Seguidores

domingo, 4 de janeiro de 2015

QUEM SÃO OS BANDIDOS MAIS FAMOSOS DA HISTÓRIA? – PARTE II


BARRABÁS

Todo mundo conhece a história do ladrão liberado da crucificação para dar lugar a Jesus Cristo. Mas pouco se sabe a respeito dessa figura fascinante, cujo nome em aramaico quer dizer "filho do pai" ou "filho do professor" (especula-se que seu pai era um líder judeu). 

Uma hipótese para sua condenação seria a participação num assassinato durante uma revolta contra o domínio romano em Israel - o que faria dele um revolucionário e não um larápio comum. 

Nem as escrituras sagradas dizem, nem os estudiosos da Bíblia sabem o que aconteceu com ele depois da sua libertação durante a festa da Páscoa. 

Mas Barrabás (1962), com Anthony Quinn no papel-título, imagina várias possibilidades no melhor estilo das superproduções hollywoodianas.

http://mundoestranho.abril.com.br/materia/quem-sao-os-bandidos-mais-famosos-da-historia

Biografia de Barrabás escrita pelo site wikipédia

Barrabás (do aramaico: Bar Abbas, "filho do pai") nasceu na cidade de Jopa, ao sul da Judeia. Tinha a profissão de remador de botes e foi contemporâneo de Jesus Cristo. É um personagem citado no Novo Testamento, no episódio do julgamento de Jesus por Pôncio Pilatos.

Era integrante de um partido judeu que lutava contra a dominação romana denominado zelote.

Seu grupo agia através de ataques às legiões como meio de fustigar as forças invasoras dominantes. Foi preso após um ataque a um grupo de soldados romanos na cidade de Cafarnaum, onde possivelmente um soldado foi morto. «E havia um chamado Barrabás, que, preso com outros amotinadores, tinha num motim cometido uma morte.» (Marcos 15:7)

Segundo o texto bíblico, quando Jesus foi acusado pelos sacerdotes judeus perante Pôncio Pilatos, o governador da Judeia, depois de interrogá-lo, não encontrou motivos para sua condenação. Mas como o populacho, presente ao julgamento, vociferava contra o prisioneiro exigindo sua crucificação, Pilatos mandou flagelá-lo e depois exibi-lo, ensanguentado, acreditando que a multidão se comoveria (um episódio conhecido como Ecce homo). Mas tal não aconteceu.

Pressionado, o governador tentou um último recurso: mandou trazer um condenado à morte, tido como ladrão e assassino, chamado Barrabás, e, valendo-se de uma (suposta) tradição judaica, concedeu ao povo o direito de escolher qual dos dois acusados deveria ser solto e o outro crucificado. Então, o povo manifestou-se pela libertação de Barrabás.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Barrab%C3%A1s

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

O RIO IPANEMA NOS TEMPOS DE LAMPIÃO E A IMPORTÂNCIA ATUAL DELE.

Material do acervo do pesquisador Raul Meneleu Mascarenhas
O rio Ipanema nos tempos de Lampião

Suficientemente, ou até palmo a palmo, conhecia Lampião as bacias dos principais rios do sertão pernambucano, e isto desde as nascentes até suas descargas no São Francisco: 


Brígida, Pajeú, Moxotó... e, também, em parte, a de dois outros que, nascendo em Pesqueira, descem para o litoral despejando-se no mar: o Capibaribe no seu curso superior, e dois terços do Ipojuca, isto é, das suas origens até a cidade de Gravatá. Esse trecho conheceu quando, nos tempos da almocrevia, comboiava intercambiando cargas de rapadura para Vitória de Santo Antão, donde voltava carregado de ancoretas de cachaças.


Finalmente, conhecia o vale de outro rio, o Ipanema, ainda nascido em Pesqueira, cujo território se tornou privilegiadamente, no generoso plexo distribuidor da maior rede de águas correntes de Pernambuco.


