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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2021

UMA VITÓRIA DA HISTÓRIA DO CANGAÇO

Por Archimedes Marques

A internet é o espaço por excelência da liberdade, o que não significa dizer que seja um universo sem lei e infenso à responsabilidade pelos abusos que lá venham a ocorrer. (Ministro Herman Benjamim).

Há algum tempo atrás um cidadão de epiteto RICO INGLÊS então detentor de um Canal de You Tube denominado O CONTRADITÓRIO DO CANGAÇO, resolveu CONTESTAR A HISTORIA DO CANGAÇO E A TODOS OS PESQUISADORES que ao longo de muitos anos construíram essa história. Até ai tudo bem que pela nossa Constituição Federal há o Direito da Livre Expressão a cada brasileiro e toda e qualquer contestação é sempre bem-vinda para se consertar aquilo que está errado.

Entretanto, o citado cidadão RICO INGLÊS apenas não contestava, ele agredia a tudo e a todos com PALAVRAS AGRESSIVAS, DE BAIXO CALÃO E ATÉ CRIMINOSAS, praticando por vezes seguidas os CRIMES DE INJÚRIA, CALÚNIA E DIFAMAÇÃO contra muitos, ALÉM DE INFRINGIR OS DIREITOS AUTORIAS de tantos outros, vez que era USEIRO E VEZEIRO em usar vídeos alheios sem as devidas cautelas.

Para não muito alongar, citando apenas três grandes personagens das pesquisas do cangaço atingidos por ele, a exemplo de Antonio Amaury Corrêa de Araujo, Aderbal Simões Nogueira e Lamartine de Andrade Lima, eram constantemente agredidos e vilipendiados pelo citado RICO INGLÊS, não somente nos seus vídeos, mas também nos comentários desses vídeos. Chamar de “mentirosos” era a palavra menos agressiva que ele usava. Ademais não aceitava crítica de quem quer que fosse e as respondia sempre com palavrões e xingamentos diversos, asseverando sempre que o CANAL ERA DELE E POR ISSO ELE FALAVA O QUE BEM QUERIA, CONTESTAVA O QUE BEM QUERIA E XINGAVA QUEM ELE BEM QUERIA. Trocando em miúdos o cidadão RICO INGLÊS se achava o VERDADEIRO REI DA COCADA PRETA e até mesmo o DONO DO YOUTUBE.

Nas suas tantas contestações o cidadão RICO INGLÊS chegou até o CUMULO DO ABSURDO de alegar que ANGICO NUNCA EXISTIU, QUE TUDO NÃO PASSOU DE UM GRANDE TEATRO inventado pelos vencedores, Policiais Volantes, e com aval dos antigos pesquisadores que manipulavam e até compravam os entrevistados para manterem essa história mentirosa. Desse modo o cidadão RICO INGLÊS passou a ser uma PERSONA NON GRATA entre todos os verdadeiros pesquisadores, não somente os da velha geração, mas também da nova geração como Robério Santos e Tiago Menezes que também mantém Canais junto a Plataforma de You Tube dentre tantos outros que mantém páginas no Facebook. E assim uma verdadeira enxurrada de denúncias foram feitas no âmbito interno do You Tube contra ele. E assim também na qualidade de verdadeiro pesquisador indiretamente atingido resolvi por conta própria organizar um DOSSIÊ contra o RICO INGLÊS. Desse modo estudei todos os seus vídeos e comentários dando PRINTS em todas as agressões e xingamentos que ele cometeu na sua trajetória de contestações, relacionando todos crimes que ele praticou, que juntando tudo deu o total de 62 páginas, encaminhando-as via e-mail para o setor jurídico do You Tube.

Assim sendo, tomei como surpresa no dia de hoje que o referido RICO INGLÊS FOI EXPULSO DO YOU TUBE E TODOS OS SEUS VIDEOS FORAM DELETADOS.

Decerto que essa vitória não foi somente minha, foi fruto de uma sucessiva JUNÇÃO DE DENUNCIAS, a exemplo das tantas denúncias feitas por Aderbal Nogueira que já tinha feito o You Tube retirar do ar vários vídeos desse cidadão, assim como o Robério Santos que também o denunciou dentre tantos outros que se sentiram ofendidos.

