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quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

LIVRO.

 Por Raquel Negreiros


NA SEGUNDA EDIÇÃO DO MEU LIVRO TERÁ MAIS:

1- Fotos.

2- Um capítulo dedicado às Mulheres Ferradas.

3- Um capítulo chamado Zé Baiano Castigado pelo Racismo.

4- Falarei também sobre o preconceito com relação ás Mulheres de Cabelo curto no Brasil e do penteado Chamado Coco a La Garçone ou A Lá Home no qual eu falarei um pouquinho sobre uma das pioneiras do Feminismo no Brasil: Anayde Beriz Paraibana, contemporânea do Cangaço e envolvida na Revolução de 1930.

5- Falarei um pouco sobre o Romance de Afrânio Peixoto chamado também de Maria Bonita.

6- Falarei também sobre o Umbuzeiro da Bandida.

O que vocês acham? Deixem a opinião de vocês.

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NOVO LIVRO NA PRAÇA.

      Por José Mendes Pereira


Recentemente o escritor e pesquisador do cangaço Guilherme Machado lançou o seu trabalho sobre o mundo dos cangaceiros com o título "LAMPIÃO E SEUS PRINCIPAIS ALIADOS". 

O livro está recheado com mais de 50 biografias de cangaceiros que atuaram juntamente com o capitão Lampião. 

Eu já recebi o meu e não só recebi, como já o li. Além das biografias, tem fotos de cangaceiros que eu nem imaginava que existiam. São 150 páginas. Excelente narração. Conheça a boa narração que fez o autor. 

Pesquisador Geraldo Júnior

Prefaciado pelo pesquisador do cangaço Geraldo Antônio de Souza Júnior. Tem também a participação do pesquisador Robério Santos escritor e jornalista. Duas feras no que diz respeito aos estudos cangaceiros.

Jornalista Robério Santos

Não deixa de adquiri-lo. Faça o seu pedido com urgência, porque, você sabe muito bem, livros escritos sobre cangaços, são arrebatados pelos leitores e pelos colecionadores. Então cuida logo de adquirir o seu! 

Pesquisador Guilherme Machado

Adquira-o através deste e-mail: 

guilhermemachado60@hotmail.com

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LANÇAMENTO DE LIVRO!

   Por Manoel Severo Barbosa

Grande lançamento na noite de ontem do novo livro Raizes do Cangaço , do pesquisador e festejado jornalista Humberto Mesquita, no Caravelle, aqui em Fortaleza . O Cariri Cangaço reuniu os apaixonados pela temática além de representações de muitas academias e instituições literárias .

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CORONELISMO

 Por Rainer Sousa


O coronel controlava a economia e a política nos primeiros anos da República

O coronelismo foi uma experiência típica dos primeiros anos da república brasileira. De fato, essa experiência faz parte de um processo de longa duração que envolve aspectos culturais, econômicos, políticos e sociais do Brasil. A construção de uma sociedade vinculada com bases na produção agrícola latifundiária, desde os tempos da colônia, poderia contar como um dos fatos históricos responsáveis pelo aparecimento do chamado “coronel”.

No período regencial, a incidência de levantes e revoltas contra a nova ordem política instituída concedeu uma ampliação de poderes nas mãos dos proprietários de terra. A criação da Guarda Nacional buscou reformular os quadros militares do país através da exclusão de soldados e oficiais que não fossem fiéis ao império. Os grandes proprietários recebiam a patente de coronel para assim recrutarem pessoas que fossem alinhadas ao interesse do governo e das elites.

Com o fim da República da Espada, as oligarquias agro-exportadoras do Brasil ganharam mais espaço nas instituições políticas da nação. Dessa maneira, o jogo de interesses envolvendo os grandes proprietários e a manutenção da ordem social ganhava maior relevância. Os pilares da exclusão política e o controle dos grandes espaços de representação política sustentavam-se na ação dos coronéis.

Na esfera local, os coronéis utilizavam das forças policias para a manutenção da ordem. Além disso, essas mesmas milícias atendiam aos seus interesses particulares. Em uma sociedade em que o espaço rural era o grande palco das decisões políticas, o controle das polícias fazia do coronel uma autoridade quase inquestionável. Durantes as eleições, os favores e ameaças tornavam-se instrumentos de retaliação da democracia no país.

