boca com palavras
língua úmida
pele suave
sexo perfeito
limpeza em tudo

modo de preparo:

tempere tudo
com sinceridade
com carinho
e muito amor
coloque tudo
dentro do outro
e espere ferver
até apaixonar.



quarta-feira, 30 de maio de 2012

Roteiro Histórico e Cultural de Mossoró II - 30 de Maio de 2012

Por: Geraldo Maia do Nascimento

Encontramos registros em velhos livros amarelados pelo tempo onde se ler que a 5 de agosto de 1772, a Provisão das Dignidades do Cabido de Olinda concede a Antônio de Souza Machado, Sargento-Mor da ribeira do Mossoró e sua mulher Rosa Fernandes, autorização para construir uma

Catedral de Santa Luzia

capela na fazenda Santa Luzia, de sua propriedade, em cumprimento de promessa feita por sua intercessão. E a capela foi construída com os cruzados do Sargento-Mor e o auxílio dos devotos circunvizinhos, sendo o primeiro ato litúrgico celebrado em 25 de janeiro de 1773, quando foi batizada uma criança do sexo feminino, cerimônia essa oficiado pelo padre José dos Santos da Costa. A criança que havia nascido no dia 15 do mesmo mês, recebeu na pia batismal o nome de Maria, e era filha de Miguel soares de Lucena e de Páscoa Maria da Encarnação, primeira neta paterna do Alferes Manuel Nogueira de Lucena. 
Em 9 de maio de 1773 foi feito o primeiro sepultamento na Capela de Santa Luzia. Era de uma menina de 9 anos de idade, filha de Manuel Bezerra de Jesus e Maria Madalena Teixeira. Dessa data em diante, os mortos de Mossoró passaram a ser sepultados no interior da capela, visto que anteriormente as pessoas que morriam no povoado eram sepultadas na Capela de Mata Fresca, comunidade distante 72,0 Km de Mossoró.
               
Em 6 de outubro de 1778 é realizado o primeiro casamento na Capela de Santa Luzia, sendo os nubentes Gregório da Rocha Marques Filho e Francisca Nunes de Jesus, tendo como testemunhas o português coronel regente Francisco Ferreira Souto e Antônio Afonso da Silva, o primeiro sendo morador de Mossoró e o outro do Panema. A solenidade realizada pelo carmelita Frei Antônio da Conceição.
               
Da fazenda Santa Luzia de Mossoró surgiu o povoado e do povoado a cidade, tudo se passando ao redor da Capela. Em 13 de julho de 1801 dona Rosa Fernandes, viúva do Sargento-Mor Antônio de Souza Machado, faz doação do patrimônio da Capela de Santa Luzia.
               
Em 30 de dezembro de 1830 é inaugurada a primeira reforma da Capela, reforma essa para a qual se mandou buscar no Assu o mestre pedreiro Manuel Fernandes que veio com um escravo e um mestre de obras. A imagem de Santa Luzia de Mossoró, pequena e de madeira, foi mandada buscar em Portugal.
               
Em 27 de outubro de 1842, pela resolução número 87, a Capela de Santa Luzia era elevada à categoria de Matriz, desdobrada assim da freguesia do Apodi a que esteve ligada durante setenta anos.
               
Em 28 de julho de 1934 foi criada a Diocese de Mossoró, com solene missa celebrada na Matriz de Santa Luzia pelo padre Luís da Mota, vigário da paróquia, quando o mesmo dá conhecimento aos fiéis, através da Bula PRO ECCLESIARUM OMMIUN, do Santo Padre Pio XI, criando a Diocese e elevando a Matriz de Mossoró à categoria de Catedral Diocesana. A Matriz se enfeitara toda para esse ato. Dentre os presentes, estavam todas as autoridades municipais, vários sacerdotes e religiosos da região.
               
O primeiro Bispo da Diocese de Mossoró foi dom Jaime de Barros Câmara, que tomou posse em 26 de abril de 1936. O segundo Bispo foi dom João Batista Portocarrero Costa que tomou posse no dia 8 de dezembro de 1943. Dom Eliseu Simões Mendes toma posse em 20 de fevereiro de 1954 como terceiro Bispo da Diocese de Mossoró. O quarto Bispo foi Dom Gentil Diniz Barreto e o quinto e atual Bispo de Mossoró é Dom José Freire de Oliveira Neto, empossado em 01 de abril de 1984.
               
Santa Luzia foi proclamada padroeira de toda Diocese no dia 18 de novembro de 1984, no cinqüentenário da Diocese, pelo seu quinto Bispo, D. José Freire de Oliveira Neto.
               
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Fonte: 

Autor:
Jornalista Geraldo Maia do Nascimento

"GATO" O sanguinário cangaceiro

Por: Ivanildo Alves Silveira

Sobre o cangaceiro "Gato" cai o estigma de ser o mais perverso dos homens a pisar as fileiras do cangaceirismo.

Grupo comandado por "Gato", ele é o 5º da esquerda para a direita
Começamos pelo currículo deste famoso cabra.
  
Participou do massacre a Brejão da Caatinga (BA), em 04 de julho de 1929, quando quatro soldados e um cabo da polícia baiana foram mortos;

Participou do assalto a Queimadas (BA), em 22 de dezembro de 1929, quando sete praças da polícia baiana foram barbaramente assassinados;

Participou da invasão a Mirandela, distrito de Pombal, no dia 25/12/1929, onde morreram dois civis e um soldado.