Finalizo reafirmando com muito orgulho que essa foi UMA VITÓRIA DA HISTÓRIA DO CANGAÇO.

Aracaju, 04 de fevereiro de 2021.

Archimedes José Melo Marques.

Pesquisador do Cangaço.

https://www.facebook.com/groups/1893861520873829

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CORISCO A SOMBRA DE LAMPIÃO

Por José Mendes Pereira

Dê um pulinho até Cajazeiras no Estado da Paraíba e veja se o professor Pereira ainda tem esta maravilhosa obra em sua livraria. Aqui está o seu contato:

franpelima@bol.com.br

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ALINA EPONINA, PIONEIRA NO CANGAÇO

 Por João Costa

Um detalhe que chama muita atenção no cangaço são os casais; notadamente os casamentos entre primos – foram muitos. O casamento entre primos no Brasil é permitido; embora em torno de um amor assim, pairem desconfianças genéticas, medo do pecado e tudo o mais. A endogamia era a possibilidade de amar na vastidão das zonas rurais, de vida social praticamente nula.

Tomemos o caso da primeira cangaceira e que não obteve fama; uma jovem destemida que casou com o primo por amor, pegou em armas muito antes de Maria Bonita e Dadá e as demais 36 cangaceiras da era lampiônica; foi trocada por outra mulher mais nova e terminou sua vida abandonada pelo icônico guerreiro e salteador do Pajeú pernambucano.

É o caso de Alina Eponina de Sá, prima e esposa de Sinhô Pereira. Mulher pouco conhecida até por pesquisadores, que passou a ter uma vida cangaceira em 1919, data de seu casamento no religioso com o já cangaceiro Sinhô Pereira, primeiro chefe de Virgulino, antes da era Lampiônica.

O relato é dela mesma, em entrevista ao jornal O Povo, de Fortaleza, em 1968, ao escritor e jornalista Otacílio Anselmo. Alina Eponina, de fato, foi a mulher pioneira no cangaço – e pouco, muito pouco mesmo, se sabe sobre seu perfil.

Ela mesma narrou que foi criada no mesmo universo rural do primo, casou por amor e seguiu o marido pelo tempo que este permaneceu no cangaço; acompanhou Sinhô Pereira quando "depôs as armas", foi para Goiás e depois morar em Minas Gerais até 1958.

A matéria do jornal O Povo, pinçada pelo escritor Frederico Pernambucano de Mello, no livro “Apagando Lampião” tem trechos assim:

“Alina passou a viver com o marido a partir do dia do casamento, havendo tomado parte em todos os combates travados desde aquela data, utilizando um rifle cano de mamão”.

Isso em 1919. Outra mulher que só haveria de manejar armas e impor autoridade a homens em armas, foi Dadá, entre os anos de 1930 e 1940.

Diz ainda Anselmo em sua matéria.

“O que mais assinalou sua audacíssima união com Sinhô Pereira foi o nascimento do filho, Severino Pereira, em 1922, já em Goiás; sem esquecer que a travessia de Sinhô Pereira deste estado para Minas, se deu em meio a pesados tiroteios”.

Alina revela que ao casar com Sinhô Pereira era nove anos mais moça que ele e fora abandonada por Pereira, já em Minas Gerais, simplesmente “trocada” por uma mulher mais nova.

A garota nascida na zona rural no longo domínio territorial de Serra Talhada, companheira de cama e de rifle, após seguir e apoiar o marido pelo Pajeú de Pernambuco, Ceará; depois Goiás e Minas Gerais, voltou para o Ceará.

Descartada, despojada de bens, a jovem que se apaixonara pelo primo guerreiro e com ele casou, estava de volta ao convívio da sua família no Cariri Cearense.

“Dona Lina” como ficou conhecida na velhice, morreu em junho de 1972 e foi sepultada no Cemitério de Jati-CE.

Na historiografia da mulher no Cangaço, há lacunas gigantescas a serem preenchidas por pesquisadores; para essas mulheres não cabem simplesmente papéis de coadjuvantes de seus companheiros, limitadas a sexo, civilidade ou mesmo de vitimização.

