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sábado, 21 de abril de 2012

Conversando com sua História

 
A Fundação Pedro Calmon, através do Centro de Memória da Bahia, convida a todos para participar da 10ª edição do conversando com sua História, que ocorrerá entre abril e outubro de 2012. Nesta segunda, 23 de abril, teremos a palestra intitulada A alforria nos termos e limites da lei: os encaminhamentos administrativos do Fundo de Emancipação na Bahia (1871-1888), que será ministrada pelo mestrando José Pereira Santana Neto (UFBA).
Contamos com sua Participação!

Resumo: 
A lei de 1871, em seu artigo 3°, criava um Fundo de Emancipação para libertar tantos escravos quanto correspondessem à quota que seria anualmente destinado pelo governo imperial para a emancipação nas Províncias e nos municípios brasileiros. Afirmava também que os recursos para as libertações seriam arrecadados pelo governo de diferentes fontes: da taxa de matrícula dos trabalhadores forçados (obrigatório após a Lei de 1871); impostos gerais sobre transmissão de propriedade dos escravos; pelo produto de seis loterias anuais isenta de impostos e da décima parte de loterias concedidas para correrem na capital do Império; quotas marcadas nos orçamentos geral, municipal e provincial; subscrições, doações e legados com este destino. Os recursos arrecadados seriam distribuídos de forma proporcional entre as Províncias do Império, ou seja, as que possuíssem os maiores números de escravos receberiam os maiores montantes de verbas. O mesmo critério de proporcionalidade orientava o repasse dos Presidentes de Província em relação às cidades e vilas: quem possuísse mais escravos, receberia mais recursos. Na ordem dos que teriam prioridade na libertação, estavam os escravos que fossem casados, em detrimento dos solteiros. No município e na vila uma junta de classificação era formada, composta pelo promotor público, o coletor das rendas e o presidente da câmara de vereadores. Estava sobre a responsabilidade dos membros da junta a tarefa de classificar os escravos que tinham direito à alforria, e de realizar a negociação dos valores com os senhores dos libertados. Caso faltassem em seus trabalhos, deveriam comunicar ao governo, pois poderiam ser multados. Nessa palestra, objetivo mostrar a aplicação do Fundo de Emancipação na Bahia, dando ênfase ao alcance da lei, e de seus limites, como política pública que visava à libertação de escravos, como também as negociações e embates dos libertados, dos senhores e dos abolicionistas com os integrantes das juntas de classificação, os Juízes de órfãos e os Presidentes da Província da Bahia, que eram as autoridades públicas responsáveis pela aplicação e fiscalização dos recursos do Fundo de Emancipação.

Local: sala Kátia Mattoso, 3º andar da Biblioteca Pública do Estado da Bahia
Data: 23 de abril de 2012
Horário: 17h

Adquira o seu, leitor!


Autor: Paulo Medeiros Gastão


Para você adquiri-lo basta depositar
a quantia de
20,00 Reais
nesta conta:
José Mendes Pereira
Banco do Brasil
Agência: 3526-2
C/C 7011-4
Não se esqueça de enviar o seu endereço completo para:
josemendesp58@hotmail.com
ou para o autor:

Caminhada histórica e cultural possibilitará que cidadãos conheçam mais sobre a cidade


Os cidadãos de Mossoró e de outros municípios terão a oportunidade de participar da 1ª Caminhada Histórica de até chegar à Estação das Artes Elizeu Ventania. Essa é uma oportunidade dos cidadãos reviverem Mossoró, que acontecerá no dia 25 de maio, às 15h. O passeio terá início no Museu Lauro da Escóssia, passando por 17 monumentos terem a sua história e as pessoas de outras regiões conhecerem melhor a cidade.
De acordo com o diretor da empresa idealizadora da caminhada, Jarbas Filho, o projeto foi inspirado em uma ação semelhante que acontece em Natal, desde 2008, pelas praias da cidade.
"Através da cultura local, pode-se perceber o quanto a história é valorizada no município, desta forma pensamos em resgatar essas memórias que englobam desde o primeiro voto feminino até a luta travada contra o bando de Lampião, e divulgar para a população", afirmou.
Jarbas ainda ressaltou a importância dessa prática para o turismo local, pois segundo ele além de resgatar o passado histórico cultural do povo mossoroense, a caminhada também vai fomentar o turismo interno e externo da cidade.
Entre os monumentos visitados durante o passeio estão o Museu Lauro da Escóssia, Loja Maçônica 24 de Junho, Praça da Redenção Dorian Jorge Freire, Estátua da Liberdade, prédio da União Caixeiral, Praça Vigário Antônio Joaquim, monumento ao Governador Dix-sept Rosado Maia e a Catedral de Santa Luzia.
 
