Seguidores

domingo, 26 de fevereiro de 2017

O CANGAÇO... O FANATISMO RELIGIOSO... A SECA... A FOME...

Por Geraldo Júnior

... eram os grandes flagelos do Sertão Nordestino entre meados do século XIX (Dezenove) e as primeiras décadas do século XX (Vinte), sendo a seca o maior de todos eles.

LEIAM A MATÉRIA ABAIXO... NÃO DEIXEM DE LER.

A GRANDE SECA DO NORDESTE
* POR TALITA LOPES CAVALCANTE

Das grandes secas que assolaram o Brasil, uma das mais graves e lembradas foi aquela que compreendeu os anos de 1877 a 1879, ficando conhecida como a grande seca do Nordeste. Foram quase três anos seguidos sem chuvas, com perda de plantações, mortes de rebanhos e miséria extrema. A situação foi tão desesperadora, que famílias inteiras se viram obrigadas a migrar para outros estados, promovendo uma onda de imigrações.


O cenário ficou cada vez mais caótico, principalmente quando os retirantes chegaram em outras cidades e estados. Devido à miséria extrema das pessoas que chegavam, os moradores locais temiam saques no comércio e armazéns. Além disso, as cidades para as quais as vítimas da seca se dirigiam começaram a ficar cada vez mais apinhadas de flagelados. Fortaleza, por exemplo, converteu-se na capital do desespero. De 21 mil habitantes pelo censo de 1872 passaram a ter 130 mil.

Somando-se ao quadro caótico, os rebanhos de animais sobreviventes sucumbiram diante da ação de zoonoses, furtos, fome e sede. A flora e a fauna da região praticamente desapareceram. Por fim, para completar o quadro de tragédia, houve um surto de varíola, dizimando milhares de pessoas. Finalmente o governo imperial enviou ao Nordeste uma comissão de engenheiros para a perfuração de poços, construção de estradas de ferro e armazenamentos de água, para assim resolver o grande problema da seca.

Curiosidade:

Calcula-se que 500 mil pessoas morreram por causa da seca, em que o Estado mais atingido foi Ceará. O imperador dom Pedro II foi ao Nordeste e prometeu vender “até a última joia da Coroa” para amenizar o sofrimento dos súditos da região. Não vendeu, porém, enviou engenheiros para a construção de poços.

Alguns anos depois da primeira grande seca no século XIX, em 1915 um novo episódio assolou o sertão nordestino. Mais uma vez, a nova seca fez com que diversos nordestinos migrassem para as grandes cidades, porém, ao contrário do primeiro episódio, o governo cearense resolveu se precaver de uma maneira desumana. Desta feita, o governo criou os primeiros currais humanos, campos de concentração em regiões separadas por arames farpados e vigiadas 24 horas por dia por soldados para confinar as almas nordestinas retirantes castigadas pela seca.

A oeste da cidade de Fortaleza foi erguido, então, na região alagadiça da atual Otávio Bonfim, o primeiro campo de concentração brasileiro. Ali ficaram confinadas cerca de 8 mil pessoas com alimentação e água controladas e vigiadas pelos soldados do Exército. Naquele mesmo ano de 1915, após incentivos para que os retirantes migrassem para a Amazônia, o curral humano foi desativado.

Cerca de 17 anos mais tarde, em 1932, foi a vez de reabrir o campo de concentração de Otávio Bonfim e criar novos currais humanos. Naquele ano, outra grande seca castigou novamente o sertão nordestino, fazendo com que, mais uma vez, milhares migrassem para os grandes centros urbanos. Após dezessete anos, nem o governo federal, nem os governos estaduais haviam se precavido para diminuir os efeitos da seca e a solução, novamente desumana, passou a ser a criação e ampliação dos campos de concentração nordestinos.

Pela segunda vez, foram erguidas regiões cercadas por arames farpados e vigiadas diariamente por soldados para confinar os nordestinos afetados pela seca. Corpos magros, de cabeças raspadas e numeradas se apinhavam aos montes dentro dos cercados de Senador Pompeu, Ipu, Quixeramobim, Cariús, Crato (ou Buriti, por onde passaram mais de 65 mil pessoas) e o já conhecido Otávio Bonfim, os maiores currais humanos instalados no Brasil para conter a massa castigada pela seca dos anos de 1915 e 1932.

