Por: José Mendes Pereira
Maria Gomes de
Oliveira - Maria Bonita
Maria Bonita como já é do conhecimento de todos nasceu no dia 8 de março de 1911, no município de Paulo Afonso, no
Estado da Bahia). Viveu sua infância e adolescência no sítio dos
pais. Aos quinze anos casou-se com o sapateiro José de Neném, e não estando
satisfeita com o matrimônio, abandonou o seu cônjuge de uma vez por toda, e
decidiu acompanhar o homem mais temido do Brasil, o rei Lampião,
para fazer parte de seu respeitado bando de cangaceiros, onde permaneceu
até a sua morte, na madrugada de 28 de julho de 1938, lá na Grota de Angicos, no
Estado de Sergipe.
Antonio dos
Santos - O cangaceiro Volta Seca
Em
1973, o Jornal “O Pasquim”, Nº. 221, referente aos meses setembro e outubro
publicou uma entrevista que havia feito com Antonio dos Santos, o cangaceiro
Volta Seca, afirmando ele que quando Maria Bonita incorporou-se ao bando de
cangaceiros, já fazia mais de dois anos que ele estava em companhia dos
asseclas.
O
encontro da futura cangaceira com Lampião se deu quando certo dia o bando havia
se hospedado na Malhada da Caiçara, e lá, chegou uma senhora conhecida por
Maria Déia, que afirmando ser a mãe de Maria (a futura Maria Bonita), e foi de
encontro a Lampião, dizendo-lhe que sua filha Maria desejava muito conhecê-lo.
Lampião se sentindo orgulhoso, disse-lhe que para ela o conhecer não havia
dificuldades, pois ele estava sempre por ali. E voltando-se para Dona Maria
Déia, perguntou-lhe onde ela morava. Ela o respondeu que a filha era
casada e residia em Santa Brígida.
Lampião e
Maria Bonita
Lampião interessado para conhecê-la pediu que a chamasse, pois estaria
até a manhã do dia seguinte, e não comunicasse mais a ninguém da sua presença
naquele lugar.
Dona
Maria Déia querendo que a filha o conhecesse já que era um dos desejos dela,
mandou um dos filhos chamá-la em sua residência. E ao chegar, mãe e
filha dirigiram-se à presença do desejado homem. E depois de se apresentarem,
os dois ficaram palestrando.
Maria desejou acompanhá-lo, mas Lampião tentou convencê-la, explicando-lhe que
não tinha futuro, pois ele era um homem que vivia da desgraceira, e não era
engraçado levá-la para uma vida que não tinha tranquilidade. E lá, o sofrimento
era constante; passava fome, sol, poeira..., e ele mesmo vivia naquela vida,
mas não gostava.
Disse-lhe ainda que muitas vezes passavam dias sem se banharem, e não
era justo uma mulher tão linda quanto ela levar a vida sem se banhar. Ainda a
aconselhou que ficasse com o seu marido, já que haviam sido abençoados por Deus, para viverem a vida até que a morte os separasse. A vida de cangaceiro não
era mar de rosas, nem para ele e nem para ninguém. Muitas vezes se sentia
desprezado por Deus e por todos; e no cangaço era somente tiroteio e mais
nada. Ele ainda alegou que não era um homem da sociedade. Mas
ela insistiu tanto que findou Lampião a carregando na garupa do seu cavalo para
as caatingas, sendo ela a primeira cangaceira brasileira.
Minhas Inquietações
O que disse Volta Seca ao jornalista sobre a entrada de Maria Bonita para o
cangaço, foi bem detalhado. Mas uma resposta me deixou confuso:
O jornalista do Jornal "Pasquim" fez-lhe uma pergunta:
- Ela atirava também?.
E
ele o respondeu:
- Atirava! Eu queria está com ela e não queria está com dez homens da marca dos
que eu conheço por aqui. Estava mais satisfeito”
A
resposta de Volta Seca contraria o que disse Balão em novembro de 1973 à
Revista Realidade. Veja: “Maria Bonita usava uma pistola Mauser de
11 tiros, mas também não atirava nada”.
Balão
deixou a sua resposta com duplo sentido. Quem era que não atirava nada, Maria
Bonita ou a pistola mauser?
Apesar
de não conhecer muito sobre o cangaço, mas eu acho difícil Maria Bonita ter
assassinado alguém no período em que ela participou do movimento social dos
cangaceiros. É óbvio que o seu olhar era sério, duro, mas apenas o olhar, e
dentro dela batia um coração amável e generoso. Afinal, Maria Bonita entrou no
cangaço não para se vingar de ninguém, e sim, para ser a mulher do homem que
ela achava que era a sua verdadeira alma gêmea.
Em
tudo que eu tenho lido sobre o cangaço ainda não encontrei algo escrito por
algum autor de livros, textos ou outra coisa parecida, afirmando que Maria
Bonita era perversa.
Mesmo
eu discordando algumas respostas de Balão na entrevista que ele cedeu à Revista
Realidade, e deixando a resposta com duplo sentido, eu estou mais para
acreditar nele, quando disse que Maria Bonita não atirava nada.
Embora não tenha se casado oficialmente com Lampião, mas Maria Bonita é considerada a sua primeira esposa, onde viveram juntos durante oito anos.
Fontes de Pesquisas:
Jornal “O Pasquim”, Nº. 221 - Setembro/Outubro de 1973
Revista Realidade - 1973.
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