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sexta-feira, 9 de março de 2018

LIVROS SOBRE CANGAÇO


Adquira com o professor Pereira através deste e-mail: franpelima@bol.com.br

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A HISTÓRIA PODE SER RECONTADA EM UMA PEQUENA CONVERSA COM QUEM A FEZ.


Por Jerdivan Nóbrega Araujo

Seu Domingos , 87 anos, é filho de Biró que foi chefe dos Pontões antes de Mané Rufino( antes de 1955?).

Seu Domingos é neto do escravizado Zé do Sul, que, segundo ele nos falou, foi um escravizado vindo do Sul (provavelmente foi do Pernambuco ou Bahia, opinião minha ). Passou um tempo trabalhando como escravo no sitio São João e depois voltou para o "sul". Lá foi alforriado e aos 36 anos de idade voltou ao Sítio São João para se casar com a que veio ser a mãe de Biró Rufino e avó de seu Domingos Rufino.


Seu Domingos ainda falou da minha avó Mãe Lourdes, e que votava em meu Tio Lelé, pai de Verneck Abrantes de Sousa.

São 87 anos de história. 

Falou de Manoel Cachoeira e de Joaquina da Vassoura. Disse ainda que a Irmandade do Rosário de Pombal é muito antes de 1800 podendo ser de 1700.

É a história viva. 

Perguntado se Vó Quinha Rufino era a mesma Joaquina Rufino ele falou que não.

Eu havia escrito que Joaquina da Vassoura, a primeira Rainha, era uma Rufino ele confirmou que sim.

As terras onde os Rufino foram escravizados hoje pertencem a eles.

Nada mais justo!




Seu Domingos e Jerdivan Nobrega Araújo

Seu Domingos e José Tavares de Araújo Neto


Seu Domingos Rufino

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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A MENINA NA ESTRADA

*Rangel Alves da Costa

Outro dia, aqui mesmo escrevi sobre a menina que abriu a porta e saiu. Mas um dia ela retornou. Contudo, sem se demorar muito tempo, pois novamente resolveu colar o pé na estrada e partir.
A cartinha é a mesma que a ele fiz da outra vez. Mas não sei se esta cartinha jamais será lida por ela, pela menina que abriu a porta e saiu. Mas que bom se alguma ventania fizesse chegar perante suas mãos e seu olhar estas sinceras e palavras.
Confesso que pouco tenho a dizer à menina que abriu a porta e saiu. Também confesso que não sei e até agora não entendi o porquê de ela haver agido assim, de ter aberto a porta e tomado um caminho.
Sei que a menina já ouviu muito sobre os perigos da estrada. Desde as vovós de antigamente, muito já se disse sobre os lobos maus, sobre os labirintos perigosos, sobre as perigosas surpresas existentes em cada curva.
Eu mesmo já pedi e insisti perante a menina que não cometesse a loucura de simplesmente abrir a porta e partir. Deitei sua cabeça no meu colo, afaguei seus cabelos, e baixinho lhe disse que o desconhecido lá fora não resolveria problema de ninguém.
E também lhe disse que nada melhor que a palavra para se chegar ao entendimento. Se estava com problemas, se não estava gostando de ficar, se não se sentia mais feliz ao meu lado, então que não escondesse nada.
Mas a menina ouvia e ouvia. E eu repetia e repetia, pedia e pedia. A sua mudez me perturbava. Uma pedra diante de mim. Por vezes, até que dizia entender cada palavra dita. De vez em quando acenava em aceitação. Mas depois tudo simplesmente era esquecido.
Nem nos dias anteriores nem naquele dia lhe dei qualquer motivo para que abrisse a porta e partisse. Aliás, não recordo um só motivo para que repentinamente abrisse a porta. Não há sol novo em nenhum lugar, a lua é a mesma aqui e acolá. Nada adiantou.