Poema “Campos de Concentração no Ceará”, por Henrique César Pinheiro.

No Estado do Ceará

A exemplo do alemão
Houve por aqui também
Campo de concentração
Lá era pra matar judeu
Aqui o povo do sertão.

Na seca de trinta e dois

Criamos uns sete currais
Para evitar que famintos
Criassem problemas sociais
E pudessem invadir
Na capital seus mananciais.

Currais foram construídos

Em Senador Pompeu, Ipu,
Quixeramobim e Crato,
Fortaleza e Cariús.
Fortaleza teve dois
Otávio Bonfim, Pirambu.

Pessoas foram confinadas

Como bando de animais.
Tinha a cabeça raspada
Sacos de açúcar, jornais
Era o que lhes serviam
Como vestes mais usuais

Sem nome, ou identidade,

Chamados por numerais.
Desta maneira estavam
Registrados nos anais.
Só se comia farinha,
Rapadura nos currais.

Toda essa gente foi presa

Sem ter crime praticado
E para isto bastava
Somente estar esfomeado.
Pedir prato de comido
Que seria logo enjaulado.

E controlados por senhas,

Pelas forças policiais.
Quem entrava não saía,
Senão pros seus funerais.
Sessenta mil lá morreram.
Nos registros oficiais.

Para aqueles locais, todas

Pessoas foram atraídas.
Com promessas que seriam
por médicos assistidas,
Que teriam segurança
E fartura de comidas

Experiência que houve

Somente aqui no Ceará.
Que se iniciou em quinze
Naquela seca de torrar
Depois disso os alemães
Trataram de aperfeiçoar.

Alguns campos projetados

Para abrigar duas mil pessoas
Dezoito mil chegou alojar.
Presos por vilões e viloas,
Felizes os governantes
Ainda cantavam suas loas.

Em Ipu todos os dias

Morriam de sete a oito.
A maioria era de fome
E até por ser afoito,
Nas tentativas de fugas,
Pro que não havia acoito.

Nas décadas posteriores,

Pra mudar essa imagem,
governos criaram albergues
para evitar sacanagem,
mesmo assim pouco funcionou
pois sempre há malandragem.

E o povo nordestino

ainda de pires na mão,
espera de todos governos
pro problema solução.
Agora estamos na briga
pela tal transposição.

Ceará de Terra da Luz

É chamado no Brasil.
Foi nosso primeiro estado
Que escravatura aboliu
Pra isso não foi necessário
Nem mesmo usar um fuzil.

Mas a geração atual

Tem que redimir o erro
De governantes passados.
Não permitir o desterro
De seus filhos pra terra alheia
e muitos acham o enterro.


REFERÊNCIAS:
– “A SECA DE 1877 – 1879“, FÁTIMA GARCIA, FORTALEZA EM FOTOS.

– AZEVEDO, MIGUEL ÂNGELO. CRONOLOGIA ILUSTRADA DE FORTALEZA.

– KOSSOY, BORIS. UM OLHAR SOBRE O BRASIL: A FOTOGRAFIA NA CONSTRUÇÃO DA IMAGEM DA NAÇÃO (1833 – 2003). 1° EDIÇÃO. SÃO PAULO: FUNDACIÓN MAPFRE E EDITORA OBJETIVA, 2012. P. 94.
– LESSA, LETÍCIA. CURRAIS DE GENTE NO CEARÁ.
– “CURRAIS HUMANOS“. DIÁRIO DO NORDESTE
– SÁ, CHICO. “CEARÁ: NOS CAMPOS DA SECA“. REVISTA AVENTURAS NA HISTÓRIA. EDITORA ABRIL: 2005.
– ARQUIVO “O POVO NO CAMPO DE CONCENTRAÇÃO“. 1932.
Na imagem abaixo: Vítimas da seca. Crianças e adultos jazem ao lado da linha férrea que levava para o Campo de concentração de Senador Pompeu/CE. De forma assustadoramente parecida, as cenas brasileiras dos currais humanos lembravam bastante os campos de concentração nazistas.