Todo o percurso será acompanhado por guias, que irão explicar aos participantes a importância histórica de cada monumento, constituindo-se assim, em uma grande aula de história ao ar livre.
Além de um exercício para o corpo e à mente os participantes vão contribuir com a doação de alimentos para instituições de caridade de Mossoró, já que as camisetas do evento estarão sendo trocadas no Supermercado Cidade por dois quilos de alimentos não-perecíveis. A troca dos alimentos pelo kit-caminhada pode ser realizada a partir do próximo mês.  
Fonte: omossoroense.com.br
Extraído do blog: "petroleorn", do professor Edicarlos Rocha

A última peleja do Diabo Loiro

Por: Roberta Bencini
 
Há sessenta anos morria Corisco, o derradeiro chefe do cangaço, mas a batalha dos sertanejos contra a fome e a violência continua
Imagine-se no dia 25 de maio de 1940. Corisco havia cortado o longo cabelo loiro e não andava mais em bando desde a morte de Lampião, dois anos antes. Vivia escondido com sua mulher, Dadá, na casa de um sertanejo na cidade baiana de Barra do Mendes. O casal havia acabado de almoçar quando foi surpreendido por uma volante patrulha policial que seguia os cangaceiros. Corisco não quis se entregar e morreu no tiroteio. Dadá, ferida na perna por uma bala, ficou para contar a história.

Cristino Gomes da Silva Cleto nasceu na cidade de Matinha de Água Branca, Alagoas. Aos 17 anos, matou um protegido do coronel da cidade e fugiu. Sem rumo certo, optou de vez pela criminalidade e entrou para o bando de Lampião, o lendário cangaceiro. Forte, corajoso e ligeiro, logo passou a ser chamado de Corisco. Conquistou poder e, com a divisão do grupo (parte da estratégia para fugir à perseguição policial), ganhou seu próprio bando.
Com a morte de Lampião, Corisco tornou-se o único chefe cangaceiro. Antes de encontrar seu fim, ainda tentou vingar a morte do amigo. Matou a família do fazendeiro acusado de delatar o bando à polícia. Acabou cometendo uma de suas maiores atrocidades: assassinou as pessoas erradas.
Reportagem publicada na revista Realidade em 1968, sobre o reencontro de Dadá com o coronel Rufino: a história passada a limpo
Nessa época, Corisco já era conhecido como Diabo Loiro, pela cabeleira e, claro, pelo espírito. Ninguém sabe dizer ao certo quando ele nasceu. Sabe-se que em 1928, já no início da vida adulta, apaixonou-se por Sérgia Ribeiro da Silva, a Dadá, e não teve dúvidas: raptou e estuprou a menina de 13 anos. Corisco ensinou Dadá a ler e escrever e teve paciência para esperar que ela aceitasse o destino imposto por ele. Dadá virou a costureira do grupo e passou a fazer os "modelitos" que aparecem em todas as fotos dos cangaceiros.

Em maio de 1968, a revista Realidade colocou frente a frente Dadá e o coronel José Rufino, responsável pela morte de Corisco. Ele, velho e doente, chorou ao vê-la. Dadá, forte e altiva, o perdoou, mas desmentiu o algoz. Ele não matara seu marido em combate, afirmou. "Foi emboscada." Do cangaço, Dadá levou lembranças, três filhos com Corisco e nenhum dinheiro. Morreu em fevereiro de 1994, aos 78 anos, na periferia de Salvador.

