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sábado, 22 de dezembro de 2012

CANGACEIRO BENTO?

Por: Filipe Mamede

Agência Estado

Quem nunca ouviu falar da beleza bucólica de Maria Bonita, da bravura e da vaidade de Lampião e de seus capangas, com certeza, conhece muito pouco da história do cangaço nordestino. No máximo deve ter sabido de causos e anedotas que davam conta de Lampião hora como herói, hora como bandido. Certeza maior é ninguém ter ouvido falar que cangaceiro fosse santo. Pelo menos até agora! Porque é exatamente isso que acontece na cidade de Mossoró, região do oeste norte-rio-grandense.

Lá pelos idos da década de 20, a trupe de Lampião já tinha saqueado, matado e esfolado por tudo quanto fosse interior do nordeste. Como de costume, o grupo analisava a região onde aportava e decidia quais seriam os melhores lugares para a “labuta”. Resolveram que a próxima parada seria na abastada cidade de Mossoró, onde pensavam obter muito lucro. A cidade tinha sido avisada, mas ninguém acreditou, a não ser o prefeito Rodolfo Fernandes.

Prefeito Rodolfo Fernandes de Oliveira

Na tarde de 13 de junho de 1927, no meio de uma chuva que caia, ouviram-se os primeiros disparos. Teve quem pensasse que fosse barulho de trovão. Rodolfo Fernandes, o prefeito, recebeu do próprio Lampião um ultimato cobrando 400 contos de réis pra deixar a cidade em paz. O prefeito negou o pedido. Os bacamartes cuspiram fogo...

Naquele dia Mossoró só dispunha de pouco mais de 20 soldados. O prefeito organizou a resistência e se entrincheiraram como puderam em meio a sacas de algodão. Entre uma saraivada de bala e outra, o grupo de Lampião perdeu dois dos seus mais destemidos homens, Colchete, que morreu de tiro, e Jararaca que ferido, foi capturado pela polícia.

O cangaceiro jararaca

José Leite de Santana, o Jararaca, penou quatro dias na cadeia pública da cidade, ferido no peito e nas pernas. Na noite de 18 de junho, foi levado para o cemitério. A guarda que o conduzia obrigou o cangaceiro a cavar a própria cova. O soldado João Arcanjo o sangrou, mas o povo diz que o bandido foi enterrado ainda vivo. Tinha apenas 26 anos.

Alguns dizem que Jararaca morreu de sede, clamando por um copo d'água. Mesmo oito décadas depois de sua morte, seja pelos diferentes rumos que a história toma, seja pela religiosidade pura e simples do povo, Jararaca é venerado por milhares de pessoas que acreditam que o cangaceiro é milagroso.

Túmulo do cangaceiro Jararaca

Todos os anos, durante o dia de finados, o túmulo de Jararaca é, de longe, o mais visitado da cidade. Apesar de mais pomposo e imponente, o túmulo do prefeito Rodolfo Fernandes, herói da resistência, pouco é lembrado pelo povo.

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  • Túmulo do prefeito Rodolfo Fernandes

Episódio épico da cidade de Mossoró, a resistência ao bando de Lampião deixou cicatrizes não apenas no imaginário da população. Mesmo 80 anos depois, ainda hoje é possível ver as marcas de bala na torre da igreja e em outros prédios da cidade.

http://www.overmundo.com.br/overblog/cangaceiro-bento

DE NOVO, O MUNDO NÃO SE ACABOU. MAS ATÉ QUANDO?

Créditos: Rostand Medeiros

Fonte: 
http://www.jb.com.br/ciencia-etecnologia/noticias/2012/12/22/de-novo-o-mundo-nao-acabou-mas-ate-quando/

O dia 21 de dezembro passou, e você está sentado na cadeira lendo este texto. Ou seja, o mundo não acabou. Mesmo os mais céticos, que não acreditavam que o planeta seria destruído nessa data, provavelmente passaram a fatídica sexta-feira com os olhos e ouvidos mais apurados. Em segredo, ficaram atentos a ruídos que poderiam anunciar uma chuva de meteoros, um planeta em rota de colisão com a Terra ou um tsunami. Prestaram atenção aos mínimos tremores: “Não, não é um terremoto – apenas o celular vibrando”. Olhavam furtivamente para o céu. Claro que nada além do normal aconteceu, como especialistas já previam.