Geraldo Antônio de Souza Júnior (Administrador)

https://www.facebook.com/groups/ocangaco/permalink/1182372225109227/
http://blogdomendesemendes.blogspot.com

ESTUDANTE AFRICANO DA GUINÉ BISSÁU EM VISITA O PORTAL DO CANGAÇO DE SERRINHA-BAHIA

Por Guilherme Machado

Estudante africano da Guiné Bissáu em visita o Portal do Cangaço de Serrinha, ficou encantado com a história de Lampião e seus cabras. O jovem africano se apaixona pelo o punhal do cangaceiro Tempestade.

O estudante do curso de História da UNEB Inussa Manoel é africano da Guiné Bissau e estar em Intercâmbio em Salvador. O rapaz ficou maravilhado com a história de Lampião e seus cabras da peste. Inussa Manoel me falou que nunca viu ou ouviu falar de cangaço ou cangaceiro em todo continente africano. 

Inussa chegou até o Portal do Cangaço em companhia do historiador Roberto Dantas, e outros alunos da UNEB. O jovem deu de mãos a um punhal com 80 cm. De comprimentom quase não o larga de tanta emoção; o dito punhal com cabo decorado de marfim coral, o punhal pertenceu ao cangaceiro Tempestade. Abaixo, um pequeno roteiro do país do jovem! Inussa Manoel. 

A Guiné-Bissau, oficialmente República da Guiné-Bissau, é um país da Costa Ocidental de África que se estende desde o Cabo Roxo até à ponta Cagete. Faz fronteira ao Norte com o Senegal, ao Leste e Sudeste com a Guiné-Conacri (ex-francesa) e ao Sul e Oeste com o oceano atlântico. 

Além do território continental, integra ainda cerca de oitenta ilhas que constituem o Arquipélago dos Bijagós, separado do continente pelos canais do rio Geba, de Pedro Álvares, de Bolama e de Canhabaque.

Fonte: facebokk
Página: Guilherme Machado historiador/pesquisador
Grupo: O Cangaço 
Link: https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1101180769985847&set=gm.1481316765214770&type=3&theater

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

MAIS OUTRA FOTO DO ACERVO DO PROFESSOR JOSÉ ROMERO


Palestra realizada em Coremas (Estado da Paraíba), com título "O Cangaceirismo no Nordeste Brasileiro", quando da Semana Universitária promovida pela Associação Universitária Coremense no ano de 1997.

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

MÁRIO DE ANDRADE E O VALIOSO TEMPO DOS MADUROS

 *Rangel Alves da Costa

Há um texto irretocável do poeta, escritor, folclorista, musicólogo e ensaísta brasileiro Mário de Andrade (1893-1945). Neste – e como se verá adiante – o nosso antropófago faz uma análise intimista das coisas que verdadeiramente faz bem à alma humana, a partir do instante em que se reconhece apenas um ser já mais vivido do que com tempo a viver.

Soa como um Sermão de humildade, compreensão e de amor às coisas verdadeiramente singelas. Ecoa como uma homilia onde o homem é mostrado como ser frágil que não deve ostentar honrarias por onde caminha. Sobressai-se como uma absoluta certeza: chega um tempo onde a essencialidade humana deve ser perante os pequenos afetos da vida e não ante os desafetos dessa mesma vida.

Por que não dizer ser o texto de Mário de Andrade um verdadeiro capítulo do Eclesiastes? Sim, por que nele está exposto que há um tempo pra tudo. Tempo de querer de fartar sem medida e um tempo de apreciar com avidez o pouquinho que se tem. Tempo de apenas viver sem se importar com as graças da alma humana e o tempo onde tudo o que se busca é a aproximação dessa lama humana.

Ou talvez uma canção de adeus às banalidades e necessário e urgente encontro com os grandes significados da vida. E quais seriam tais significados: viver de modo simples, ao lado de pessoas simples, falando a mesma voz simples do povo, sendo simplesmente simples. Um viver onde o maior prazer encontrado deva ser a alegria do convívio e não a mediocridade das aparências.

E ainda, o que Mário de Andrade deixa induvidoso é que nada soma ao viver humano o compartilhamento de sentimentos e instantes que não sejam realmente válidos. De nenhuma valia estar rodeado de pessoas afetadas pelos prestígios e lustros, de nenhuma valia conviver com os supérfluos que somente sugam as essencialidades da vida. No seu viver, o homem, principalmente aquele que já se sente com menos tempo de vida do que viveu, deve colher na simplicidade o alimento que ainda lhe resta.