O bando de Lampião aterrorizou o sertão nordestino por quase vinte anos. Especula-se que a origem do cangaço remonte ao século XVIII, quando fazendeiros recrutavam sertanejos para exterminar índios. Mais tarde, os colonos teriam sido obrigados a participar das lutas entre famílias ricas que disputavam terras com políticos. Por fim, esses bandos tornaram-se independentes, criando leis próprias e subornando fazendeiros e comandantes da polícia em troca de proteção. Seus métodos bárbaros incluíam tortura, estupro e morte.

De acordo com essa tese, o surgimento desses andarilhos coincide com o declínio das culturas de cana-de-açúcar e algodão. O café, no Sudeste, passou a ser o motor da economia brasileira gerando fome, desemprego e falta de perspectivas no agreste. Assim, o cangaço era uma opção de vida atraente para sertanejos jovens que não tinham trabalho e rendiam-se à promessa de fama e dinheiro fácil. Qualquer semelhança com a história dos "soldados do tráfico de drogas" nos dias atuais não é mera coincidência.

Essa era a situação social e política da primeira fase da República. Aproveite a oportunidade para fazer seus alunos descobrirem quem eram os donos das grandes fatias de terra e o que mudou na vida da população pobre, principalmente a nordestina.
Língua Portuguesa
7ª e 8ª séries
Sabor regional
Os cangaceiros despertavam o medo e a admiração da maioria da população pobre do Nordeste. A professora Maria José Nóbrega sugere que os alunos pesquisem essas duas visões representadas na arte e nos fatos históricos.

1. Em literatura, ela propõe a leitura de três livros: Fogo Morto, de José Lins do Rêgo; Capitães de Areia, de Jorge Amado; e Auto da Compadecida, de Ariano Suassuna. A seguir, inicie um debate: por que os sertanejos são vilões e heróis ao mesmo tempo?

2. Utilize a literatura de cordel e textos de Patativa do Assaré para quebrar preconceitos da língua portuguesa. "Mostre a seus alunos que a língua popular muitas vezes é ridicularizada porque o povo é discriminado", afirma a professora. Peça a eles que descubram a regra gramatical desses versos, que fogem do padrão institucionalizado.

3. Músicas de Luiz Gonzaga, fã confesso de Lampião, também podem ser bons materiais para ilustrar a vida do povo nordestino. Coloque as músicas do rei do baião para seus alunos ouvirem e dançarem. "É um exercício de reconhecimento da diversidade cultural e lingüística do país", avalia Maria José.

Os bandos de Lampião e Corisco espalharam pânico por sete Estados brasileiros durante duas décadas. Circulavam pela área rural do sertão nordestino, deixando um rastro de mortes pelo caminho. Veja no mapa as principais cidades por onde Corisco passou.
Água Branca (AL): aqui nasceu Corisco. Na época, chamava-se Matinha de Água Branca.
Mossoró (RN): em 1927 o bando de Lampião foi rechaçado pelos moradores e nunca mais voltou ao Estado.
Glória (BA): Dadá vivia aqui quando foi raptada por Corisco, em 1928.
Raso da Catarina (BA): região que se estende entre as cidades de Paulo Afonso e Jeremoabo. Aqui, o bando se dividiu em dois, em 1933. Um sob o comando de Lampião, e o outro, de Corisco.
Porto da Folha (SE): na Fazenda Angicos, Lampião, Maria Bonita e outros nove cangaceiros foram mortos pela polícia em 28 de julho de 1938.
Barra do Mendes (BA): num confronto com policiais, Corisco, o último cangaceiro, morreu aqui em maio de 1940. Dadá, ferida, perde uma das pernas.
Geografia
7ª e 8ª séries
Coronelismo e religião
1. Proponha que os alunos tracem uma rota do cangaço (use o mapa acima como inspiração). Eles devem estudar a vegetação, o clima e a hidrografia dos Estados percorridos. Em seguida, o professor de Geografia Marcos de Franco, de Curitiba, sugere que os alunos pesquisem as condições sociais da população na época do cangaço e hoje. "O objetivo é fazê-los perceber que em muitos lugares a situação permanece a mesma", explica.

