Por: José
Bezerra Lima Irmão - Livro Lampião A Raposa das caatingas
Enquanto isso,
Lampião continuava suas estripulias pela caatinga, chegando no dia 26 de
fevereiro de 1929 a Guloso (Atual Novo Triunfo), um povoado ao norte de Bom
Conselho (Cícero Dantas). Arvoredo tinha parentes em Guloso. Muitos moradores
eram ligados ao Coronel João Sá. Lampião hospedou-se na casa do próprio
Delegado, Antônio Guerra.
O Delegado –
na verdade, Subdelegado – era um homem de grandes posses, casado com Dona Maria
de Sousa Guerra, filha de um dos maiores fazendeiros da região, o Coronel
Saturnino Nilo (Nilo da Abrobeira). Enquanto Lampião e o Delegado conversavam
na sala, aguardando o almoço, Ezequiel e outro cangaceiro foram dar uma volta
pelos arredores, à procura de cavalos. Nesse giro eles encontraram um moleque
pretinho, aparentando uns 10 ou 11 anos de idade, com uma franga debaixo do
braço.
- Cumé seu
nome, mininu? – Perguntou Ezequiel.
- Antonho –
respondeu o rapazinho.
- Cê sabe onde
tem cavalo, pur aqui?
- Sei. Me
acumpãe qui eu insino.
Em virtude da
franguinha que o moleque estava levando, os cangaceiros passaram a trata-lo
como “TONHO DA PINTA”.
Quando
chegaram a Guloso com o esperto Tonho da Pinta, os outros cangaceiros logo se
afeiçoaram a ele.
Lampião perguntou:
- Mais onde
diabo voceis acharo esse minino?
- Nos mato –
respondeu Ezequiel. – Ajudou nóis a incontrá os cavalo. Butemo nele o apelido
de Tonho da Pinta.
O Delegado
interveio:
- Tonho da
Pinta?! Apois nóis chama ele é de BOSTA SECA... Apareceu aqui tem poucos dia,
ninguém sabe donde veio. É munto prestativo, fais tudo o qui a gente manda.
- Ah, é?
Então, Bosta Seca, vá lavá aqueles cavalo – ordenou Lampião – Lave bem lavado.
Bosta Seca num
instante lavou os cavalos. Já sabia o nome de cada cangaceiro: Corisco,
Virgínio, Arvoredo, Luiz Pedro, Ezequiel e Mariano. Estava entrosado no grupo.
Terminado o
trabalho, Lampião deu-lhe 50 mil Réis. Perguntou se já tinha comido. Logo mais
Bosta Seca estava almoçando junto com o bando de Virgulino Ferreira. Não calava
a boca, dava conta de tudo, sabia da vida de todo mundo.
Alguém sugeriu
que levassem o garoto. Lampião não aprovou. A seu ver, o moleque tinha a língua
muito solta, não era de confiança. Mas como os cangaceiros insistiram, Lampião
perguntou se ele topava acompanha-lo. Bosta Seca ficou em dúvida.
Disse que na
Fazenda onde estava morando era tratado como gente da família. Aí o Delegado
Antônio Guerra aconselhou:
- Mininu, nun
perca uã oportunidade cumo essa. Com o Capitão Virgulino você vai tê um bom
futuro!...
Logo mais,
quando o bando saiu de Guloso, pela estrada de Antas, Bosta Seca foi junto, na
garupa do cavalo de Corisco.
Era o
surgimento do cangaceiro Volta Seca que se tornaria pouco tempo depois, um dos
mais violentos e sanguinários “cabras” de Lampião.
Fonte de
pesquisa: Livro “LAMPIÃO – A RAPOSA DAS CAATINGAS” de José Bezerra Lima Irmão.
Fonte: facebook
Página: Geraldo
Antônio de Souza Júnior (Administrador)
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