O que mais me espanta é por não se tratar de uma adolescente rebelde, de uma menininha emburrada, de uma jovem aventureira, mas de alguém que ao meu lado estava com a intenção maior de construir o mundo. Menininha minha, minha promessa de amor e de viver.
Coloquei flor nos seus cabelos, fiz cafuné na rede, convidei a passear. Talvez o frescor de lá fora nos fizesse bem aos sentimentos. E quem sabe de mãos dadas ela reaprendesse a não querer desapartar. Não quis. Mas disse que ia abraçar a brisa. Abriu a porta e não voltou.
Eu sabia que assim aconteceria. Bastava apenas o instante chegar. E eu não podia fazer absolutamente nada para impedir. Ora, era desejo dela. E somente ela pode dar o norte que quiser à sua liberdade. E, sem olhar pra trás, foi se distanciando, sumindo, sumindo...
Sozinho fiquei. Sozinho fiquei, mas sem lágrima, sem mágoa, sem dor ou angústia. Absolutamente nada podia fazer ante aquela decisão. Fiquei apenas tentar juntar os velhos farrapos de minha solidão. E entre velharias encontrei o papel onde escrevi esse cartinha:
“Se na distância e em meio aos caminhos, a felicidade possa encontrar, então feliz eu também estarei. Que seja seguro o caminho, que seja fresca a água que vai beber, que seja bom o alimento que possa encontrar. O que de ti restou em mim ainda está dentro de mim.
Falta-me café na xícara e é como eu ouvisse sua voz me perguntando se queria um pouco mais. A cama está desarrumada, a rede balança sozinha. Não tenho vontade de deitar. A porta continua aberta e através dela me chega uma canção de saudade. A ventania traz uma folha morta como se fosse um lenço de enxugar o mar.
Mas não preciso. Não estou chorando. Jamais chorarei. O pranto se derrama apenas em tristeza, em saudade, em retratos que não saem do meu olhar. Logo virá a noite, logo virá outro dia. Mas não sei como a vida vai continuar.
Falta-me o café na xícara. Já não quero mais escrever. Meu coração, como está meu coração, eu não sei. O silêncio entorpece tudo. Talvez a lua não venha essa noite. Talvez a lua não venha nunca mais”.

Escritor
blograngel-sertao.blogspot.com

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CECÍLIA E DEISIELLY: COMO VALE A PENA ! QUE VENHA O CARIRI CANGAÇO FORTALEZA

Por Manoel Severo

A cada dia que passa em nossas andanças por este maravilhoso solo sagrado sertanejo nos surpreendemos com a imensa demonstração de talento e inspiração que nascem da alma destes pequenos e pequenas, meninos e meninas que nos encantam com sua arte e nos mostram que tudo vale a pena.

Redenção e Ocara, dois municípios quase irmãos, distantes de Fortaleza cerca de 70km, ali, em um e em outro, nasceram e vivem duas preciosidades. Duas menininhas cheias de talento e graça. Uma a família Cariri Cangaço já adotou com muito amor: Cecília do Acordeon, nossa pequena "Pimentinha do Forró", nossa mascotinha que já nos acompanha com sua musica, sua alegria e seu carisma, em muitas edições do Cariri Cangaço. A outra: Deisielly do Acordeon, não menos talentosa que nossa pequena Cecília; tão cheia de graça quanto, tanto uma como outra parecem exalar a verdadeira alma nordestina, como autenticas herdeiras daquilo que faz nosso olho brilhar: O amor às nossas raízes e tradições !!!

Ingrid Rebouças, Cecília do Acordeon e Manoel Severo

Em Redenção, mais precisamente na localidade de Currais II em Antonio Diogo, numa localidade quase formada por uma só família, nasceu e mora a pequena Cecília; já em Ocara na localidade de Lagoa Cumprida nasceu e mora a outra maravilhosa pequena, Deisielly; ali nessa outra localidade formada também por quase uma só família. Localidades distantes 40km uma da outra mas tão parecidas entre si que se tornam irmãs e essa irmandade se fortalece quando das duas, desabrocham para o mundo dois talentos mirins das dimensões de Cecília do Acordeon e Deisielly do Acordeon.

Uma tem 10 anos e a outra 11, que coisa ! Como essa coisa da cultura nordestina é forte, como se manifesta em nosso coração independente da idade , das cores e de onde fica nosso berço, a prova é sentar para ver, ouvir e se deliciar com essas duas meninas encantadoras: Cecília e Deisielly do Acordeon.