2. O cinema também pode ajudar nas aulas de Geografia. Filmes como Deus e o Diabo na Terra do Sol, de Gláuber Rocha (1964), Corisco e Dadá, de Rosemberg Cariry (1996), O Cangaceiro, de Lima Barreto (1965), e Baile Perfumado, de Lírio Ferreira e Paulo Caldas (1997), permitem que os alunos visualizem as condições naturais do Nordeste, as relações sociais da época, o poder dos coronéis, a religiosidade7ª e 8ª séries
Heróis ou bandidos? 
E a influência das festas populares. Peça aos alunos que anotem e apresentem essas informações. Mas atenção: as fitas contêm cenas de violência e não são indicadas para menores de 14 anos.
1. O historiador Flávio Trovão sugere a simulação de um tribunal para julgar os cangaceiros. Esse exercício pode ser realizado junto com a disciplina de Língua Portuguesa. Divida a classe em dois grupos. Uma turma fará o papel da promotoria, para acusar os cangaceiros por seus crimes. A outra será a defesa, que deve destacar as muitas vezes em que os cangaceiros distribuíram o produto de seus saques entre a população carente. "Os alunos devem concluir que eles eram invejados porque ofereciam uma forma de resistência à ordem estabelecida", afirma o professor.
Publicado em Fevereiro 2000.

O ataque de Lampião a Mossoró

Por: Antonio Francisco


Visite o blog do poeta Antonio Francisco 

Maria Bonita

Por: Beto Tozzi
 
Maria Bonita
mulher brasileira
um tanto guerreira,
um tanto mulher

Maria Bonita
viajando na estrada
andando a cavalo,
fazendo café

Maria Bonita
por dentro e por fora
mulher valorosa,
cheirosa demais

Maria Bonita
levanta mulher
o dia raiou
e a manhã despertou

Maria Bonita
levanta mulher
o dia raiou
e a manhã despertou

Maria Bonita
costura uma roupa
borda uma rosa amarela
na manga da blusa
e também na lapela

Maria Bonita
de lábios carnudos
contorna a sua boca
de vermelho romã

Maria Bonita
penteia o cabelo
ajeita os seus cachos
e pinta as unhas das mãos

Maria Bonita
pega a sua bolsa
bota nela suas tralhas
que te fazem mais bela

Bonita Maria
Maria Bonita
mais bonita que bela
a sorrir na aquarela



Fotos de Cangaceiros

Cangaceiros Barra Nova, Juriti, Neném e Sabonete. Acervo Fundação Joaquim Nabuco.

Grupo de cangaceiros, muitos não identificados. Atrás, da direita para a esquerda, pode-se ver Manoel Moreno, Canário, Maria Adília de Jesus e José Sereno. Acervo Fundação Joaquim Nabuco.

 Cangaceiros Barra Nova, Neném, Juriti e Gorgulho. Acervo Fundação Joaquim Nabuco.

Fotos de cangaceiros foram cedidas pela Diretoria de Documentação (Didoc) da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj). O material da coleção Cangaço foi doado ao acervo da Fundaj pelo historiador Frederico Pernambucano de Mello.  
As imagens são do fotógrafo palestino Benjamim Abrahão Botto, com o apoio da ABA Filmes – Ceará, e datam de 1936, quando foram tiradas em Alagoas, no município de Pão de Açúcar.

Morte de Tancredo de Almeida Neves





Tancredo de Almeida Neves foi eleito Presidente da República, mas não chegou a assumir a presidência, devido problemas de saúde.
Após vários dias internado, sendo submetido a várias cirurgias, finalmente Dr. Tancredo deu o adeus ao mundo, falecendo no dia 21 de abril de 1985, dia a morte de Tiradentes, sendo substituído pelo então eleito vice-presidente, José Sarney, político no Estado do Maranhão. 

