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terça-feira, 16 de janeiro de 2018

LIVRO “PARAHYBA NOS TEMPOS DO CANGAÇO”

Por Antonio Corrêa Sobrinho

O que dizer de “PARAHYBA NOS TEMPOS DO CANGAÇO”, livro do amigo Ruberval de Souza Silva, obra recém-lançada, que acabo de ler, senão que é trabalho respeitável, pois fruto de muito esforço, dedicação; que é texto bom, valoroso, lavra de professor, um dizer eminentemente didático da história do banditismo cangaceiro na sua querida Paraíba. É livro de linguagem simples, sucinto e objetivo, acessível a todos; bem intitulado, pontuado, bem apresentado. E que capa bonita, rica, onde nela vejo outro amigo, o Rubens Antonio, mestre baiano, dos primeiros a colorizar fotos do cangaço! A leitura de “PARAHYBA NOS TEMPOS DO CANGAÇO” me fez entender de outra forma o que eu antes imaginava: o cangaço na terra tabajara como apenas de passagem. Parabéns e sucesso, Ruberval!

Adendo: José Mendes Pereira

Eu também recomendo aos leitores do nosso blog para lerem esta excelente obra, e veja se alguns dos leitores  possam ser parentes de alguns cangaceiros registrados no livro do Ruberval Souza.

ADENDO -  http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Entre em contato com o professor Pereira através deste 
e-mail: 
franpelima@bol.com.br

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LIVRO “O SERTÃO ANÁRQUICO DE LAMPIÃO”, DE LUIZ SERRA


Sobre o escritor

Licenciado em Letras e Literatura Brasileira pela Universidade de Brasília (UnB), pós-graduado em Linguagem Psicopedagógica na Educação pela Cândido Mendes do Rio de Janeiro, professor do Instituto de Português Aplicado do Distrito Federal e assessor de revisão de textos em órgão da Força Aérea Brasileira (Cenipa), do Ministério da Defesa, Luiz Serra é militar da reserva. Como colaborador, escreveu artigos para o jornal Correio Braziliense.

Serviço – “O Sertão Anárquico de Lampião” de Luiz Serra, Outubro Edições, 385 páginas, Brasil, 2016.

O livro está sendo comercializado em diversos pontos de Brasília, e na Paraíba, com professor Francisco Pereira Lima. 
 franpelima@bol.com.br

Já os envios para outros Estados, está sendo coordenado por Manoela e Janaína,pelo e-mail: anarquicolampiao@gmail.com.

Coordenação literária: Assessoria de imprensa: Leidiane Silveira – (61) 98212-9563 leidisilveira@gmail.com.

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CANGAÇO: VINGANÇA OU NEGÓCIO?

- No mundo dos ‘negócios do cangaço’, a vingança foi esquecida.


A formação, ou existência do movimento, Fenômeno Social, cangaço brotou dentro de outro Fenômeno Social “O Coronelismo”.

A parte violenta, obrigatória, de submissão e ‘cabrestos’ colocadas, exigidas, pelos que na época mandavam amparados, ou não, pela “Lei”, tanto fazia, pois aqueles que regiam as leis, não faziam com que as mesmas os acolhesse, não a fazia impor contra o grande em proteção ao ‘pequeno’, pelo contrário, essa, a Lei, quando solicitada em sua defesa, do pequeno, e proteção era burlada e invertida, e a vítima passava a ser o criminoso. Em contra partida, o real criminoso, o latifundiário, o ‘coronel’ e/ou o político regional, que era na verdade o criminoso, saia ileso.

Quantas surras, estupros, barbaridades violentas e até mortes, essas com as mais variadas formas de perversidades para servirem de exemplo, foram cometidas dentro e nos terreiros das choupanas dos roceiros agregados, dos vaqueiros, dos meeiros e outros mais, na imensidão dos sertões nordestinos a mando de ‘coronéis’, políticos e fazendeiros em nome ‘deles’ mesmos? E ai daqueles que pelo menos insinuasse o ocorrido na tapera do vizinho, do amigo ou mesmo de um parente próximo, como pai ou filho, pois corria o risco de ter o mesmo ‘tratamento’.