Partindo de suas cabeceiras concentradas nas vertentes ocidentais do imponente maciço do Ororubá, logo ali na primeira etapa de sua corrida, o Ipanema força passagem rasgando o relevo, abrindo largo e sugestivo boqueirão. Para daí prosseguir jovem destemido! Descendo e acentuando a declividade de seu leito na ânsia incontinente de enlaçar-se ao São Francisco. 


Deixando o município matriz de origem, precisamente no ponto de encontro de suas terras com as de Alagoinha e Pedra, parece que uma das razões do existir desse rio foi assumir a função de auxiliar da divisão administrativa no traçar dos limites dos municípios ao longo do seu percurso: entre partes de Pedra com Alagoinha, Venturosa e Buíque; e deste com Tupanatinga; e ainda separando completamente Águas Belas de Itaíba. E incluindo Bom Conselho de Papacaça na área de seu drenamento, marca, antes de se despedir da gleba pernambucana, duzentos quilômetros de percurso. Em seguida, invadindo Alagoas, seccionando-o em dois, quase pelo meio, percorrendo ainda uns cem quilômetros. Banhando vilas e cidades: Poço das Trincheiras, Santana do Ipanema... dividindo municípios: o de Olho D'água das Flores do de Major Isidoro... lascando de alto a baixo o município de Batalha, cuja sede de jurisdição lava... servindo às populações ribeirinhas... para, no final de contas, lançar-se palpitoso no São Francisco, mas daí espiando desconfiado as janelas indiscretas do casario de Porto da Folha, na outra margem, em Sergipe... Nesse ponto, seu desnível total acusa cerca de 400 metros.

Confrontando com as ribeiras sertanejas, a do Ipanema se apresenta mais rica de solo e recursos econômicos. Agricultura diversificada, aproveitando, através de processos comuns e empíricos de cultivo, as terras férteis dos baixios, os pés de serra e os terraços pouco elevados. Feijão, milho, algodão herbáceo... de produção apreciável para manter, um ecúmeno mais denso e abastecer grandes feiras, como a de Pesqueira nas quartas-feiras. Isto afora as frutas — manga, caju, banana... — os tubérculos — inhame, batata-doce... — e as verduras... A goiaba nativa e o plantio tecnológico do tomate possibilitaram a implantação de uma potente e famosa agro-indústria de transformação alimentícia.


Grandes fazendas de criação de gado casteado, leiteiro ou de corte, em regime de pastoreio extensivo. A quase ausência de epizootias e os bons pastos, juntos à. cultura disseminada da palmatória, produzindo e conservando os animais sadios e nédios. Região de bacias leiteiras, como a de Venturosa. Possuindo excelentes climas, como o clima-saúde de Alagoinha. Sua paisagem diferenciada encanta, ora se revelando através de azulados serrotes graníticos, como o do Gavião (entre Pesqueira e Alagoinha), testemunhas geológicas de medonhas erosões em priscas eras; ora com exuberante e policrômica roupagem vegetal revestindo as serras; aqui no extenso mapeamento dos cercados traçados pelas linhas verde-escuras dos avelós; acolá na catinga verde-clara quando no inverno ou acizentada na seca... 

Infinidade de trechos pitorescos no vale. Pesqueira contemplada desse mirante natural e turístico, que é o topo da serra do Cruzeiro, deslumbra e assoberba. O povoado de Ipanema com seu singelo arruado aninhando, com ciúme, a meiga igrejinha branca da Virgem da Conceição — cujo pátio tranquilo se enfeita de copados e virentes flambuaiantes, de flores escarlates, sombreantes e aprazíveis ao sopro da viração do rio, que o abraça amoroso e benfazejo —rememora a poesia da infância de tantas cidades hoje em franco desenvolvimento...