21 de abril, dia de Tiradentes!

tiradentes

Quem foi Tiradentes?

O nome do líder da Inconfidência Mineira era Joaquim José da Silva Xavier. Nasceu na Vila de São Jose Del Rei (atual cidade de Tiradentes, Minas Gerais) em 1746, porém foi criado na cidade de Vila Rica (atual Ouro Preto).

O que fez? Exerceu diversos trabalhos entre eles minerador e tropeiro. Tiradentes também foi alferes, fazendo parte do regimento militar dos Dragões de Minas Gerais.

Junto com vários integrantes da aristocracia mineira, entre eles poetas e advogados, começa a fazer parte do movimento dos inconfidentes mineiros, cujo objetivo principal era conquistar a Independência do Brasil. Tiradentes era um excelente comunicador e orador. Sua capacidade de organização e liderança fez com que fosse o escolhido para liderar a Inconfidência Mineira.

Em 1789, após ser delatado por Joaquim Silvério dos Reis, o movimento foi descoberto e interrompido pelas tropas oficiais.

Os inconfidentes foram julgados em 1792. Alguns filhos da aristocracia ganharam penas mais brandas como, por exemplo, o açoite em praça pública ou o degredo.

A execução de Tiradentes foi no dia 21 de abril de 1792, que é considerado feriado nacional. A cidade mineira de Tiradentes, antiga Vila de São José do Rio das Mortes, foi renomeada em sua homenagem.

Documento - Auto de perguntas feitas a Alcino da Silva Duarte

Por: Rubens Antonio
 

Divulgando mais um documento relacionado ao Cangaço, obtido e gentilmente disponibilizado pelo estudioso Orlins Santana.