 João Paulo e Manoel Severo
 Ingrid Rebouças, Cecília e Deisielly
 Deisielly do Acordeon
Saímos de Fortaleza, eu e Ingrid, na manhã deste sábado dia 03 de março, eram cerca de 8 da manha. O período chuvoso nos permite cada amanhecer mais bonito que o outro e tratando-se da zona rural...Sensacional. Primeiramente chegamos a Redenção, depois Antonio Diogo e por fim Currais II, ali pegamos Cecília do Acordeon e  sua mãe Neidinha, rumo a Ocara, de lá fomos a Jurema dos Vieira, localidade onde mora o casal; João Paulo, Jucilene e a pequena Paloma e dali, por entre estradas de terra e muito chão molhado chegaríamos em Lagoa Cumprida, mais precisamente à casa de Deisielly do Acordeon, era a primeira vez que Cecília visitava a casa de Deisielly.

 Deisielly do Acordeon e Cecília do Acordeon
"Como é estimulante viver momentos como esse... A musica era maravilhosa, mas mais que isso, os sorrisos e o brilho no olhar das duas pequenas nos faziam ver e sentir como tudo vale a pena ! Estamos no caminho certo..."
 A isso chamo Cariri Cangaço !
 "Como esta coisa da cultura nordestina é forte, como se manifesta em nosso coração independente da idade , das cores e de onde fica nosso berço, a prova é sentar para ver, ouvir e se deliciar com essas duas meninas encantadoras: Cecília e Deisielly do Acordeon."
Quando chegamos já estavam nos esperando, além de familiares de Deisielly, um monte de vizinhos que vinham de todos os lados; souberam de nossa visita e vinham ver as duas princesinhas tocando, além de todos desejarem tirar fotos com as duas juntas. Mal deu tempo de descer do carro e o forró "truou" para quem quisesse ouvir, e dançar. Com o pai de Deisielly no teclado as duas sanfoneiras mirins cada uma com seu acordeon e seu estilo, proporcionaram um momento espetacularmente encantador e único. Como é estimulante viver momentos como esse... A musica era maravilhosa, mas mais que isso, os sorrisos e o brilho no olhar das duas pequenas nos faziam ver e sentir como tudo vale a pena ! Estamos no caminho certo...

João Paulo, Deisielly do Acordeon e Manoel Severo

Foram quase duas horas de visita e muita emoção. Foram momentos especiais, foi um sábado abençoado. O Cariri Cangaço que já tem em sua família os pequenos talentosos, Cecília do Acordeon, Pedro Mota Poppof, Pedro Lucas, Francine Maria e Yasmim Almeida, agora ganha mais uma pequena notável: Deisielly do Acordeon, e estamos nos esforçando para reunir a todos em nossa próxima edição: Cariri Cangaço Fortaleza, quem for vivo verá !

Cariri Cangaço
03 de Março de 2018, Redenção e Ocara
Manoel Severo - Curador do Cariri Cangaço


Vem aí Cariri Cangaço Fortaleza
26 a 29 de Abril de 2018
Fortaleza, Capital do Ceará

https://cariricangaco.blogspot.com.br/2018/03/cecilia-e-deisielly-como-vale-pena-que.html

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GRUPO DE LAMPIÃO EM LIMOEIRO DO NORTE - CE



Data na foto: 16 - 6 - 1927
Foto leiloada em 06 - 04 - 2017, no Rio de Janeiro.

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1415929475185659&set=gm.1907058309606671&type=3&theater&ifg=1

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COMO ERA A VIDA NA ARMADA DE PEDRO ÁLVARES CABRAL?