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Qualquer pessoa que se negasse a votar no candidato indicado pelo coronel era vítima de violência física ou perseguição pessoal. Essa medida garantia que os mesmos grupos políticos se consolidassem no poder. Com isso, os processos eleitorais no início da era republicana eram sinônimos de corrupção e conflito. O controle do processo eleitoral por meio de tais práticas ficou conhecido como “voto de cabresto”.

Essa falta de autonomia política integrava uns processos onde deputados, governadores e presidentes se perpetuavam em seus cargos. Os hábitos políticos dessa época como a chamada “política dos governadores” e a política do “café-com-leite” só poderiam ser possíveis por meio da ação coronelista. Mesmo agindo de forma hegemônica na República Oligárquica, o coronelismo tornou-se um traço da cultura política que perdeu espaço com a modernização dos espaços urbanos e a ascensão de novos grupos sociais, na década de 1920 e 1930.

Apesar do desaparecimento dos coronéis, podemos constatar que algumas de suas práticas se fazem presentes na cultura política do nosso país. A troca de favores entre chefes de partido e a compra de votos são dois claros exemplos de como o poder econômico e político ainda impedem a consolidação de princípios morais definidos nos processos eleitorais e na ação dos nossos representantes políticos.

Por Rainer Sousa
Graduado em História

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SOUSA, Rainer Gonçalves. "Coronelismo"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/coronelismo.htm. Acesso em 23 de dezembro de 2021.

 https://brasilescola.uol.com.br/historiab/coronelismo.htm

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LAMPIÃO HISTÓRIA DO BRASIL

 Por Daniel Neves Silva

Lampião foi o chefe cangaceiro mais famoso da história brasileira e esteve à frente de seu bando de 1922 a 1938, sendo morto em uma emboscada em Sergipe.

Lampião foi chefe de um bando de cangaceiros de 1922 a 1938, sendo a mais famoso chefe do cangaço.[1]

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Lampião foi o mais famoso chefe cangaceiro que existiu no país e teve atuação entre 1922 e 1938. Ele era de uma família de posição razoável, mas que se viu despossuída de tudo por uma disputa de terras. Lampião liderou um grupo de homens que aterrorizou o interior do Nordeste com seus saques. Foi morto em uma emboscada, em 1938.

Acesse também: As secas do Nordeste ao longo da história brasileira

Resumo sobre Lampião

Nasceu em Serra Talhada, e sua data de nascimento é alvo de informações conflitantes.

Pertencia a uma família de posição social razoável e foi alfabetizado.

Sua família perdeu tudo que tinha em uma disputa de terras com Zé Saturnino.

Ingressou no bando de cangaceiro de Sinhô Pereira, em 1921, e, no ano seguinte, tornou-se líder do bando.

Sua parceira foi Maria Bonita, que aderiu ao cangaço em 1930, e juntos tiveram uma filha em 1932.

Morreu em uma emboscada, em Sergipe, em 1938. Sua cabeça foi exposta por diversos locais.

Videoaula sobre Lampião

Origens de Lampião

Virgulino Ferreira da Silva nasceu em Serra Talhada, no estado de Pernambuco, em 7 de julho de 1897, e pertencia a uma família de lavradores que levavam vida dura, mas tinham algumas posses. Conhecido na história brasileira como Lampião, sua data de nascimento é alvo de polêmica, uma vez que suas biografias apresentam diferentes datas.

O 7 de julho de 1897 é uma das datas aceitas porque é a que consta no seu registro civil. Entretanto, outros biógrafos consideram que o dia 4 de junho de 1898 é a data mais confiável, por estar na sua certidão de batismo. Independentemente disso, sabe-se que ele foi o terceiro filho de José Ferreira dos Santos e Maria Lopes.

Sabemos que a família de Lampião teve uma condição financeira razoável e garantiu que ele fosse alfabetizado, assim, o jovem Virgulino Ferreira aprendeu a ler e escrevia bem. Isso porque seu pai possuía algumas terras que ele comprou e herdou, além de trabalhar como almocreve.

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A alfabetização de Virgulino Ferreira foi um processo realizado em apenas três meses, e logo na sua adolescência ele já trabalhava com seu pai no ofício de almocreve. Nesse trabalho, ambos conduziam uma espécie de caravana puxada por burros que levava mercadorias pelo interior do Nordeste.

