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sexta-feira, 26 de maio de 2017

NOVO LIVRO NA PRAÇA "O PATRIARCA: CRISPIM PEREIRA DE ARAÚJO, IOIÔ MAROTO".


O livro "O Patriarca: Crispim Pereira de Araújo, Ioiô Maroto" de Venício Feitosa Neves será lançado em no próximo dia 4 de setembro as 20h durante o Encontro da Família Pereira em Serra Talhada.

A obra traz um conteúdo bem fundamentado de Genealogia da família Pereira do Pajeú e parte da família Feitosa dos Inhamuns.

Mas vem também, recheado de informações de Cangaço, Coronelismo, História local dos municípios de Serra Talhada, São José do Belmonte, São Francisco, Bom Nome, entre outros) e a tão badalada rixa entre Pereira e Carvalho, no vale do Pajeú.

O livro tem 710 páginas. 
Você já pode adquirir este lançamento com o Professor Pereira ao preço de R$ 85,00 (com frete incluso) Contato: franpelima@bol.com.br 
fplima1956@gmail.com

http://lampiaoaceso.blogspot.com.br/2016/08/novo-livro-na-praca_31.html

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DULCE MENEZES - A ÚLTIMA CANGACEIRA DO BANDO DE LAMPIÃO.

https://www.youtube.com/watch?v=vhDJvTK-HBI

Dulce Menezes dos Santos "Dulce" atualmente com 94 anos de idade é a última integrante do bando de Lampião, ainda viva.

Dulce foi retirada do ambiente familiar e levada contra sua vontade pelo então pelo cangaceiro Criança III (Vitor Rodrigues Lima) com o qual permaneceu maritalmente até pouco tempo após a morte de Lampião, ocorrida no dia 28 de julho de 1938 na Grota do Angico que atualmente pertence ao município de Poço Redondo no estado de Sergipe.

A reportagem constante nesse documentário foi produzida pela Rede Record de Televisão e conduzida pelo repórter Luiz Carlos Azenha.

Assistam...

Publicado em 26 de mai de 2017
Dulce Menezes dos Santos "Dulce" atualmente com 94 anos de idade é a última integrante do bando de Lampião, ainda viva.

Assistam... 

Geraldo Antônio de Souza Júnior

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Geraldo Antônio de Souza Júnior (Administrador do Grupo)

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X FESMUZA – FESTIVAL DE MÚSICAS GONZAGUEANAS


Homenageado do ano: Luiz Gonzaga, o “Rei do Baião”.

Art. 1º - O X FESMUZA acontecerá nos dias 19 e 20 de Agosto de 2017.
Art. 2º - A apresentação será no dia 20 de agosto, às 20:00 horas, no Palco “Abel Medeiros”.
Art. 3º -O período de inscrições será de 17 de abril a 31 de julho de 2017.
Art. 4º - Cada participante poderá inscrever duas músicas, que serão exclusivamente do cancioneiro de Luiz Gonzaga. Em caso de vários participantes, os mesmos terão que escolher apenas uma música para ser executada como forma de concorrer à premiação.
Art. 5º -Haverá apenas uma categoria entre os participantes.
Art. 6º -As inscrições poderão ser feitas através do e-mail: chicocardoso.caldeirao@gmail.com,dos telefones: (83) 99615-7942 / (83) 99379-1893 e pelo seguinte endereço: Rua Dr. José Guimarães Braga, nº 70, Vila do Bispo – CEP: 58900-000 – Cajazeiras (PB).

PREMIAÇÃO
Campeão
R$ 3.000,00
Vice-campeão
R$ 2.500,00
3º colocado
R$ 2.000,00
4º colocado
R$ 1.000,00
5º colocado
R$ 800,00
6º colocado
R$ 500,00
7º colocado
R$ 200,00

Fazenda São Francisco, maio de 2017.

Francisco Alves Cardoso
Presidente do Parque Cultural “O Rei do Baião”

Luiz Claudino de Oliveira Florêncio
Coordenador de Planejamento

Francisco Álisson de Oliveira
Produtor Cultural

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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UMA MULHER SUCESSORA DE “LAMPEÃO”

Por Antonio Corrêa Sobrinho

Vejam o que disse este jornal (O Globo), na edição anterior de 24.05.1940, ter dito o cangaceiro “Velocidade” a respeito de Dadá:


UMA MULHER SUCESSORA DE “LAMPEÃO”


As surpreendentes revelações de “Velocidade”, o último “cabra” do rei do cangaço detido, ao GLOBO – “Corisco” ameaçado de morte para não se entregar.

BAHIA, 23 (Especial para o GLOBO) – Falei com o bandido José Porfírio, vulgo “Velocidade”, que fazia parte do grupo de “Corisco”. Porfírio, que tem o braço direito paralisado pelo defeito de uma bala, atirava com o braço esquerdo.

Adiantou-se ele que manifestando ao “chefe”, por várias vezes desejo de se entregar à Polícia sempre fora impedido pela mulher de nome Sergia. Segundo “Velocidade”, Sergia era a verdadeira chefe do bando e quando “Corisco” declarou estar disposto a se entregar às autoridades, ela declarou que o mataria se tal fizesse.

Era, assim, Sergia a verdadeira substituta de “Lampeão”.

Fonte: facebook
Página: Antonio Corrêa Sobrinho (Comentário)
Grupo: O Cangaço
Link: https://www.facebook.com/groups/ocangaco/permalink/1578250808854698/

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JUNIOR ALMEIDA: A VOLTA DO REI DO CANGAÇO NO FESTIVAL DE INVERNO DE GARANHUNS


O livro custa 45,00 Reais

Entre em contato com o professor Pereira através deste e-mail:  franpelima@bol.com.br

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ERA DOMINADO POR UMA MULHER, O “DEMÔNIO LOURO”! “CORISCO” MORREU SEM VINGAR A MORTE DE “LAMPEÃO”

Material do acervo do pesquisador Antonio Corrêa Sobrinho
A imagem abaixo, de Corisco, eu colhi em site da internet.