Os ‘Manda-Chuva’ da época tinham a seu dispor, pagos com dinheiro, proteção e favores, sempre um real e perverso contingente de jagunços e pistoleiros. Em caso de darem um aviso, um corretivo, uma ordem para votarem em determinada pessoa e outras mais, eram enviados os jagunços, os homens do coronel fulano de tal, para executarem a ‘tarefa’. Já em caso de um inimigo político e/ou da mesma classe social, era enviado um pistoleiro. Aquele que se acoita e coloca uma emboscada para poder atirar de ponto, e resolver o caso.

Nessa época, o sertanejo que cometia um crime, muitas vezes por não ter outra saída, em defesa da sua honra ou da honra da sua família, corria a pedir socorro, proteção a algum ‘coronel’, da sua região ou em outra mais distante. Se recorresse a Lei, o que seria a maior das imprudências na ocasião, ele estava lascado. Devido à ‘proteção’ ganha, recebida do ‘maioral da região’, passava a ser obrigado a realizar os mandos do patrão até sua total extinção, ou seja, pelo resto de sua vida, tendo ainda seus descendentes sendo sempre ‘lembrados’ do favor que fora feito ao antepassado... Também continuavam com a obrigação de servir. Muitos daqueles que viviam da espingarda, pistoleiros, levavam suas vidas a cuidarem da labuta diária nas terras em que lhes fora permitido viver e trabalhar. Porém, ao primeiro sinal do patrão, trocava de ferramenta, largava o cabo da enxada pela coronha do rifle.



Dentro desse mundo imperioso pelo poder do mais forte, surgiram alguns que em vez de cumprirem ordens de outrem, resolvem eles mesmos serem seus patrões, chefes e mandantes. Dentre esses, alguns, que pensavam antes de agirem, em vez de arrumarem encrenca com os poderosos, os coronéis, faziam pactos com eles e usava uma ‘moeda’ universalmente usada entre os bandidos, à troca de favores. Favores por fornecimento e em contra partida, fornecimento por serviços prestados, tornando-se assim chefe dos demais.

O cangaço surgiu da dor, da lágrima, do sofrimento, do sangue derramado, da ilusão e da morte. Surgido dentro e dessas brutais particularidades, as mesmas são vistas em toda sua existência.

Grandes nomes que se destacaram no cenário cangaceirístico ao longo das décadas, tiveram uma particularidade, excetuando-se uma ou outra personagem, os demais, incrivelmente, agiram igualmente. A maioria do jovem sertanejo que procurava o cangaço era para ter apoio e poder praticar uma vingança. Logicamente nem todos foram devido a esse motivo. Por outro lado, também ocorreram várias entradas nas tropas volantes para darem-se a vingança principalmente ao cangaceiros que algum crime cometera com algum familiar do mesmo.

Pois bem, falando de nomes destacados entre os grandes chefes cangaceiros temos Jesuíno Brilhante, Cassimiro Honório Lima, Sinhô Pereira, Antão Godê, Antônio Silvino, Lampião e outros... Desde o “Cangaceiro Romântico” até o último dos grandes chefes, Virgolino Ferreira, declarou-se haver uma vingança por trás das suas adesões às fileiras do cangaço. A historiografia nos mostra que poucos, dentre os ‘grandes’, realizaram a façanha vingativa. Quando o cangaceiro era jovem, essa vingança ficava mais fácil e oportuna. Destacamos Sinhô Pereira, Sebastião Pereira da Silva, que entrou para vingar e vingou. Após ter cumprido aquilo para que entrasse, sacudiu a poeira das terras pajeuzeiras e partiu para outros ‘mundos’ onde viveu por muito tempo.


Manoel Batista de Morais, o Antônio Silvino, entra para o cangaço a fim de realizar uma vingança naqueles que promoveram e tiraram a vida de seu pai, Pedro Batista Rufino de Almeida, conhecido por “Batistão”. Apesar do tempo em que exerceu a função de chefe cangaceiro, mais ou menos de 1896 a 1914, dezoito anos de cangaço não o fez. Foi preso, entregou-se ao Alferes Theófanes Ferraz Torres, em 1914 sem fazer aquilo para que se destinasse a entrar no cangaço. Além das promessas e juras que fez a seus ‘maiores inimigos’, pessoas da família Ramos. Tendo um de nome Desiderio Ramos, tido como o executor de seu pai que morreu de velhice. Desiderio passou a vida trabalhando de almocreve entre o sertão do Pajeú das Flores e a cidade de Pesqueira, no agreste pernambucano, e a vingança não se realizou. (MELLO, 2011)
Se realmente a vingança fosse uma prioridade para o cangaceiro “Antônio Silvino”, é lógico e evidente que essa teria sido consumada. No entanto, ao estudarmos sua trilha cangaceira, notamos uma tendência a usufruir daquilo que viu no cangaço: muito dinheiro e destaque entre os homens e populares de pequenas Vilas, Povoados e Cidades. Ou seja, após o primeiro impacto onde quase se consuma a vingança, essa, aos poucos é deixada de lado e os “cabras” tomavam outro rumo de ação.