=
Por Diogo Antonio Rodriguez
caravela1
Nada de glamour: marinheiros viviam na imundície, tinham pouca comida e dormiam ao relento.
FROTA DE RESPEITO
Em 9 de março de 1500, 13 navios da expedição de Pedro Álvares Cabral deixaram Lisboa, levando 1,5 mil homens. Eram três caravelas (naves menores e ágeis, com até 50 toneladas) e dez naus (com até 250 toneladas e capacidade para 200 pessoas). Além do tamanho, a principal diferença era o formato das velas. A caravela foi o trunfo que fez de Portugal uma potência marítima até o século 18. Ela era leve, mudava de direção com agilidade, navegava rápido contra o vento e chegava mais perto da costa do que navios maiores. Outro fator importante para o domínio naval português foi a utilização de caravelas armadas com canhões.
1) JOGO DA VIDA
Entediados pela viagem (cerca de um mês e meio até o Brasil), os marinheiros criavam passatempos. Os preferidos eram apostas, como jogos de cartas e dados. Os padres, responsáveis por manter a moral a bordo, monitoravam a jogatina, celebravam missas e cuidavam dos doentes, já que não havia médicos. Os barbeiros, que aparavam o cabelo e a barba dos marujos, auxiliavam os padres no atendimento aos enfermos.
2) CAMA PRA QUÊ?
Apenas os mais graduados tinham o luxo de um quarto e uma cama. Os marinheiros dormiam sob o castelo da popa, a estrutura mais alta do navio. Como não cabia muita gente ali, o jeito era dormir no convés, ao relento, em frágeis colchões de palha. Os porões eram reservados para guardar água, mantimentos e munição.
Alexandre Jubran Mundo Estranho2
Imagem Alexandre Jubran, via Mundo Estranho
3) DIETA FORÇADA
O cardápio era de matar. O principal item era biscoito água e sal duro (600 g diários). A ração ainda incluía 1,5 litro de água e 1,5 litro de vinho por dia e 15 kg de carne por mês. Calcula-se que seriam necessárias 5 mil calorias por dia nessas condições, mas a alimentação nos navios só fornecia 3,5 mil.
4) APOCALIPSE NAU
A sujeira reinava. Como não havia banheiros, as necessidades eram feitas no mar ou nos porões. Ratos infestavam os navios e transmitiam doenças. A falta de banho também contribuía para tornar a higiene a bordo calamitosa. Não à toa, das 1,5 mil pessoas que embarcaram, apenas 500 voltaram vivas a Portugal.
5) SAÚDE É O QUE INTERESSA
As condições de alimentação e higiene eram precárias e nocivas. A falta de vitamina C causava o escorbuto, doença que provoca perda de dentes, dificuldades de cicatrização, anemia e hemorragias. O contato com bichos a bordo causava diarreia e piolhos. Os males mais frequentes eram enjoos e vômitos. O castigo para quem não cumpria as regras nos navios era ficar no porão, tirando a água que entrava pelo fundo da embarcação.
6) LONGE DE TUDO
A viagem de Cabral foi a primeira a usar sistematicamente o astrolábio. Parecido com uma pequena roda, o aparelho mede a altura do Sol ao meio-dia, a das estrelas à noite e fornece a latitude (posição no eixo norte-sul da Terra). Por outro lado, a medição da longitude (posição no eixo leste-oeste) nunca foi precisa.
Alexandre Jubran Mundo Estranho
Imagem Alexandre Jubran via Mundo Estranho
7) SOY CAPITÁN
Cabral era o capitão-mor da armada, mas cada navio tinha um comandante, que não precisava ser expert em navegação. Os capitães eram pessoas próximas da corte portuguesa e do rei, dom Manuel. A função era cerimonial e diplomática. Quem conduzia os navios eram os pilotos, que dominavam mapas, instrumentos de navegação e ventos. Além de marinheiros e nobres, havia escrivães, registrando tudo. O mais famoso, Pero Vaz de Caminha, relatou ao rei dom Manuel a descoberta do Brasil.
ORDEM NO CONVÉS
A hierarquia nos navios de Cabral
CAPITÃO – Autoridade máxima da embarcação.
PILOTO – Responsável de fato pela navegação. Sabia ler a bússola, as estrelas, os mapas náuticos e o astrolábio.
MESTRE – Dava ordens para marinheiros e grumetes e comandava o funcionamento geral da embarcação.
SOLDADO – Cuidava de armas e munição.
MARINHEIRO – Operário do mar. Fazia tudo no navio, de limpar a subir velas.
GRUMETE – Cumpria funções que os marinheiros não curtiam, como lavar o convés, limpar dejetos e costurar as velas.
FONTES: Sites Projeto Memória, Instituto Camões e VEJA na História, Centro de História Além-Mar (Universidade Nova de Lisboa) e livro Brasil: Terra à Vista, de Eduardo Bueno.
https://tokdehistoria.com.br/2018/03/01/como-era-a-vida-na-armada-de-pedro-alvares-cabral/
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A HISTÓRIA DA PASSAGEM DE LAMPIÃO PELA REGIÃO OESTE POTIGUAR E A POSSÍVEL INVASÃO A PATU.