Poder-se-iam multiplicar os exemplos por toda a extensão do vale. Incontestavelmente, porém, a paisagem mais encantadora da ribeira do Ipanema é a do microvale do seu afluente, o riacho Mimoso, que corre no sentido oeste-leste. Contemplando a paisagem de cima da serra de Mimoso, divisor de duas zonas fitogeográficas, agreste e sertão, e por onde serpeia vadeando abismos, a antiga rodagem da Obra Contra as Secas, vê-se um corredor estreito, formado pelo alinhamento de elevações paralelas, de encostas íngremes, emoldurando um estreito e alongado brejo de vale ou várzea aluvial, de solo profundo e fértil. Logo ali, à esquerda, numa suave lombada do fundo do vale, debruça-se, mimosamente e no sentido linear, o aglomerado da vila dominada por sua igrejinha com torre, também sob a invocação da Virgem da Conceição. Enchendo o vale, por meia légua de extensão, inúmeros pequenos sítios de banana, manga, laranja, pinha, mamão, cana-de-açúcar... Nos pés de serra, numerosos roçados, em pequenos quadros de culturas de subsistência, circundando as casas de seus proprietários. Mais adiante, o extenso tomatal de várias léguas, da Fazenda de Tomate Senhora do Rosário (antiga fazenda Propriedade), cultivada pela Fábrica Peixe, das Indústrias Alimentícias Carlos de Brito, de Pesqueira. Nas encostas baixas e nas colinas suaves dessa cultura solanácea é feita em faixas terraceadas, para maior rendimento do produto dentro dum plano conservacionista do solo.

Enfim, ao longe, guindada nas alturas, esplendente de branco durante o dia e de luzes à noite, avulta a cidade de Pesqueira com seus altos bueiros fumegantes e testemunhando a pujança de seu progresso. O nome de "Mimoso" aplicado a essa região define perfeitamente a paisagem — precioso mimo dos caprichos da natureza!


Vale de Mimoso! — colcha de retalhos policrônica, doirada de sol e amenizada, em seu clima, pelos ventos canalizantes, que sopram constantes... — cartão-postal de lembrança imorredoura que Pesqueira oferece a seus visitantes...

Desde a fazenda Catolé, situada nas cabeceiras, até sua foz um pouco abaixo de Belo Monte, o rio Ipanema, de depende a 'depende, pontilha-se de acidentes geográficos, aglomerados de população, traços e linhas de comunicação que gravaram as marcas da pisada de Lampião: — as serras de Ororubá, Buíque, Tará, Cumanati, Cavalos, Garanhuns... — fileiras de riachos e corregos... — cidades, vilas, povoados, inúmeras fazendas e sítios... — estradas reais e veredas de bode... — matas e caatingas... Naqueles tempos, seria o vale objeto de incursões atrevidas e desaforadas de Lampião contra Manuel Neto. Durante os últimos anos de vida iria ele, de fogo aceso, assoletrar esse capítulo da volumosa enciclopédia geográfica de seu Reino!


"O rio Ipanema é um patrimônio da humanidade, mas que ainda precisa ser mais conhecido por aqueles que o vê chorando lágrimas de lama. Pois está com uma de suas partes ferida, sangrando e, portanto precisa ser tratada. Nos seus 220 km, de Pesqueira/PE a Belo Monte/AL, a parte mais degrada está localizada na zona urbana de Santana do Ipanema, do Poço Grande às Cachoeiras, cabendo a nós, legítimos guardiões do meio ambiente, assim outorgado pela Mãe Natureza, a responsabilidade moral e humana de tratá-la para que as futuras gerações não se envergonhem das nossas atitudes, ou da falta delas."


BACIA DO RIO IPANEMA


Localização


A bacia hidrográfica do rio Ipanema está localizada em sua maior parte no Estado de Pernambuco, com sua porção sul no Estado de Alagoas, onde se estende até o rio São Francisco. Situa-se entre 08º 18’ 04” e 09º 23’ 24” de latitude sul, e 36º 36’ 28” e 37º 27’ 54” de longitude oeste.

