O livro "O Patriarca: Crispim Pereira de Araújo, Ioiô Maroto" de Venício Feitosa Neves será lançado em no próximo dia 4 de setembro as 20h durante o Encontro da Família Pereira em Serra Talhada.
A obra traz um conteúdo bem fundamentado de Genealogia da família Pereira do Pajeú e parte da família Feitosa dos Inhamuns.
Mas vem também, recheado de informações de Cangaço, Coronelismo, História local dos municípios de Serra Talhada, São José do Belmonte, São Francisco, Bom Nome, entre outros) e a tão badalada rixa entre Pereira e Carvalho, no vale do Pajeú.
Você já pode adquirir este lançamento com o Professor Pereira ao preço de R$ 85,00 (com frete incluso) Contato:
Licenciado em Letras e Literatura Brasileira pela Universidade de Brasília (UnB), pós-graduado em Linguagem Psicopedagógica na Educação pela Cândido Mendes do Rio de Janeiro, professor do Instituto de Português Aplicado do Distrito Federal e assessor de revisão de textos em órgão da Força Aérea Brasileira (Cenipa), do Ministério da Defesa, Luiz Serra é militar da reserva. Como colaborador, escreveu artigos para o jornal Correio Braziliense.
Serviço – “O Sertão Anárquico de Lampião” de Luiz Serra, Outubro Edições, 385 páginas, Brasil, 2016.
O livro está sendo comercializado em diversos pontos de Brasília, e na Paraíba, com professor Francisco Pereira Lima.
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Já os envios para outros Estados, está sendo coordenado por Manoela e Janaína,pelo e-mail:
É o trauma de uma violência sofrida há mais de oito décadas por uma mulher que
torna bem vivo o tempo do cangaço numa pequena casa do Jardim Márcia.
É o trauma de
uma violência sofrida há mais de oito décadas por uma mulher que torna bem vivo
o tempo do cangaço numa pequena casa do Jardim Márcia, na periferia de Campinas
(SP). Na cidade muito longe do sertão - pelo menos na geografia - mora Dulce
Menezes dos Santos, de 96 anos, violentada na adolescência por um integrante do
grupo de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, arrancada da família e levada
para a vida nômade na caatinga.
O começo de tarde paulista é frio para a senhora de corpo franzino e cabelos
compridos, que acordou da rápida sesta. Ela chega à sala para a conversa com a
equipe de reportagem. Antes mesmo de sentar no sofá, comenta: "O sonho da
gente não esquenta mais, não". O lamento vem junto com um leve sorriso. A
filha caçula, Martha, diz: "Tá faltando carne entre esses ossinhos,
mãe".
Dulce se ajeita no sofá, com ajuda da filha. Martha conta que a mãe sempre
evitou visitas e não esconde incômodo com janelas e portas abertas - por onde
entram o frio e também a violência. Antes de toda pergunta, solta uma frase que
repetirá a cada resposta dada e a cada interrupção na longa conversa.
"Infelizmente aconteceu isso contra minha vontade. Não fui porque quis
ir."
Era filha de trabalhadores de uma fazenda de algodão em Porto da Folha, Sergipe.
Tinha quatro anos quando um besouro mordeu a mãe, Maria, que não resistiu. O
pai, Mané João, dizem, morreu de saudade seis anos depois. A menina foi morar
com a irmã Mocinha, em Piranhas, Alagoas, depois na fazenda de outra irmã,
Julia, e do marido dela, João Felix.
O lugar servia de rancho de cangaceiros que adentravam o sertão. Ela estranhou
os homens de roupas de tecido grosso, cor de folha seca, cintos pregados de
moedas, chapéus de couro de aba para trás e com estrelas bordadas e bornais
floridos. E bem armados. Um dos que frequentavam a fazenda era o cangaceiro
João Alves da Silva, o Criança. Ao ver aquela menina num canto, acabrunhada,
negociou a compra dela com João Felix por um bornal de joias.
Aos 96 anos, Dulce conta agressões que sofreu no tempo do cangaço
Criança avisou a João Felix que levaria Dulce numa festa que seria organizada
pelo amigo cangaceiro Zé Sereno, numa fazenda vizinha. João Felix levou a
mulher, Julia, e a cunhada. Criança não esperou para se aproximar da menina,
que estava na casa da fazenda. Dulce já se assustou quando o cangaceiro entrou.
"Tu vai ali comigo, Dulce."
Ele a puxou pelo braço, arrastando para fora. "Cala a boca, se não te
sangro agorinha mesmo." Do lado de fora, a jogou no chão. Entre
pedregulhos e espinhos, Dulce foi violentada e os convidados assistiram em
silêncio. O cangaceiro passou a noite vigiando a "mercadoria". A
música continuava e o som da sanfona e do triângulo sufocava os soluços de
Dulce. Arrependido, João Felix temia que Criança, ao fim da festa, levasse
Dulce embora. "Num vou desperdiçar bala em tu não, homem", disse o
cangaceiro, com desprezo, segundo Dulce. "Esse cara me carregou."