Pirâmide Kukulkan, em Chichen Itza, no México
Pirâmide Kukulkan, em Chichen Itza, no México

De qualquer maneira, o alarde provocado por interpretações apocalípticas do calendário maia causaram angústia em muita gente que não gostaria de ver encerrada tão repentinamente a vida terrestre. Por ora, você pode ficar mais tranquilo. Mas até quando?

Apocalípticos

O médico e astrólogo erudito Michel de Nostradamus nasceu em 1503, na França. Porém a forma latina de seu nome, Nostradamus, ficou conhecida por uma outra ocupação: suas profecias. Ele escreveu inúmeras previsões sobre o futuro, algumas vezes até especificando quando os fatos iriam acontecer. Codificadas, as profecias eram escritas em quatro versos, ou seja, com pouco aprofundamento e descrição. Com isso, seus escritos foram e são interpretados de formas diversas.

Nostradamus
Nostradamus

Alguns intérpretes garantem que o francês adivinhou o surgimento de Napoleão Bonaparte e Adolf Hitler. Em uma de suas profecias, Nostradamus fazia menção ao ano de 1999, quando surgiria o rei do terror, que o planeta conheceria no continente asiático. Além disso, escreveu que o “grande fogo”, ou seja, o Sol, tombaria do céu e deixaria a Terra em trevas durante alguns dias. A Terra tremeria logo a seguir. O rebuliço todo, naquele ano, aconteceu devido a um eclipse total do Sol no dia 11 de agosto, o último do milênio. Muito se falou, então, que os escritos de Nostradamus previam o fim do mundo naquela data.

Nada aconteceu. Os mais assustados, contudo, mal tiveram tempo para comemorar, pois uma nova neurose apocalíptica surgia com muito mais força: o bug do milênio. Com a virada de 1999 para 2000, a preocupação era com computadores que utilizavam softwares mais antigos, nos quais os dígitos referentes ao ano nas datas passaria de 99 para 00 e a máquina consideraria como 1900. O temor racional é que isso geraria uma grande confusão em alguns sistemas, principalmente do setor bancário – boletos emitidos com 100 anos de atraso, bagunça na lista de credores e devedores, caos nos radares de aeroportos, etc. A insegurança se disseminou e gerou um certo pânico a uma parte da população, que de alguma maneira ligou tudo ao fim do mundo.

Maias 

Nada aconteceu. Apesar dos dois temores recentes de um possível fim da vida na Terra – e a consequente invalidação dessas teorias -, nunca se falou tanto no assunto quanto em 2012. E novamente, por interpretações equivocadas. A Estela 6 é um tipo de totem, provavelmente do século 7, encontrado no antigo assentamento de Tortuguero, no México. Nesse e em outros monumentos, há gravações do calendário maia, no qual o último dia seria 21 de dezembro de 2012.

Fonte - http://1.bp.blogspot.com/-XsvfJ1fgEQo/TdcSgOJqxkI/AAAAAAAAAUE/DMi9ArFoSLA/s1600/calendario-maia1.jpg
Fonte – http://1.bp.blogspot.com/-XsvfJ1fgEQo/TdcSgOJqxkI/AAAAAAAAAUE/DMi9ArFoSLA/s1600/calendario-maia1.jpg

Entretanto, afirmam os especialistas, isso não quer dizer que o mundo acaba aí, mas apenas que se encerra o baktun 13, uma marcação de tempo equivalente a milhares de anos. Para justificar essa ideia, houve teorias sobre uma desordem gravitacional provocada pelo alinhamento dos planetas, tempestades solares, astros em rota de colisão com a Terra.