A porção pernambucana constitui a Unidade de Planejamento Hídrico UP7, que limita-se ao norte com a bacia do rio Ipojuca (UP3) e com a bacia do rio Moxotó (UP8), ao sul com o Estado de Alagoas e os grupos de bacias de pequenos rios interiores 1 e 2 - GI1 (UP20) e GI2 (UP21), a leste com a bacia do rio Ipojuca, bacia do rio Una (UP5) e o GI1, e, a oeste, com a bacia do rio Moxotó e o GI2.

Rede Hidrográfica

A nascente do rio Ipanema se situa no município de Pesqueira. Seu curso percorre parte dos estados de Pernambuco (aproximadamente 139 km) e Alagoas, na direção nortesul, até desaguar no rio São Francisco.

Seus principais afluentes são: pela margem direita, riacho do Mororó, riacho Mulungú, riacho do Pinto, riacho Mandacaru e rio Topera; e, pela margem esquerda, rio dos Bois, riacho da Luíza, rio Cordeiro e rio Dois Riachos.


O rio Cordeiro é o principal tributário do rio Ipanema, cuja nascente se localiza no município de Venturosa.

Alguns dos municípios da bacia têm seus limites definidos por cursos d’água: Tupanatinga, pelos riachos do Pinto e Mandacaru; Itaíba, pelo riacho Mandacaru e o rio Ipanema; Águas Belas, pelo rio Ipanema, rio Cordeiro, riacho do Defunto e rio Dois Riachos; e Iati, pelo rio Dois Riachos.

Divisão Político-Administrativa

A bacia do rio Ipanema apresenta uma área de 6.209,67 km², que corresponde a 6,32% da área do estado.

Os municípios pernambucanos totalmente inseridos na bacia são Águas Belas e Pedra.

Aqueles que apresentam sua sede na bacia são Alagoinha, Buíque, Iatí, Itaíba, Pesqueira, Saloá, Tupanatinga e Venturosa, enquanto os parcialmente inseridos na mesma são Arcoverde, Bom Conselho, Caetés, Ibimirim, Manari e Paranatama.

Reservatórios


No quadro acima, são apresentadas as principais características dos reservatórios da bacia do rio Ipanema, com capacidade máxima acima de 1 milhão de m³.

O GRITO DE ALERTA



"Para alguns pode soar estranho comemorar o dia de “algo” que se apresenta de forma tão sujo e degradante. Até poderíamos considerar normal esse pensamento, levando em consideração o que nós santanenses permitimos que o nosso maior e mais belo acidente geográfico chegasse a situação na qual se encontra; pelo menos num pequeno trecho de cerca de três quilômetros, exatamente na área urbana da única cidade em que leva garbosamente o seu nome, Santana do Ipanema."

A estiagem (seca) no sertão
As enchentes do Rio Ipanema

Fontes da matéria:
Cap. 52 Na Ribeira do Ipanema (Lampião, seu tempo e seu Reinado)
Indicativos nos links citados.
  
 http://meneleu.blogspot.com.br/2015/01/o-rio-ipanema-nos-tempos-de-lampiao-e.html

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Lampião: bandido, herói e outros adjetivos

 Por Thiago Fragata
O Cangaço na Arte de Jô Fernandes

O cangaço influenciou boa parte dos movimentos sociais que pontificaram o Brasil no século XX. No século XXI o fato se renova, a insinuação da homossexualidade de Lampião constitui um bom exemplo porque atrelar qualquer tema ao cangaço ou buscar inspiração nele significa atrair público, a opinião pública.  

O fato é que ninguém consegue ficar alheio ao cangaço e seu maior representante, o afamado Virgulino Ferreira da Silva, apelidado Lampião. Já em 1937, Jorge Amado inseriu na sua obra Capitães da Areia uma importante observação: “porque a população dos cinco estados, de Bahia, Pernambuco, Alagoas, Paraíba e Sergipe, vive com os olhos fitos em Lampião. Com ódio e com amor, nunca com indiferença”. Acrescentaria Ceará e Rio Grande do Norte.