Nesse período, Lampião passou por diferentes estados da região Nordeste, entre eles: BahiaSergipeAlagoas, Pernambuco, Paraíba e Ceará. Esse trabalho deu-lhe conhecimentos muito úteis para o seu futuro, pois lhe permitiu ter uma rede de conhecidos espalhados pelo Nordeste, além de conhecimento acerca dos caminhos no sertão, dos melhores locais de repouso e de onde poderia encontrar água.

Acesse também: Coluna Prestes – um dos movimentos rebeldes mais importantes do Brasil

Tragédia na família de Lampião

A partir de 1915, a tranquilidade que a família de Lampião vivia começou a ser abalada. Isso porque José Alves de Barro, conhecido como Zé Saturnino, começou a ascender politicamente na região em que a família Ferreira morava. José Ferreira, pai de Lampião, era vizinho de Zé Saturnino, e logo uma disputa por terras surgiu entre as duas famílias.

As relações políticas que Zé Saturnino tinha também contribuíram para uma ação contra os Ferreira. Logo alguns desentendimentos começaram a acontecer entre Zé Saturnino e os filhos de José Ferreira, entre os quais estava Lampião. Zé Saturnino começou a usar a sua rede de influências para prejudicar a família Ferreira.

Os Ferreira eram politicamente menos influentes na região, e o pai de Lampião teve de se mudar para resolver a disputa com Zé Saturnino. O propósito da disputa era a concentração de terras na região da ribeira de São Domingos. A situação foi se agravando para os Ferreira, que foram obrigados a se mudar outras vezes.

A cada mudança, a família se empobrecia mais ainda. Esse contexto levou Lampião e alguns de seus irmãos a vingarem-se pela desgraça familiar. Sobre isso, o pesquisador Guerhansberger Tayllow aponta que, já em 1920, Lampião agia como cangaceiro ao vingar-se de Zé Saturnino e de todos que perseguiam sua família.|1|

A perseguição contra os Ferreira resultou no assassinato de José Ferreira, no dia 18 de maio de 1921. A essa altura, Lampião já era um cangaceiro, e mais tarde ingressou, como veremos, num bando importante da região.

O cangaço

Como chefe de cangaceiros, Lampião sabia muito bem se movimentar pela Caatinga, além de saber apagar os seus rastros.

cangaço é entendido pelos historiadores como um fenômeno de banditismo que se espalhou pelo Nordeste brasileiro a partir do século XIX, sendo muito atuante por boa parte da primeira metade do século XX. O surgimento do cangaço é explicado pelo contexto social, político e econômico dessa região.

Entraves da sociedade brasileira, como a desigualdade social, a pobreza e a falta de acesso à Justiça e a outros serviços fornecidos pelo Estado, foram fundamentais para o surgimento do cangaço. Isso porque boa parte da população no interior do Nordeste vivia em condição de pobreza e estava sujeita aos interesses das poucas famílias poderosas que governavam.

Essas poucas famílias poderosas usavam de seu poderio econômico para conquistar poderio político e transformavam a política em um palco de troca de interesses, fazendo com que a população mais carente não tivesse acesso a nenhum tipo de benesse. Desavenças eram resolvidas por meio das armas, uma vez que a justiça só atendia aos poderosos.

Do ponto de vista econômico, a situação da população nordestina era de pobreza e o trabalho do povo era intensamente explorado. O sofrimento das famílias se tornava maior nos períodos de seca, que atrapalhava a obtenção do sustento via agricultura e criação de animais. Esse cenário propiciava o surgimento do banditismo, e foi exatamente assim que o cangaço se consolidou.

Os cangaceiros eram grupos de bandidos que perambulavam pelo interior do Nordeste, promovendo ataques e saques por onde passavam. Eles se deslocavam pela Caatinga e evitavam grandes confrontos. Obtinham suas armas por meio do saque contra as forças policiais e se juntavam em pequenos grupos. Eram vistos como heróis por parte da população e recebiam ajuda de algumas pessoas conhecidas como coiteiros.

Acesse também: Padre Cícero – figura relevante na religiosidade do brasileiro

Como Lampião entrou para o cangaço?

Em 1921, Virgulino Ferreira aderiu ao bando de Sinhô Pereira, um dos cangaceiros de maior expressão no Nordeste. Nesse bando, ele prosperou como cangaceiro, tornando-se o mais famoso e temido do Brasil. Ficou conhecido como Lampião porque sua capacidade de atirar rapidamente fazia com que ele iluminasse a noite.