Eis, enfim, o texto intitulado o “O valioso tempo dos maduros”:

“Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora. Tenho muito mais passado do que futuro.

Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha. Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas, que apesar da idade cronológica, são imaturos.

Detesto fazer acareação de desafectos que brigaram pelo majestoso cargo de secretário geral do coral. ‘As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos’. Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa…

Sem muitas cerejas na bacia, quero viver ao lado de gente humana, muito humana; que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade.

Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade. O essencial faz a vida valer a pena. E para mim, basta o essencial!”.

Deveras, de encantar coração: “Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço”. “Já não tenho tempo de lidar com mediocridades”. “Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos, quero a essência, minha alma tem pressa…”.

Quantos pensam assim, quantos agem assim? Urge que o ser humano se reconheça assim antes que tenha, já na altura dos poucos anos que lhe resta, ter que entristecidamente reler aqueles versos do poema “Instantes”, de Nadine Stair: “Se eu pudesse novamente viver a minha vida, na próxima trataria de cometer mais erros. Não tentaria ser tão perfeito, relaxaria mais, seria mais tolo do que tenho sido. Na verdade, bem poucas coisas levaria a sério. Seria menos higiênico. Correria mais riscos, viajaria mais, contemplaria mais entardeceres, subiria mais montanhas, nadaria mais rios...”

Ou mesmo se afligiria tendo a canção Epitáfio, de Titãs, como espelho de seu instante: “Devia ter amado mais, ter chorado mais, ter visto o sol nascer. Devia ter arriscado mais, até errado mais, ter feito o que eu queria fazer. Queria ter aceitado as pessoas como elas são...”.

Os arrependimentos acima já haviam sido pensados por Mário de Andrade. Na vida, não vale a pena viver para depois se arrepender. Os instantes nos são dados para que, na humildade e simplicidade, todo o encanto possa ser fruído.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

MAIS UMA FOTO DO ACERVO DO PROFESSOR JOSÉ ROMERO DE ARAÚJO CARDOSO

Por José Romero de Araújo Cardoso

Nas imediações do açude Coremas-Mãe D´ água (Estado da Paraíba). Na ocasião, estava completando 30 anos (28 de setembro de 1999). 

Essa fotografia ilustra a contra-capa de livro intitulado "Fragmentos de Reflexões - Ensaios selecionados", publicado pela Fundação Vingt-un Rosado - Coleção Mossoroense.

Crédito da foto: Prof. Dr. Júlio Ribeiro Soares (UERN/FE)

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

O CANGAÇO E OS CÃES FAMOSOS DE LAMPIÃO E CORISCO!



 "Caiu-me nas mãos um livro divino, “Cangaceiros”, de Élise Jasmin.

Acariciando suas páginas lisas e brilhantes, vi surgirem fotos que decifram um pouco do que pode ter sido a vida de pessoas e animais que o vento levou em meio à aspereza da caatinga.

De uma das fotos, próxima a árvores mirradas e sofridas, Maria Bonita olha para a câmara do fotógrafo Benjamin Abrahão. Sua figura de mulher, sem dúvida a mais emblemática do cangaço, é de beleza excepcional para a época, qualidade que deve ter encantado Lampião.


Famosa por sua coragem e determinação, lá está ela, trajada com um vestido citadino ao invés das tradicionais vestimentas do cangaço, cabelo alisado com banha cheirosa onde dois passadores brancos são o maior adorno – tão humana em sua vontade de se parecer aos habitantes da cidade. Fitando a câmara, seu olhar é de doçura.

Atribuo essa suavidade em seus olhos ao fato de estar ladeada por dois cães cuja animalidade paradoxalmente humaniza a atmosfera de rifles, madeiras mortas estendidas no chão e galhos retorcidos. Farejo carinho no ar que envolve esses personagens.


Um dos cachorros, de nome Ligeiro, é seu preferido. Com a mão direita a mulher toca sem peso a cabeça marrom clara, que com ar de beatitude canina encima duas patas brancas e um focinho escuro, demonstrando visível prazer em encostar-se nas pernas de sua dona, amiga e espécie de mãe – naqueles cafundós, filhos humanos não dariam conta de acompanhar o grupo.