Beira do rio
Naquele tempo, Dulce flertava com Pedro Vaqueiro, garoto de Piranhas. Eles
brincavam na beira do São Francisco. "Eu era novinha, de 13 para 14 anos,
uma criança", lembra. A violência vai e volta no relato de Dulce.
"Fui a pulso, arrastada, se não morria. O apelido dele era Criança (o nome
do agressor sai mais forte na voz dela). Deus queria que eu estivesse aqui
agora, conversando com vocês", conta. "Com parabellum (pistola) na
mão. E com medo de morrer, acompanhei."
A notícia do rapto chegou a Piranhas. Pedro Vaqueiro se desesperou. Dizem que
ficou desnorteado, sem rumo. Saiu de casa, desapareceu, relata Martha. A
história daqueles dias está num livro escrito pelo professor baiano Sebastião
Pereira Ruas, que foi casado com Martha. Dulce, a boneca cangaceira de Deus foi
escrito na forma de novela típica dos velhos contadores. O texto simples traz
luz ao debate sobre a violência contra a mulher no cangaço. A venda é para
ajudar Dulce.
Massacre
Em 27 de julho de 1938, Dulce estava num acampamento na Grota do Angico,
Sergipe. Ali, Lampião reuniu diversos subgrupos que agiam sob seu controle na
caatinga, em roubos, saques, achaques e agiotagens. Foi quando Dulce,
adolescente, esteve mais perto de Maria Gomes de Oliveira, de 27 anos, a mulher
de Lampião, que ficou conhecida por Maria Bonita. "Era boa pessoa a Maria.
Ficamos poucos dias juntas. Lampião tinha uma turma, Criança tinha outra, Balão
tinha outra. Se vivesse tudo junto, a polícia descobria pelo rastro. Agora,
nesse dia estava todo mundo junto. Tinha de acontecer, graças a Deus."
À noite, Maria chamou Sila e Dulce para conversar. Na conversa, elas viram, na
caatinga escura, uma luzinha amarela, que piscava longe. Chegaram a pensar que
era vaga-lume. Foram dormir sem falar para os homens sobre a luminosidade.
Pela manhã, Dulce levantou com os gritos de Criança. Uma volante - grupos de
policiais formados para combater cangaceiros - tinha cercado o grupo. Em meio a
tiros, ela ouviu a voz de Maria Bonita, baleada, diante do corpo de Lampião.
Dulce, Sila e Enedina correram. Um tiro de fuzil acertou a cabeça de Enedina,
miolos respingaram em Dulce, que conseguiu escapar juntamente com Criança e
outros 21 cangaceiros.
"No combate em que mataram Lampião e Maria Bonita, eu estava. Nenhuma bala
pegou em mim. Morreu um bocado. Já esqueci quantos morreram", conta - 11
cangaceiros e um soldado morreram. "Era tiro demais. Gente caindo,
entrando pelas pernas, passando em cima de cabeças. Escapou quem tinha de
escapar, porque nunca vi tanto tiro na vida, meu filho." A notícia da
emboscada chegou rápido a Piranhas. Parentes de Dulce foram ver se a cabeça da
menina estava em exposição na escadaria da prefeitura.
O historiador João de Sousa Lima, de Paulo Afonso, na Bahia, desenvolve um
trabalho para localizar sobreviventes do cangaço, em especial mulheres. Os
relatos delas mostram que a história de crueldade do bando de Lampião ou das
volantes encobriu a da violência contra mulheres do grupo. Uma semana antes do
massacre de Angicos, Cristina foi assassinada por querer trocar de companheiro.
Também foram mortas de forma trágica pelo próprio grupo Lídia, Lili e Rosinha.
Mulher de prefeito
Embrenhado na caatinga, o grupo sobrevivente de Angicos decidiu se entregar à
polícia. "Aí acabou", diz Dulce. O ditador Getúlio Vargas concedeu
anistia aos cangaceiros. Criança e Dulce, nesse tempo, tiveram dois filhos.
Foram trabalhar na fazenda de João Anastácio Filho, o Jacó, na região de
Jordânia, Vale do Jequitinhonha, em Minas.
O livro destaca que Jacó era influente. Casado, decidiu se aproximar de Dulce.
Pôs Criança para atuar como tropeiro e, assim, começou a afastá-lo da fazenda.
Depois de uma longa viagem, Criança foi alertado por companheiros que era
melhor ir embora. Ele levou os dois filhos. Do casamento com Jacó, Dulce teve
outros 18 filhos. Anos depois, ele foi eleito prefeito de Jordânia, hoje com 10
mil habitantes. "Foi o tempo que fui feliz Por enquanto estou aqui, até a
hora que Deus me levar. Graças a Deus nunca maltratei ninguém", diz.
"Agora essa turma do Lampião, meu Deus do céu, quando queria pegar mulher,
se não fosse, eles matavam."
Com a morte de Jacó, Dulce foi morar com a filha Martha em Campinas. A cidade
grande também seria de privações. Viu filho e netos serem assassinados. Ela
volta a falar do sertão e do cangaço. "Acabou. O Norte está sossegado, não
está?"