Mas é preciso acrescentar e destacar posturas e regras civilizadas que elas mesmas, com naturalidade, impuseram a homens celerados, ladrões, salteadores, injustiçados; simplesmente homens e seu tempo.

João Costa – blogdojoaocosta.com.br

Fonte: “Apagando Lampião”, de Frederico Pernambucano de Melo

Foto. Sinhô Pereira.

Cariri Cangaço - Imagem de Eponina.

https://www.facebook.com/groups/508711929732768

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SUSI RIBEIRO CAMPOS NORA DE SILA E ZÉ SERENO

 Por Susi Ribeiro Campos


Boa noite, meu grande amigo José Mendes Pereira:
 
Como lhe prometi, vou dar continuidade ao que relatei anteriormente sobre minha convivência com minha sogra Sila ex-cangaceira de Lampião.

Já em Julho de 1993, quando comecei a namorar Wilson (filho do casal de cangaceiro), no dia seguinte ao dia 08 de Julho, Sila havia me feito um elogio e Wilson se dirigindo a ela, disse: 

- Ela pode ser sua nora...

Disse e saiu rindo, alegre como sempre foi.

Sila me olhou assustada, estávamos na cozinha de sua casa:

- É verdade? Mas seus pais não vão deixar... Wilson é pobre... ele bebe.

Susi Ribeiro e o coronel do exército Conrado Lima 

Ao que logo lhe respondi:

- Mas ele vai parar de beber (tinha comigo essa certeza) e meu pai vai deixar sim, sabe o quanto gosto do seu filho.

Susi Ribeiro Campos e sua mãe Lea Ambrogini de Lima

Sila se preocupava, pois, meus pais me haviam dado estudo e tinham uma posição sócioeconômica privilegiada. Meu pai era Coronel da Aeronáutica aposentado. Logo fomos conversando e arrumando a mesa para o almoço, enquanto eu procurava dissipar suas preocupações.

Susi e Wilson

Sila tinha se apegado muito ao Wilson e com razão, pois viúva, tinha perdido o filho mais velho Ivo Ribeiro de Souza, em um trágico acidente ainda muito jovem, lhe restava Wilson e Gila.  

Gilaene (Gila) filha do ex-casal de cangaceiros Zé Sereno e Sila. - www.youtube.com - Gila também já faleceu há poucos anos.

Wilson era quem cuidava dela, estava sempre ao seu lado, a acompanhava ao médico, enfim Wilson era seu "tudo". Sila tinha muito medo de perder esse filho, que ele se casasse de novo e a abandonasse, como dizia.

Não foi fácil, procurei explicar a ela que eu não estava ali para afastar Wilson dela, mas para que pudéssemos todos ser mais unidos.

Aos poucos, quando fui morar nos fundos de sua casa, ela pode então compreender, que realmente minha intenção não era levar Wilson embora, e ficou mais tranquila.

Voltando a hora do almoço... esse demorava, rsrsrsrs nos fins de semanas, eu e ela preparávamos o almoço e ficávamos por horas jogando Buraco, até a hora de Wilson voltar, do bar “Toca do Sapo”, que pertencia aos meus padrinhos de Batismo, o casal baiano Eriberto Pereira de Jesus e Maria José Pereira.

A diversão de Wilson era a cerveja, mas voltava alegre para casa e ia dormir... rsrsrs e nós duas almoçávamos sozinhas.

Durante a semana, ele trabalhava o dia inteiro, como fotógrafo e cinegrafista do Instituto Oceanográfico da USP, voltava direto para casa, e ficávamos juntos na sala, assistindo as novelas, filmes...

Sila ainda costurava, fazia roupas para peças de teatro sobre o Cangaço, escrevia livros, dava entrevistas em programas de Televisão, fazia exposições e Lançamentos. Era muito ativa, vaidosa. Era eu que cuidava dos cabelos dela, fazia suas unhas, maquiagem, e a deixava prontinha para suas entrevistas.

Wilson e eu a levávamos, quando suas entrevistas eram em São Paulo, como no Programa do Amaury Júnior, Jô Soares e Sílvia Poppovic. Wilson programava o videocassete para gravar, a acompanhávamos e esperávamos por ela.

