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Ex-cangaceiro Candeeiro
“Na noite anterior ao ocorrido, ou seja, 27 de julho de 1938, Lampião reuniu seus homens e assim falou:“ “-Amanhã cedinho vou viajar. Vou embora para Minas ou Goiás. Quem quiser ficar, fica, quem quiser ir comigo se prepare.” ”Continua o chefe cangaceiro:” “-Não posso mais ficar por aqui, pois, vou começar a matar até meus amigos; voltar para Pernambuco, não volto, pois, lá só tenho inimigos e a matança vai continuar. Assim o melhor é terra nova, onde ninguém me conhece””...”.
Paulo Brito à direita
Paulo Britto: Podemos dizer, portanto, que em todo o texto, esta é a única informação precisa, adquirida de viva voz do cangaceiro Candeeiro que relata ter ouvido esta decisão bombástica a ser dada ao seu grupo pelo chefe maior, de que findava ali, abruptamente, o seu reinado no nordeste?
Bando de cangaceiros de Lampião
Por que o bando estando já há alguns dias em Angico, só na véspera da “partida”, esta notícia bombástica é comunicada por Lampião, sem abrir espaço para uma avaliação melhor por parte dos atônitos cangaceiros? Acredito que o impacto de uma notícia dessas, teria sido maior que o ataque da volante, uma vez que a estes ataques já estavam acostumados.
O cangaceiro Candeeiro, não se refere à reação do bando? E por que os outros cangaceiros sobreviventes não comentaram esta informação?
"vamos ao estado de Sergipe e lá você encontrará os elementos que lhe darão o norte de toda a história. Não sou o dono da verdade, porém, não quero lhe deixar enganado, nem tão pouco morrer na ignorância, na mentira. A história do povo nordestino e dos cangaceiros é outra, não se iluda. Caso o leitor não fique satisfeito, farei um outro artigo ainda mais contundente sobre o episódio. Chega de tanto embuste”.
Paulo Britto: Do episódio de Angico até hoje, lá se vão mais de 70 anos, e com toda a literatura já existente, inclusive por respeitados e renomados escritores, o pesquisador descobriu que toda a verdade, não é a verdade, e que difere de tudo o que já foi escrito? Num lampejo de lucidez, reconhece que não é dono da verdade, mas não quer deixar mais ninguém na ignorância e na mentira, mas em seguida, a mente volta a ficar embutida e diz que “a história do povo nordestino e dos cangaceiros é outra, não se iluda”.
Já não basta a dificuldade para se convencer pesquisadores renitentes e discordantes de carteirinha, tem-se agora que recontar a história de Canudos e tantas outras que compõem a história do povo nordestino? E, por favor, uma nova matéria, mais contundente para esclarecer o embuste, será um martírio para todos aqueles que conhecem a história do cangaço, e que tal, ao invés de se tentar confundir os leitores, deixar a história ser contada por quem sabe e por quem levou anos realmente pesquisando... Existem vários escritores e historiadores sérios e respeitados. Este último momento prende-se apenas a uma colocação referente à entrevista do cangaceiro “Candeeiro” ao pesquisador Paulo Gastão.
Paulo Gastão
Prezado pesquisador, tenho pelo Senhor o mais profundo respeito, e a imagem que fazia do fundador da SBEC, instituição esta que acredito ser abalizadora da verdade histórica do cangaço, que em momento nenhum merece ter em sua pessoa o idealizador desta matéria. Não gostaria de ter que reformular a minha avaliação e vê-lo enveredar por um caminho que não o levará a nada.
E por que querer denegrir, só por denegrir a imagem de um autêntico militar, que dedicou a sua vida em garantir a justiça e a ordem, em defesa do povo nordestino? Um militar que destacou-se, entre outras missões e atividades, também como delegado, prefeito interventor e nas revoluções em que participou de 1925, 1930 e 1932 e só angariou o respeito e admiração de todos aqueles com quem conviveu, seus pares do Estado de Alagoas e dos demais Estados, maçonaria, amigos e familiares. Denegrir por denegrir? De antemão, classifico este artigo “Angico, por Paulo Gastão” um equívoco, plenamente superável. Continuo a hipotecar o meu respeito ao cidadão Paulo Medeiros Gastão.
Paulo Britto
Este texto foi transcrito do blog: "Cariri Cangaço"
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