Novamente nada aconteceu. Mas muitas pessoas continuam preparadas, se preparando e prestes a se preparar. Já teve até gente afirmando que, em 2013, o movimento de rotação do planeta cessará, e quem tiver o azar de permanecer no lado escuro não terá boa sorte. O professor Hernán Mostajo, diretor do Museu Internacional de Ufologia, História e Ciência de Santa Maria, Rio Grande do Sul, está acostumado a ouvir relatos não muito racionais.

“O dia 21 de dezembro é só um ciclo no calendário maia, uma divisão de tempo de longa duração”, diz. Para ele, acreditar em catástrofes naturais sem nenhum embasamento científico tem a ver com o desejo de presenciar algo muito inusitado. “Sempre foi assim. As pessoas se entregam a uma falsa realidade. É uma vontade tão fantástica de ver isso que acabam transformando o imaginário em realidade aparente”, afirma.

O fim

E pelo lado da ciência? Algum dia a Terra deve, sim, acabar – isso é consenso. Entretanto, de acordo com o professor Adolfo Stotz Neto, presidente do Grupo de Estudos de Astronomia do Planetário da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), o fim vai demorar muito tempo. “As distâncias e eventos no universo são absolutamente lentos”, afirma.

Sol quente

Segundo ele, o fim do mundo vai acontecer em decorrência de uma expansão do sol, antes de sua morte. “Daqui a cinco bilhões de anos, antes que ele arrefeça, perderá força de sustentação e se expandirá. Obviamente a Terra fará parte do sol”, revela. “O fim natural da Terra vai acontecer, quando o sol se transformar em um gigante vermelho e seu raio crescer”, explica o professor Wagner Marcolino, do Observatório do Valongo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), ressaltando, assim como Adolfo, que isso só deve acontecer daqui a bilhões de anos.

Outro perigo são as quedas de asteroides. “Existem crateras que comprovam que já caíram asteroides muito grandes”, conta Marcolino. “Garanto que não tem como acontecer um grande choque em 50 ou 100 anos. E os cometas são mais perigosos do que asteroides, mas são feitos de água e gelo, então se desmancham antes de cair”, pontua Stotz Neto. Conforme o pesquisador, Júpiter, o maior planeta, é o “escudo” do sistema solar, pois absorve a maioria dos cometas. “Os asteroides perigosos são os de níquel e ferro, mas apenas uma vez foi registrado que um atingiu uma pessoa. Noventa e nove por cento cai na água”, conclui.

A probabilidade de você acompanhar a destruição da Terra, portanto, é irrisória. Mas, até a hora final, pode ter certeza: muita gente vai se preparar para o apocalipse. E nada vai acontecer. Então vão se preparar para o próximo. E para o próximo.

Extraído do blog do historiógrafo Rostand Medeiros

http://tokdehistoria.wordpress.com/2012/12/22/de-novo-o-mundo-nao-se-acabou-mas-ate-quando




Colecionador do Piauí reúne mais de 500 itens sobre Luiz Gonzaga Por:G1

Wilson Seraine estuda há 15 anos a história e obra do 'Rei do Baião'.
Ele também é presidente da 1ª Colônia Gonzaguena do Brasil, em Teresina.

O professor de física Wilson Seraine é um dos especialistas mais respeitados do Piauí e do Nordeste quando se trata da vida e obra de Luiz Gonzaga. Segundo ele, a paixão pelo sanfoneiro já era antiga, mas ficou realmente séria há 15 anos, quando passou a intensificar a compra de livros, revistas, chapéus, CDs, DVDs, LPs, partituras e fotos do Velho Lua. Atualmente já são mais de 500 itens em sua coleção particular.

Além de apaixonado pela história do ícone nordestino, Seraine é um grande divulgador de sua obra. O professor tem um programa de rádio há quase sete anos no qual fala de cultura popular, especialmente do autor de Asa Branca.

“Temos o programa de rádio e ainda realizamos, há quatro anos em Teresina, a Procissão da Sanfona no dia da morte de Luiz Gonzaga, 2 de agosto. Conseguimos juntar mais 50 sanfoneiros na procissão deste ano”, relata.