Na historiografia de Virgolino (Ferreira da Silva), o Lampião aparece dois inimigos principais. Um que, segundo ele mesmo, foi o culpado de ter entrado para aquela vida desgraçada. Outro que comandou a volante que assassinou seu pai, já viúvo, em terras alagoanas. No início da pendenga entre Virgolino Ferreira e Zé Saturnino, tocaias e cercos foram colocados pelos dois rivais. Mortes e feridos são relatados ter havido de ambos os lados. Com o passar dos anos, o que não são tantos, notamos um ‘desaparecimento’ total no desejo de vingança, ou pelo menos é o que percebemos ao estudarmos, e não ter-se notícia, sobre alguma ameaça e cerco ou emboscada colocada por Lampião, em seu primeiro inimigo, Zé Saturnino. Esse ‘desprezo’ pela vingança em seu inimigo número 1 começa a ficar nítida logo antes e após a morte do cangaceiro “Vassoura”, Livino Ferreira, em 1925. Com a morte de “Esperança”, Antônio Ferreira, no final de 1926, aí é que a gente não encontra mais nada.


Já quanto à morte de José Ferreira, assassinado na casa em que recebeu para ficar de favores, pela volante do então sargento José Lucena, em território alagoano, mesmo tendo duas versões, a vingança também não se consume. Em uma das versões, o soldado, da volante de Lucena, Benedito Caiçara é o autor dos disparos no patriarca da família Ferreira. Segundo autores, Caiçara nem sabia em quem estava atirando. Mas, relatos nos mostram que o volante era perverso e gostava de matar, principalmente se fosse à covardia como assassinou um dos Porcino, José, que estava ferido sem condições de lutar nem de mover-se, com pedradas na cabeça. Há, também, relatos sobre como executava as ações do comandante José Lucena em seus prisioneiros: “... é sabido por todos, que Lucena não gostava de colecionar prisioneiros. Ladrões em geral, especialmente ladrões de cavalos, assaltantes, desordeiros, perturbadores da ordem pública, muitos foram executados em cova aberta. A ordem para limpar o Sertão já vinha de cima.” (CHAGAS, 2013)

Na versão de Bezerra e Silva, “houve forte tiroteio na fazenda Engenho. Além da morte de José, ficou ferido Antônio Ferreira, na perna. Os Ferreira juntaram-se aos Porcino, conduziram Antônio numa rede e com um grupo de 25 homens, partiram para Pernambuco, pernoitando na Vila Mariana.”


Os autores de “De Virgolino a Lampião”, Vera Ferreira e Antônio Amaury, referem: “Na morte de José Ferreira não houve combate. Os três filhos mais velhos não estavam presente. O depoimento de João e de Virtuosa são bens claros.”

Relatos de um ex cangaceiro do bando de Lampião, Miguel Feitosa, ao sociólogo Frederico Pernambucano de Mello, diz que ocorreu uma espécie de ‘amaciamento, apesar de discreto, progressivo’ entre os dois, Virgolino e Saturnino.


“(...) O amaciamento teve início no ano de 1923 com proposta de acomodação enviada por Saturnino através de José Clementino de Souza, “boiadeiro velho residente na Matinha, perto das Pedreiras, em Serra Talhada”. Como prova dos seus propósitos de paz, Saturnino envia pelo boiadeiro “um uniforme caqui, tipo especial, dos de cinco varas e uma quarta de tecido, comprado no comércio de João de Sá Gominho, em Nazaré, atual cidade de Carqueja, do município de Floresta, Pernambuco”. Ainda, segundo Miguel, o “cérebro” dessa tentativa de acomodação foi Francisco Flor, residente nesta mesma cidade, à época simples povoado (...).” (MELLO, pg. 121, 2011).