Abandonado por todos os companheiros – Quem era Sergia – Um fim dramático.

“Corisco”, o “Demônio louro”, cuja morte se anuncia, depois de um violento combate com as tropas volantes do tenente José Rufino, tem uma história singular. Tornando-se virtualmente o chefe dos remanescentes do bando de “Lampeão”, depois da morte do chefe, “Corisco” redobrou de ferocidade, passando os facínoras dirigidos por ele a desenvolver as atividades mais nefastas e brutais no interior do Estado da Bahia.

Dizia-se que o “Demônio louro” chamara a si a tarefa de vingar a morte do chefe abatido. Dia a dia, chegavam à capital baiana notícias de toda a ordem, que redobravam de intensidade e ferocidade. Aquele homem, jovem ainda, mas portador de tara tremenda, aquele homem que desconhecia qualquer espécie de sentimento humano, em cujo coração a piedade e o amor eram absolutamente estranhos, como que se reclinando, num esforço supremo, empregava todas as suas atividades, todas as suas energias, na obra tremenda de destruição e de banditismo em que havia ingressado.

Quando, há dias, destas colunas, noticiávamos, segundo informação do nosso correspondente na capital baiana, que José Porfírio, o “Velocidade”, se havia entregue às autoridades, eram atribuídas ao bandoleiro, remanescente do grupo de “Lampião”, declarações verdadeiramente sensacionais e, sobretudo, deveras surpreendentes.

“Corisco”, e “Demônio louro” – aquele facínora indomável, estava inteiramente subjugado nas mãos de uma mulher – Sergia, a sua companheira, era o verdadeiro chefe do bando. Enquanto que seus companheiros de luta, premidos pelo cerco constante que se ia apertando, dia a dia, iam um por um, entregando-se à Polícia. Tornara-se inútil qualquer resistência. Cada dia que passava vinha aumentar ainda mais as dificuldades e piorar a situação de desespero em que se encontravam os bandidos, à mingua de recursos, escorraçados de toda a parte. O futuro se desenhava sombrio. Ou terminar os dias numa cadeia pública, ou encontrar a morte certa, sob as balas dos soldados volantes. Muitos preferiram a primeira alternativa. “Corisco”, mesmo, segundo a opinião de “Velocidade”, de há muito teria tido igual atitude. Mas Sergia o impedia, chegando, mesmo, segundo afirma aquele bandoleiro, o ameaçar o “Demônio louro” de morte. Tinha que continuar, até o fim.

Esta é a noção de honra dos bandidos. Jamais se entregar à prisão. Uma vez integrado no bando, lutar até o fim...

O “Demônio louro” teve a sua primeira fraqueza na vida. Nos últimos momentos da sua existência de criminoso invulgar, deixou-se inteiramente dominar por uma mulher.

Aquele homem terrível, que não vacilava diante das mais horríveis atrocidades, deixou-se subjugar, nos últimos e trágicos dias em que viveu, pela vontade inabalável de uma mulher, que não vacilou, ante a fraqueza do companheiro, em assumir a direção efetiva do bando.

“Corisco”, se, por um lado, não chegou a trair seus companheiros, estava virtualmente aniquilado como chefe. Já não era mais o sucessor de “Lampião”. Este, não era, sendo, Sergia, a sua companheira, que se encontra gravemente ferida.

Jornal o GLOBO – 27/05/1940

Fonte adquirida: facebook
Página: Antonio Corrêa Sobrinho
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CINEMAS DE JOÃO PESSOA CINE PLAZA DO GRUPO LUCIANO WANDERLEY.

 Por Jerdivan Nóbrega de Araújo

Cinemas de João Pessoa. Cine Plaza do grupo Luciano Wanderley. Assim como o Municipal o Plaza era localizado na Visconde de Pelotas. Era comum ver Luciano coletando os ingressos nesse cinema.


Jerdivan Nóbrega de Araújo


Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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CANGAÇO LAMPIÃO NA SERRA GRANDE PARTE 2

https://www.youtube.com/watch?v=Qv8mSwXp2Ok

Publicado em 10 de jun de 2013
Este Vídeo Mostra o Verdadeiro Local do Combate da Serra Grande, Nele Veremos que Tudo Aconteceu No Município de Calumbi, e Não e Serra Talhada Como Se Pensava.

Pesquisador - Lourinaldo Teles.
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DA CANGA AO CANGAÇO

*Rangel Alves da Costa

O boi geme sob a canga. O ferrão da vara lhe adentra a pele, fere, machuca, faz sangrar. Mas não adianta o berro, o gemido, o mugido de dor. O ferrão é insensível, a vara também. O carreiro não tem olhos para o sofrimento nem para o sangue espargindo a vermelhidão da crueldade.

O homem também geme sob a canga. O seu algoz o escraviza como ser submisso, um reles qualquer que nasceu pra sofrer. Por isso dá-lhe de chibata, de ferrão, de açoite, de lapoada. Ainda o coloca no tronco para completar o serviço.


A estrada é longo, dura, espinhosa, difícil demais de seguir. O carreiro - carrasco ferrador - sequer quer saber do cansaço e do sofrimento do bicho. Ele vai em riba do carro, sentado ao redor da carga, protegendo-a. O bicho na canga que se lasque, que morra.

Também ao carrasco humano, o capataz ou algoz, o executor da crueldade, pouco importa a ferida que vai abrir na pele, no sentimento ou no coração daquele que escraviza, que mantem debaixo de canga. Ora, é seu escravo e como tal deverá padecer ao seu desejo.

Assim, abaixo da canga vai sempre aquele que carrega o peso da submissão, da escravidão, da sujeição, do servilismo, da humilhação. E tanto bicho como homem é tratado assim, na covardia do ferro e do fogo, do grilhão e da ponta afiada, da chibata e do açoite.

