Por Padre Walter Collinni
PÁSCOA 2017
Toda
madrugada, logo que acordo, sem sair do meu quarto de dormir, eu subo à
montanha, como fazia JESUS.
É a minha
subida cotidiana ao monte Tabor, o monte da revelação e da transfiguração.
É lá o momento
da minha oração mais intensa e da minha intimidade mais profunda com DEUS.
É um encontro
silencioso com DEUS, porque as palavras se tornam inúteis, inadequadas. É
oração de pura contemplação. Simplesmente mergulho no infinito de DEUS, fico
contemplando o AMOR eterno, total e absoluto de DEUS pela humanidade toda. Me
deixo absorver por aquele AMOR divino que me diz, e diz para cada ser humano,
feito à sua imagem e semelhança:
“Eu amo você
mais do que seu pai, mais do que sua mãe!”
“Eu amo você
mais do que você ama a si mesmo!!”
“EU AMO VOCÊ
MAIS DO QUE EU AMO A MIM MESMO!!!”
Como Pedro
tenho vontade de dizer: «Senhor eu quero passar toda a eternidade aqui, só
ouvindo esta palavra do senhor: “EU AMO VOCÊ MAIS DO QUE EU AMO A MIM
MESMO!!!”».
Nem percebo o
tempo passar. Meia hora, uma hora, ou duas...
Tenho a
impressão que estou dando apenas uma brechadinha pelo buraco da fechadura da
porta do Paraíso para me extasiar, só por um instante, com a visão do Céu!
Experimento a
verdade da carta aos Hebreus 11,1: “A fé é a certeza daquilo que ainda se
espera, a antecipação de realidades que não se vêem!”.
Eu preciso
saborear a antecipação do Céu para aguentar as dificuldades, os problemas, os
sofrimentos, as provações, minhas e dos outros, ao longo do dia, neste desterro
forçado, neste exílio, felizmente só temporário, gemendo e chorando neste vale
de lágrimas...
Aqui no Tabor
de cada dia, e só aqui, encontro o sentido e a explicação de tudo isso.
Aqui
experimento como é bom morar no coração de DEUS, da SS TRINDADE, e DEUS, a SS
TRINDADE, no meu coração. Tenho uma sensação de unidade e de unificação em
DEUS. Uma fusão em DEUS ou uma efusão de DEUS? Não sei. Só sei que a oração é o
“ponto de fusão” do EU com DEUS!
Nessa
experiência cotidiana me reporto a JESUS, que, em sua oração, cedo da
madrugada, na montanha, ficava a sós com o Pai, mas carregava em seu coração a
humanidade toda, principalmente a humanidade sofredora.
Por um lado eu
sinto que estou sozinho com DEUS e curto pessoalmente essa intimidade...
Mas também,
por outro lado, percebo que não posso ir a DEUS, sem levar toda a humanidade
comigo! São todos e todas filhos e filhas de DEUS!
Por isso aqui
no monte acontece uma grande celebração com toda a humanidade e com toda a
criação: é uma liturgia cósmica, onde manifestamos juntos nossos sentimentos
para com nosso DEUS: amor, adoração, louvor, agradecimento, oferta de nossa
vida, pedido de perdão...
É aqui que eu
unifico, harmonizo e recomponho a fragmentação e o despedaçamento do dia
anterior, preparando-me para descer para a planície onde, mais tarde,
encontrarei meus companheiros/as de humanidade na cotidianidade do caminho,
meus irmãos e minhas irmãs aos quais poderei dizer: “Hoje bem cedo falei de
você a DEUS, agora falo de DEUS a você!”
No meu próximo
encontrarei o mesmo DEUS que encontrei no monte Tabor.
E ao meu
próximo oferecerei o mesmo Amor de DEUS que me transfigurou em um ministro da
sua misericórdia...
E assim, na
companhia da Mãe de JESUS, dos Santos e Santas, dos Anjos de DEUS, começo MAIS
um dia, que é MENOS um dia, para ir morar definitivamente no monte, na casa do
Senhor!
A Semana Santa
já chegou à Sexta-feira Santa. Acabei de celebrar a Liturgia da Paixão e Morte
de Jesus. A palavra "paixão" me lembra seja um grande sofrimento como
um amor gigantesco.
Jesus, antes
da sua Paixão e Morte, havia levado três dos seus Apóstolos ao monte Tabor para
prepará-los e torná-los fortes, para que pudessem suportar o escândalo da
cruz...
A luz do Círio
Pascal ilumine nossas dúvidas, nosso caminho, nossas tristezas com a luz da
RESSURREIÇÃO!
A todos uma
SANTA PÁSCOA!
Padre Walter
Collinni
Enviado pelo professor José Romero de Araújo Cardoso
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