Vejam bem, um ex cangaceiro do bando de Lampião vem nos mostrar um grande acordo que ocorreu entre dois rivais ferrenhos. Sabedor da discordância que teria seus irmãos quanto a esse acordo, na época ainda vivos, 1923, O “Rei do Cangaço”, esbraveja que jamais faria qualquer acordo desse tipo com Zé Saturnino. Lampião, sendo o cérebro do bando, sabia como lidar com determinadas atitudes se antecedendo as mesmas, por isso que prolongou seu ‘reinado’ por quase vinte anos. O fator vingança não estava já tão aceso motivando seus movimentos. A vida de criminoso já estava selada, portanto, nada melhor do que prolongá-la indeterminadamente. A razão primaria, ou seja, VINGAR-SE, não mais se enquadrava em seu particular cangaço. Além, é claro, de não mais ter um inimigo perigoso nos calcanhares.

Sabino Gomes de Góis ou Sabino Gomes de Melo, de alcunha ou conhecido como Sabino das Abóboras, um dos mais destacados nomes da história cangaceira, mais audacioso do que o próprio Lampião.

“(...) Lampião recebe o uniforme e embora diga na presença dos irmãos e de outros cabras que não poderia aceitar acordo com Saturnino, procura dias depois o boiadeiro pedindo-lhe que “reservadamente’ apresentasse ao proponente seus agradecimentos pela gentileza. A despeito das cautelas, o assunto viria a transpirar, tendo sido muito comentado no bando do qual o depoente fazia parte nessa época (...).” (MELLO, págs. 121 a 122, 2011)

Já quanto ao comandante José Lucena, o pedido de ‘trégua’, acordo, teria partido do próprio chefe cangaceiro nas terras da fazenda Barra Formosa, propriedade do coronel Francisco Martins de Albuquerque, tentando usar como ‘interlocutor’ do acordo, Gerson Maranhão parente de José Lucena, em 1932.


“(...) No auge da seca de 1932, Gerson Maranhão recebia em sua fazenda Angico Torto, do município de Águas Belas, Pernambuco, emissário do famoso bandoleiro, vindo com a incumbência de preparar-lhe uma visita (...) Segue Gerson em companhia de dois amigos, chegando já noite fechada ao local da incômoda audiência. Estava o bandido com todo o grupo num centro da caatinga situado em uma das mangas da fazenda Barra Formosa, do coronel Francisco Martins de Albuquerque(...) A certa altura, Lampião interrompe a conversa chamando Gerson para um “particular”. Sabia do seu parentesco com José Lucena – como ele, também um Albuquerque Maranhão – e lhe propunha que agisse como intermediário no sentido de uma acomodação: Lucena não mais o perseguiria, nem a seus irmãos, particularmente o mais moço, de nome João, que sempre se conservava fora do cangaço. Em troca, “o meu mosquetão não atira mais nele” (...).” (MELLO, pg. 122, 2011).

Todo catingueiro, roceiro, vaqueiro e dono de propriedade rural, naquele tempo, sabiam da fama de Lampião. O fazendeiro Gerson Maranhão, com toda certeza ficou um tanto sem entender aquela ‘proposta’. As seguintes ações, no decorrer dos anos vindouros, do líder, chefe cangaceiro, a partir de então, também demonstra um relaxamento no tocante a ‘vingança’ jurada. No início de 1938, seis anos depois da proposta de acordo, um caso ocorre aonde viria a confirmar esse fato.


“(...) Em princípios de 1938, o cabra Pedro Barbosa da Cruz, conhecido vulgarmente por Pedro Miúdo, encontra-se com o bando de Lampião na fazenda Riacho Fundo, perto da localidade Antas, município de águas Belas. O chefe, sabendo-o cabra disposto e no permanente esforço de recrutamento a que se entregava, convida-o a acompanhá-lo, ao que Miúdo lhe responde com proposta de “coisa melhor”. Conhecia bem José Kucena, fora soldado de uma volante por ele comandada, e o mataria “por cinco contos de réis”. Surpreso, Lampião agradece a oferta com um raro gesto de prodigalidade: dá-lhe de presente uma faca de cabo trabalhado. Em seguida, dirigindo-se ao cabra, devolve-lhe a surpresa com a seguinte confidência: “Deixe isso. Essas questões já estão velhas”(...).” (MELLO, pg. 123, 2011).

