Deflagrada a
Guerra de Princeza, muitos simpatizantes da causa ou desafetos do presidente
João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque vieram à Princesa em visita ao coronel
José Pereira Lima. Alguns se apresentavam até com
algum subsídio financeiro que ajudasse a proporcionar
melhor desenvolvimento da luta, outros com propostas estratégicas com o intuito
de derrotar, o mais breve possível, o presidente paraibano. Um desses
foi o advogado paraibano João Duarte Dantas. Vindo também em
visita a seus familiares (pais) no município de Alagoa de Monteiro (atual
Monteiro) em 08 de março de 1930, fez extensiva sua viagem
até Princeza. Ali chegando no dia 10, Fez-se hóspede do coronel Zé Pereira
até o dia 14 do mesmo mês. Acompanhado de um seu irmão – José Duarte Dantas -,
visitou o palacete de Epitácio Pessoa de Queiroz Sobrinho, onde se reuniram
para confabular sobre as possibilidades da abertura de uma frente de luta vinda
do vizinho Estado do Rio Grande do Norte, para combater a polícia de João
Pessoa. Adquiriu com isso as simpatias do coronel, porém, por motivos da
perseguição sofrida pelo Chefe de Polícia da Paraíba, Adhemar Vidal, teve de
fugir da Paraíba, em 25 de junho, para a cidade do Recife tornando
impossível a realização dessa empresa. Nesse mês de
março estavam agitadas as dissenções políticas e exacerbada a luta que
Princeza travava contra a polícia da Paraíba. João Dantas e seus familiares já
estavam sendo alvos de campanha difamatória através do órgão oficial do Estado
da Paraíba, A União. O advogado vinha recebendo constantes
ataques daquele jornal, o que era extensivo também a seus familiares. Prova
disso é que, durante sua estada em Princeza, João Dantas expediu telegrama ao
cunhado do presidente João Pessoa, o senhor Celso Cavalcanti, na cidade de
Monteiro, com o seguinte teor:
“Princeza –
12-03 – Coronel Celso Cavalcanti – Alagoa de Monteiro – Acabo saber vossos
propósitos contra meu pae, irmãos, aos quaes visitei dia oito, deixando-os
nesse município alheios movimento Suassuna, José Pereira, unicamente ocupados
labores fazenda, onde não há gente armada, armamentos, nem intuito lucta.
Estive sede esse município, palestrando juiz e escrivão, constatando
paz, normalidade reinantes. Sciente desnecessário aparato armado vos
cercastes, bem como propósitos hostis contra minha família, vos declaro
responsável qualquer desacato venha ella soffrer. Saudações João Duarte
Dantas”.
Como vemos, já
aí, João Dantas respondia às ameaças oferecidas à sua família com
prenúncio de retaliação, o que realmente veio a acontecer. Nesses cinco
dias que permaneceu em Princeza, o advogado de 42 anos de idadeinteirou-se
de todas as ações promovidas pelos líderes dos chamados “Libertadores de Princeza”, visitou
alguns locais de combates, conheceu a cidade, ciceroneado pelo próprio
José Pereira, passeando pela rua principal, conheceu a Igreja Matriz e
visitou algumas das residências mais importantes da
cidade, atendo-se mais demoradamente ao pé do monumento (estátua)
construído em homenagem ao ex-presidente Epitácio Pessoa, ocasião em que tecera
o seguinte comentário: “Antes não tivesse sido erguida!”. Ao que o
coronel, ponderado como era,replicou: “Não, doutor Dantas, o homem que aí
está homenageado fez por merecer. O que hoje acontece, são contingências do
destino”. Pouco tempo depois, em 25 de maio,
João Dantas teve de fugir da capital paraibana para não ser preso pela polícia
de João Pessoa, refugiando-se no Recife onde em 26 de julho daquele fatídico
ano, assassinou o presidente João Pessoa. Foi esta a única vez que Dantas
esteve em Princeza.
(ESCRITO POR
DOMINGOS SÁVIO MAXIMIANO ROBERTO, EM 14 DE ABRIL DE 2020).
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