Quem merece viver assim? Aos olhos modernos seria o fim do mundo. Ao menos teoricamente, não mais se admite a escravidão em terras desenvolvidas nem se comunga com maus-tratos aos animais. Mas nada que tenha desparecido de vez. Há jugo e cativeiro por todo lugar.

Qual a dor sentida por um bicho-animal ou um bicho-homem debaixo do aprisionamento da canga? O sofrimento é mudo, ainda que grite. A dor é escondida, ainda que sangre aos espasmos. E assim por que o algoz jamais quer saber se ali adiante existe uma pedra ou um coração.

Por isso mesmo que a canga simboliza o trato sempre humilhante. Por isso mesmo que a canga representa a incoerência, a arrogância, a mais absurda violência, pois simplesmente impondo o sofrimento. Daí que a canga é a aprisionamento da força, da alma, de qualquer forma de dignidade.

Há de se observar que a canga acima do pescoço sempre força que a criatura se mantenha de cabeça baixa. Quando mais abaixada a cabeça mais fácil será de domá-lo, dominá-lo, feri-lo, açoitá-lo, guiá-lo por onde quiser. Quanta mais baixa a cabeça mais se perde a força de pensar, de agir, de reagir aos tormentos que lhe são impingidos.

Sob a canga, o mundo ao redor é somente aquele que está naquela direção ou mais abaixo. Não há céu, não há horizonte, não há liberdade de se desejar novos ares. E qualquer tentativa de erguer um pouco mais a cabeça logo será reprimida com mais ferroadas, com mais atrocidades.

Foi assim que surgiu o cangaço. Não se espante não, pois foi assim mesmo. A partir de homens tidos, tratados e maltratados, feito bichos e mantidos abaixo de cangas. Neste sentido é que se diz que o cangaço surgiu do peso da canga, tornado insuportável demais para ser carregado.

Homens tratados feito bichos, feito escravos, feito reles submissos. Sertanejos mantidos nas agruras da dor e do sofrimento pelas perseguições da política e do poder. Nordestinos considerados sem qualquer valia perante os senhores dos latifúndios, aqueles arrogantes senhores donos do mundo.

E sobre os humildes, porém valentes e encorajados homens, um dia a canga deixou de ser suportada através do ferrão do poder. Aqueles valentes e decididos homens não mais aceitaram ser chicoteados, feridos e humilhados, pelas injustiças da justiça, pelas baratas perseguições, pelos aviltamentos impostos pelos governantes.

Que situação mais desumana se manter tão nobres e valentes sertanejos sob a canga. Mas assim se fazia. Ora, o homem da terra era sempre desprotegido em tudo. Seus direitos eram sempre usurpados pelo poder. Não podia recorrer a ninguém que lhe resguardasse a mínima dignidade.

O que fez, então? Teve a coragem de tirar tanto peso de suas costas, de se desfazer das amarras do seu pescoço, de jogar ao longe os grilhões e as correntes, e se assumir como dono do seu destino. E pegou em arma para mostrar sua honradez, para dizer que quem com ferro fere com ferro será ferido.

Assim, o cangaço nasceu desses homens desgarrados da canga. Da canga indignamente mantida na sujeição foi que nasceu o cangaço como forçada e dura libertação. E se fez cangaceiro todo aquele que ainda levava no lombo o sangue apenas estancado pelo sofrimento outrora imposto.


Escritor

blograngel-sertao.blogspot.com

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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CONVITE


Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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O ASSASSINATO DE CORISCO


O alagoano Cristino Gomes da Silva Cleto foi um ‘cabra’ de Lampião em dois períodos distintos. O primeiro período foi nas quebradas do sertão pernambucano, na região do Pajeú das Flores, onde recebera a alcunha de “Corisco”, e tendo como chefe direto o cangaceiro “Jararaca”, José Leite Santana, natural de Buíque, PE, muito curto, e o segundo, já na fase baiana, mais longo, no entanto, sem ter tanta participação constante entre os dois bandos. Há não ser quando Corisco era convocado, assim como os outros chefes dos subgrupos também eram, para uma empreitada maior de tempos em tempos. Com essa ‘convocação’ o “Rei dos Cangaceiros” lembrava a seus ‘súditos’ quem comandava.


“(...) um novo componente do bando de Lampião chamou a atenção do cangaceiro Jararaca, um dos seus lugares-tenente mais valentes e perigosos. O novo cangaceiro era Cristino Gomes da Silva Cleto, soldado desertor do Exército que servira em Aracaju,(SE), nascido em 10/08/1902(...) nas encostas da Serra da Jurema, próximo a cidade de Matinha de Água Branca (atual Água Branca). Cristino entrara para as fileiras do cangaço no dia 24 de agosto (de 1926)( quatro dias antes do ataque (a fazenda Tapera)) na vila de Santa Maria (atual Tupanaci), à margem direita do rio Pajeú, sendo recebido por Lampião, na casa do senhor José Bezerra. Era valente no combate e da boca de seu rifle papo amarelo parecia sair fogo. A rapidez com que se movia lembrava um raio, rolava pelo chão, atirava e gritava descompondo o inimigo. Surgiu ali o apelido que o acompanhou para o resto de sua vida: “CORISCO”(...).” (“AS CRUZES DO CANGAÇO – Os fatos e personagens de Floresta – PE” – SÁ, Marcos Antônio de. E FERRAZ, Cristiano Luiz Feitosa. Floresta, 2016)

Cristino inicia sua saga no pequeno Estado sergipano, quando era soldado do Exército brasileiro, destacando, servindo, no 28º Batalhão de Caçadores de Aracaju, durante a Revolta Militar de 1924, iniciada em São Paulo, SP, e tendo como consequência na Capital do Estado de Sergipe, Aracaju, uma ‘revolta’, ou motim, onde se tentou dar um golpe, sendo o mesmo abafado pela Força legal no interior do Estado e outra frente vinda do vizinho Estado baiano. Com a derrota dos ‘revoltosos’, Cristino e boa parte dos homens que participaram sob ordens superiores, fogem e tornam-se desertores.

