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quinta-feira, 24 de outubro de 2013

O decepador de cabeça humana

Por: José Mendes Pereira
 José Mendes Pereira

Chegou à cidadezinha  montado num velho e desnutrido jumentinho. E logo os curiosos rodearam o homem de barba grande, com botas alongadas, chapéu  de palha, e uma enorme sacola sobre a pequena sela de montaria. Todos estavam ali rindo do infeliz mendigo, que ao ver tanta humilhação contra si, saiu em busca de um bar, e lá, pediu, por favor, uma urgente e  caprichada pinga.

 O dono do boteco nem sabia a quem estava atendendo. Mas resolveu colocar no copo uma caprichada pinga. Os curiosos acompanharam-no até a venda.  O mendigo bebeu a primeira, e em seguida, pediu bis.

O dono do bar fez gesto de que não estava gostando, imaginando que iria dançar na hora em que fosse cobrado o acerto de contas. E assim que o mendigo ingeriu a segunda dose, de imediato, pediu a terceira.

O sangue nas veias do velho comerciante esquentou de vez. E foi obrigado a  dizer ao mendigo que só colocaria a terceira dose, se ele pagasse logo as duas primeiras.

Os curiosos estavam todos em risos, e até um deles ameaçou o barba grande, dizendo que se ele não pagasse as doses de cachaça ao comerciante, não iria sair dali com vida.

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O mendigo concordou pagar logo as duas chamadas. Foi até ao seu jumentinho, retirou uma enorme sacola que estava sobre ele, e era nela que ele guardava o seu dinheiro. Em seguida retornou para fazer o pagamento das chamadas ao comerciante. E pôs-se a procurar o dinheiro no meio de tantas bugigangas. Enfiou a mão na sacola e ficou tirando algumas peças. Em seguida, retirou uma cabeça  humana cheia de sangue, colocando-a em cima do balcão.

Cabeça de Lampião morto em 28 de Julho de 1938 - em  Sergipe - Só para ilustração

O comerciante ao ver a cabeça coberta com sangue e com os olhos fechados, admirou-se, dizendo em tom de susto e tremendo:

- Meu Deus!!! Que coisa triste, hein!!!

- Eu faço este trabalho muito bem e com perfeição. - Dizia o mendigo. - E adoro fazê-lo. Durante a semana são duas, três, até mais cabeças. Mas melhor do que eu, quem o faz, é um parceiro meu, o "Negrão das Cavernas". Ele desceu aqui em busca do mercado central, e me disse que iria procurar vítimas, para ver se negocia umas duas ou três cabeças.

O comerciante de tanto tremer, não resistiu mais em pé, saiu desmaiando por cima de uma porção de mercadorias que estava sobre o chão. Os curiosos desapareceram em disparada carreira, e aos gritos, pelas ruas, pedindo clemência. A partir daí, a fama do homem barbado e do "Negrão das Cavernas" aumentou no lugarejo.

 Um velho que no momento entrou no bar, ao ver aquela terrível cena, isto é, a cabeça de um corpo humano sobre o balcão, ajoelhou-se diante do mendigo, pedindo-lhe que pelo o amor de Deus não o matasse. E o mendigo ficou sem saber o porquê daquela imploração do velho, pedindo-lhe  que não o matasse.

Os moradores da cidade, ao tomarem conhecimento do perigoso mendigo e do "Negrão das Cavernas", que haviam entrado na comunidade, entraram em choque, procurando por todos os lugares os seus filhos e parentes, temendo que eles fossem degolados pelos facínoras.

 Logo que as mulheres ficaram sabendo da presença de dois delinquentes na cidade, corriam pelas as avenidas do lugarejo, em lastimosos choros, procurando por todas as entradas os seus filhos pequenos.


O prefeito quando recebeu a informação que na cidade tinha entrado dois perigosos marginais, recolheu-se à prefeitura, ligando para tudo que era de autoridade, que cuidasse de prender com urgência os assassinos.

Além do contingente da cidade o prefeito solicitou dos administradores das cidades vizinhas, que liberassem os seus policiais para tentarem prender os dois bandidos.

- Os homens são perigosíssimos, amigos! - Dizia ele pelo telefone aos prefeitos das cidades adjacentes. Andam com cabeças humanas degoladas dentro das suas sacolas! Homens assim, estão com o capeta nas costas, e poderão bagunçar a minha cidade e depois invadirem as suas. Com a ajuda de vocês, prenderemos estes delinquentes.

O dono do açougue (o Ludgero), ao ser informado da entrada destes criminosos no lugarejo, foi curto e grosso. "-A culpa é do prefeito que não põe mais policiais nas ruas.  Ele só pensa em si. Aos domingos, se manda com a família para as praias, como se fosse o governador do Estado".