Wilson Seraine e Luiz Lua Gonzaga

A admiração pelo trabalho de Luiz Gonzaga fica evidente quando se entra na casa do pesquisador. Lá, existe o Espaço Cultural Luiz Gonzaga com dezenas de rádios, telefones, gravuras, cartazes, quadros, bebidas e outros utensílios que lembram a cultural popular nordestina e obra de Gonzaga. Em outro cômodo estão os LPs, livros, revistas, cordéis que remetem ao Velho Lua.

“Luiz apresentou o Nordeste inteiro para o brasileiro. Ele cantou nossas lendas, a culinária, a sabedoria popular, os vaqueiros e os estados nordestinos como ninguém fez. Luiz Gonzaga é o próprio nordeste”, afirma o pesquisador.

Segundo ele, o fato de ser um professor de física, com mestrado em Ciências Matemáticas, ainda ser um especialista em Luiz Gonzaga, causa estranheza. 


“Sou antes de tudo nordestino. Já era fã do Velho Lua antes de me tornar pesquisador de sua obra. José Leite Lopes, o maior físico brasileiro, aconselhou os físicos a lerem sobre cultura e história quando cansarem de estudar sua área. Eu não esperei isso acontecer”, disse.

“Passei a viajar muito quando terminei o meu mestrado quatro anos atrás. Fui à Exu(PE), Juazeiro do Norte(CE), Crato(CE) e Paulo Afonso (BA) para dar palestras, participar de congressos e garimpar material. Nessas viagens, a gente consegue vídeos caseiros da região, livros antigos e músicas diferentes. Toda viagem que faço é um intercâmbio cultural com a região e sempre há algo de novo sobre Luiz Gonzaga”, afirma.


O amor pela vida obra de Luiz Gonzaga lhe rendeu o cargo de presidente da I Colônia Gonzagueana do Brasil. “Um dia estávamos confraternizando em casa com o Reginaldo Silva, um especialista sobre Gonzagão, e amigos quando ele decretou que estava fundada a Colônia e eu era o presidente. No início levei na brincadeira, mas as comemorações pelo centenário do cantor fizeram com que levássemos a coisa mais a sério. Temos perfis nas redes sociais, estamos construindo nosso site e contamos com cada vez mais adeptos”, explica Seraine que sedia a organização em sua casa.
  
O sanfoneiro Geri Wilson é um dos Gonzaguenos. Ele conta que é músico profissional há mais de 20 anos, mas que se apaixonou pela obra de Luiz Gonzaga há apenas quatro anos. “Eu participava de bandas que tocavam ritmos populares de sucesso rápido, quando um belo dia caiu a ficha. “Agora eu quero tocar é Asa Branca”, pensei. Passei então a pesquisar, cantar e acabei fundando uma banda que tem como maior influência o Gonzagão”, conta.

Não há restrição de idade para participar da Colônia Gonzaguena. Isac Prado tem apenas 10 anos, mas já é um sanfoneiro de respeitado em todo o Piauí. “A primeira música que aprendi foi Asa Branca e a maioria das canções que toco são de Luiz Gonzaga”, afirma o pequeno músico que aprendeu sozinho, aos 6 anos, a tocar o instrumento.

Seraine, Severo e Reginaldo em dia de Cariri  Cangaço

A I Colônia Gonzaguena do Piauí é organizadora da Missa dos Sanfoneiros, que será celebrada nesta quinta-feira (13), dia em que Luiz Gonzaga completaria 100 anos. A missa será realizada na Igreja São Benedito, em Teresina. Antes da celebração, vários sanfoneiros da região farão um encontro no Adro da igreja.

As comemorações pelo centenário de Luiz Gonzaga envolvem apresentações musicais do Coral Nova Visão, da Associação dos Cegos do Piauí; da Banda do 25 BC, com repertório especial de Luiz Gonzaga; de Solange Veras, piauiense compositora parceira do Rei do Baião; e da Big Band Luiz Gonzaga.

A programação, organizada pela Colônia Gonzagueana/Piauí, inclui ainda uma apresentação de dança, com Sidh Ribeiro; apresentação de sanfoneiros e a realização de um leilão cultural, com a arrecadação destinada às vítimas da seca no semiárido piauiense.

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