. Auto de perguntas feitas a Alcino da Silva Duarte

. Aos vinte e oito dias do mez de setembro de mil e novecentos e vinte e nove, as quize horas, na sala de audiencia desta delegacia perante o 2° suplente de delegado de Policia José Luiz Pereira comigo o escrivão de seu cargo abaixo nomeado e assignado compareceu o cidadão Alcino da Silva Duarte a quem foram feitas as seguintes perguntas: Perguntado qual o seu nome, estado, idade, profissão, filiação, naturalidade, residencia e se sabe ler e escrever. Respondeu chamar–se Alcino da Silva Duarte, casado, com trinta annos de idade, comerciante, filho de Laurindo da Silva Duarte, natural e residente nesta cidadesabendo ler e escrever. – Perguntado como se
encontrou com o grupo Lampeão, em que dia, horas, quantos vinham no grupo, nomes de gerra, nomes proprios, material bellico, intenções? Respondeu que no dia vinte e seis do corrente mez, indo o respondente para a Fazenda “Mariannas”, adiante do Arraial de Canoa, um kilometro mais ou menos, distante desta cidade, treze kilometros ou quinze minutos de carro, encontrou–se o respondente, com dois homens bem armados, e bem montados, que o aggrediram, com palavras obscenas, pedindo dinheiro e armas; que em curto espaço de tempo, appareceu o resto do grupo com posto de dez homens, tambem bem armados e montados como os primeiros, roubando o correspondente a importancia de trezenteos e sete mil reis deixando o correspondente de entregar armas porque não as conduzia; que soube la a tratar–se do grupo Lampeão em vista de esse dizer que era obrigando o respondente, mostrar, em Canôa, quem podia ter dinheiro; que imediatamente guiou o terrivel e malsinado grupo para a casa de campo do Senhor Romulo Gonçalves da Silva, onde este senhor estava a passeio com sua familia; que na casa de Romulo chegaram as dezoito horas, tendo antes, á entrada da cancella pegado o fazendeiro Francisco Alves da Silva, esbofeteando–o e obtendo do mesmo certa importancia, toda que o mesmo tnha nos bolsos, não sabendo entretanto quanto; em seguida tomaram a porta da casa do referido senhor Romulo exigindo–lhe, em particular, uma certa importancia, que soube depois ser de cinco contos, tendo entretanto spo arranjado um conto de réis; que após a conversa foram com Rômulo seguro para o interior da casa, onde estavam a senhora do mesmo em crise nervosa, ficando o respondente sob a guarda de Arvoredo e Corisco; que dalli seguio com o grupo já o respondente na retaguarda, pois já outros haviam passado na frente; que viu de perto a ferocidade de Lampeão e seus comparsas; diz o respondente que nunca avaliou existirem pessoas tão desnaturadas, capazes das maiores imfamias pois presenciou scenas de barbarismo tal, de taes ferocidades que deixou o depoente seriamente impressionado; Lampeão se orgulha de ser o Rei do Sertão e sente tanta felicidade em humilhar o proximo, sente tão grande satisfação em implantar o terror, que se lá, nos olhos do monstro a alegria de que se vê possuído quando a victima treme implora compaixão ante a lamina brilhante do seu punhal de setenta e cinco centimetros; ante a bocca do seu instrumento de morte, que ao enves de mosquetão é um riffle oitavado, de bandoleira enfeitada de moedas de ouro ante ao seu parabellum cano longo; ante a impressionante equipamento composto de cartucheiras e imbornaes de balas; ante aos olhares irrequietos dos seus comparsas armados até aos dentes; que teem o garbo de dizerem que não perdem pontaria salientando–se Lampeão que atira com as duas mãos com eximia pontaria; que o seu encontro se dera as dezsete horas seguindo para o Arraial de Canôa, onde chegou ás dezoito e de onde sahiram ás vinte e treis horas, mais ou menos; que em Canôa, beberam e saqueiaram, espancaram, e, a vontade, sem susto nehum, debandados, cada um cuidando de si beberam á vontade; que Lampeão gracejou muito da acção da Policia, criticando, achando ridicula a covardia da perseguição dos macacos que não sabem atirar; que Lampeão se orgulha de dizer que os macacos nunca o atacaram, pois quando sabem que elle, Lampeão, está no logar, nunca o foram atacar, e se já se deu uma vez em Aboboras foi por que não esperavam encontrar o grupo alli; que a prova melhor foi em Tanque Novo, conforme um bilhete recado que Lampeão de proprio punho escreveu e deu ao depoente para trazer para o Capitão José Galdino que vae transcripto neste auto e é do theor seguinte:

“Eu capitão Virgolino Ferreira – Ziquiel Ferreira, Ponto Fino, Luiz Pedro, Marianno, Serrillo, Gato, Lavareda, Revolto, Volta Secca, José Bahiano, Fortaleza, Alvoredo e Oeste, doze homens que brigaram, digo que combati com 160 macacos no Tanque Novo, porem estamos todos em paz, é vergonhozo ver a distancia que recebemos os primeiros tiros porem os macacos estavam com tanto medo, que os tiros foram todos errados u que reagimos mais de uma hora no campo limpo, demais tratei de não pocurar posição, i isperar que tinha certeza que tinha rectaguarda, como de facto tratei de retirar depois que fizemos algum serviço pois não gosto de perder tempo deixei elles podendo como soube de S;PEDRO, e sahi em minha pelle enterinha nem re vécho ––– Bem Agora mesmo aviso ao Antonio Cajuhy que não sou Napoleão sou Virgolino Ferreira Vulgo Lampeão o terror do Sertão, isto né as moças dizem. A.C. (A.C. é Antonio Cajuhy) toda cidade é pouca pois homem que pega questão comigo dorme pouco perdi o amor de dormi com a mulher sem mais assunto Eu Capitão Virgolino Ferreira da Silva. Vulgo Lampeão”

Alem de ter recado escripto pelo proprio punho de Lampeão diz o respondente que Lampeão mandou, de bocca, mais o seguinte;

“que o Negrão que estava no commando das Forças, aqui em Bomfim, podia ficar certo que a qualquer momento lhe faria uma visita para que o mesmo lhe pagasse o que lhe devia;”