A mão esquerda repousa lânguida sobre o dorso negro de outro cão, Guarani, que no momento do disparo da máquina, se vira para Lampião. O movimento em direção a esse rei das cartucheiras, punhais e fuzis é tão independente e real que sua cabeça fica registrada na foto como algo impreciso, ligeiramente fora de foco. O animal dá a impressão de um moto-contínuo reproduzindo exaustivamente a vida daquele instante na guinada eternizada.

Em outras duas fotos sequenciais, vejo o bando de Corisco, armado até os dentes em evidente pose. Apenas a cadela não posa. Sua naturalidade, para quem está em primeiro plano, contrasta com o da fileira quase militar das pessoas ao fundo.

Na primeira foto, ela olha para a câmara com seu corpo branco manchado de negro como negra é a máscara que possui ao redor dos olhos. Na segunda, olha para o bando como se a presença do fotógrafo, tão ilustre naquela região desolada e espinhenta, não tivesse tanta importância quanto a dos “seus”.


Em mais uma fotografia, Corisco apresenta-se em posição clássica de sentido ao lado da mesma cadela. Esse homem cuja única linguagem parece ser a da violência, tem sua inscrição na história amenizada pelo amor dessa cachorra por seu relampejante ser-humano-corisco. Ela o tem como o chefe do bando, e ele, curiosamente ao ser o local tão árido, a chama de Jardineira.


Jardineira surge assim como a antítese da morte em meio ao mato seco, representando a beleza e poesia que os cães, com seu companheirismo, independente de quem somos, tão bem nos sabem outorgar."

In www.metro.org.br/eulalia/o-cangaço-e-os-caes
Texto de Eulália J. Poblet.
Livro da francesa Eliise Jardin: "Cangaceiros", onde consta a foto aqui incluída.

OBS: Há muitos livros que falam sobre os cães no Cangaço.

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1068816409930764&set=gm.1481883035158143&type=3&theater

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

FOTO DO ACERVO DO PROFESSOR JOSÉ ROMERO DE ARAÚJO CARDOSO


Escritor Gutemberg Costa, Maria de Lourdes Araújo Cardoso (Dona Lia) e Benigna Lourdes de Sousa (Dona Lourdes). Fotografia tirada por mim, José Romero Araújo Cardoso, na década de noventa do século passado (1994) em João Pessoa/PB, quando residíamos na Rua Major João Junqueira Viana, número 13, Conjunto Castelo Branco II. Gut, autor de livros importantes sobre o Nordeste, incluindo entre estes o clássico Profetas do Nordeste, frequentava bastante nossa residência.

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

LAMPIÃO ANALFABETO? OPINIÃO POR KIKO MONTEIRO

Kiko Monteiro e Luiz Ruben

O pesquisador e confrade Luiz Ruben compartilhou um recorte em que o jornalista e meu conterrâneo Ancelmo Gois em sua coluna do Jornal do Commércio de Recife, edição de 16 de dezembro de 2012, publicou a seguinte "nota":


Um conceito demasiado. Faltou especificar, completar o adjetivo com o termo "Funcional". Virgulino mesmo limitado sabia ler, "escrever" e contar. E não são as imagens que nos fazem duvidar ou acreditar em tal habilidade. São testemunhos de ex companheiros e até mesmo dos seus oponentes, disponíveis na literatura. Vejamos o que localizei no livro de memórias do tenente João Gomes de Lira, conterrâneo e inimigo de Lampião que tem um capítulo sobre o aludido assunto:

Apesar de sertanejo inculto, vivendo em meio atrasado, José Ferreira procurou dar aos filhos a educação básica. O menino Virgulino Ferreira assim como os seus irmãos Antonio e Livino receberam os primeiros conhecimentos no ano de 1907. Residindo no Riacho São Domingos distrito do município de Vila Bella (Serra Talhada), enviou os três filhos mais velhos à casa do senhor Raimundo Gago, em Pitombeira, próxima a cidade de Vila Bella, afim de que os meninos frequentassem a escola pública do professor Auxêncio da Silva Viana... 1. 


Os pesquisadores Antonio Amaury e Vera Ferreira em sua obra "De Virgolino a Lampião" ainda indicaram um outro professor chamado Justino de Nenéu 2. 

