Seguidores

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Curador do Cariri Cangaço Manoel Severo é recebido em AURORA

Por: Jose Cícero

Com vistas ao fechamento oficial da programação do Cariri Cangaço deste ano em Aurora, assim como relativa aos demais  parceiros caririenses, o secretário de cultura e turismo do município recebeu na tarde do último sábado(24) em sua residência a equipe da curadoria do CC, capitaneada pelo seu idealizador  Manoel Severo. 

Além de AURORA o curador do evento, visitará igualmente neste final de semana todos os municípios que sediarão a iniciativa tais como: Barro, Porteiras, Missão Velha, Barbalha, Juazeiro do Norte e Crato. Severo também visitou durante a manhã de sábado Lavras da Mangabeira, que anteriormente havia realizado uma avant premier. 

De Aurora, o curador do CC se dirigiu para a cidade do Barro, seguindo para Missão Velha, Porteiras e, finalmente Barbalha, Juazeiro e Crato no domingo quando manterá contatos com prefeitos e secretários de cultura.



SEMINÁRIO DE AURORA

Agora na sua 3ª edição em Aurora e a 4ª na região, o  seminário CC  vem se configurando como um dos mais importantes e participativos eventos temáticos e culturais, não somente do Cariri, como de todo o  Nordeste Brasileiro. E, seguramente, o primeiro em se tratando da temática sertaneja e do cangaço lampiônico, conforme ressaltou o secretário de Aurora, o professor José Cícero.

Com sua estréia  ocorrida ainda em 2010  o município de Aurora  abordara o tema "Os 83 anos da passagem de Lampião e seu banda pelo território aurorense" cuja palestra foi proferida pelo secretário José Cícero. Em 2011 " A Trama da Ipueiras d'Aurora com vistas à invasão de Mossoró" abordada pelo memorialista  de Missão Velha, João Bosco André. O tema deste ano será: "Marica Macedo do Tipi: Sertaneja d'Aurora, matriarca do Cariri", a carg do Dr. Vicente Landim de Macedo(neto da homenageada) atualmente residente na capital federal.

Foto

O evento está marcado para ocorrer no próximo dia 20 de setembro, às 19 h no auditório da Escola Técnica no Araçá. A prefeitura, por meio da sua secretaria de cultura e turismo está desde já convidando toda a população para participar do acontecimento. Segundo a curadoria do evento, cerca de 150 pesquisadores do país inteiro e até o exterior deverão está participando do Cariri Cangaço este ano. Familiares de Marica Macedo e do coronel Izaías Arruda também estarão em Aurora participando do seminário.

Este ano, o CC homenageará várias autoridades da região. Em Aurora por exemplo, receberão as condecorações: o prefeito Adailton Macedo, o dr. Vicente Landim, além da srª Orlandina Arruda(filha do cel. Izaías Arruda) e o dr. Marcolino Lira.

José Cícero - Conselheiro Cariri cangaço
Pesquisador e escritor
Secretario de Cultura de Aurora

http://cariricangaco.blogspot.com
http://lampiaoaceso.blogspot.com

A morte de Antônio Rosa

Por: Ivanildo Alves Silveira

Antonio Rosa, ainda garoto, foi deixado na casa dos pais de Lampião, por retirantes que vinham de Alagoas, com destino a Juazeiro do Norte... O menino foi criado pelos pais, do futuro Lampião.


Foto
Zé Saturnino, inimigo número 1 de Lampião

Após o conflito dos Ferreiras com Zé Saturnino e os Nogueiras, Antonio Rosa tomou as mesmas dores e reagia junto com Virgulino, Livino e Antonio. Posteriormente, acompanhou-os no cangaço, no princípio de 1924, Antonio Rosa chega ao povoado de São João do Barro Vermelho e conversando com um cidadão chamado "Constantino", esse mostrou ao cangaceiro uma belíssima arma, e fez naquele o desejo de possuí-la. Por não querer se desfazer da arma, isso foi o suficiente para que, mais tarde, Antonio Rosa matasse o pobre homem.

Esse assassinato  abalou todas as pessoas do local São João do Barro Vermelho, por conseguinte, Antonio Rosa se dirigiu para o Estado da Paraíba, onde se juntou a Livino Ferreira e Lampião. 

Lampião e Antonio Ferreira

Surgiram os boatos, que a população de S. João do Barro, estava armada para  matar o rei do cangaço, quando o mesmo viesse visitar aquele local, porque ele tinha muitos amigos no vilarejo, inclusive sua comadre  dona Especiosa.