Tanto um como o outro, Zé Saturnino e José Lucena, foram jurados de morte por Lampião, no entanto, a mesma não foi executada. No nosso entender, pelas regras do sertão da época, se era para vingar-se de alguém o correto seria concluir a promessa ou morrer tentando. Isso se fosse penas uma questão de vingança, no entanto, o cangaço lampiônico, criado pelo próprio, tinha algo mais, algo que resultaria numa enorme empresa de proveitos econômicos.


E assim o cangaço e os cangaceiros seguem nos surpreendendo entre seus grandes personagens. Sabino das Abóboras, um dos cabras de Lampião mais valentes que existiu. Sanguinário, malvado, rude e violento, era temido até mesmo mais do que Lampião, jura matar o matador de seu irmão. Ao encontrar o ‘cabra’, referi se ele sabe que irá morrer naquela hora por ter matado seu irmão. O pistoleiro, sem retirar os olhos do cangaceiro chefe cangaceiro Sabino, Sabino tinha um grupo composto por uns 16 cangaceiros, diz que seu irmão, o irmão de Sabino, morreu sem ser a ‘encomenda’, morreu no dele. Que ele estaria realmente esperando era ele, Sabino, para mata-lo. Diante de tão grande prova de coragem, Sabino deixa, deixando seus homens atordoados com tal atitude, o homem ir embora sem se quer um arranhão de ponta de punhal... Nas quebradas do Sertão.

Fotos “Guerreiros Sol – Violência e banditismo no nordeste do Brasil” – MELLO, Frederico Pernambucano de. 5ª Edição revista e atualizada. São Paulo, 2011.

Outras as fontes estão citadas nos rodapés das imagens

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EU E “MANÉ FUMAÇA”

Por Sálvio Siqueira

O artista plástico Arlindo Lopes, aqui de São José do Egito, produziu um busto e uma peça de corpo inteiro do grande comandante Manoel de Souza Neto.

A história desse Nazareno é ímpar quanto à coragem, valentia e dedicação ao combate ao banditismo rural na época e pós o cangaço.

Como um dos maiores perseguidores de Lampião recebe dois apelidos, um do próprio “Rei do Cangaço” e o outro da sua “Rainha”, Maria Gomes de Oliveira, a Maria de Déa, mais conhecida universalmente por Maria Bonita: ‘Mané Fumaça’, esse apelido é tido na historiografia como sendo Virgolino a ter-lhe dado. Segundo alguns autores, Lampião, ao certificar-se de que estaria brigando com Mané Neto, dizia a seus ‘cabras’: “cuidem da banda de suas vidas que a outra Mané Fumaça já dispachô”. A outra alcunha seria “Cachorro Azedo”, colocada por Maria Bonita, talvez pela insistência de não deixar seus rastros dentro da Mata Branca.

Obs.: O artista faz esculturas de qualquer uma das personagens históricas por encomenda.

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O ARROZ NOSSO DE CADA DIA

Clerisvaldo B. Chagas, 16 de janeiro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica 1.824

Teve início, semana passada, a safra 2017/2018 do arroz, no perímetro irrigado do baixo São Francisco. Estar valendo o teste das 200 toneladas de sementes distribuídas pelo governo estadual através da Secretaria da Agricultura, Pesca, e Aguicultura – SEAGRI – em 2017. A colheita está acontecendo no município de Igreja Nova, capital do arroz em Alagoas. Como tudo deu favorável, aguarda-se uma produção que irá superar a média nacional de produção por hectare. A perspectiva é de uma colheita de 24 toneladas em uma área de três hectares. Esse é um projeto ligado ao rio Boacica. Segundo se comenta a produção é atribuída à qualidade das sementes e da água da irrigação, além dos tratos culturais no perímetro irrigado dos rios Boacica e Itiúba. A média da produção nacional é de 6.100 quilos por hectare. A produção agrícola e a agropecuária são geridas pela Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba – CODESVASF.

COLHENDO ARROZ. FOTO DIVULGAÇÃO.