Nos dias atuais vemos estudiosos apaixonados pelo exemplo de resistência ao mandonismo dos coronéis e desenvoltura perante as adversidades do sertão nordestino. A saga lampiônica começou em 1918 e findou na Grota de Angicos, Poço Redondo, em 1938, somando 20 anos de ataques, fugas e revides.


Invariavelmente, figuram adjetivos nas obras em geral que tematizam o cangaço, mesmo trabalhos acadêmicos com foros de imparcialidade, que desvelam um olhar engajado. Se no meio acadêmico o cangaço tem seus mais ardorosos simpatizantes, com raríssimas exceções, imagina no seio das populações que conviveram e tiveram experiência positivas ou negativas.

A discussão bandido ou herói dividiu e divide a sociedade. Folheando alguns livros recolhemos expressões curiosas e/ou adjetivos que representam opiniões. Vejamos repertório de Frederico Bezerra Maciel, legítimo representante dos defensores da missão divina e heroica de Virgulino Ferreira da Silva:

Rei do cangaço, Senhor absoluto do sertão, Sua Majestade Lampião, Imperador do Sertão, Rei do Norte, Governador Lampião, Hobin Hood do Nordeste, Interventor do Sertão, Sinhô Lampião,Gênio em tudo, Homem de palavra, Justiceiro, O mesmo [para Bahia] o que fora Padre Cicero para Juazeiro, Ídolo de todos, Invulnerável, Invencível, Eterno, Lampião era o povo, Símbolo das reivindicações sociais, O sertão ínterim, Libertador dos homens explorados do sertão imenso,Paterno e dócil na intimidade, napoleonicamente enérgico no comando, Maior guerrilheiro das Américas, Portador de uma luz de inteligência superior, penetrando até os domínios da cultura, dentre outros.


Por outro lado, minoria de estudiosos renitentes, ora estribado no argumento da legalidade, do Estado de direito, ora afetado pelas estripulias praticadas por Lampião e seus asseclas contra populações indefesas, enfileiram acusações e adjetivos contundentes contra o vilão. Parapesquisadores como Frederico Pernambucanos de Mello e Rodrigues de Carvalho a completa definição de Lampião inclui os termos:

“Criminoso, truculento celerado, bandido sem ética, alienado mental, nocivo, rapace por cleptomania, sadicamente perverso, imoral currador dos infelizes sertanejos, taciturno caolho, refece profissional, tenebroso celerado, avarento, corruptor das famílias, anjinho de asa de morcego, carne de pescoço infernal, catingueiro e sagaz, soturno sicário, miserável refece, terrível sicário, ardiloso sicário semi-analfabeto, espírito de porco espinho, demônio de sagacidade e esperteza, facínora destituído de humanidade, lombrosiano”, dentre outros adjetivos.

No universo da literatura de cordel é recorrente o tema cangaço. Não é difícil encontrar os títulos referente a chegada de Lampião no céu, no inferno e mesmo ao purgatório. Declara Maria Ângela de Faria Grillo que nos cordéis “as representações sobre cangaceiros diferem das encontradas nos livros didáticos o na literatura oficial. Quase sempre tratados como bandidos nestes espaços, nos cordéis são, pelo menos, mais contraditórios”, ou seja, são assassinos mas são românticos, roubam mas ajudam os pobres, enfim, possuem carga heroica.

