Por Luiz Serra
De início,
surgem os ipês-amarelos, logo aparecerão os lilases, ou ipês-roxo, e, por fim,
os brancos, fechando a estação. O céu azul ganha nova vida, enquanto a situação
pandêmica de poucas cores diminui a sobriedade, a natureza refaz os tons da
esperança! E condiz com resistência, força, já que a árvore, ipê, tem
parentesco com o jacarandá. Daí ter na origem tupi a significação do ipê como
“árvore cascuda”, por ser de casca grossa, resistente.
Flor dourada do
Brasil - matanativa
Este exemplar
da primeira foto desabriu marcando presença de um dia para o outro, aqui, bem
ao lado do nosso prédio. Não há quem passe, deixe de contemplar e empunhar o
celular no modo fotográfico para registrar esse prodígio natural.
Os
ipês-amarelos noutras paragens, ainda com mais importância, são chamados de
ipês-dourados; no Nordeste é a floração do pau-d’arco, no sul é o ipê-pardo,
ipê-vacariano, já no precioso chão sertanejo pode ser ipê-ouro, ipê-mandioca,
ipezeiro ou pau-d’arco-ouro, sumo reconhecimento nesta cambiante solar que se
define em arte, sendo o artista, o ipê.
Atualizando o
"nosso" ipê nesta foto de hoje de manhã, 26/08/2020.
No entanto a
variante que vejo mais poética, marcante de uma estação longínqua no tempo das
monoculturas, davam o nome de ipê-amarelo-flor-de-algodão! provavelmente pela
coincidência do brotar a florada com a safra algodoeira. A botânica científica
traz o registro científico, epitalâmico, ou relativo ao sol, de Handroanthus
serratifolius.
O ipê-amarelo
chamou a atenção não só de cantores, poetas, escritores, até políticos. Tivemos
um polêmico presidente, que foi professor de Gramática, o mato-grossense Jânio
da Silva Quadros, que durante sua curta e contundente gestão declarou ser o ipê
amarelo, a flor símbolo do Brasil.
Mesmo ipê da primeira
foto, daqui da quadra, fotografado agora no início da noite, a ver o brilho
refletido e a lua perpassando as nuvens -
Cortesia dos queridos amigos e vizinhos Dr. Paulo Borges e Dulcelene.
Esta breve
gesta é do amigo Dr. Geraldo Pereira, poeta, jurista, desembargador, da boa
terra capixaba:
"Como é
sublime e encantador
Contemplar o
tapete amarelado
E
esplendoroso, de um ipê em flor! "
No meio da
mata, o ipê-amarelo chega a trinta metros de altura, e tece o contraste com o
verde e a sépia do sertão, cambiante de beleza, o horizonte se torna a
paisagem, adiante, iluminada, e com cheirinho de coisa boa!
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