Por: Geraldo Maia do Nascimento
Francisco
Guilherme de Souza, nasceu em Mossoró a 19 de outubro de 1910. Começou a
trabalhar muito cedo, já que seus pais eram pobres agricultores, passando a
integrar a grande massa trabalhista aos 16 anos de idade. Segundo a opinião da
Professora Ivonete Soares, que traçou a sua biografia, “A partir de então,
experimentaria não só a sacrificada e indigna labuta a que eram submetidos
aqueles trabalhadores, mas também as agruras próprias de quem participou
ativamente da luta trabalhista em meio ao contexto histórico marcado pela
repressão política e ideológica definida pela Primeira República Brasileira.”
Francisco Guilherme de Souza
Cedo
também passou a participar do movimento político e sindical. Era membro do
Sindicato do Garrancho e do Partido Comunista do Brasil – PCB, sendo, ainda no
dizer da Professora Ivonete, “alvo da repressão aplicada aos ditos
“comunistas”.
Pagou
um preço alto pela ousadia de participar de um movimento de classe trabalhista.
Depois do movimento comunista que ficou sendo conhecido como “Levante de 35”,
houve uma intensa busca aos membros do Partido e Chico Guilherme, como era mais
conhecido, foi preso e enviado para o Rio de Janeiro, ficando dois meses detido
numa delegacia e, posteriormente transferido para a Colônia Correcional Dois
Rios, na Ilha Grande. Neste período, esteve detido por seis meses e quatorze
dias. Foi julgado, em 1937, pelo Tribunal de Segurança Nacional e enquadrado na
Lei de Segurança Nacional, sendo condenado a cumprir dois anos de prisão e
trabalhos forçados na cidade de Mossoró.
Em
1935 o Sindicato do Garrancho era desativado, voltando suas atividades na
década de 1940, através da atividade do Bispo Dom Jaime Barros Câmara, por isso
que nessa nova fase o sindicato ficou sendo conhecido como “Sindicato do
Bispo”.
Com
a anistia em 1946, o Bispo entrega a diretoria do sindicato aos antigos membros
da referida instituição, sendo que no período de 1946 a 1950 o sindicato passa
a ser presidido pelo próprio Francisco Guilherme de Souza, que também assumiu
sua secretaria em mandato posterior, de 1950 a 1952.
“Este
período da história das lutas populares e sindicais, foi marcado pela
influência inconteste do PCB, sendo que, em Mossoró, a luta dos trabalhadores
do sal confundiu-se com a luta do próprio partido, pelo menos até 1935.”
Não
sendo um homem de estudos, aprendeu política na prática, na militância, no
dia-a-dia, na clandestinidade. Sua matriz filosófica foi o marxismo, ciência
que adotou como “dogma” e norteadora de sua vida. Por força dessa teoria, lutou
por melhores condições de vida dos trabalhadores, vida essa que ele conhecia
muito bem. Foi um sonhador; “sonhou e lutou no plano local e universal em
sintonia com a teoria marxista e os ideais partidários, por maior justiça
social e pelo aprofundamento da democracia, como meio a atingir uma sociedade
mais justa, fraterna, ecologicamente equilibrada e auto-sustentável, humanista
e libertária. No plano interno do PCB/PPS sempre combateu o dogmatismo e o
sectarismo, concebendo-o como um organismo aberto à renovação das idéias e dos
métodos, em um marco de respeito à pluralidade das idéias e concepções. Ainda
hoje continua defendendo intransigentemente a radicalidade democrática, com o
aprofundamento da democracia nas relações econômicas, sociais e pessoais,
através do pleno exercício da cidadania, inclusive buscando a supremacia da
sociedade civil sobre o Estado.”
Embora
não tendo galgado os degraus de uma universidade, foi Doutor Honoris Causa pela
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, por seus relevantes serviços
prestados a sociedade mossoroense e norte-rio-grandense. Morreu aos 91 anos,
vítima de infecção generalizada – provocada por infecção urinária e diabetes.
Pôde dizer, como disse São Paulo em carta a Timóteo: “Combati o bom combate,
acabei a carreira, guardei a fé.”
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Autor:
Jornalista
Geraldo Maia do Nascimento
Fonte:
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