A cidade já imaginava a quantidade de defuntos que iria ficar estirada nas ruas, depois que o mendigo e o "Negrão das Cavernas" saíssem do lugar.



Os coveiros do cemitério já haviam recebido ordens para cavarem covas em quantidade. Os dois homens eram perigosíssimos, e com certeza, muitos moradores iriam perder as suas vidas sobre as miras das suas armas, ou nas pontas dos seus afiados facões.

Chegaram praças de todos os lugares. E obedecendo a exigência do prefeito, de imediato, morrendo de medo, os policias ocuparam os fundos e a frente do bar.  E aos poucos, com muito cuidado, vendo a hora surgirem balas disparadas pelo barba grande, que naquele momento, ali, só se encontra ele, todos foram fechando o cerco, e ao se aproximarem do infeliz, deram ordens de prisão. Assim que o algemaram,  acusaram-no de decepador de cabeça humana.

O mendigo tentava explicar quem ele era, mas a polícia não quis conversa, obrigando-o colocar a cabeça dentro da sacola, e que ele iria ser conduzido até a delegacia, para as devidas explicações ao delegado.

Ao entrar na delegacia, de imediato ele recebeu um pescoção, aplicado pelo delegado. E um tenente que nem estava de serviços, não demorou muito para bofeteá-lo diante do delegado.

Exigido a comprovação do crime, o mendigo retirou a cabeça humana de dentro da sacola. O delegado ficou rodeando-a, e observou que ela nem sangrava, apenas ainda permanecia como se tivesse sido decepada recentemente. E como inteligente e um pouco de psicologia, o delegado percebeu que não tinha nada a ver com cabeça humana.

Os dois homens não eram mendigos e nem marginais.  Devido viveram andando pelas ruas, as roupas eram como de mendigos. Eram apenas  dois escultores em madeiras, que faziam as suas peças e saíam à procura de compradores. Ambos eram grandes talhadores com muita perfeição e enganava qualquer especialista. Até a pintura, tinha aparência de sangue vivo.

"Antes de julgarmos uma pessoa devemos esmiuçar a sua vida com cautela, para que ela não venha ser castigada injustamente  e  moralmente ofendida".

Minhas Simples Histórias

Se você não gostou da minha historinha não diga a ninguém, deixe-me pegar outro.

Fontes:

http://minhasimpleshistorias.blogspot.com
http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Mossoró e suas Bandas de Músicas II - 12 de Outubro de 2013

Por: Geraldo Maia do Nascimento


Em 1896 existiam na cidade de Mossoró duas bandas de músicas, que eram conhecidas pelas denominações: a música \"Moderna\", do mestre Alpiniano, e a outra, os \"Cabeludos\", do mestre Canuto. Esses grupos musicais foram os verdadeiros precursores da Charanga e da Fênix.

A Fênix era a Banda de Música do mestre Alpiniano Justiniano de Albuquerque, um talento musical. A Charanga era a Banda de Música do mestre Canuto Alves Bezerra, outro grande artista. Essas duas bandas abrilhantaram, com suas músicas, a vida social e cultural mossoroense no período de 1900 a 1912. Cada Banda contava 20 a 30 figurantes, conforme a época, todos se apresentavam uniformizados, comfardas brancas ou cáqui, com botões dourados ou pretos, quepe e cinto. A manutenção das bandas era feita com recurso dos próprios tocadores ou de amigos que eventualmente contribuíam com recursos financeiros para fardamentos ou reposição de instrumentos.

Aos domingos, pelas 4 horas da tarde, quase sempre havia retreta em ponto público. Em geral eram às frentes dos salões de bilhar, dos cafés e das pensões. Que bom seria se essa prática voltasse e pudéssemos ter retreta em frente ao nosso teatro municipal.

Quando, a 30 de setembro de 1904, foi inaugurada a Estátua da Liberdade, na Praça da Redenção, foi a Fênix que abrilhantou a solenidade tocando as melhores peças do seu repertório. Em dezembro do mesmo ano é ela que se oferece gratuitamente ao pároco de Santa Luzia para fazer a tradicional festa da Santa Padroeira.

Em 3 de maio de 1909 faleceu o Mestre Alpiniano. Na ocasião, as duas bandas, Fênix e Charanga,formaram para o cortejo fúnebre, saindo da rua Almeida Castro, onde residia o morto, para o cemitério local. A Fênix compareceu com os instrumentos velados, campanas envolvidas em crepe, em sinal de pesar. A Charanga fez os funerais, executando, nessa ocasião, pela primeira vez em nossa terra, a Marcha Fúnebre de Chopin, transcrita e instrumentada pelo músico cearense José Neves Filho, possuidor de admirável talento e capacidade. Era exímio clarinetista e sua presença em Mossoró, bem como de vários elementos da Banda da Polícia do Ceará, desertados de suas fileiras pela política de Nogueira Accyoli, foi um capítulo de progresso nos anais da música em nosso meio, tendo esses artistas prestaram os mais relevantes serviços a Mossoró.