O arroz, constituído por sete espécies, é uma planta da família das gramíneas e alimenta mais da metade da população humana do mundo. É a terceira maior cultura cerealífera do globo, apenas ultrapassada pelas de milho e trigo, sendo rica em hidrato do carbono. Sua cultura necessita de água em abundância e se desenvolve bem, mesmo em terreno muito inclinado, o que não é o caso de Igreja Nova com suas longas várzeas marginais ao São Francisco.
O município acima pode não contar em roteiro turístico, mas é muito visitado pelos que procuram estudar e conhecer o perímetro irrigado dos rios Boacica e Itiúba, que se espraiam pelas terras baixas e planas. Também a vida selvagem e específica do lugar atraem pesquisadores para a área tão perto da foz do “Velho Chico”. Para quem deseja conhecer a região, pode-se chegar até ali através de Arapiraca e São Sebastião ou através de Coruripe, Penedo. 
Como a notícia da safra é muito boa, aguarda-se mais qualidade à mesa do alagoano e do Brasil. Não precisa ser chinês, para mergulhar num prato de arroz com bode assado.
Ê mundo “véi”, quanta coisa boa!


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A CORONELA CEARENSE...!

Por Afrânio Gomes

Há exatos 99 anos, no dia 16 de janeiro de 1919, falecia em Lavras da Mangabeira, vítima da Bailarina ou Gripe Espanhola, Dona Fideralina Augusto Lima, mulher forte, corajosa e de grande expressão, deixou um legado de políticos, intelectuais, médicos, advogados e artistas de renome que espalham com competência e seriedade toda a sua genética. Como já disse anteriormente: QUEM PUXA AOS SEUS NÃO DEGENERA.

Copy by: Cristina Couto

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ROMANCE CANGACEIRO (JESUÍNO BRILHANTE).


Romance cangaceiro (JESUÍNO BRILHANTE) de Rodolfo Teófilo, publicado em 1895. Está na quarta edição, Fundação Vingt-Un Rosado, 2015. 

O prof. Gledson Passos, na apresentação   desta edição, disse o seguinte: 

"À luz da História, o romance apresenta traços marcantes da vida social nas paragens sertanejas da época: o cangaço, a estiagem, o poder monolítico e despótico das facções políticas, o monopólio da máquina pública pelos potentados familiares e seus caprichos eleitoreiros,...". 

Quem desejar adquirir este e outros livros. franpelima@bol.com.br ou Whatsapp 83 9 9911 8286.

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A PROFESSORA E ARTISTA PLÁSTICA FRANCI DANTAS, PARTICIPARÁ DA EXPOSIÇÃO DA SESSÃO MAGNA DA ALAM.


Na Sessão Magna da Academia de Letras e Artes de Martins- ALAN - A Professora e Artista Plástica Franci Dantas, participará da Exposição literária com o livro: "PELOS MEANDROS DA MEMÓRIA". O evento será no dia 27 de janeiro de 2018 (sábado), no Salão de Festas do Hotel Serrano na cidade de Martins-RN. 



ALAM - Sessão Magna / 27 de janeiro de 2018.

- Cidade de Martins-RN
- Hotel Serrano (salão de festas)
(Taniamá Vieira Barreto-Presidente da ALAM)

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzagueano José Romero de Araújo Cardoso

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JOÃO CLEMENTE DE MOURA

Por Joel Reis

Não apenas soldados, mas civis também combateram o cangaceirismo. João Clemente de Moura era um civil de Águas Belas - PE que enfrentou durante oito anos o grupo de Lampião.

Imagem: 

OLIVEIRA, Aglae Lima de. Lampião, Cangaço e Nordeste. Rio de Janeiro: O Cruzeiro, 1970.

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A FASCINANTE ROTINA DE UM CARIRI CANGAÇO

*Rangel Alves da Costa

Quando se fala em evento do Cariri Cangaço, aqueles que nunca participaram de seus percursos nem de suas rotinas, certamente imaginarão um encontro de pesquisadores e apaixonados pelo cangaço ou outro tema nordestino, e estes envoltos em discussões, palestras e debates. Também assim, mas é muito mais. É infinitamente mais e maior que tudo aquilo que possa imaginar quem ainda não teve o prazer e a honra de ostentar sobre o peito o distintivo de participante.

Basta saber que não há aquele que participou uma vez e não tenha vontade de novamente reencontrar o belo e fascinante mundo do Cariri Cangaço. É curiosidade que se torna em prazer, é encanto que se torna em hábito, é costume que se torna em verdadeira necessidade de estar sempre presente e interagindo com as páginas abertas de um grande livro. Páginas sobre o cangaço, sobre o misticismo nordestino, sobre a musicalidade de raiz, sobre os conflitos sociais sertanejos, sobre vastos personagens que deram o mote na escrita da história.