Lampião foi informado por gente da localidade, que a família do morto estava querendo se vingar de "Antonio Rosa". Uma pessoa que atendia pelo nome  de Afonso Gomes, procurou um primo de Lampião, na vila de São Francisco, o basto Paulo Barbosa  e os dois rumaram ao sertão paraibano, para se encontrar com o chefe dos cangaceiros, tendo ouvido desse, o seguinte: "Que negócio é esse? Vocês tão se armando para me matar e vem aqui, onde estou? "Afonso retrucou, dizendo: "Quem está se armando é a família de Constantino para matar Antonio Rosa, em vingança!!". 

Ao ouvir  o diálogo, Livino  se afastou, e conversou com os dois, tendo dito: "-Diga a família do finado que por dez mil réis nunca mais Antonio Rosa bota os pés por lá".

Alguns dias depois, o grupo cangaceiro chega a Pernambuco, e vai direto para a região da Serra Vermelha, na Fazenda Situação, pertencente a Francisco Baião. A noite vinha caindo, e, Antonio Rosa foi procurar se deitar na varanda da casa. Quando estava armando a rede colocando o punho no armador, Livino Ferreira e um cabra chamado Enéas, pela janela que dava acesso à varanda, detonaram suas armas nas costas do velho parceiro, que caiu sem soltar um gemido. Na manhã seguinte, a vizinhança fez seu sepultamento a umas vinte braças de distância da casa.

Antonio Rosa Ventura morreu no dia 08 de julho de 1924.

Obs: texto extraído do livro "Lampião, nem herói nem bandido - a história", pgs 72/74, do pesquisador Anildomá Willians de Sousa.

Ivanildo Alves Silveira
Colecionador do cangaço
Natal/Rn.

http://blogdoinhare.blogspot.com.br
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
http://jmpminhasimpleshistorias.blogspot.com

A TROCA DE SEXO

Por: Rangel Alves da Costa(*)
Rangel Alves da Costa

A TROCA DE SEXO

Isso aconteceu - de verdade verdadeira - lá pelas bandas da Cantirana, um dos lugares mais distantes e escondidos dos sertões nordestinos, mas que com a chegada da modernidade via internet e tudo mais, nada ficou a dever aos centros urbanos mais avançados. Basta ver a cocotagem e os modismos. Até comércio com nome difícil se alastrou por lá, a exemplo dos sempre abarrotados “Shoppis Centis Jiboia Dourada” e “Sexis Shopis Calango Aceso”.

Pois foi na Cantirana, em meio a uma família das mais tradicionais da região, que se deu o famoso caso da troca de sexo. E mesmo quando ainda não estava tão na moda como agora está essa história de mexer nas partes de baixo, ou vergonhas encobertas, como se dizia por lá. Pois vou contar como foi, e segundo ouvi de um cabra lá de Serrinha.

Para não fazer rodeios, bom que se diga logo que a dita troca de sexo envolveu alguém que até então era tido e havido acima de qualquer suspeita. Homem de reconhecida reputação, pai de família e de netos, de farto poder econômico, de conceito dos mais elevados na sociedade cantiranense. Difícil de acreditar que um senhor com tais características, na casa de seus sessenta anos, fosse se envolver com troca de sexo. Enfim.

Mas se envolveu e quase o mundo acaba por causa disso. Não só a cidade, mas a região inteira parou estupefata com o fato, com a desavergonhada história daquele até então inatacável senhor e sua mudança de sexo. Contudo, há também de se dizer que tudo começou por culpa do próprio homem, que já naquela idade e querendo aflorar seu outro lado que se mantinha comportadamente escondido.

Tudo começou depois de uma conversa que ele manteve, em confissão, com o vigário do lugar. Acostumado a usar o artifício do confessionário para falar fofocas e pecaminosidades com o desavergonhado do padre, principalmente sobre as safadezas desenfreadas da rapaziada, acabou soltando uma frase que deixou o outro de cabelo em pé. Disse que era triste ver a sexualidade tão aflorada e ele não poder aproveitar nada daquilo. Por isso mesmo que não suportava mais e ia mudar de sexo.