Com o falecimento do Mestre Alpiniano a Fênix se extinguiu por alguns anos, vindo a ressurgir entre 1913 e 1914.

Em 1910, o Vigário Pedro Paulino, para concluir as torres da Matriz, pediu por 100 cartas a 100 paroquianos os recursos para tal. Ao som da Charanga de Mossoró o povo acorria carregando material para o trabalho.

No ano de 1911, a viúva de Alpiniano, dona Chaguinha Albuquerque, querendo se dispor do arquivo de seu falecido esposo, anunciava pelo \"O Mossoroense\" que desejava vendê-lo a quem se interessasse.

Por volta de 1912, o Mestre Canuto, doente, em busca de melhoras, retirou-se para Luís Gomes, onde morreu dois anos depois. Respondendo pela mestria da Charanga ficou Irineu Wanderley dos Santos, enquanto a Fênix tentava ressurgir, por iniciativa de Vasconcelos, junto ao benfeitor do conjunto, Cel. Miguel Faustino do Monte. Mas por pouco tempo resistiu a Charanga de Mossoró, vindo a ser extinta logo após a morte de Canuto. Dessa forma, os instrumentos que eram usados pela mesma voltaram às mãos de Hemetério Leite, seu proprietário e benfeitor da Banda. Dessa forma, segue-se uma pausa nas atividades musicais de Mossoró.

Coube ao grande José Martins de Vasconcelos, artista por temperamento e por vocação, promover uma campanha em seu jornal pelo reerguimento de ao menos uma Banda de Música em Mossoró. Ao seu convite reuniram-se na residência do Dr. Almeida Castro as pessoas mais interessadas no assunto para deliberar a reorganização de uma entidade musical. Foi sugerido que o professor Irineu Wanderley dos Santos e os irmãos Paraguai reerguessem a Fênix, para o que contariam com o que restava de instrumentos do Mestre Alpiniano. Mas apesar dos esforços de Vasconcelos e de seus veementes apelos em \"O Nordeste\", as coisas permaneceram quase como estavam.
               
Continua na próxima semana...


Autor:
Geraldo Maia do Nascimento

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Fonte:
http://www.blogdogemaia.com

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VAI TER PIRÃO NA BIENAL DE ALAGOAS



O escritor e historiador pernambucano Adriano Marcena fará lançamento do seu livro Mexendo o Pirão, na Bienal Internacional do Livro de Alagoas, no dia 02 de novembro.

A obra discute a importância sociocultural da farinha de mandioca no Nordeste brasileiro durante o Brasil holandês. Para o autor, “o lançamento é oportuno para construirmos o hábito de entendermos comida como uma das mais importantes manifestações da cultura”. A publicação teve incentivo do Governo do Estado de Pernambuco, através do Funcultura.

Na ocasião, a Navras Digital também fará o lançamento do Mexendo o pirão em e-book. A Bienal Internacional do Livro de Alagoas acontece no Centro Cultural e de Exposições Ruth Cardoso, em Maceió.
 
Serviço:
Data: 02 de novembro, sábado.
Local: Estande da BêaBá Distribuidora de Livros.
Horário: 19h



Enviado pelo o escritor Adriano Marcena

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Convite Posse de Gilvan Lopes e Ivan Pinheiro

CONVITE

INSTITUTO CULTURAL DO OESTE POTIGUAR - ICOP


CONVIDA sócios e amigo(a)s para estarmos juntos no próximo sábado, 26 de outubro, em Assu - RN, onde dar-se-ão as posses de seus novos confrades:

Gilvan Lopes - o pintor e escultor;
Ivan Pinheiro -  jornalista e historiador

O evento acontecerá às 19:00h no Cine-Teatro Pedro Amorim.

Após a posse será lançada a Revista OESTE, nº 17 - especial dedicada a cidade de Assu, com ensaio fotográfico do Getúlio Moura e ilustrações do Gilvan Lopes, além de artigos dos professores da UERN, Joacir Rufino, Raimundo Inácio Maurício Miranda e da Professora Cássia Matos.

Sejam todo(a)s bem vindos.
Aécio Cândido
Presidente do ICOP.

Enviado pelo poeta, escritor e pesquisador do cangaço Kydelmir Dantas

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