Muitas vezes, ela insistiu para que eu a acompanhasse em suas entrevistas, mas nunca quis aparecer às custas da vida, do sofrimento dela, era sua história, seu momento, respondia... preferia esperar por ela lá fora.

Na volta para casa, íamos correndo assistir, ele então fazia uma pequena edição e ficava completo, porque ela tinha brilho, força, luz e a História encantadora de sua vida

Sempre tivemos desavenças familiares quanto a limpeza da casa, forma de como passar a roupa do Wilson... quem cuidava melhor dele, rsrsrs, mas nada nunca nos desuniu, ela era realmente para mim não uma sogra, mas uma madrinha, aquela da infância. Íamos juntas à feira fazer compras, ela adorava peixe, e o que me fazia fazer cara de nojo... gostava da cabeça do peixe assado.

Muitas vezes ela foi conosco (Wilson e eu) à casa de meus pais, tinha seu quarto e sua televisão particular, para assistir sua novela preferida "Maria do Bairro".

xonatas.blogspot.com

Sila gostava muito de passear, viajava muito ao Nordeste, e ficava por lá durante meses, na casa de amigos.

Sobre o cangaço, comigo, não falava muito, pois eu a ouvia contar repetidas vezes suas histórias, durante as entrevistas que dava aos repórteres que a procuravam em sua casa. Eu já sabia de trás para frente, de frente para trás..., mas algumas coisas me foram confidenciadas sim. "Que Lampião era um chefe justo, calmo, sua fala era pausada, tranquila e era além de muito inteligente, como um pai para todos. Não gostava de maldades e refreava os cangaceiros que tinham índole violenta. 

Lampião rezando

Que era um homem religioso, com uma fé enorme e muito respeito pelas famílias. Que havia sido "carregada" para o Cangaço por Zé Sereno, não tinha ido por livre e espontânea vontade.

Cangaceiro Zé Sereno

Chorava ao lembrar de seus irmãos que a acompanharam e morreram no Cangaço, do filho que teve "no mato" e por incrível que possa parecer, do gênio forte de Maria de Lampião, que a desagradava. Ela dizia que "Maria era meio louca" instável, xingava muito e ridicularizava quem não gostava." 

Maria Bonita

Que pouco se viram, Sila não gostava de Maria, não sei o que houve e não vou entrar em detalhes, pois ela não me contou o porquê, mas pude sentir isso várias vezes, em todas as entrevistas que dava, durante as exposições e quando falava conosco, nos contando particularmente.

Segundo Sila ela foi a última pessoa a conversar com Maria Bonita antes do Massacre de Angico, mas como todos nós temos outras pessoas que mais nos agradam, Sila não era diferente, Maria não era sua melhor amiga, como dizia aos historiadores. Ela nunca quis revelar isto aos historiadores, somente contava a nós, e é claro, a Vera Ferreira neta da Maria Bonita  sabe disto também.

Ex-cangaceira Dulce - a última cangaceira que está viva - De toda(as)(os) os cangaceiros ela é a única que está viva.

Das cangaceiras amigas, falava muito de Dulce, Nenê de Luiz Pedro, que havia falecido no dia seguinte de sua entrada no cangaço e de Dadá após o Cangaço.

Neném do Ouro e Luiz Pedro

Dadá e Corisco

Sila e Zé Sereno haviam feito muitas amizades com ex-policiais e volantes que também foram morar em São Paulo, e até uma vez, tive a oportunidade de acompanhá-la à casa da família de um ex-volante, foi uma tarde muito agradável, conversei muito com uma senhorinha já bem idosa, esposa do ex-volante falecido. Infelizmente não me recordo o nome deles.

Minha sogra tinha momentos de tristeza, lembrava muito de Ivo, o filho falecido, logo eu procurava mudar de assunto... "vamos jogar? Eu perguntava, ela adorava jogar.

De tempos em tempos, eu a acompanhava ao médico. Ela sofria de hipertensão sistêmica, e tinha crises terríveis de pressão alta, com dores de cabeça que a atormentavam muito, principalmente no tempo frio de São Paulo.