Lampião dos cordéis mantém traço heroico e contraditório

Numa rápida leitura de A chegada de Lampião no Céu (s/d), de Rodolfo Coelho Cavalcante; de A chegada de Lampião no inferno, de José Pacheco, e A Chegada de Lampião no purgatório (s/d), de Luiz Gonzaga de Lima (1981) captamos a impressão a respeito da polêmica bandido x herói. Lampião retratado por Rodolfo Coelho Cavalcante não merece entrar no céu por isso é mandado ao purgatório. Daí foi expulso por São Miguel, segundo verso de Luiz Gonzaga de Lima. No inferno não ficou, agora expulso por Lúcifer, desde então vaga pelos sertões feito alma penada a soprar estórias e inspirando arte popular nordestina, tudo para não deixar o Brasil esquecer o cangaço.

Lampião é o herói bandido dos cordéis
Thiago Fragata

Pesquisador, especialista em História Cultural pela Universidade Federal de Sergipe (UFS), sócio efetivo do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe (IHGSE) e diretor do Museu Histórico de Sergipe (MHS/SECULT). Matéria especial para o blog do Museu Histórico de Sergipe e sua exposição “Cangaço: por dentro do emborná e na ponta do punhá” (22 de agosto a 22 de setembro de 2012).E-mail: thiagofragata@gmail.com


http://museuhsergipe.blogspot.com.br/search/label/Lampi%C3%A3o

http://cariricangaco.blogspot.com.br/2015/01/lampiao-bandido-heroi-e-outros.html

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

ANIVERSÁRIO DO CANGACEIRÓLOGO RUBINHO LIMA


Hoje é o aniversário do escritor e pesquisador do cangaço  Rubervânio Rubinho Lima (Rubinho Lima), da cidade de Paulo Afonso, no Estado da Bahia.


Toda família do blog do Mendes e Mendes parabeniza-lhe e deseja-lhe um montão de felicidade, saúde, paz, harmonia, dinheiro, e sobre tudo, compreensão e muita paciência vivendo a vida.

Parabéns, grande Rubinho Lima!

Facebook: Rubinho Lima

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

TESTAMENTO DE PADRE CÍCERO NA ÍNTEGRA (INCLUINDO TERMO DE ABERTURA) - PARTE IiI


Faço estas declarações, neste documento, para que os que me sobreviverem fiquem scientes (por que perante Deus tenho a minha consciencia tranquila) que neste mundo, durante toda a minha vida, quer como homem, quer como Sacerdote nunca, graças a Deus, commeti um acto de deshonestidade, seja sob que ponto de vista se possa ou queira encarar, nem nunca commemeti, nem alimentei embuste de especie alguma.

Aproveito o ensejo para pedir a todos os moradores desta nossa terra, o Joazeiro, muito especialmento aos romeiros, que depois da minha morte não se retirem daqui nem o abandonem; que continuem domiciliados aqui, no Joazeiro, venerando e amando sempre a Santissima Virgem Mãe de Deus, único remedio de todas as nossas afflicções, auxiliando a manutenção do seu culto e de todas as instituições religiosas que aqui se fundarem e com especial menção a dos Benemeritos Padres Salesianos que serão os meus continuadores nas obras de Caridade que aqui iniciei.

Insistindo, peço, como sempre aconselhei, que sejam bons e honestos, trabalhadores e crentes, amigos uns dos outros e obedientes e respeitadores ás leis e ás autoridades civis e da Santa Igreja Catholica Apostolica Romana, no seio da qual tão somente póde haver felicidade e salvação.

Torno extensivo este meu pedido tambem a todos os meus amigos, pessôas de outros Estados e Dioceses, romeiros tambem da Santa Virgem Mãe das Dores, isto é, que continuem a visitar o Joazeiro, em romarias a Santissima Virgem como sempre o fizeram, auxiliando a manutenção de seu culto e das instituições religiosas que aqui fôrem creados e com especial menção, repito, a dos Benemeritos Padres Salesianos que serão aqui no Joazeiro os meus continuadores na Obra de Caridade que emprhendi; e que sejam sempre bons e honestos, trabalhadores e crentes, amigos uns dos outros e obedientes e respeitadores as leis e as autoridades civis e da Santa Igreja Catholica Apostolica Romana, no seio da qual tão somente poderemos encontrar felicidades e salvação.