– que a intenção de Lampeão, conforme o mesmo demonstrou era vir a Bomfim; isso não fazendo, porque o depoente dissera que em Bomfim tinha muitas praças e até metralhadora; que as vinte e treis horas mais ou menos, marcharam de Canôa, após o saque, marcharam para Rancharia, deste Municipio, onde dormiram, depois de umntar uma forte guarda em torno a casa; que poderam os animaes em um pastro ficando de sentinela á porta os bandidos Arvoredo e Volta Secca com o depoente á vista; dentro de casa estavam Lampeão, Marianno, Cyrillo, Ponto Fino, Curisco e Antonio Engracia todos jogando “31” –; que as fichas eram as balas dos fuzis valorisadas em cincoenta mil reis (50$000) cada; que durante o jogo tiveram forte altercação Cyrillo e Marianno em vista do primeiro ter chamado Marianno de ladrão por causa de quatro fichas (200$000) sendo preciso a intervenção de Lampeão para acalmar os animos exaltados; que após essa discussão todos, isto é, os de dentro da casa, dormiram calmamente até as seis horas do dia seguinte; que a guarda se revezava constantemente não se lembrando o depoente se era de uma hora ou de duas horas; que Lampeão mostrou ao respondente uma bolsa contendo dinheiro, calculado em mais de quinhentos contos de réis; que o grupo é constituido em numero de dezoito homens, conforme contou o depoente na occasião de montarem e com os seguintes nomes dados ao depoente pelo bandido Arvoredo –; Lampeão, Revolto, Volta Secca, Arvoredo, Moderno, Esperança, Mourão, Curisco, Antonio Engracia, Cyrillo, Marianno, José Bahiano, Quaebra Faca, Aleixo, Serra Negra, Lavareda, Fortaleza e Gatinho; que queria que o respondente mandasse publicar no Diario de Noticias o recado para o Capitão José Galdino bem como para Cajuhy; que Arvoredo e Curisco odio de morte a José Clementino e se poderem estrangulam na primeira opportunidade; que Arvoredo fallou tambem, com muito odio, nas mortes de um irmão e um primo assassinados na linha ferrea, dizendo que o maior responsavel era José Clementino; que Lampeão o procurou com muito interesse no “Diario de Noticias” mostrando um desejo ardente de colleccionar ese jornal ao que o depoente mostrou–se penalisado de não poder lhe facultar sua collecção; que as seus e meia horas despediram–se do respondente e seguiram rumo que o depoente ignora; E como nada mais disse nem foi perguntado mandou o senhor 2° suplente de delegado encerra o presente depoimento que depois d elido e achado conforme e assgina com o depoente comigo Escrivão que o escrevi e assigno. Eu Napoleão Pinto de Souza, Escrivão o escrevi e assigno. (A) José Luiz Pereira – (A) Alcino da Silva Duarte – (A) Napoleão Pinto de Souza.

Enviado pelo professor e pesquisador do cangaço:
Rubens Antoniom do blog Cangaço na Bahia

ARQUEÓLOGOS ENCONTRAM VESTÍGIOS DA EXISTÊNCIA DO AMOR (Crônica)

Por: Rangel Alves da Costa*
Rangel Alves da Costa

                                             
ARQUEÓLOGOS ENCONTRAM VESTÍGIOS DA EXISTÊNCIA DO AMOR 

Depois de mais de mil anos de intenso e contínuo trabalho, arqueólogos da Universidade de Cardamore, em Sless-Heim, enfim encontraram vestígios daquilo que possa ser a prova definitiva de que algum dia o amor existiu.

Os vestígios arqueológicos, consistindo estes num manuscrito e num disco de Roberto Carlos da década de 70, podem ser as evidências mais consistentes encontradas até o presente momento acerca desse sentimento que todos discutiam sobre sua existência, porém sem jamais ter sido possível provar.

Fato instigante no importantíssimo achado diz respeito à presença do disco de Roberto Carlos no local. Certamente que não houve necessidade de datar esse achado com carbono-14, como fizeram com o manuscrito, mas evidenciou-se a eternização e até imortalidade de sua música, bem como a certeza de que esse Roberto Carlos que está aí já preexistia na figura de romântico rei desde os primórdios da humanidade.