Por Aluisio Dutra de Oliveira

A passagem do bando de Lampíão pelo Rio Grande do Norte causou muito sofrimento e revolta nos moradores dos pequenos lugarejos que sentiram na pele a sua perversidade. Segundo matéria publicada pelo portal G1, sobre passagem de Lampião por terras potiguares, conta que na madrugada de 10 de junho de 1927 Lampião e seu bando entravam em terras potiguares. Eles chegaram pela Paraíba, cruzaram a divisa e apearam-se em uma casa que fica no sítio Baixio, no pé da Serra de Luís Gomes-RN. Quando amanheceu o dia os cangaceiros se embrenharam na caatinga, galoparam por veredas, saquearam fazendas e fizeram prisioneiros várias pessoas. Passaram pela Fazenda Nova, onde hoje é o município de Major Sales, e fazenda vizinha, a Aroeira, onde hoje é a cidade de Paraná, onde fizeram reféns e provocaram desordens. “A passagem do bando de Lampião pelo RN está qualificada como banditismo, pois tem casos de assalto, assassinato e uma novidade que até então não tinha aqui que era o sequestro”, explicou o pesquisador Rostand Medeiros que já fez o mesmo trajeto de Lampião no RN algumas vezes. No dia 10 de junho de 1927 o grupo chegava na Vila Vitória, território que hoje pertence ao município de Marcelino Vieira onde praticaram arruaças e terror. A notícia de que o bando estava invadindo propriedades na Vila Vitória mobilizou a força militar. A polícia juntou homens para enfrentar os cangaceiros. O combate aconteceu no local onde hoje é o açude de Marcelino Vieira. Depois de provocar terror em Marcelino Vieira o bando não demorou para chegar ao povoado de Boa Esperança, local onde hoje é o município de Antônio Martins. O ataque aconteceu em frente a igrejinha da comunidade onde acontecia a festa de Santo Antônio. “Em vez de recepcionar a banda de música para a novena do padroeiro os devotos foram surpreendidos com a chegada dos cangaceiros que bagunçaram as casas, saquearam o comércio, quebraram melancia na cabeça do dono e acabaram com a festa”, contou o historiador Chagas Cristovão.


O principal comércio da época ficava ao lado da Igrejinha. O prédio ainda guarda as características de antigamente. Relatos dão conta de que na tarde do ataque o bando só foi embora depois que uma senhora implorou. “Atendendo ao pedido de Rosina Maria, que era da mesma terra de Lampião, o bando deixou o vilarejo e seguiu rumo a Mossoró.”, concluiu o historiador.

No dia 11 de junho o bando entrava na Vila de Lucrécia onde continuaram fazendo maldades. Uma das casas invadidas na Fazenda Serrota continua preservada. Na janela estão as marcas de tiros e nas paredes os retratos daqueles que estiveram frente a frente com Lampião. Fizeram prisioneiro um fazendeiro onde teria sido levado por uma estrada de terra onde hoje é a RN 072. Os cangaceiros pediram dez contos de reis para poder soltar o mesmo. “Um grupo de mais de dez homens foi até lá pra tentar salvar Egídio, mas foi surpreendido por uma emboscada. Três homens acabaram mortos.”, relatou a pedagoga Antônia Costa.

No local do massacre foi construído um monumento em homenagem aos homens. Em Lucrécia eles são reconhecidos como heróis. “Todo dia 11 de junho tem programação na cidade em memória de Francisco Canela, Bartolomeu Paulo e Sebastião Trajano”, enfatizou a pedagoga.