Estes conselhos, que sempre os dei em minha vida, não me canço de repetil-os aqui, para que depois da minha morte bem gravadas fiquem na lembrança deste povo, cuja felicidade e salvação sempre fôram objecto da minha maior preocupação.

Não tenho ascendentes vivos nem tão pouco descendentes, e assim julgo poder dispôr dos meus bens, que se acham livres e desembaraçados, de accordo com as leis do meu paiz e dee modo por que desejo e como se segue e o faço na plenitude de minhas faculdades e da mais livre e espontanea vontade:

Primeira - Deixo para Ordem dos Padres Salesianos todas as terras que possúo nos sitios Logradouro, Salgadinho, Mochilla, Carás, Pau-Secco que pertenceu ao velho Antonio Felix, neste Municipio; o sitio Conceição na Serra Araripe, Municipio do Crato, onde reside o empregado Casimiro; os terrenos que possúo na serra Araripe e mais o sitio Brejinho ao sopé da mesma serra Araripe do Municipio do mesmo nome; os predios e a Capella em construção na serra do Horto, com todas as suas bemfeitorias; o predio onde funcciona o açougue publico desta cidade, sitio á Avenida Doutor Floro, antiga Rua-Nova; os predios contiguos a casa de residencia da religiosa Joana Tertulina de Jesus, conhecida por Beata Mocinha, onde tambem resido actualmente, sitios á rua São José; o sitio Faustino, sito no Municipio do Crato; o sitio Paul tambem no Municipio do Crato, porem depois do fallecimento da antiga proprietaria Dona Ermelinda Correia de Macedo, que ainda nelle reside, salvo se antes da sua morte quizer de accordo com os Padres Salesianos ficar morando em outro lugar; o sitio Baixa Dantas, no Municipui do Crato; as fazendas Lettras, Caldeirão e Monte Alto, no Municipio do Cobrobó, no Estado de Pernambuco, com todas as bemfeitorias e gados nellas existentes; o quarteirão de predios, sitos á rua de São Pedro, os quais comprei ao Doutor Floro Bartholomeu da Costa, nesta cidade, inclusive o predio em construcção na mesma rua, contiguo a casa de morada e de negocio do meu amigo Damião Pereira da Silva; a fazenda Juiz, sita no Municipio de Aurora que comprei aos Frades do Convento de São Bento de Quixadá; o predio onde funcciona o Orphanato Jesus Maria e José, sito á rua São José; o terreno contiguo a este mesmo predio; o predio em construção junto a casa da Beata Mocinha onde resido á mesma rua São José; o sitio Fernandes no Municipio do Crato; o sitio Peripery, no pé de serra de São Pedro, no Municipio do mesmo nome, porem depois da morte da sua então proprietaria Dona Maria Souto, salvo se esta de accordo com os Padres Salesianos quizer morar em outro lugar; os sitios Santa Rosa e Tabóca, no Municipio do Crato; o sitio Rangel, sito no Municipio de Santa-Anna do Cariry, que comprei a Dona Joanna de Araujo, e todas as propriedades com todas as suas bemfeitorias igualmente a estas por mim citadas que possúo ou venha a possuir e que não constam desde testamento, bem como todos gados que possúo por toda parte e que não pertençam a outras pessôas ou herdeiros estabelecidos nas clausulas deste testamento que ora faço, repito, deixo para os Benemeritos Padres Salesianos. Supplico aos mesmos Padres Salesianos que terminem a construcção da Capella do Horto.

Devo dizer para evitar conceitos inveridicos e suspeitos em torno do meu nome que comecei a construil-a para cumprir um voto que eu e os meus fallecidos collegas e amigos Padres Manoel Felix de Moura, Francisco Rodrigues Monteiro e Antonio Fernandes Tavora, então vigario do Crato, fizemos. Esse voto fizemos quando apavorados com resultados da secca de mil oitocentos e oitenta e nove (1889) receiamos, aliás, com razão justificada que o ano de mil oitocentos e noventa (1890) fosse tambem secco, com o povo desta terra ao Santissimo Coração de Jesus.