Havia bons motivos para eles andarem longe um do outro, Lampião e Corisco. Primeiro para confundirem as volantes que os cassavam dia e noite, e o segundo, as companheiras, de Lampião, Maria Gomes, a cangaceira Maria Bonita, e de Corisco, Sérgia, a cangaceira Dadá, não se ‘bicarem’ muito. Essa ‘distância’ entre os grupos, prevista e projetada entre os dois bandos, era uma tática que deu bons resultados. Ocorreram fatos em dias iguais, em lugares distantes e diferentes, deixando as Forças que os perseguiam desnorteadas. E foi motivo de manchetes em jornais da época essa façanha empregada pelos cangaceiros, onde noticiaram Lampião e seus homens estarem agindo em lugares distantes e distintos, isso em jornais de cidades diferentes. Quanto às companheiras, acreditamos que o temperamento das duas era igual, faltando muito pouco para elas irem ao estremo. Maria, certa feita, condena uma cangaceira, companheira do chefe de subgrupo, o cangaceiro “Português”, que teve um ‘romance’ com o cangaceiro Gitirana, ‘cabra’ de Corisco, a morte.

Era ‘lei’ dentre os cangaceiros que se houvesse traição, a mulher traidora seria condenada a morte. Ocorreram casos do tipo. Porém, nem o cangaceiro Gitirana, nem a companheira de “Português”, a cangaceira “Cristina”, nesse caso, são condenados em princípios, coisa que só depois “Português” encomenda a morte de sua companheira, principalmente pela intervenção direta de Corisco na defesa do seu ‘cabra’. O cangaceiro “Português” não teve coragem de matar sua companheira, como ditava a regra, a cangaceira Cristina, nem tão pouco de ‘topar’ o cangaceiro “Gitirana”, pois, no momento, teria que enfrentar o “Diabo Louro”.

“(...) tratou-se do desfecho do relacionamento amoroso entre Cristina e Português. Ela o havia traído com um integrante do bando de Corisco - o cangaceiro Gitirana - e Português contratara Catingueira para “limpar sua honra maculada” (...) Maria Bonita e Lampião estavam no mesmo acampamento e, por acaso, se aproximaram deles. Maria Bonita adiantou-se, sugerindo a Catingueira que a pessoa a ser eliminada deveria ser Cristina (a verdadeira culpada, segundo ela) e, não, Gitirana. Naquela hora, Corisco retrucou: Ela deu o que era dela! Ninguém tem nada com isso! Insatisfeita com a resposta, Maria Bonita continuou defendendo a contrapartida masculina: É, mas Português vai ficar desmoralizado! Já impaciente com aquele confronto, o Diabo Louro deu um basta à discussão:

"Ele que cuide da mulher dele! Do meu rapaz, cuido eu!"

“(...) Em relação àquele desenlace amoroso, Lampião deu total apoio a Corisco. Cristina permaneceu com o bando, escondida durante alguns meses. Todavia, como era de se esperar, ela foi morta quando ia para a casa de familiares, já que Português contratara outros cangaceiros para matá-la. Neste sentido, não restava dúvidas: o adultério feminino não era tolerado nos bandos do Nordeste (...).” (VAINSENCHER, Semira Adler. Corisco. Fundação Joaquim Nabuco).

Corisco foi um dos cangaceiros, já como chefe de grupo, que fez muita bagunça por onde andou. Sua maneira de ‘tratar’ o inimigo, soldado, ou suas vítimas, com grandes requintes de crueldades, torturas, tornaram-no num grande terror nas regiões dos três Estados em que mais agiu, Bahia, Sergipe e Alagoas.

Após a morte do “Rei dos Cangaceiros”, em 28 de julho de 1938, no leito do Riacho “Angico”, na Fazenda Forquilha, no município de Poço Redondo, SE, afluente da margem direita do Rio São Francisco, seu lugar, para alguns historiadores, seria ocupado pelo chefe cangaceiro Corisco. Vejam bem, nessa época existiam vários subgrupos chefiados por diferentes chefes e, a nosso ver, qualquer um poderia assumir o comando geral, no entanto, talvez pela valentia, disposição e/ou aproximação com Lampião, muitos escritores o colocam como sendo o sucessor direto de Virgolino no comando do Cangaço.

“(...) Essa fazenda é conhecida como fazenda Angico, porém, apenas a título de curiosidade, seus atuais proprietários, descendentes da família de Pedro de Cândido, ou seja, descendentes de D. Guilhermina, me disseram que a fazenda é registrada com o nome oficial de fazenda Forquilha (...).” (“LAMPIÃO – O CANGAÇO E SEUS SEGREDOS” – BASSETTI, José Sabino. Salto, SP, 2015)

A maneira de Corisco agir, apesar de ter tido escola militar, diferenciava-se totalmente daquela usada pelo “Rei dos Cangaceiros”, principalmente em termos de planejamento, o que era essencial para dar-se prosseguimento a existência do bando, colocando a emotividade a frente do projeto de ataque, defesa e fuga. Tanto ele, como os outros chefes, citando como exemplo, ao enviarem os famosos ‘bilhetes’ de extorsão, em vez de terem a quantia, ou parte dela enviada pela pessoa alvo, recebiam outro bilhete com desaforos e mandando irem, eles mesmos, buscarem a quantia exigida.

A verdade é que com a eliminação de Lampião, o cangaço desmorona-se ficando os cangaceiros restantes, feito baratas tontas, sem saberem o que fazerem. Nem munições sabiam onde irem buscar ou mandar que enviassem. Esse tipo de fornecedor Lampião não disse, já que ele próprio era quem fornecia, vendendo-a diretamente aos chefes dos subgrupos, pelo menos que saibamos, quem era. Documentos foram encontrados com ele, em seus espólios, porém, o conteúdo verdadeiro que continham não fora exposto ao público.