Era descendente dos Índios Pankararé, que habitam o Raso da Catarina.
Breve histórico: Cangaceiros descendentes de índio

No centro do Raso da Catarina, na tribo dos Pankararé, os índios admirados diante do impacto causado pela ostensividade e profusão de cores das vestimentas dos cangaceiros e mais ainda, fascinados pela exuberância dos aparentes cordões de ouro, dos anéis e alianças, sem contar os abarrotados bornais recheados de 
dinheiro, além das realizações dos permanentes bailes e tanto ainda pela liberdade do livre transitar, sem serem presos às duras rotinas diárias, cederam aos encantos da nova vida e vergaram sobre seus corpos as vestimentas inconfundíveis, trazidas por Lampião.

Pankararés em festa. Foto de Alcivandes Santos Santana 

A esse mundo diferenciado, índios Pankararé entregaram-se em boa quantidade á vida do cangaço. Os mais famosos a participarem do cangaço foram: Gato, Inacinha, Antônia, Mourão, Mormaço, Catarina, Açúcar, Balão, Ana, Julinha, Lica e Joana.

Não se tem, na história do cangaço, outro homem que tenha sido tão sanguinário, cruel e frio, como foi esse cangaceiro. Além de Gato, duas irmãs dele seguiram os subgrupos do cangaço: Julinha, amante de Mané Revoltoso e Rosalina Maria da Conceição, que acompanhou Francisco do Nascimento, o cangaceiro "Mourão".

Não podemos perder de vista, a forma como cada cultura pensa e elabora determinados fatos históricos. Assim, a percepção que os indígenas têm da participação dos seus "parentes", no cangaço, em muito, difere-se das dos não-indígenas. Hoje, o cangaceiro “Gato” aparece nos relatos dos Pankararé do Raso da Catarina, como uma força espiritual, por eles chamados de “santo do Gato", com um lugar específico assegurado á sua memória.

Mourão além de ser cunhado, era também primo de Gato e acabou sendo morto por ele, depois que Mourão e Mormaço acabaram uma festa acontecida no Brejo do Burgo, onde deram alguns tiros, colocando a população em pavorosa fuga, sendo Gato cobrado por


Lampião, para que desse conta da arruaça realizada pelos membros de sua família, resultando que a festa havia sido na casa de um dos fiéis coiteiros do cangaço.

Gato perseguiu os dois cangaceiros indo encontrá-los pegando água em um barreiro, localizado em um coito no Raso da Catarina. Gato fuzilou os dois sentenciados de morte.

Gato, por pouco, não matou a própria mãe por ela ter feito comentários sobre as constantes aparições dos cangaceiros nas proximidades de sua casa. O cangaceiro dirigiu-se até a casa da mãe, com a finalidade de cortar a sua língua, sendo dissuadido por alguns familiares do macabro intento, sem deixar de mostrar prá mãe dois facões que portava na cintura, dizendo:
"Este é o cala a boca corno, e este é o bateu cagô”

Sob o estigma da ferocidade de Gato recai, ainda, a morte de seis membros de sua família, em represália a um sumiço de bodes e cabras que estavam acontecendo e sendo creditado a Lampião.

Outra vez, Lampião entregou o caso a Gato, e ele perseguiu os envolvidos, indo encontrar em uma casa de farinha, Calixto Rufino Barbosa e Brás, ceifando friamente a vida dos dois e seguindo até a casa de Valério, na Fazenda Cerquinha, onde assassinou Luiz Major, seus filhos Silvino, Antônio e o sobrinho Inocêncio. Um duro castigo como pagamento de uma dívida sem provas.

Da chacina, saiu ferida uma criança que conseguiu fugir por intermédio de uma prima de Gato. O jovem faleceu recentemente e trazia na face a marca de um corte feito pela lâmina afiada do punhal do cangaceiro.


Gato foi casado com Antônia Pereira da Silva. O casamento aconteceu nas Caraíbas, fazenda de Dona Sinhá, no Brejo do Burgo. Tempos depois, o cangaceiro carregou a índia Inacinha, prima de Antônia.

Inacinha e Gato 

A cangaceira Antonia não aceitou os argumentos do marido quando ele propôs ficar com as duas e por ele foi espancada. Antônia fez queixa a Lampião, prometendo ele que iria resolver o problema, porém ela não esperou a resposta e, durante a noite, aproveitando a escuridão e sonolência dos amigos, deixou o coito onde estavam arranchados e fugiu, indo para a proteção de um tio, capitão reformado da polícia, que residia na margem do Rio São Francisco, pelo lado baiano, e com ele permaneceu até o término do cangaço.

Gato encontrou a morte quando invadiu a cidade de Piranhas/AL, quando tentava resgatar sua companheira Inacinha, baleada e presa, pela volante do Ten. João Bezerra. Gato saiu baleado desse tiroteio, e foi morrer dois ou três dias depois, sem ter a chance de ver o seu filho que Inacinha carregava no ventre, ao ser presa.

Inacinha, apesar do tiro que sofreu, conseguiu dar á luz seu filho e tempos depois retornou para Brejo do Burgo, onde se casou com Estevão Rufino Barbosa. A ex-cangaceira morreu em 1957, de câncer, depois de ter lutado contra a doença, sem ver resultados, fugiu do hospital e mandou um mensageiro ir avisar ao marido que queria morrer em casa. Estevão selou uma junta de burros e foi atender ao último pedido da companheira. Em casa, Inacinha sofreu por alguns dias até descansar, deixando a eterna lembrança, no coração do homem que por ela ainda verte suas lágrimas. Estevão, ainda vive no Brejo do Burgo

FONTE: - João de Sousa Lima co-autor do livro "AS CAATINGAS" organizado por Juracy Marques.

Abraços
Ivanildo Silveira