Por José Mendes Pereira
Pesquisador do cangaço Francisco Das Chagas do Nascimento
O pesquisador
do cangaço Francisco das Chagas Nascimento andava de mata adentro quando se deparou com um velhinho com mais de
110 anos de idade. O pesquisador perguntou-lhe para onde ele estava indo, vez
que a sua idade e seu porte físico ofereciam perigos, por ele estar no meio
daquela mata, totalmente desacompanhado.
O velhinho
disse-lhe que não se preocupasse, aquele seu caminhar já era de longos anos,
uma obrigação que tinha, todos os dias, naquele horário, ele saía da sua
residência para visitar o seu papai e a sua mamãe em sua casa.
- Mas quantos
anos o senhor tem? – Perguntou-lhe o pesquisador.
- Eu tenho 110
anos já vividos com muita saúde diante do “Pai, do Filho e do Espírito Santo”.
O pesquisador
duvidou que ele com aquela idade toda era muito difícil ainda ter pai e mãe
vivos. E perguntou-lhe o seguinte:
- O senhor me
deixa ir à sua companhia até à casa dos seus pais para que eu os conheça?
- Não seja por
isso, senhor! Desejar conhecer os meus pais para mim é uma grande honra. Eles
estão bem velhinhos, mas tudo que se dizem eles ouvem e entendem muito bem.
E se abalaram
os dois em busca da casa dos pais do velhinho. Ele sempre à frente do
pesquisador. E ao chegar, entraram, e, lá estava a velhinha de cócoras ao chão.
O pesquisador a cumprimentou e ela sem se levantar do chão o recebeu muito bem
com risos, até fantasiada dos anos já vividos. A velhinha ainda andava, mas com
um pouco de dificuldades. Ali, conversaram um bom tempo. Ele fez uma porção de
perguntas em relação de tantos anos vividos. Ela só o respondendo.
Terminou com esta
pergunta:
- Quantos anos
a senhora tem?
- Completos eu
tenho 130 anos. – Disse a velhinha com alegria de vida e mais esperança de dias que iriam vir.
E virando-se
para o velhinho o pesquisador perguntou-lhe:
- Agora onde
está o seu pai que eu quero o cumprimentar?
- Ele está lá
dentro do quarto...
E saiu levando
o pesquisador para conhecer o seu papai. E ao entrar no quarto o pesquisador
viu que o velhinho não estava mentindo. Dentro de uma rede o seu pai permanecia
deitadinho, ali, só o caquinho de gente, mas lúcido, capaz de um só pulo se
levantar da rede a qualquer momento. E logo o pesquisador perguntou:
- Quantos anos
o senhor tem?
E se sentando
na beira da rede, respondeu-lhe:
- Eu tenho 140
anos e sou o caçula da família. O meu irmão mais velho tem 147 anos de idade, e ainda
trabalha na roça com muita lucidez.
- E o que faz
com que uma pessoa viva tantos anos assim?
- Para se
viver bem meu filho, existem várias maneiras que levam o homem/mulher viver
muitos anos.
- O senhor
pode exemplificar alguns? – Perguntou-lhe o pesquisador.
- Não seja só
por isso..., casar para ter um cônjuge que lhe dê carinho, afeto e amor, que cuide
bem e que o zele. Digo casar no sentido de casal, não casamento religioso e nem
diante da justiça, aliás, dois amores que se gostem, porque o ser humano se não
for zelado pelo seu parceiro morrerá mais cedo. Se o cônjuge falecer não fica
chorando por muito tempo. A vida não admite que se chore em exagero por quem se
foi e não voltará mais. Cuida de arranjar outro cônjuge o quanto antes para
substituir o que se foi. Ninguém é insubstituível. Na terra o único homem que é
insubstituível é o Jesus Cristo.
- Sim senhor!
- O pesquisador ouvia o velhinho com atenção.
- Não fumar -
continuava o ancião - não beber bebidas alcoólicas de forma alguma. Não perder
noites de sono no trabalho e nem em farras. Para ter um corpo saudável tem que
o deixar descansar muito. Ter fé em Deus e ajoelhar-se sempre diante dele para
agradecer o que ele tem feito por você. Só compre se puder pagar, senão irá
perder sono e isto diminui dias de vida. Não comer alimentos enlatados ou
congelados, porque alimentos enlatados e congelados já estão vencidos para
serem consumidos e contêm uma porção de bactérias. Beber água potável porque ela mata os germes. A água
gelada não mata os germes do corpo do homem e o que ela faz é conservar os
germes vivos, principalmente água mineral. Ter sempre alguns amigos sem exagero.
O homem sem amigos é como um lobo solitário, estressado, triste e morrerá mais
cedo.
- Estou
entendendo bem, fez o pesquisador.
- Não deixar de
comer pelo menos um ovo cozido por dia, dizia o velhinho - beber a água de um coco e leite de qualquer fêmea quadrúpede diária. Ver o nascer do sol todas as
manhãs e ao entardecer, o seu desaprecimento no horizonte e admirá-lo. É a maior beleza da criação de Deus. Sempre
que puder faça uma visita ao mar e veja que maravilha o Deus criou. Não usar
armas como defesa. A arma encoraja o homem e poderá ter um fim triste. Comer
com farinha rapadura preta do Cariri. Comer carne de sol. Levantar cedo e
receber o sereno da madrugada. Não duvidar e nem teimar com ninguém. A teimosia
estressa, e se estressa, poderá causar mortes.
Em frente a
casa dos velhinhos passava um rio e mantinha uma porção de água corrente. O
pesquisador querendo ver se o velhinho teimava, disse:
-
Interessante! Todos os rios que eu os conheço descem as águas de ladeira para
baixo. O seu rio senhor, sobe de ladeira acima.
- Sim senhor,
o daqui da minha propriedade é assim como o senhor afirma.
O velhinho não
teimou de jeito nenhum. Concordou a mentira com o pesquisador.