“(...) É - mais que nunca - o tempo dos ‘bilhetes’, escritos para pedir dinheiro aos mais afortunados. Contudo, estes já não têm mais o poder de outrora. Lampião está morto e quase todos os bandoleiros se entregaram à polícia. Outro tanto fugiu para lugar incerto. O proverbial ‘medo de cangaceiro’ começa a perder força por entre a população sertaneja. Os antigos coiteiros em sua maioria, já não prestam os favores dantes. O cangaço marcha célebre para o ocaso (...).” (“CORISCO – A SOMBRA DE LAMPIÃO” – DANTAS, Sérgio Augusto de S.. Natal, 2015)

O velho ditado já profetiza de que ‘quem tem, tem medo’, e referindo-se a própria vida, ou a perda dela, aí é que o arrocho cresce, então começam a entregarem-se. Não viam outra saída se não entregarem-se, e naquele momento foi à decisão mais correta que tomaram, pois, do contrário teriam tombados todos pelas balas disparadas pelas armas dos contingentes das Forças Publicas que os perseguiam. Apostaram em que se entregando tinham uma chance de sobreviverem por mais um espaço de tempo, no que acertaram em cheio.

É sabido por todos que tanto cangaceiros quanto volantes bebiam bebidas alcoólicas em demasia. Como em qualquer grupo de qualquer escala militar ou de guerrilheiros, ou ainda, de cangaceiros, há aqueles que bebem por beberem, no entanto, tem aqueles que bebem para perderem o medo, não só de matar, mas, e principalmente, de morrer. Dentre todas as camadas sociais, existem alguns que já trazem uma espécie de susceptibilidade ao alcoolismo em seus genes, e tornam-se dependentes alcoólicos crônicos, inclusive hoje, já é tido como doença crônica. Por outro lado, causas ou consequências no decorrer da vida de qualquer um, com seus altos e baixos, dependendo de como o mesmo encara essas ocorrências, a bebida torna-se um fator essencial para que, iludidos, pensem que embriagados não ‘estariam’ com seus ‘espectros’ a perturbarem-nos, usando o álcool como um meio de ‘fuga’ da realidade. Mais uma ilusão do ser humano.

Relatos de vários historiadores, de ex-cangaceiros e de ex-volantes, nos dizem que Corisco torna-se, a partir de determinado momento, um bebedor inveterado. O alcoolismo toma conta do seu corpo e cérebro, não o deixando tomar determinadas decisões importantes para o grupo. Com isso, sua companheira, a cangaceira Dadá, toma as rédeas de chefia e passa a comandar os ‘cabras’. Num ‘mundo’ quase que totalmente masculino, receber ordens de uma mulher, mesmo sendo a cangaceira Dadá, é demais para alguns dos homens e esses terminam por deixarem o bando. Após saírem do grupo de Corisco, alguns passam a fazerem parte de outros ou fogem do cangaço procurando as autoridades e entregam-se. E, o já pequeno grupo, diminui mais ainda.

“(...) Nas raras horas em que está sóbrio, Corisco apresenta raciocínio embotado; humor depressivo. É aí que Dadá, desnuda de qualquer cerimônia, se arvora na qualidade de chefe da falange. Assume o comando do resto do grupo sem o menor constrangimento – e sem qualquer resistência por parte do marido. Um dos cangaceiros que trabalhou para o Diabo Louro neste delicado período, em particular, ressaltaria, mais tarde, que “ela (Dadá) é que é a chefe do grupo. Dá ordens, grita, manda. E Corisco obedece-lha, sem discutir”. (José Porfírio dos Santos, o ‘Atividade II’, A Tarde, maio de 1940) (...).” (“CORISCO – A SOMBRA DE LAMPIÃO” – DANTAS, Sérgio Augusto de S.. Natal, 2015)

No dia 8 de agosto de 1939, um ano e onze dias após a morte do chefe mor do cangaço, Virgolino Ferreira, o cangaceiro Lampião, Corisco é baleado nos braços pelo soldado volante João Torquato dos Santos, que estando no momento sozinho, pois seu companheiro, o soldado Francisco Amaral, se borra de medo e dar no pé. Pois bem, além de ferir o chefe, termina por eliminar dois de seus homens, os cangaceiros “Guerreiro” e “Roxinho”, terminando tendo, também, trocado tiros com Dadá, essa, ao ter ficado com a pistola descarregada, sem munição para recarregar, agacha-se, apanha pedras e as atira no soldado, ao mesmo tempo em que empurrava seu marido, Corisco, para dentro do mato, procurando refúgio.

“(...) Surpreso se ver frente a frente com apenas um soldado. A surpresa lhe foi fatal. Havia perdido precioso tempo. O tempo necessário para João Torquato disparar a sua arma e atingi-lo, com incrível sorte, justamente nos dois braços do lendário cangaceiro (...). A companheira de Corisco, aparece, com todo esplendor de sua coragem e valentia, à frente daquele homem fardado que mais parece um demônio. Não irá abandonar o seu amado em momento tão doloroso. Irá defendê-lo até, se preciso fosse, a morte(...) atira no temível agressor. Os disparos são contínuos. João desvia sua atenção de Corisco e se vê obrigado a enfrentar a guerreira. Dadá atira sem parar. Atira e empurra o companheiro para uma baixada ali perto. As balas de sua arma acabam e a cangaceira, como se fosse uma suçuarana defendendo os seus filhotes se vale de um novo e inesperado armamento: pedras. Apanhando-as sacode-as no maldito que queria matar o seu grande amor (...).” (“LAMPIÃO ALÉM DA VERSÃO – MENTIRAS E MISTÉRIOS DE ANGICO” – COSTA, Alcino Alves. 3ª Edição. Cajazeiras, PB, 2011).