Já o manuscrito, um frágil documento pré-histórico escrito por cima de um misto de argila e papiro, continha mais símbolos, desenhos e figuras, do que propriamente palavras. Na verdade, era apenas uma curta frase abaixo das ilustrações, de modo direto e lacônico: Sim, ele existiu. E como foi bom ele ter existido!

Ora, mas o que existiu e foi bom que ele tivesse existido? A resposta logicamente somente poderia ser deduzida a partir da análise das ilustrações, e por tal meio até que poderia ser fácil demais, depreendendo-se rapidamente o seu significado, pois os tais símbolos, desenhos e figuras representavam, dentre outras coisas, corações pulsando, lábios se beijando, corações entrecortados por setas e lágrimas descendo do olhar.

O amor, não se poderia imaginar outra coisa senão o amor. Estava tudo ali representado: o namoro, a união, a troca de carícias, a paixão, o desejo, o querer, o impulso, mas também talvez o sofrimento, a dor amorosa, a perda do amado, o adeus, a despedida. E nada mais compreensível que seja assim, pois ali estava o beijo, o coração e a lágrima. E o amor é afeição, mas descontentamento também.

Contudo, os arqueólogos responsáveis pela descoberta não deixaram de demonstrar uma pontinha de descontentamento, vez que desde o início das investigações – há mais de mil anos atrás, reafirme-se – a pretensão maior era encontrar vestígios não só do amor romântico, mas também e principalmente do amor fraternal, cordial, sentimento maior que sempre se imaginou existir no coração das pessoas. Não lograram êxito neste sentido, infelizmente.

Por anos e anos, desde a mais tenra idade dos tempos, sábios, filósofos, videntes, magos e toda uma leva de estudiosos do comportamento humano, tentavam encontrar alguma evidência plausível da existência das diversas formas de amor entre os seres humanos. O que mais instigava é que não havia mais dúvida da existência desse grandioso sentimento nos animais ditos irracionais. Mas nas pessoas sempre foi difícil fazer tal reconhecimento.

Quanto mais o tempo passava, o progresso chegava, a vida se tornava mais fácil para os humanos, mais se tornava difícil encontrar o amor nas relações sociais e até familiares, no convívio que deveria ser amigável por natureza, no passo de cada um perante a vida. E chegou um tempo que a violência, a brutalidade, o desrespeito ao próximo e as crescentes discriminações existentes, acabaram por deixar os pesquisadores sem qualquer esperança.

Contudo, como a ciência jamais silencia ou se esconde diante daquilo que quer provar, e depois de muita luta em busca de patrocínio para a continuidade dos trabalhos arqueológicos, os pesquisadores da Universidade de Cardamore encontraram, enfim, parte das explicações que desejavam: o amor ainda existe, ao menos diante dos vestígios encontrados, o manuscrito e o disco de Roberto Carlos. Mas apenas o amor amoroso, infelizmente.

Segundo a Revista Científica “Amarcord”, o passo seguinte dos pesquisadores – e talvez o mais difícil – será descobrir porque desde o início dos tempos os enamorados já cantavam “Não adianta nem tentar me esquecer/ Durante muito tempo em sua vida eu vou viver...”.



Poeta e cronista
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com

A construção (Poesia)

Por: Rangel Alves da Costa*
Rangel Alves da Costa

A construção


Um mundo
a vida
um chão
um alicerce
para a construção

um sangue
um suor
uma mão
tudo escolhido
para a construção

um laço
um nervo de aço
faísca e clarão
tudo dia e noite
para a construção

pedra juntada
tijolo erguido
no peito aflição
todo o sacrifício
para a construção

obra imponente
grandiosa estrutura
a maior afeição
tudo ocorreu bem
para a construção

mas faltou sentimento
do amor o cimento
não há coração
castelo de areia
e o vento na construção

tudo desfeito
ruína por sina
tanta destruição
ao acaso nada se ergue
com feição de construção.



Poeta e cronista
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com