Como bem afirmado na sua apresentação oficial: O Cariri Cangaço é um evento de cunho turístico-cultural e histórico-científico que reúne os mais destacados pesquisadores e historiadores das temáticas sobre o cangaço, coronelismo, misticismo, messianismo e correlatos ao sertão e ao Nordeste do Brasil, configurando-se como o maior e mais respeitado evento do gênero no país. 

Mas nada acontece ao acaso. Nenhum local escolhido para os eventos de cada ano, já estará pronto para receber os participantes - ou caririenses - se não houver um longo e cuidadoso trabalho de campo, de conhecimento, de delimitação, de escolhas e confirmações. E inicialmente cabe ao menestrel Manoel Severo, responsável maior pelo sucesso de todo e qualquer evento, realizar todo um trabalho de pesquisa e de contatos, projetando daí as datas, os patrocínios, os locais de estadia, as visitações preliminares aos destinos históricos e culturais, a escolha dos eventos de cada dia, as palestras e os palestrantes, as homenagens, toda a programação, enfim.

E depois disso, ainda sob a batuta de Manoel Severo, sempre consultando e ouvindo o Conselho Consultivo do Cariri Cangaço, bem como as comissões e autoridades locais, toda a programação passa a ser divulgada e o chamamento aos interessados soando como um grito de “Gado no pasto, mas dessa vez a cabroeira vai estar em... em Juazeiro, em Crato, em Barbalha, em Missão Velha, em Aurora, em Barro, em São José de Princesa, em Porteiras, em Lavras da Mangabeira, em Sousa, em Nazarezinho, em Lastro, em Água Branca, em Piranhas, em Exu, em Floresta, dentre outros locais. E também, ainda este ano, em Serra Talhada, em Poço Redondo, em São José do Belmonte, em Fortaleza, e até Portugal”.

Ao chegar as datas, as viagens que são como verdadeiros passeios histórico-culturais pelas distâncias nordestinas. E na chegada os reencontros, os abraços, as boas surpresas, os convívios durante aqueles dias. Os hotéis e as pousadas, como casas destinadas exclusivamente aos participantes, transformam-se em verdadeiras varandas para os proseados, os saudosismos, as dúvidas que são tiradas na boca do forno. Mesas de café da manhã onde todos se juntam e entre um cuscuz e uma fruta, uma xícara de café e um copo de suco, vão se irmanando ainda mais, afeiçoando ao que Severo acertadamente chama “Família Cariri Cangaço”.

A partir de então e durante os dias seguintes, a família Cariri Cangaço passa a cumprir os rituais e os percursos da programação. As manhãs e as tardes geralmente são destinadas às visitações, através de deslocamentos até os locais históricos que fazem parte do contexto do tema escolhido. Locais de embates cangaceiros, casarões coronelistas, povoações cujas sagas continuam vivas na memória e na história, marcos de um passado sangrento ou glorioso, museus, memoriais, igrejas, capelas, fundações de um tempo de homens valentes e destemidos. Os deslocamentos em ônibus destinados exclusivamente aos participantes são uma festa à parte, onde cada percurso se torna prazeroso pelo convívio alegre e harmonioso entre todos.

São nos debates e nas palestras que surgem as surpresas, as novas teses, os novos desvendamentos, as revelações. A dita e a contradita, a aceitação e a contestação, vão aclarando os conhecimentos e fazendo surgir novos olhares sobre temas já tidos por muitos como de única feição. Assim, verdadeiros livros vão sendo escritos a cada Cariri Cangaço surgido, ali mesmo, no calor da hora e da força expositiva. Mas nada mais gracioso e singelo que as homenagens promovidas pela Família Cariri. Nos olhos e no pulsar de cada homenageado a profunda sensação de alegria e prazer. E surgem os merecidos aplausos, mas principalmente as lágrimas, as muitas lágrimas.

E após participar de alguns eventos caririenses, eu confesso agora que fui descobrindo os motivos de o meu pai Alcino Alves Costa sempre retornar com o ânimo refeito após cada viagem que fazia. Voltava feliz pelos amigos reencontrados, pela estadia entre os seus, pelos novos conhecimentos que trazia. Voltava feliz pelo convívio com sua Família Cariri Cangaço.


Escritor
Conselheiro Cariri Cangaço
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