O bando seguiu desafiando a caatinga. Os rastros de destruição ficavam pelas propriedades. Na manhã do dia 12 eles entraram na Fazenda Campos, onde hoje é território de Umarizal. Na casa grande, que estava abandonada pelos donos amedrontados, eles ficaram pouco tempo até pegarem a estrada novamente. Uma marcha que parecia não ter fim.

A notícia que o bando de lampião estava na região e poderia passar por Patu se espalhou vindo das bandas de Lucrécia onde o terror tinha tomado de conta. O chefe da intendência de Patu era o senhor Joaquim Godeiro da Silva que formou dois grupos para defender a população do ataque de lampião. Um grupo ficou localizado na entrada de Patu, entricheirados nas proximidades do sítio Manuê, formado pelas seguintes pessoas: Joaquim Godeiro Sobrinho, soldado Abdon, José Godeiro da Silva, João Caipora, José de Almeida, Almino Bento e João Inácio. Outro grupo ficou entricheirado próximo a usina de Alfredo Fernandes no bairro da Estação. Os moradores ficaram apavorados com a possibilidade dos bandidos​ cangaceiros passarem por Patu. No santuário do Lima o medo era grande também pois correu a notícia que lampião e seu bando viriam ao Lima. O padre Geraldo Van de Geld assombrado com as conversas​ do povo tratou logo de esconder os vários litros de vinho canônico utilizado nas celebrações. O padre enterrou dezenas de garrafas de vinho em determinado local. Depois de vários dias que ele soube que Lampião e seu bando já estavam pelas bandas de Mossoró, o padre foi desenterrar as garrafas de vinho e para a sua surpresa muitas delas estavam vazias pois as formigas e outros insetos comeram as rolhas de cortiça das garrafas e o vinho foi bebido pela terra.


Em Patu, depois que circulou a notícia que Lampião tinha mudado o trajeto, ou seja, seguindo por outro caminho até chegar a Mossoró foi um alívio para a população. Em Mossoró Lampião e seu bando encontraram os heróis da resistência, liderado pelo chefe político Rodolfo Fernandes, onde combateu Lampião e seus cabras onde o mesmo bateu em retirada depois de uma chuva de balas.

Fonte:

Revista Roteiros de Patu. Editor Miguel Câmara Rocha.
A Folha Patuense. Editor Aluísio Dutra de Oliveira.



 Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

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PESQUISADORA ARACAJUENSE APRESENTA 'SILA, DO CANGAÇO AO ESTRELATO'

Por Shirley M. Cavalcante (SMC)
Elane Lima Marques

Pessoal, neste dia Internacional da Mulher, vamos homenagear uma mulher muito especial, da época do Cangaço, Sila, muito bem apresentada pela escritora e pesquisadora Elane Lima Marques.

Elane Lima Marques nasceu em Aracaju em 17 de março de 1959. Na graduação, é formada em Pedagogia pela Faculdade Pio X, com especialização em Administração Escolar. Na pós-graduação cursou Psicopedagogia Institucional e Clínica.

Na área de voluntariedade notabiliza-se no Lions Club International, tendo ocupado a Presidência do Lions Clube Atalaia, assim como os cargos de Coordenadora do Gabinete de Integração, Assessora da Mulher e da Família, Assessora Distrital das Crianças, Assessora Distrital de Eventos, Presidente da Divisão D, e atualmente exerce o cargo de Presidente da Região D do Distrito LA3 que abrange Pernambuco, Alagoas e Sergipe. É sócia também do Woman’s Club International of Sergipe onde ocupa o cargo de 2ª Vice-Presidente.

“Satisfação pessoal em ver o meu trabalho sendo divulgado, propalado, lido, por vezes elogiado pelo público; enfim, deixando como parâmetro para pesquisas de futuras gerações.”

Boa leitura!

Escritora Elane Lima Marques, é um prazer contarmos com a sua participação na Revista Divulga Escritor. Conte-nos, o que a motivou a ter gosto por temáticas voltadas para o cangaço?

Elane Marques - Sendo Conselheira do Movimento Cariri Cangaço e acompanhando o meu companheiro, escritor Archimedes Marques, também me apaixonei por esse tema culminando em escrever o livro “Sila, do Cangaço ao Estrelato”, uma obra que minucia a história de vida dessa cangaceira, companheira de Zé Sereno, uma mulher que sobreviveu ao cangaço e também venceu na grande metrópole São Paulo.