Após esse combate, Corisco, o cangaceiro não mais tem condições de lutar. Seu codinome seguira só, sem seu dono, reaparecendo Cristino Gomes da Silva Cleto, só que desta vez, cansado, mais velho e aleijado. Os ferimentos foram grandes, romperam e destruíram tecidos essências a flexão, extensão e rotação dos braços. O projétil termina rompendo vasos e atingindo músculos, nervos, tendões, ligamentos e ossos, retirando a possibilidade de movimentação nos membros superiores. Talvez até se tivesse tido uma assistência profissional, adequada, Cristino não tivesse perdido tais movimentos, no entanto, sua ‘enfermeira’, sua ‘doutora’, fora sua esposa, Dadá. Ela, em um relato, muito tempo depois, cita que até o odor era demais, nos mostrando o tamanho da infecção. Ela, com o auxílio de uma pequena faca, cortava os tecidos necrosados, mortos, fazendo uma espécie de ‘desbridamento’ forçado, retirando as partes lesadas e lesando as sãs, também retirava pedaços de ossos que a bala tinha fragmentado, fazendo os curativos na medida dos seus conhecimentos, e com o equipamento disponível, faca e punhal, usando os remédios que a natureza, através da caatinga, lhes fornecia.

A partir de então, aquele que fora tido como o maior dos terrores dos sertões baiano, alagoano e sergipano, está definitivamente fora de ação. Não tem condições de segurar uma arma para lutar. Seu, já pequeno grupo, acaba de acabar e chega a ser composto por apenas ele, sua esposa Dadá, um cangaceiro, Rio Branco, e sua companheira, a cangaceira Florência.

Cristino tenta, por diversas vezes se entregar, porém, sua esposa não ‘consente’. Certa vez, até fora marcado o local de onde se entregaria, após o mesmo dizer para um comandante da Força baiana, onde estariam, ainda colocadas por Lampião, escondidas certas armas, munição e joias, mas, não fora realizado, ainda dessa vez não ocorreu à entrega do alagoano, mesmo o comandante achando a ‘botija’ e a removendo para o quartel.

“(...) o cangaceiro sustenta que teria informações valiosas sobre lugares onde estariam escondidos ‘munição, algumas armas e joias de ouro e de prata’. Uma parte desse material, segundo se fazia entender através destas cartas, era produto de assaltos. A outra teria sido escondida há muito tempo, pelo próprio Lampião (...).” (“CORISCO – A SOMBRA DE LAMPIÃO” – DANTAS, Sérgio Augusto de S.. Natal, 2015)

Já em maio de 1940, em sua segunda metade, Cristino, Sérgia, e o casal de cangaceiros, solicitam de um coiteiro, a permissão para levarem sua filha com eles, já que estavam em rota de fuga. O pai da menina, depois de ficar sabendo como sua filha seria tratada, permite que a levem. Essa foi uma estratégia usada pelo pequeno grupo, um cangaceiro, duas mulheres e um aleijado, para melhor despistar os perseguidores, já que todos sabiam que cangaceiros não andavam com crianças. Trocam de nomes, ensinam como a menina deveria chama-los e danam-se de Bahia adentro, em busca da liberdade.

Essa criança é a adolescente Josefa Erundina de Almeida, chamada por todos de ‘Zefinha’. Filha de um antigo coiteiro de Corisco, Braz Francisco de Almeida, alcunhado por ‘Braz dos Couros’, que morava no município de Bebedouro.

“(...) Então, o antigo lugar- tenente de Lampião propõe ao curtidor de couros:

- “Braz, quer me dar essa menina? Eu levo ela comigo para Bahia!”

O curtidor pensou um pouco e falou:

- “Se o senhor garantir que leva a menina para Bahia e bota nos estudos, eu dou. Porque, aqui, não posso dar a educação precisa a ela” (...).” (“CORISCO – A SOMBRA DE LAMPIÃO” – DANTAS, Sérgio Augusto de S.. Natal, 2015)

Vemos que não ocorreu o tão famoso sequestro que tanto fora divulgado pela própria imprensa. A fonte citada divulga uma espécie de ‘adoção’ feita pelo casal Cristino e Dadá, onde estariam de acordo os pais da criança.

Um dos ‘cabras’ do grupo que debandaram, José Porfírio dos Santos, o cangaceiro Velocidade II, ao entregar-se as autoridades, é interrogado. Nas revelações que faz, ele diz que seu chefe não se entrega por que sua esposa não permite. Ainda mostra o suposto ‘roteiro’ que pretendia fazer o pequeno grupo, além de contar como estava fisicamente o cangaceiro “Corisco”, ou seja, dedurou que ele estava aleijado, sem condições de lutar.

De posse no relato do depoimento do cangaceiro que se entregara, o Jornal A Tarde publica, isso, já em maio de 1940:

“Inutilizado, incapaz de lutar, Corisco foge ameaçado de morrer, se tentar abandonar o banditismo. Triste sorte esta para o antigo lugar-tenente de Lampião.”

O tenente Zé Rufino, sempre citado que fora o maior estrategista dentre os comandantes das volantes por vários pesquisadores, o que realmente fora, pois sua tropa foi quem mais matou cangaceiros, está a muitas léguas de distância desse grupo em fuga. Mesmo assim, resolve, segundo ele mesmo por ordens superiores, saírem em sua pista. Em termos de estrategista, o comandante Zé Rufino se equipara aos estratagemas de Lampião. Ele, como cita o antigo ditado, ’não colocava a mão em cumbuca, sem saber o que tinha dentro’. Antes de qualquer ataque aos bandos que enfrentou, analisava o terreno, para depois atacar, dava contraordens durante o conflito, dependendo da situação e procurava, minuciosamente, detalhes após a luta. assimilando conhecimentos para os próximos confrontos. No entanto, ele envia aos superiores que o ordenaram a caçada, os capitães Felipe Borges e Rehen, um telegrama da cidade baiana de Djalma Dutra, tendo a certeza do encontro e da vitória diante dos fugitivos.

Ao pesquisarmos outras informações prestadas pelo tenente Osório aos seus superiores, anteriores a essa perseguição, jamais nos deparamos com ‘tanta certeza’ quanto ao resultado do que viria, ou estava para acontecer nessa feita ao cangaceiro “Corisco”. Esse detalhe só nos vem ‘dizer’ o quanto se sabia da incapacidade de Cristino lutar. Ficando mais fácil enfrentar duas mulheres e um só homem, o cangaceiro Rio Branco, jovem com 19 anos sem experiência em lutas.