Sob a liderança de Sinhô Pereira, Lampião aprendeu muito. Ele foi ensinado a sobreviver no cangaço, a esconder seus rastros, a evitar confrontos abertos com a polícia e a como se comportar nos ataques. Em julho de 1922, Sinhô Pereira abandonou o cangaço, e Lampião assumiu a liderança do grupo.

Lampião então passou a liderar ataques contra propriedades e cidades à procura de riqueza. Ele saqueava o que podia, pedia resgate de determinados itens que saqueava, e, muitas vezes, extorquia determinados locais, exigindo um pagamento para que ele não os atacasse. Ele também soube desenvolver uma rede de coiteiros que o auxiliavam sempre que fosse necessário.

Lampião liderou seu bando de cangaceiros de 1922 até 1938, promovendo inúmeros ataques nesse período. Ele enfrentou por diversas vezes as tropas volantes, isto é, as forças policiais móveis que atuavam no combate aos cangaceiros. Entretanto, ele evitava confrontos muito abertos para não ter perdas de homens e desperdícios de munição.

Durante suas andanças, Lampião conheceu Maria Gomes de Oliveira, mulher que fazia parte de uma família de coiteiros. Ela ficou conhecida como Maria Bonita e apaixonou-se por Lampião, abandonando seu marido para ficar com o chefe cangaceiro. Ela aderiu ao bando de Lampião em 1930, e tornou-se a primeira mulher a fazer parte do cangaço.

Até então, as mulheres não faziam parte do cangaço, mas, devido a Lampião, isso mudou, e os seus homens passaram, em geral, a ser acompanhados por suas mulheres. A chegada de Maria Bonita se deu já na fase decadente do cangaço e contribuiu para que as medidas de segurança dos cangaceiros se afrouxassem porque os períodos de descanso tornaram-se maiores. Juntos, Lampião e Maria Bonita tiveram uma filha, em 1932, chamada Expedita Ferreira Nunes.

Confira no nosso podcast: As verdades sobre a vida das mulheres no cangaço

Morte de Lampião

Em 27 de julho de 1938, Lampião e seus homens se estabeleceram para descansar na fazenda Angicos, localizada em Poço Redondo, no estado de Sergipe. Acontece que a posição de Lampião foi denunciada (não se sabe até hoje por quem), e as tropas volantes foram ao encontro do seu bando.

Na madrugada do dia 28 de julho de 1938, o bando de Lampião foi pego de surpresa por um ataque das tropas volantes. Seu líder foi atingido por três tiros e faleceu no local. Seu cadáver foi decapitado e sua cabeça foi levada para diferentes locais em exibição de sua morte. Isso se deu porque ele era um dos homens mais caçados do Nordeste.

Outras teorias surgiram explicando sua morte. Alguns pesquisadores afirmam que ele pode ter sido envenenado um dia antes do ataque, enquanto outros apontam que ele pode ter fugido e se escondido pelo restante de sua vida. Essas hipóteses, entretanto, não são aceitas, e considera-se que ele foi realmente assassinado no ataque surpresa.

Notas

|1| SARMENTO, Grassberger Taillow Augusto. Virgulino cartografado: relações de poder e territorializações do cangaceiro Lampião (1920-1928). Dissertação de Mestrado: UFRN, Natal, 2019.

Por Daniel Neves Silva
Professor de História

Gostaria de fazer a referência deste texto em um trabalho escolar ou acadêmico? Veja:

SILVA, Daniel Neves. "Lampião"; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/lampiao.htm. Acesso em 23 de dezembro de 2021. 

 https://brasilescola.uol.com.br/historiab/lampiao.htm

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MENSAGEM!

 Por Indaiá Santos

Chegando natal eu sem você de novo, anos e anos sem você perto de mim. Não ligo mais nem para o que as pessoas falam, bem ou fale mal. O importante foi a mulher que você foi, a mãe, a vó a bisa, a esposa. Você foi uma mulher maravilhosa! 

Te amo e sempre te amarei. Falta você que me faz muita. Te amo Dadá, MINHA GUERREIRA DADÁ!

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JARARACAS NO CANGAÇO

Por Francisco Pereira Lima (*)

A História do Cangaço está recheada de mistérios, segredos, injustiças, violências, equívocos e tantos outros adjetivos que representam esse fenômeno. Uma família, no município de Cajazeiras (PB), vivenciou um equívoco, que durou 66 anos, envolvendo o atroz cangaceiro Jararaca. Vamos aos fatos: 

Nas minhas andanças e entrevistas atrás de novidades sobre o Cangaço, fui informado que aqui em Cajazeiras (PB) existia uma família, parenta próxima do cangaceiro Jararaca. Procurei localizá-la e cheguei, em dezembro de 2005, à Dona Maria Pedro da Silva, 81 anos, viúva, residente no Bairro Vila Nova em Cajazeiras. 