Em que momento pensou em escrever “Sila, do Cangaço ao Estrelato”?

Elane Marques - Na qualidade de autêntica representante da mulher, conforme sempre procurei ser em todas as áreas de minha atuação, quando me inteirei mais profundamente do tema cangaço, procurei dentre as cangaceiras aquela que melhor fizesse parte do meu perfil, pois pretendia escrever algo a seu respeito. Assim, em uma dessas pesquisas de campo alguns anos atrás, próximo a Curituba, município de Canindé do São Francisco, em Sergipe, conhecemos uma pessoa encantadora, humilde, um homem simples e castigado pelo tempo: José de Souza Lins Ventura, mais conhecido por Zé Leobino, vaqueiro aposentado, nascido na fazenda Cuiabá, em 3 de fevereiro de 1924. Zé Leobino, nos seus doze anos de idade, conheceu Lampião, Maria Bonita e diversos outros cangaceiros, dentre os quais Sila, que sempre se acoitavam naquela propriedade pertencente à portentosa família Brito que dominava o baixo São Francisco. Após sermos apresentados, depois de uma curta conversa, ele foi logo dizendo que eu era bonita e bem feita igual a Sila, com uma “anca” bem torneada, também uma mulher determinada, decidida e acima de tudo, uma mulher que demonstrava saber o que queria, enfim, o retrato em pessoa de Sila. Oportunamente fizemos outra visita ao simpático Zé Leobino, e novamente esse “galanteador” asseverou estar olhando para Sila, para ele a mais bela das cangaceiras. Desse modo, vaidosa como sempre fui, me despertou a ideia fixa de melhor pesquisar essa mulher, uma brava cangaceira do passado e uma grande mulher no período pós-cangaço. Aquele cansado homem me fez ver o que estava “escrito nas estrelas”, ou seja, que eu deveria escrever sobre Sila, e assim foi feito.

Apresente-nos a obra.

Elane Marques - O envolvimento de Sila com o cangaço se deu na segunda metade de 1936, quando passou a conviver maritalmente com o então cangaceiro Zé Sereno (José Ribeiro Filho) que pertencia ao bando de Lampião. Esse acontecimento mudou para sempre a vida dessa jovem sertaneja, natural de Poço Redondo, Sergipe, menina nos seus 13 anos de idade que, juntamente com sua família, se tornou a partir de então alvo das perseguições das Forças Policiais Volantes que atuavam no combate ao banditismo pelos sertões.

Sila e seu companheiro estiveram presentes em alguns combates e sobreviveram à emboscada realizada pela Força Policial Volante de Alagoas, comandada pelo então Tenente João Bezerra, que vitimou Lampião, Maria Bonita e outros nove cangaceiros, além de um soldado da Força Policial, fato ocorrido em 28 de julho de 1938 na grota do Angico, em Sergipe.

Após a morte de Lampião, o casal se entregou às autoridades em troca da anistia prometida pelo governo Vargas, e pouco tempo depois de serem liberados pela Justiça, seguiram perambulando a pé pelas estradas vivendo grandes aventuras, com destino ao sul da Bahia, indo posteriormente para Minas Gerais e por fim para a grande São Paulo, onde se estabeleceram definitivamente.

De que forma Sila se destacou após o cangaço?

Elane Marques - Assim que chegou a São Paulo, nasceu o quarto filho com vida do casal; entretanto, somente três estavam em sua companhia, pois o primeiro, nascido na época de cangaço, fora entregue a terceiros para uma melhor criação. A exemplo das outras paragens, sem dinheiro algum, comeram o “pão que o diabo amassou” entre os paulistanos da periferia, não somente por terem um passado de sangue, mas principalmente por serem sertanejos nordestinos, pior ainda, por terem sido cangaceiros. Mas os dois foram à luta: Zé Sereno fazia “biscate” aqui e acolá até que conseguiu um emprego fixo como vigilante e faxineiro em uma escola municipal. Sila, por sua vez, mostrava seus dotes na costura. Costurava em casas diversas ganhando diárias ou por encomenda. Costurava na sua residência as roupas dos clientes da redondeza.