E como essa obra não pude terminar, muito a contra gosto, é verdade, tão somente para não desobedecer ás ordens prohibitorias do meu Diocesano, o então Bispo do Ceará, Dão Joaquim Vieira, peço aos Benemeritos Padres Salesianos que concluam esse templo de accordo com a planta que trouxe de Roma e a miniatura em fôlha de flandre que deixo depositada em logar seguro.

Deixo mais para os Padres Salesianos, a imagem em vulto grande do Senhor Morto que me veio de Lisbôa.

Segunda - Deixo para a Santissima Virgem das Dores desta Matriz de Joazeiro os seguintes bens: o sitio Porteiras onde mora meu encarregado José Ignacio Cordeiro, neste Municipio; o sobrado onde Manoel Salins tem a loja de santos, á rua Padre Cicero; o predio onde funcciona a cadeia publica desta cidade, sito á Avenida Doutor Floro, bem como os demais que se seguem contiguamente á mesma rua e na rua Padre Cicero; o predio onde mora Dona Rosa Esmeralda, á rua Padre Cicero, bem como os predios contiguos que foi o Oratorio do Senhor Morto e em que reside a Beata Solidade e mais ainda o terreno murado a este contiguo; o predio onde morou a Beata Isabel da Luz; o predio onde funccionaram as redacções do "O Rebate" e da "Gazeta do Joazeiro", todos á rua Padre Cicero, e os commodos situados ao Consistorio da Matriz onde funcciona o Collegio do Doutor Diniz, e mais ainda o sitio Palmeira do Municipio do Ceará-Merim, Estado do Rio Grande do Norte, com vinte braças de largura, sem plantio mas com agua permanente cujo meu encarregado é Pedro Vasconcellos; o sitio Petitinga do Municipio de Touros, do Rio Grande do Norte, com vinte braças de largura, com agua permanente e cerca de duzentos e trinta coqueiros; o sitio Sacco, do mesmo de Touros, com cento e vinte braças de largura, agua permanentemente e com cerca de dois mil pés de côcos entre velhos e novos, também no Rio Grandedo Norte, dos quaes é meu encarregado Alexrandre Mauricio de Macêdo.

Declaro mais que esses bens que deixo para Nossa Senhora das Dores, Padroeira desta Matriz, não poderão ser vendidos nem alienados sob que pretexto fôr. E no caso de quem quer que seja encarregado da direcção do Patrimonio de Nossa Senhora das Dores entender de vendel-os ou alienal-os passarão todos esses bens a pertencer a Congregação dos Salesianos.

Terceira - Deixo para Maria de Jesus (vulgo Babá), para Thereza Maria de Jesus (vulgo Therezinha do Padre), para Beata Jeronyma Bezerra (vulgo Geluca) e Para Maria Eudoxia de Assumpção o predio onde residio e falleceu minha saudosa irmã Angélica Vicencia Romana, sito á rua Padre Cícero, para nelle residirem ou morarem em quanto viverem, sendo que por morte da ultima sobrevivente passará o dito predio a pertencer a Congregação dos Salesianos.

Entretanto poderão estas mesmas minhas herdeiras durante a vida passar o referido predio aos Padre Salesianos caso entendam e queiram ou entrem em accordo em trocar com os mesmos Padres este mesmo predio por outro onde possam morar, comtanto que por morte da ultima sobrevivente fique o mesmo predio trocado para os Padres Salesianos.

CONTINUA...

http://historiaesuascuriosidades.blogspot.com.br/2011/11/testamento-de-padre-cicero-na-integra.html

http://blogdomendesemendes.blogspot.com