Cangaceiro Jararaca assassinado em Mossoró-RN.

Depois dos cumprimentos de praxe, perguntei a mesma sobre o seu parentesco com Jararaca e ela me respondeu: 

- Sou neta de Jararaca, que ficou ferido e depois morreu em Mossoró, quando Lampião tentou invadir aquela cidade”. 

Em seguida, perguntei à Dona Maria, o que ela sabia sobre a pessoa e a história do seu avô Jararaca e a mesma, com uma lucidez impressionante, foi relatando: 

- O meu avô se chamava Patrício Pedro da Silva, era natural de São José de Lagoa Tapada (PB). A minha avó dizia que o mesmo era moreno, de cabelo bom e muito corajoso. Pai de cinco filhos: José, Hanorina que era a minha mãe, Antônia, Severino e Raimundo. 

Procurei saber de Dona Maria o motivo do seu avô ter entrado no cangaço e ela me respondeu: 

- Meu avô largou minha avó e se juntou com outra mulher chamada Maria José, no ano de 1921. Com essa teve um filho e como moravam todos próximos na Beira do Rio, no município de Cajazeiras, a minha avó aproveitou que Maria José foi tomar banho frio, do final do resguardo, e lavar os panos do neném recém-nascido no rio e lhe aplicou uma grande surra. O meu avô ficou muito revoltado com a esposa e mandou lhe dizer que vinha acertar as contas com ela. Um irmão dele, chamado Manuel Pedro da Silva, tomou as dores da cunhada e mandou avisar ao irmão Patrício, que se fizesse algum mal a minha avó, morreria na hora. A família da mulher, vítima da surra, queria uma providência, então o meu avô ficou sem saída. Foi na casa da minha avó e disse a ela que ia para o Cangaço de Lampião, ia se chamar Jararaca e não voltaria nunca mais. Foi embora e até hoje. 

Quis saber quando e como a família ficou sabendo da morte de Jararaca, em junho de 1927, na cidade de Mossoró, ela respondeu: 

- Os meus pais moravam no distrito de Boqueirão município de Cajazeiras em 1939, eu tinha 13 anos. Vizinho da gente morava seu Nezim Guarda, o qual tinha um irmão chamado Quinco que morava em Mossoró. O mesmo vindo passear em Boqueirão falou para minha mãe Hanorina, filha de Jararaca, que o mesmo tinha morrido em Mossoró, quando Lampião tentou invadir aquela cidade. Daí em diante, nós todos da família, passamos a acreditar na história contada por seu Quinco, como sendo a verdade sobre o fim de Patrício Pedro da Silva, o Jararaca. 

Ouvi tudo atentamente e no final da conversa disse a Dona Maria que, com absoluta certeza, o Jararaca de Mossoró não era o seu avô Patrício Pedro da Silva e que se tratava de um equívoco, pois o cangaceiro com esse nome que morreu em Mossoró, foi José Leite de Santana, nascido em 1901, natural de Buíque (PE) e que entrou no Bando de Lampião em 1926. Dona Maria me agradeceu as informações, mas lamentou ter ficado tanto tempo acreditando numa história que não representava a verdade sobre seu avô. 

Pesquisador do cangaço Kydelmir Dantas.

Em 2006, Kydelmir Dantas e Paulo Gastão, Diretores da SBEC (Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço), fizeram uma visita a Dona Maria, aqui em Cajazeiras e ouviram essa história. A pergunta que fazemos e não temos a resposta exata, é a seguinte: 

Pesquisadores do cangaço Paulo Gastão e Aderbal Nogueira

Seria Patrício Pedro da Silva, o Jararaca I, que foi morto em combate, entre abril e maio de 1922, na localidade Açude velho, Vila Bela, hoje Serra Talhada, pelas volantes comandadas pelos tenentes Manuel Benício, paraibano e Optado Gueiros, pernambucano? 

Érico de Almeida, no seu livro “Lampião, sua história” (1998, p.27), faz referência a esse fato afirmando que foram mortos, nesse combate, os cangaceiros “... Coruja, Jararaca e Vereda...”. 