Devido ao seu excelente desempenho, montou um atelier de costura nos Jardins, em São Paulo e fez bicos de vendedora e enfermeira, virando-se como podia. Durante alguns anos, trabalhou como costureira na TV Bandeirantes, costurou roupas para as dançarinas do Chacrinha, foi camareira das atrizes Regina Duarte e Fernanda Montenegro. Também fez figuração nas novelas “Sapos e Beijos” e “Os Imigrantes”. Auxiliando nas filmagens da minissérie “Lampião”, da Globo, nos anos 80, regressou ao palco de sua tragédia. Sila começou a viajar, dar palestras e resgatar a epopeia do cangaço, que viveu na carne.

Mas Sila era “ranhenta”, sempre queria mais. Quando descansava, estava lendo ou escrevendo algo, aprimorando a língua portuguesa, daí virou escritora, autora de três livros: (SOUZA, Ilda Ribeiro de. “Sila Uma Cangaceira de Lampião”. São Paulo: Traço Editora e Distribuidora Ltda, 1984. / SOUZA, Ilda Ribeiro de. “Sila, Memórias de Guerra e Paz”. Recife: Imprensa Universitária, 1995. / SOUZA, Ilda Ribeiro de. “Angicos Eu Sobrevivi”. Oficina Cultural Mônica Buonfiglio, 1997).Pelo fato de ser conferencista em vários eventos, congressos e afins, Nordeste afora, Sertão adentro e noutros tantos lugares do Brasil, passou a ser mais conhecida ainda, dando entrevistas para muitas revistas, rádios, televisões, jornais... Sila agora já era uma celebridade, uma estrela...

Quais os principais desafios para a escrita do enredo que compõe o livro?

Elane Marques - Os desafios e dificuldades vieram e se foram à medida que a “colcha de retalhos” ia sendo remendada com a ajuda do meu companheiro, do amigo escritor Paulo Gastão, do cineasta Aderbal Nogueira, do pesquisador Geraldo Junior e dos remanescentes familiares de Sila, dentre tantos outros pesquisadores que contribuíram para a grandeza da obra.

O que mais a marcou enquanto escrevia o enredo que compõe “Sila, do Cangaço ao Estrelato”?

Elane Marques - Sem sombra de dúvida, o que mais me marcou foi o falecimento de Gilaene de Souza Rodrigues, a Gila, filha de Sila, pessoa que acolheu na totalidade os meus propósitos, que me forneceu importantes informações, fotografias inéditas; enfim, uma santa alma que se colocou à minha inteira disposição e que ficou radiante com minha ideia de escrever sobre sua mãe. Uma pessoa extraordinária que também deixou marcadas as suas considerações no meu livro em texto simples, mas direto sobre seus pais. Uma pessoa que também viria pessoalmente para o lançamento do meu livro, mas que infelizmente faltando apenas alguns dias para o evento partiu para o outro mundo, quem sabe a se reencontrar com Sila e Zé Sereno.

O que mais a encanta na trama?

Elane Marques - A lição de vida que nos traz a grande Sila, provando que quando há perseverança se pode mudar da água para o vinho.

Onde podemos comprar seu livro?

Elane Marques - Nas livrarias: Leitura, no Shopping Boa Vista, em Salvador; e Escariz, no Shopping Jardins, em Aracaju. Também por correspondência fazendo o pedido pelo meu e-mail: marqueselane2@bol.com.br

Quais os seus principais objetivos como escritora?

Elane Marques - Satisfação pessoal em ver o meu trabalho sendo divulgado, propalado, lido, por vezes elogiado pelo público; enfim, deixando como parâmetro para pesquisas de futuras gerações.

Pois bem, estamos chegando ao fim da entrevista. Muito bom conhecer melhor a escritora Elane Lima Marques. Agradecemos sua participação na Revista Divulga Escritor. Que mensagem você deixa para nossos leitores?

Elane Marques - Desejo que as pessoas não deixem os livros impressos morrerem. Adquiram, leiam, continuem colecionando e engordando suas bibliotecas. Usem seus computadores e celulares para outros fins, esquecendo um pouco dessa história de livro virtual.

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