Andaram muito tempo a pé, romperam distâncias a cavalo e, por fim, encurtaram a distância em cima de um caminhão. Vários dias depois, já na tarde do dia 25 de maio de 1940, estão diante de um dos casais em fuga, o outro correu e não foram perseguidos, abrindo um enigma muito grande, a nosso ver, pelo deixar pra lá, se era um casal cangaceiro. Na verdade, a meta de Zé Rufino seria apenas e somente Cristino? Pois só vemos alguma notícia de perseguir o outro cangaceiro, no mês de junho daquele ano.

Jornais citam o ocorrido em tudo que é lugar. Na Capital do país, como sempre, a imprensa prioriza o ‘confronto’ que resultou na morte do sucessor de Lampião.

O jornal O Estado da Bahia, relata, em sua matéria de 1º de junho de 1940, como ocorreram os fatos no ‘combate’ onde tombou o ‘Diabo Louro”.

“E saltando pela porta dos fundos enquanto atirava com um enorme parabélium, Corisco logo seguido pela sua mulher, que também fazia fogo correu para o mato (...).” (Transcrito) (“Fim do Cangaço: As Entregas” – BONFIM, Luiz F. de A. Paulo Afonso, 2015)

Nesse trecho da notícia, o jornal tenta mostrar um homem em condições de lutar. No trecho seguinte, também notamos essa ‘intenção’, vejamos:

“O bandido não parava. Vez por outra, virava-se rápido, descarregando seu Parabélium, e a sua figura hercúlea, com os cabelos louros, soltos ao vento, bem justificava o apelido que o povo lhe deu.

Era o Diabo Louro em ação.” (Transcrito) ("Fim do Cangaço: As Entregas” – BONFIM, Luiz F. de A. Paulo Afonso, 2015)

Além de outros equívocos, o maior seria dizer que estava com os cabelos longos, não sendo verdade, pois o mesmo tinha mando cortar os cabelos, que não eram louros, e sim, ruivos. Notamos que seus cabelos estão curtos, quando vemos a foto dele morto.

Vejam bem, nos dois trechos mostrados, cita que ele atirava com seu Parabélium. Pois bem, vejam no seguinte, em qual das mãos ele segurava a arma e atirava, além de recarregar, pois se descarregou, tem que recarregar se não, não atira, é citado:

“A uns dez metros de distância, o tenente Rufino viu que Corisco fora baleado no braço direito, deixando cair a arma e gritou-lhe outra vez: - Se entrega Corisco! (Transcrito) "(“Fim do Cangaço: As Entregas” – BONFIM, Luiz F. de A. Paulo Afonso, 2015)

Ora, o braço direito de Cristino deste há vários meses, agosto de 1939, que não servia nem para ele pegar numa colher e comer. Alguns autores ainda citam que ele conseguia, com muito esforço, segurar uma pistola com a mão esquerda, mesmo sendo, segurar é uma coisa, manejar e atirar é outra totalmente diferente. Quanto mais saltar uma porta, correr, atirar e recarregar a pistola? Totalmente sem lógica.

Não sabemos se realmente ele garantiu a vida de Cristino quando estavam naquela fazenda, depois relatando que Cristino diz: “Estou satisfeito, sou homem pra morrer e não para me entregar”. Esse dizer do militar não seria uma maneira de esconder, ou desviar a atenção da população, sobre a covardia de matar um homem que não tinha condições de lutar? Para nós aparece uma ‘cachoeira’ de porquês: Será que sua intenção não era no ouro, nas joias ou no dinheiro que supunha levassem os cangaceiros? Com certeza Zé Rufino sabia que o que fora arrecadado nos espólios dos cangaceiros mortos em Angico, em 1938, fora uma soma bastante elevada, e como sendo Cristino o sucessor direto de Lampião, segundo a própria imprensa, também teria uma enorme soma, então daria de qualquer jeito o bote, mas, apenas com a intenção nos espólios? Por que o comandante não autorizou aos homens deceparem a cabeça do cangaceiro, ato costumeiro que lhe fez famoso e o ajudou a galgar diversas patentes militares? Teria sido o temor de um castigo por cortar, ou ordenar cortarem, a cabeça de um aleijado?

Zé Rufino, em seu leito de morte, muito tempo depois daquela tarde de maio de 1940, manda chamar Dadá e pedi-lhe perdão. Esse pedido teria vindo através de qual ‘pecado’? Só pede-se perdão quando se peca. Será que não fora a consciência pesada por ter matado uma pessoa que não tinha condições físicas de segurar em suas mãos uma pistola, nem tão pouco um fuzil, mesmo sendo Corisco?

Para nós, não ocorreu luta, e sim um assassinato. A tropa que assassinou Cristino era entre 14 e 15 homens, no mínimo, esses homens não tinham a força e coragem de pegar no braço um aleijado? Eles abriram foi fogo ao comando direto do comandante, resultando na morte de um renomado cangaceiro cruel e assassino, porém, na oportunidade, aquela pessoa só tinha o nome, impossibilitado de lutar. Porém, não somos donos da verdades, apenas expomos o resultado do confronto sobre pesquisas bibliográficas,ficando ao entender de cada um com a sua interpretação.

Fotos Benjamim Abrahão
“Fim do Cangaço: As Entregas” – BONFIM, Luiz F. de A. Paulo Afonso, 2015
Acervo de Devanier Lopes
Acervo Robério Santos
Google.com

2ª Fonte: Facebook
Página: Sálvio Siqueira
Grupo: Historiografia do Cangaço
Link: https://www.facebook.com/groups/1617000688612436/

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SITUAÇÃO VOLUMÉTRICA DOS RESERVATÓRIOS DAS HIDRELÉTRICAS DA CHESF


Meus Prezados,
Seguem as dificuldades de gerenciamentos volumétricos das represas de Sobradinho e de Três Marias. Maio é mês de início da quadra de estiagens na bacia do São Francisco, com o rio apresentando baixos volumes e com um agravante adicional: a existência de importantes retiradas volumétricas através do projeto da transposição de suas águas.

A Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco encerrou o período chuvoso, com as represas reguladoras de vazão e, também, geradoras de energia, com seus volumes muito baixos. Com o encerramento da quadra chuvosa, as represas de Três Marias e, agora, Sobradinho começaram a depreciar suas capacidades acumulatórias. Três Marias, por exemplo, está com uma afluência de 73 m³/s e uma defluência de 263 m³/s, esse fato resultou na redução de seu percentual volumétrico, passando de 31,41%, da semana anterior, para 30,83%, na atual. Já Sobradinho está com uma afluência de 388 m³/s e uma defluência de 755 m³/s, fato que reduziu o seu percentual volumétrico de 14,77%, da semana anterior, para 14,27%, nessa semana. Pereira Bode Velho, alerta para a rápida diminuição volumétrica de Sobradinho (ver gráfico abaixo). Os baixos volumes atuais do Rio São Francisco e, também, dos reservatórios das regiões Centro Oeste/Sudeste (41,29% - 18/05/2017), são o principal motivo do acionamento das termelétricas na geração de energia do País, em socorro às hidrelétricas. Esse fato resultou no aumento nas tarifas de eletricidade do usuário da energia, estando, atualmente, operando em bandeira vermelha.  Para o agravamento desse caótico quadro, o projeto da transposição continua interferido de forma negativa, com retiradas volumétricas significativas, para o atendimento das demandas hídricas da região Setentrional nordestina. A exploração descontrolada das águas subterrâneas nos aquíferos (Urucuia e outros) e, agora, na região do Submédio São Francisco, com o projeto da transposição, também têm interferido nas reduções das vazões do rio. Esse fato, provavelmente, está acontecendo ao longo de toda bacia do rio São Francisco (vide gráficos de Pereira Bode Velho, abaixo). A natural redução de chuvas na região tornará mais difícil à recuperação, tanto da represa de Três Marias, como de Sobradinho, até o final do ano em curso. Preocupada com isso, a ANA emitiu nota estabelecendo a redução das defluências, em ambas represas.  As fracas ou mesmo inexistentes precipitações resultaram, nessa semana, em um cenário hidrológico preocupante, com as vazões nos postos de observação da Chesf muito baixas, porém estáveis: no posto de São Romão, que na semana anterior estava com 417 m³/s, passou, nessa semana, para 410 m³/s. No de São Francisco, que na semana anterior estava com 371 m³/s, passou para 349 m³/s; no de Bom Jesus da Lapa que estava com 542 m³/s, passou para 483 m³/s e no de Morpará, que na semana anterior estava com 588 m³/s, agora está com 548 m³/s, respectivamente. A afluência volumétrica na represa de Sobradinho permaneceu inalterada nos 388 m³/s. A defluência da represa permaneceu estável, passando de 753 m³/s, da semana anterior, para 755 m³/s nessa semana. Opercentual volumétrico de Sobradinho começou a cair. Na semana anterior haviam sido registrados 14,77% de seu volume útil. Na atual está com 14,27%. A barragem continua com o seu percentual volumétrico com cerca da metade do que aquele verificado em igual período do ano anterior (atualmente 14,27% - ano anterior 28,40%).

Uma curiosidade: em 2015, ano no qual a represa de Sobradinho alcançou, no mês de novembro, 1% de seu volume morto, no dia 22/05 daquele ano, a represa apresentava percentual volumétrico de 21,20%. No dia 19/05 de 2017, Sobradinho está com 14,27%, um fato preocupante tendo em vista o atual cenário de desidratação existente em toda bacia do rio. Portanto, o alcance do volume morto de Sobradinho, em 2017, é um fato concreto.

Na semana (19/05), o quadro atual de penúria hídrica vem trazendo reflexos negativos ao projeto da transposição. As águas do Velho Chico estão chegando, na represa de Boqueirão, em volumes muito reduzidos (estima-se em cerca de 1,5 m³/s, apenas), o que obrigou as autoridades a divulgarem nota esclarecendo o atraso para o encerramento do racionamento de água, na cidade de Campina Grande. Houve, também, incertezas da chegada da água nas torneiras dos municípios atendidos pelo projeto, motivando, inclusive, a população de Monteiro, na Paraíba, a protestar pela falta d´água na localidade, exigindo providências junto ao governo estadual, para as soluções cabíveis. É importante observar, também, que a continuidade das baixas defluências de Sobradinho (755 m³/s) vem agravando o quadro da progressão da cunha salina na foz do rio (ver a excelente análise de José do Patrocínio Tomaz Albuquerque, abaixo). Existem relatos de pescadores que estão capturando peixes de hábito marinho na região do Baixo São Francisco. A cunha salina tem trazido, também, certos transtornos no abastecimento do município alagoano de Piaçabuçu, que tem servido à população uma água de péssima qualidade, com elevados teores de sais (água salobra). Em igual situação vivem 70% da população de Aracaju, que são abastecidos com as águas do Rio São Francisco, por intermédio de uma adutora, em Propriá, município sergipano localizado em sua margem direita, a cerca de 60 km da foz.

Com a chegada do período de estiagem na região, é ficar na torcida para que as medidas sugeridas pela ANA, de redução das vazões de Sobradinho e Xingó, surtam os efeitos esperados, a fim de que os volumes do Velho Chico voltem a ser utilizados dentro da normalidade esperada. Para tanto, continuaremos atentos para as questões das defluências de Sobradinho (755 m³/s) e, agora, de Três Marias (263 m³/s), pois houve determinação das autoridades do setor, para que essas defluências ficassem estabelecidas em patamares da ordem de 700 m³/s e 160 m³/s, respectivamente, conforme divulgadas na mídia e atualmente praticadas, inclusive com acréscimos naqueles emitidos por Três Marias.


Abraço

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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