O pesquisador e escritor paraibano Bismarck Martins de Oliveira, no seu livro “O Cangaceirismo no Nordeste” (2002, p. 232-233), menciona a existência de três cangaceiros do Bando de Lampião com o nome Jararaca, em épocas diferentes. 

Sobre o Jararaca I, o autor não tem dados biográficos, apenas que foi morto em 1922, em Vila Bela; sobre o segundo, José Leite de Santana, o Jararaca de Mossoró, a sua história é contada em verso e prosa. 

Sobre o terceiro, era baiano e entrou no bando de Lampião, quando o mesmo passou a agir naquele Estado a partir de 1928. 

Com essas, linhas fica registrada mais uma das milhares de “Histórias do Cangaço”. 

(*) O autor é Professor de Historia, Pesquisador do Cangaço, membro da União Nacional de Estudos Históricos e Sociais (UNEHS) e sócio da SBEC.

http://lentescangaceiras.blogspot.com/2009/01/jararacas-no-cangao.html

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UMA CRUZ NA BEIRA DA ESTRADA

Por Honório de Medeiros

Pesquisadores do cangaço Kydelmir Dantas, Professor Pereira e Honório de Medeiros

A cruz de aroeira, carcomida pelo tempo – teria quase oitenta anos, repousa sob uma plataforma de tijolos grosseiros que alguma alma caridosa houve por bem construir à margem da muito antiga estrada do cajueiro, que liga Limoeiro a Mossoró. Originariamente, percebe-se facilmente, a cruz estava plantada diretamente no solo calcário. Hoje inclusive existe uma pequena cavidade por trás da cruz, construída com tijolos, talvez para receber velas. Um pouco à esquerda, uma oiticica centenária zomba da fragilidade humana derramando sua sombra testemunha daquele dia fatídico. Mais além, um denso mar de algarobas, marmeleiros, juremas, mufumos, todos acinzentados pelo pó que o vento quente revolve, dá uma precisa noção do tipo de homem que é capaz de enfrenta-lo: o sertanejo! 

Uma cruz na beira da estrada

Ali estava sepultado um tipo de sertanejo que já não existia mais. Pelo menos nos moldes de antigamente. Um cangaceiro. Menino de Ouro? Alagoano? Dois de Ouro? Az de Ouro? Não é provável que sejam os dois primeiros, por que há relatos de fontes primárias quanto à presença deles em episódios posteriores envolvendo o cangaço. A dúvida é: qual dos dois? Dois de Ouro ou Az de Ouro? Se obedecermos à ciência, que nos manda respeitar o testemunho de quem presenciou os fatos, a tendência é que tenha sido Dois de Ouro.

Naquele dia fatídico, fugindo a passo acelerado de Mossoró, onde perdera Colchete e Jararaca, Lampião carregava consigo, tomado por dores cruciantes, esse cangaceiro que teria sido atingido por uma bala que lhe destruíra o nariz. Lampião já parara em uma casa humilde – esse episódio é por demais conhecido – e obtivera água e sal para lavar o ferimento. Coberto de sangue, com a cabeça envolvida por um lenço sujo, o cangaceiro, entretanto, não conseguia continuar. E, à sombra da oiticica, decidiu morrer. Pediu que lhe matassem – não queria continuar. Após muita discussão um seu companheiro o executou e sepultou em cova rasa.

No entorno da sepultura há muitas pedras – calcário. São pedras milenares. Testemunharam tudo. Pudessem relatar o que viram e ouviram contariam a nós acerca daquele momento tenebroso. Saberíamos, talvez, quem de fato teria sido o cangaceiro executado a pedidos. Diriam a nós um pouco mais acerca desses homens-feras que não temiam a morte, a sede, a fome, caminhadas sem fim por sobre um chão inóspito, debaixo do sol inclemente, fendendo a braçadas a caatinga áspera. Não temiam os inimigos naturais – as volantes, os “macacos”, a resistência, quando havia, dos habitantes do Sertão a quem atacavam. Não temiam a traição permanente dos coiteiros e coronéis com os quais constituíam essa página da história do Brasil recém saído da monarquia. Não temiam nada.

Para esse cangaceiro desconhecido deixamos nossa perplexidade, algumas orações, muitas perguntas não respondidas e uma vela acesa, solitária, com a chama a teimar em sobreviver lutando contra o vento quente do Sertão.

 http://honoriodemedeiros.blogspot.com/2009/12/uma-cruz-na-beira-da-estrada.html

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