Um outro autor bastante consultado, o pernambucano Frederico Bezerra Maciel, também dedicou um capítulo sobre este período. Os métodos pedagógicos que fizeram época foram de inegáveis resultados positivos: O sertanejo que se interessou, aprendeu a ler soletrando e cantando as 26 lições da famosa "Carta do ABC" de Landelino Rocha, que continha apenas 16 páginas. E da tabuada cantada ritmicamente em comum pela classe, com palmatória.

O professor Justino de Nenéu viera ensinar Virgulino e seus irmãos na casa da Fazenda Serra Vermelha, de Manuuel Ferreira de Lima bem perto da fazenda deles, a Ingazeira. 3. 

Voltando as memórias de Gomes de Lira: Naquela ocasião, tinha Antonio Ferreira, doze anos, Livino, 11 anos e Virgulino, 9 anos de idade. Em 1910, estudaram na "Escola" particular do Professor Domingos Soriano, na Serra Vermelha.

Entenda-se a escola aqui não como um espaço físico. As aulas eram dadas ao ar livre embaixo de Juazeiros e Quixabeiras.

...Os alunos traziam de casa os banquinhos em que se sentavam para assistir às aulas à sombra das árvores. “O esforçado mestre não se furtava aos pedidos de pais residentes em outras fazendas das ribeiras adjacentes, os quais receberiam a rara oportunidade de poder proporcionar instrução aos filhos. Hoje a escola Municipal de ensino fundamental e médio Domingos Soriano é um dos primeiros prédios públicos avistados pelos visitantes ao chegarem à Vila de Nazaré do Pico, distrito de Floresta em Pernambuco.

José Cícero e João Gomes de Lira

A referencial Lampião – Cangaço e Nordeste de Aglae Lima de Oliveira nos acrescenta mais informações.


Que o tempo de assistência com Domingos Soriano foi de apenas "90 dias". (Período em acordo com todos os depoentes). Que a mensalidade deste curso era de "dez tostões", que o cabrinha nunca havia levado os temidos bolos ao ser testado em conhecimento de Tabuada e de algarismos romanos. E ainda sugere que o primeiro livro do qual Virgulino tenha explorado por completo foi o "Primeiro livro de leitura" de Felisberto de Carvalho. 

Pelo método de soletração de Landelino ou de Felisberto é fato que Virgulino aprendeu a ler, mais tarde aplicaria seu conhecimento ao se deleitar com os jornais e revistas que chegaram até ele. Especialmente os que traziam manchetes sobre seus feitos. E, ainda que sem devida concordância, mas com uma caligrafia regular escreveu cartas. Hoje, documentos históricos preservados em museus e coleções particulares. Reproduções de alguns de seus escritos estão disponíveis em diversos livros e sites.

Como esta carta abaixo, endereçada a um fazendeiro de nome Cantidiano Valgueiro dos Santos Barros, dono da propriedade Tabuleiro Comprido no município de Floresta, PE. Na carta, escrita na peculiar maneira de Lampião se expressar, ele pede a Cantidiano dois contos de réis, de forma extorsiva, a fim de serem evitados “prejuízos”.



Segundo o pesquisador Artur Carvalho, que utilizou os conhecimentos profissionais de um especialista em paleografia, a “tradução” é a seguinte;

“Ilmo. Sr Cantidiano Valgueiro,

Eu (ou “le”) faço esta para “vc” mandar-me dois “conto dereis”, isto sem falta, não tem menos, para “vc” saber se assinar em telegrama contra mim como “vc” se assinou em um com “Gome” Jurubeba. Eu ví e ainda hoje tenho ele. Sem mais, resposte logo para “envitar” muito prejuízo. Sem mais assunto.


Cap. Virgulino ferreira Lampião. [sic]” 5. 

O pesquisador e colaborador Ivanildo Silveira teceu comentário em uma discussão anterior sobre este mesmo assunto:

"O Rei Vesgo dominava, a grosso modo, o idioma pátrio, comunicando-se, de forma clara, precisa, apesar dos erros gramaticais que cometia. Inclusive, ás vezes, empregava pronomes de tratamentos de forma correta. A grafia de seus famosos bilhetes, era perfeitamente entendível".

E como vovó já dizia...  

"Estude meu fio, estude pra não ser que nem sua avó, que não sabe nem pegar numa caneta, que dirá assinar o nome, não faço um "O" com um copo".