Um dia chegamos, Wilson e eu a ter que correr com ela, de madrugada, para o hospital, acordamos e ela sangrava muito pelo nariz. “- Foi a sorte dela”, disse o médico, pois se o sangue não houvesse saído, poderia ter causado um derrame cerebral.

Ainda existe muito a ser dito sobre nossa vida em comum, após o falecimento de meu pai, quando Sila ficava muito em nossa casa em Rio Claro, mas vou terminar por aqui hoje meu amigo , e continuar um outro dia.

Realmente tenho vontade de lhe escrever mais, mas após o falecimento do Wilson, venho sofrendo com astigmatismo e hipermetropia e detesto usar óculos, mas mesmo com eles, minha vista se cansa.

Se Deus quiser próximo ano acaba a carência do plano de saúde por doença pré-existente, e eu poderei fazer a cirurgia da vista.

Agradeço por mais uma oportunidade!
Um grande abraço a você
À Sila, sempre minha eterna gratidão e carinho!
Susi Ribeiro Campos, nora de Sila e Zé Sereno

Este material foi enviado para mim pela nora do casal de cangaceiros Zé Sereno e Sila Susi Ribeiro Campos.

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SILA DOCUMENTÁRIO

 Por Aderbal Nogueira

https://www.youtube.com/watch?v=wxKHA8JH8rY&ab_channel=AderbalNogueira-Canga%C3%A7o

Aderbal Nogueira - Cangaço

Entrada no cangaço - Zé Sereno, Luis Pedro e Neném - Primeiro tiroteio e morte de Neném - A revolta de Luis Pedro - Encontro com Lampião - Como era Lampião - Reencontro com Adília - Rio São Francisco - Combate em Angico.

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20 CURIOSIDADES SOBRE LAMPIÃO

 https://www.youtube.com/watch?v=g_oC1kI-CYI&ab_channel=Canga%C3%A7oEterno

Cangaço Eterno

Conheça algumas curiosidades sobre o maior cangaceiro da história ! Você sabi que ele mandou matar seu meio irmão ? Pois é, essa entre outras vocês encontra nesse vídeo.

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A BOLA DO FINADO

Clerisvaldo B. Chagas, 4 de fevereiro de 2021

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica/conto 2.464

O Estádio Arnon de Mello, em Santana do Ipanema, Alagoas, está situado ao lado do Cemitério Santa Sofia, parte alta do Bairro Camoxinga. Recebeu o nome do, então, governador em troca de vários milheiros de tijolos para cercar a praça esportiva. Acordo firmado, hoje em dia a murada anda precisando de reforma para mais segurança dos transeuntes da área.

Cemitério Santa Sofia construído entre 1942 e 1945. (foto: B. Chagas/livro 230).

Certa feita, houve um jogo muito importante. A torcida lotava o estádio, inclusive, havia muitos desportistas até em cima do alto muro que separa o cemitério do estádio. O Ipanema, costumeiramente, sempre foi um time orientado para bola rasteira e rápida, porém, desta feita um zagueiro mandou a bola violentamente para o espaço fazendo com que ela caísse no Cemitério Santa Sofia.

A torcida ficou irritada porque isso atrasaria o jogo, pois, na época, jogando com uma bola só, era preciso enviar um funcionário do campo para rodear pela rua, entrar no cemitério, procurar entre os túmulos e trazer de volta a pelota. Mas eis que um milagre aconteceu. A bola retornou do mesmo jeito que havia deixado o campo. Com o acontecimento inédito, houve uma debandada dos torcedores que estavam encostados ao muro. O bandeirinha saiu em disparada se benzendo e erguendo as mãos aos céus.

O segundo acontecimento foi ainda mais espetacular. O Ipanema jogava um amistoso com um time do Agreste quando um zagueiro, sufocado com o ataque adversário, deu um chutão que a bola subiu e parecia não querer voltar ao solo, foi para nos fundos do cemitério. Após cinco minutos de jogo paralisado, chega o vigia do cemitério e devolve a bola dizendo: “O finado Zé Bodó mandou dizer que se a pelota bater novamente em sua cruz rasgará a bola”. E como Zé Bodó havia morrido há pouco meses, o treinador que recebeu a bola de volta teve uma tremedeira na hora e uma diarreia momentânea, despachada nos recantos do estádio.

