Por: Guilherme Machado
Prefácio: Ariano Suassuna
"Estrelas de couro, o livro que eu gostaria de ter escrito”. Diz Ariano Suassuna
ESTRELAS DE COURO - A ESTÉTICA DO CANGAÇO
Obra finalista do Prêmio Jabuti 2011 nas categorias Produção Gráfica e Ciências Humanas
Autoridade no tema Cangaço - expressão do irredentismo popular brasileiro, o historiador Frederico Pernambucano de Mello nos apresenta o livro Estrelas de couro: a estética do cangaço (Escrituras Editora), com prefácio de Ariano Suassuna.
Pernambucano, chamado por Gilberto Freyre de “mestre de mestres em assuntos de cangaço”, mergulha no universo desconhecido de sua cultura material, promovendo a leitura profunda do requinte e dos significados presentes nas poucas peças autênticas de uso dos cangaceiros, a exemplo do signo-de-Salomão, da cruz-de-malta, da flor-de-lis, do oito contínuo deitado, das gregas, de variações sublimadas da flora local, e das tantas combinações possíveis de que se valia o cangaceiro na construção de um traje que atendia à vaidade ornamental de seu brado guerreiro e a anseios bem compreensíveis de proteção mística.
Resultado de estudo profundo a que se dedicou Pernambucano desde 1997, a obra é um ensaio interdisciplinar, um livro de arte com mais de 300 fotos históricas, que contou com a colaboração da Aba-Film (Fortaleza-CE), Fundação Joaquim Nabuco (Recife-PE), Instituto da Memória (Aracaju-SE), Instituto Cândido Portinari (Brodowski-SP), Instituto Ricardo Brennand (Recife-PE), Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas (Maceió-AL), Museu Estácio de Lima / Instituto Nina Rodrigues (Salvador-BA), Museu da República (Rio de Janeiro-RJ) e do autor, que possui o maior acervo de peças de uso pessoal dos cangaceiros, com cerca de 160 objetos, que teve lugar de destaque na Mostra do Redescobrimento - Brasil 500 Anos (2000, São Paulo).
O livro é a primeira produção de história íntima sobre o fenômeno de insurgência social de maior apelo popular do Brasil. Sem perda do caráter epidérmico de banditismo, Pernambucano nos mostra uma tradição brasileira de insurgência recorrente, irmã do levante indígena, do quilombo e da revolta social. E conclui que nos veio do fenômeno a própria marca visual da região Nordeste: não mais que uma estilização da meia-lua com estrela do arrebitado da aba do chapéu de couro dos velhos capitães de cangaço.
“Habitando um meio cinzento e pobre”, conclui Pernambucano, “o cangaceiro vestiu-se de cor e riqueza. Satisfez seu anseio de arte, dando vazão aos motivos profundos do arcaico brasileiro. E viveu sem lei nem rei quase em nossos dias, deitando uma ponte sobre cinco séculos de história. Foi o último a fazê-lo com tanto orgulho. Com tanta cor. Com tanta festa”. Sobre o autor:
Frederico Pernambucano DE MELLO possui formação em História e Direito, sendo Procurador Federal (aposentado) no Recife, cidade onde nasceu. Na Fundação Joaquim Nabuco, integrou a equipe do sociólogo Gilberto Freyre, de 1972 a 1987, período em que se especializou, sob a orientação deste, no estudo da História Social da região Nordeste do Brasil, especialmente em seus aspectos de conflito, tendo publicado os seguintes livros: Rota Batida: escritos de lazer e de ofício (Recife, Edições Pirata, 1983), Guerreiros do Sol: violência e banditismo no Nordeste do Brasil (Recife, Editora Massangana/Fundação Joaquim Nabuco, 1985, ora em 5ª edição pelo selo A Girafa, Editora Arte Paubrasil), Quem Foi Lampião (Recife-Zürich, Stähli Edition, 1993, em 3ª edição), A Guerra Total de Canudos (Recife-Zürich, Stähli Edition, 1997, em 2ª edição pela Editora A Girafa, SP), Delmiro Gouveia: desenvolvimento com impulso de preservação ambiental (Recife, Editora Massangana/Fundação Joaquim Nabuco-CHESF, 1998) e Tragédia dos Blindados: a Revolução de 30 no Recife (Recife, Editora Massangana/Fundação Joaquim Nabuco, 2007). Possui diversos prêmios literários, a exemplo dos concedidos pela Academia Pernambucana de Letras e pelo Governo do Estado de Pernambuco, através da Fundarpe, além de distinções honoríficas civis e militares, dentre as quais, a Medalha do Mérito da Fundação Joaquim Nabuco, a Medalha do Pacificador e a Ordem do Mérito Militar do Exército Brasileiro. É membro dos Institutos Históricos de Pernambuco, Alagoas e Rio Grande do Norte, do Instituto de Geografia e História Militar do Brasil, e da Academia de História Militar Terrestre, tendo sido curador internacional da Fundação Bienal de São Paulo por cinco anos, e presidente da União Brasileira de Escritores - UBE/Seção Pernambuco. Na Academia Pernambucana de Letras, ocupa a cadeira 36 desde o ano de 1988. Pela originalidade de seus estudos, pelo volume da obra que produziu, e por se dedicar a aspectos de nossa história considerados ásperos e de pesquisa difícil ou penosa, tem sido considerado, sobretudo no meio acadêmico paulista, o “historiador do Brasil profundo”. Estrelas de Couro: a estética do cangaço é resultado de estudo profundo a que se dedicou desde o ano de 1997.
Esta é mais uma obra literária que faz parte do acervo “Portal do Cangaço da Bahia”.
Extraído do blog do pesquisador do cangaço:
Guilherme Machado