Ao ouvir isso, o padre quase engasgou. Sem acreditar no que ouvia, emudeceu de vez e nem respondeu à despedida do outro. Não procurou entender o contexto das palavras e se pôs a martelar que o amigo havia acabado de assumir aquilo que ninguém poderia imaginar. Depois de velho, sair do armário e mudar de sexo. Era demais. E não suportava, como sempre acontecia, guardar em segredo aquela confissão. Tinha de contar a alguém. E deu de cara logo com a beata mais fofoqueira da paróquia.

Após ouvir a fofoca, por três vezes a beata ameaçou enfartar, começou a se abanar de cima a baixo, sentou e levantou, e logo resolveu tocar adiante a novidade, porém jurando por tudo na vida que jamais contaria de qual boca havia saído a nova. Desse modo, o fogo já estava aceso, a fumaça se espalhava por todo lugar, e logo viria incêndio. E certamente seria um incêndio dos maiores.

Verdade é que da boca da beata o senhor já saiu com fama ainda pior. Um velho safado, pai de família e que agora se revelava querendo não só boiolar, mas afeminar de vez. De janela a janela a situação foi ficando ainda mais feia para o seu lado. Já era chamado de florzinha, viado velho, quenga velha, dentre coisas ainda mais escabrosas. E a coisa ficou esquisita mesmo quando a conversa chegou aos ouvidos dos familiares.

Até esse momento, mesmo estranhando que algumas pessoas o olhassem sorrindo, com zombaria e até dizendo palavras que não conseguia entender, o homem nada sabia daquela conversa envolvendo o seu nome. Lembrava apenas que havia dito ao padre que estava pensando em usar das armas da medicina e fazer um implante de um órgão sexual muito mais novo e mais potente, vez que estava perdendo a virilidade e precisava estar preparado para qualquer circunstância diante daquela moçada fogosa.

Pois bem. Quis dizer, e disse uma coisa, e o padre ouviu outra, ou deu uma maldosa interpretação ao escutado. Se ouvisse apenas que o safado do amigo dizia que pensava trocar sua ferramenta velha por uma nova, a coisa não tinha tomado a proporção que tomou. Assim, mudar de sexo significa simplesmente trocar aquilo que tinha como imprestável por um membro potente e jovial.

Partindo de uma brincadeira, pois sabendo da impossibilidade de isso acontecer, o homem acabou chamando para si toda a desgraça do mundo. A esposa arrumou-lhe a mala no mesmo instante que soube da história; os filhos juraram nunca mais olhar na sua cara; um neto disse que dali em diante não ia mais estudar de jeito nenhum; a vizinhança fechou-lhe a porta; toda a cidade ecoou em alarde aquele prato cheio.

Então ele se lembrou de onde poderia ter partido aquela conversa. Saiu correndo em direção à igreja, e de arma em punho fez o padre seguir até a porta e de alto-falante na mão trazer a verdade à tona. Aí sim, nesse momento uma grande verdade foi revelada, pois o padre, além de pedir perdão pelo mal entendido, acabou confessando que na realidade aquele sonho de troca de sexo era seu, e de mais ninguém.
Ele sim, que não suportava mais ser padre se por dentro era uma freira, uma sacerdotisa, uma libélula esvoaçante...

(*) Meu nome é Rangel Alves da Costa, nascido no sertão sergipano do São Francisco, no município de Poço Redondo. Sou formado em Direito pela UFS e advogado inscrito na OAB/SE, da qual fui membro da Comissão de Direitos Humanos. Estudei também História na UFS e Jornalismo pela UNIT, cursos que não cheguei a concluir. Sou autor dos seguintes livros: romances em "Ilha das Flores" e "Evangelho Segundo a Solidão"; crônicas em "Crônicas Sertanejas" e "O Livro das Palavras Tristes"; contos em "Três Contos de Avoar" e "A Solidão e a Árvore e outros contos"; poesias em "Todo Inverso", "Poesia Artesã" e "Já Outono"; e ainda de "Estudos Para Cordel - prosa rimada sobre a vida do cordel", "Da Arte da Sobrevivência no Sertão - Palavras do Velho" e "Poço Redondo - Relatos Sobre o Refúgio do Sol". Outros livros já estão prontos para publicação. Escritório do autor: Av. Carlos Burlamaqui, nº 328, Centro, CEP 49010-660, Aracaju/SE.

Poeta e cronista
blograngel-sertao.blogspot.com

http://blogdomendesemendes.blogspot.com
http://jmpminhasimpleshistorias.blogspot.com