Seria o Benedito!

http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2021/02/abola-do-finado-clerisvaldob.html

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EX-CANGACEIRA NARRA MORTE DE LAMPIÃO

 Por Ana Francisca Ponzio - Especialpara A Folha

Hoje dona Sila tem medo de cobra e sapo. Nem parece a cangaceira que, há quase 60 anos, participou do bando de Lampião, o mito das caatingas, misto de bandido e justiceiro, que morreu em uma emboscada em 1938.

Costureira aposentada, Sila é viúva de Zé Sereno, homem de confiança de Lampião. Foi ele quem a sequestrou, quando ela tinha 14 anos, para transformá-la em companheira e cangaceira.

Os dois tiveram quatro filhos e ficaram juntos até que um enfarte o matou, em 1981. Na época, já viviam em São Paulo, para onde vieram em 1945, após a anistia concedida por Vargas aos cangaceiros sobreviventes.

Alheia às versões sobre o cangaço, Sila está lançando um livro de memórias.

``Sila - Memórias de Guerra e Paz" narra as experiências da autora desde a entrada no cangaço. ``A partir de meus depoimentos, foi lançado um livro sobre minha vida, em 84. Como a assinatura era de outra pessoa e nunca vi a cor do dinheiro, resolvi contar minha história para que meus netos saibam que fui uma mulher corajosa e batalhadora".

Na verdade, Sila é o apelido que Ilda Ribeiro de Souza ganhou na infância. Nascida na cidade de Poço Redondo, interior de Sergipe, era filha de um fazendeiro. Com oito irmãos, ela perdeu a mãe aos seis anos e o pai aos 13.

Aprendeu a costurar e bordar -habilidade que continuou praticando no cangaço, durante os curtos períodos de trégua policial. Apesar da aridez do sertão, os cangaceiros gostavam de vestir roupas enfeitadas, além de usar jóias.

Andar perfumado era outro hábito dos homens e mulheres do cangaço. ``Ganhávamos perfumes estrangeiros dos fazendeiros que nos protegiam. Banho era mais difícil, só tomávamos quando parávamos em algum lugar seguro."

Ao contrário do que já se disse, os homens do cangaço não costuravam. ``Esta era uma tarefa das mulheres. Cozinhar, sim, era costume dos cangaceiros", diz Sila.

Ela conta que teve um filho um ano após se juntar a Zé Sereno. ``Maria Bonita foi a parteira". Como não eram permitidas crianças no cangaço, Sila entregou o filho, que chamou de João do Mato, aos cuidados de conhecidos de sua família. Muitos anos depois, ela soube que o bebê morreu com poucos dias de vida. ``Era uma vida sacrificada. Só cangaceiro aguentava, os soldados não".

Sila acompanhou o bando, ainda que contrariada com Zé Sereno por tê-la raptado. No segundo dia de cangaço, após muita caminhada, ela presenciou o primeiro confronto entre o bando de Lampião e os mocas, ou macacos, como eram chamados os soldados. ``Com o tempo, a gente vai se acostumando com o que é bom e o que é ruim", comenta Sila, na casa em que mora com o filho mais novo, Wilson, no Butantã (zona oeste de SP).
Sila nunca entendeu bem os porquês do cangaço. ``Não havia muito tempo para conversa".
Contudo, ela guarda boas lembranças dos antigos companheiros. ``Éramos uma família. Todos eram iguais e as mulheres sempre foram muito respeitadas. Os soldados é que faziam barbaridades e botavam a culpa em Lampião."

O rei do cangaço, afirma Sila, era calmo, leal, honesto, valente, tinha senso de justiça e despertava respeito. Já Maria Bonita, era mais espevitada, na opinião de Sila. ``Sempre foi brincalhona."

Na noite anterior à tragédia que abateu o grupo de Lampião, em Angico, em Sergipe, Sila avisou Maria Bonita de que luzes estranhas piscavam ao longe. ``Ela disse que deviam ser vagalumes. Na verdade, eram os macacos, já posicionados para nos matar."