Fontes:

[1] Lira. João Gomes de, Lampião, Memórias de um Soldado de Volantes 2006 (vol. 2) Companhia Editora de Pernambuco – CEPE. Recife/PE, 2007. PÁG. 2
[2] Vera Ferreira /Antonio Amaury. De Virgolino a Lampião, 1ª edição, Idéia Visual, São Paulo, 1999. PÁG. 52
[3] Maciel, Frederico Bezerra. - Lampião, seu tempo e seu reinado, | I : As origens : Por que Virgulino se tornou Lampiao?  3ª Ediçao. Petropolis, RJ : Vozes, 1992. PÁG. 90
[4] Oliveira, Aglae Lima de. Lampião – Cangaço e Nordeste. 3ª edição, O Cruzeiro, Rio de Janeiro, 1970. PÁG 22.
[5]  Rostand Medeiros  - Uma carta de Lampião e a história do soldado volante que se tornou ambientalista. Disponivel em: http://tokdehistoria.wordpress.com/2011/10/12/a-carta-de-lampiao-e-a-historia-do-soldado-volante-que-se-tornou-ambientalista/
Att Kiko Monteiro

http://lampiaoaceso.blogspot.com.br
http://blogdomendesemendes.blogspot.com

SÓ PARA EFEITO DE INFORMAÇÃO - QUE HORAS VAI SER O ECLIPSE ANULAR DO SOL 2017 NESTE DOMINGO, 26?


Mesmo que você não seja um grande fã do Carnaval, se você gosta de astronomia, terá motivos de sobra para ficar feliz no próximo Domingo (hoje), 26 de Fevereiro de 2017: Um raro eclipse anular do sol, quando a lua passa pela frente do sol (neste caso, será um parcial) irá ocorrer, e poderá ser visto da terra do Carnaval, em boa parte do Brasil! Este evento que é o primeiro do ano, é bastante incomum devido à sua estreita faixa de observação. Por sorte, estamos incluídos nesta estreita faixa. Confira nossas dicas de como ver o eclipse de domingo (hoje).

O que é um Eclipse Anular do sol?

O Eclipse do sol é um evento que ocorre quando a lua passa pela frente do sol, encobrindo-o. No caso do eclipse domingo (hoje), a lua vai encobrir em parte o sol, chamado eclipse anular do sol, deixando que apenas um anel solar em volta da lua possa ser visto. Necessariamente, o eclipse solar só acontece quando a lua está alinhada com o sol e a Terra, em fase de Lua Nova.

No evento de Domingo (hoje), a lua passará pela frente do sol, mas está “menor” do que o astro-rei.  Dessa forma, o que poderemos ver é um “anel de fogo” em volta da lua.

Que horas vai ser o Eclipse de Domingo (hoje)?

O eclipse parcial do sol 2017 ocorre no domingo (hoje) a partir das 10h45, e deve terminar às 12h30.

Leia também


https://optclean.com.br/eclipse-anular-do-sol-2017/

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

O AUTO DA COMPADECIDA: FILME COMPLETO

Por José Mendes Pereira
https://www.youtube.com/watch?v=EFmB8Qo-g-k

Este é um dos filmes mais engraçado que o Brasil já produziu. Todo brasileiro já o viu várias vezes. Você que não é brasileiro deveria assistir este filme e morrer de rir com as atrapalhadas do João Grilo e Chicó. João Grilo tem ideias para todas as dificuldades que lhe aparecem na vida. Nada fica sem solução. Você rirá do começo ao fim.

Publicado em 24 de mai de 2016
Categoria
Licença
Licença padrão do YouTube

http://blogdomendesemendes.blogspot.com 

SÃO PAULO E OS NORDESTINOS.

por Guilherme Amado - Blog do Villa

O professor de História Marco Antonio Villa lança no mês que vem pela editora Leya:

“QUANDO EU VIM-ME EMBORA — HISTÓRIA DA MIGRAÇÃO NORDESTINA PARA SÃO PAULO”, 

-livro em que fala da saga dos nordestinos rumo a São Paulo.

-Villa descreve como se dava o aliciamento dos transportadores no Nordeste, vendendo a ideia de que São Paulo era sinônimo de riqueza, e aborda ainda as dificuldades e o preconceito enfrentados no destino.

https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/?ref=ts&fref=ts

http://blogdomendesemendes.blogspot.com