Boa corredora, Sila escapou ao cerco que matou Lampião, Maria Bonita e mais nove cangaceiros, cujas cabeças decepadas foram exibidas em cidades do Nordeste. Alguns meses depois, Sila e Zé Sereno se renderam para enfrentar a legalidade no sul do país. ``Naquela época, nunca pensei que um dia relataria essa história."

https://www1.folha.uol.com.br/fsp/1995/7/30/cotidiano/28.html

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PARABÉNS!

 Por Relembrando Mossoró

O Relembrando Mossoró vem desejar os parabéns ao amigo Lázaro Paiva, pelos seus 80 anos bem vivido, felicidades amigos e muitos anos de vida.

Adendo:

O http://blogdomendesemendes.blogspot.com  também vem desejar a Lázaro Paiva mais e mais comemorações pela passagem do seu aniversário. 

https://www.facebook.com/photo/?fbid=111028204331564&set=gm.3552685974814807

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DAS VIOLÊNCIAS DO CANGAÇO - UMA CRIANÇA NA MIRA DE AZULÃO

*Rangel Alves da Costa

Odilon e o escritor Rangel Alves da Costa

Nascido a 06 de janeiro de 1932, atualmente aos 89 anos, Odilon é o único sobrevivente do terrível e triste episódio sertanejo conhecido como Chacina do Couro, ocorrido nos sertões de Poço Redondo a 13 de junho daquele ano.

Na chacina comandada pelo cangaceiro Gato, tendo ao lado Suspeita, Azulão, Medalha e Cajueiro, sete sertanejos foram mortos (Antônio Monteiro, o menino Galdino, Alfredo, Clemente, Doroteu, Zé Bonitinho e João de Clemente) na perversa e sangrenta investida. Mataram dois, depois mais três e mais dois, numa aterrorizante sequência de derramamento de sangue inocente.

Sim, pois todos que foram mortos eram completamente inocentes, nada tinham a ver com a ira de Lampião pelo sumiço de selas e arreios que haviam sido enterradas na região do Couro (na divisa de Poço Redondo com a baiana Serra Negra) e foram encontradas por Temístocles de Mané José, e depois levadas para a delegacia de Serra Negra e entregues ao delegado João Batista, irmão do coronel João Maria e do comandante de volante Liberato de Carvalho.

Mas foram inocentes sertanejos, moradores de fazendas pelos arredores, que sofreram, foram torturados e sete acabaram perdendo a vida pela fúria insana de Gato. Ora, que se imagine um perverso e frio cangaceiro recebendo ordens de Lampião para matar. Só que as ordens recebidas visavam outros sertanejos, e não os que foram mortos. Como não encontrou aqueles que deveriam ser executados, então a cangaceirama comandada foi fria e cruelmente matando quem encontrou pela frente.

E por pouco Odilon, com apenas seis meses de vida, não entrou para a terrível estatística. Não teve a mesma sorte o menino Galdino, que contava com apenas sete anos quando foi morto. Talvez tivesse sido os sorrisos e os gestuais tão próprios das crianças que livram da morte Odilon.

Quando os cangaceiros chegaram à casa de seu avô Antônio Monteiro, sua avó e sua mãe logo foram amarradas. Monteiro, o patriarca, seria levado como troféu. Dona Maria, avó de Odilon, foi amarrada sentada ao chão e presa junto à madeira da cama. Já sua filha Olímpia, mãe da criancinha, foi amarrada, e por apenas um braço, no cadilho da rede onde seu filho estava deitado.

Em recente conversa com Odilon, o mesmo confessou que depois ouviu dizer ter sido salvo pelo milagre que protege toda criança, pois uma arma chegou a ser apontada em sua direção. Deitada na rede, sorrindo, esperneando, gesticulando feliz como toda criança faz, Odilon nem de longe imaginava a tragédia ao redor nem o significado daquelas feras humanas olhando em sua direção.

Mas quando Azulão apontou em sua direção, antes de apertar o gatilho outro cangaceiro apressou-se a dizer que se matassem uma criança daquela nunca mais seriam nada, o pior destino estaria logo adiante. Então Azulão retrocedeu e a cangaceirama saiu da moradia levando amarrado Monteiro, o avô da criança. E para logo ser morto.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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