Serviço:
DULCE, A BONECA CANGACEIRA DE DEUS
Autor: Sebastião Pereira Ruas
Editora: Lexia, 227 páginas
Preço: R$ 45
O livro é vendido por Professor Pereira entre em contato pelo email
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Por mais de 170 anos o HMS Terror descansou sob as águas geladas do Oceano Ártico canadense, guardando os segredos de uma expedição cientifica desaparecida e totalmente fatal para seus participantes – até um dia ensolarado no início desse mês, quando um pequeno robô mergulhou no mar para tentar encontrar seus restos.
Através de um cabo elétrico com controle remoto, pesquisadores canadenses conduziram esse aparelho subaquático até o naufrágio e entraram no convés, ansiosos para ver o que o veículo poderia encontrar. Essa é a primeira grande exploração nesse antigo navio inglês condenado, desde que dezenas de homens o abandonaram depois que ele ficou preso no gelo em 1845. Era uma exploração comandada pelo inglês Sir John Franklin e objetivava mapear a chamada Passagem Noroeste. Uma ligação entre os Oceanos Atlântico e Pacifico através do Circulo Polar Ártico.
Não houve sobreviventes. O Terror e seu navio irmão, o HMS Erebus, desapareceram sob a superfície gelada, onde permaneceriam até 2014 e 2016, quando as antigas naves foram descobertos pelos canadenses.
Por décadas o único registro encontrado dessa malograda expedição foi uma única e sucinta nota, escrita em abril de 1848, rabiscada com a mão trêmula em um pedaço de papel.
Essa mensagem foi encontrada quinze anos depois da partida dessas naves da Inglaterra, tendo sido rascunhada pelo capitão Francis Crozier, que a deixou para trás na Ilha King William, em um recipiente protegido por um monte de pedras, antes que todos os membros da tripulação perecessem e seus corpos congelados desaparecessem. Crozier informou que 105 almas abandonaram o Terror e o Erebus e que 24 já estavam mortos, incluindo o líder da expedição, Sir John Franklin. Essa mensagem foi descoberta por uma expedição inglesa que tentou encontrar seus compatriotas.
A explicação para Crozier e um grupo de homens haver sobrevivido ainda por algum tempo, está no fato desses navios transportarem uma grande quantidade de alimentos. Mas sem capacidade de reporem seus gêneros e, certamente, diante dos rigores do inverno todos pereceram.
“-Uma história triste, contada em poucas linhas”, escreveu o explorador britânico que descobriu a nota em 1859.
Os inuits, povo nativo local, possuem em sua tradição oral um rastro de histórias perturbadoras sobre homens brancos doentes, que desembarcaram no Ártico desesperados para salvar suas vidas, andando feito fantasmas sobre a neve, sucumbindo à exposição ao frio, à fome e até, possivelmente, ao canibalismo. Numerosas expedições foram realizadas nesses quase 175 anos, onde recuperaram os restos de alguns tripulantes, mas nunca os navios.
O conhecimento Intuit – ou Inuit Qaujimajatuqangit, antigo povo tradicional do Ártico, é a coleção mais completa de relatos em primeira mão sobre esses ingleses a sobreviver ao longo das décadas. Algumas dessas histórias foram registradas ainda nas décadas de 1850 e 1860. Não foi por outra razão que após o governo canadense decidir realizar mais essa expedição em busca dos naufrágios, os pesquisadores inuítes lideraram o grupo ao longo do caminho.
A National Geographic informou que o Erebus foi encontrado em 2014, quase no local exato que o testemunho dos Inuit o colocou. Dois anos depois um caçador inuit de um assentamento na ilha King William levou os arqueólogos até o Terror. Essa nave foi apropriadamente descoberta em Terror Bay, uma área que havia sido nomeada em memória do navio perdido.
O caçador Sammy Kohvik contou uma história notável para levar os cientistas até o local, como o jornal americano Washington Post relatou.
Alguns anos antes Kohvik disse que ele e um amigo estavam seguindo em duas motos de neve, os famosos snowmobile, até uma área de pesca. Foi quando viram um grande poste de madeira projetando-se fora do gelo em Terror Bay – era o mastro do navio.
Kogvik tirou uma foto, mas perdeu a câmera a caminho de casa. Ele não foi procurar o local novamente, até embarcar em 2016 em uma expedição da Arctic Research Foundation, ajudando na busca. Quando a equipe de cientistas ouviu sua história, eles foram direto para a Baía do Terror.
“-O mastro alto poderia estar a metros fora da água nos últimos 150 anos, mas ninguém o viu”, disse o CEO da Arctic Research Foundation, Adrian Schimnowski, à National Geographic em 2016.
Agora ocorreu a primeira visualização do interior do HMS Terror e seus resultados são impressionantes.
O governo canadense anunciou nesta quarta-feira (28/08/2019), que os pesquisadores estão mais perto de desvendar o mistério duradouro desses desastres. Dentro do HMS Terror o explorador subaquático robótico encontrou um navio tão bem preservado que seus artefatos pareciam estar essencialmente congelados no tempo.
“-A impressão que testemunhamos ao explorar o HMS Terror é de um navio recentemente abandonado por sua tripulação, aparentemente esquecido pela passagem do tempo”, disse Ryan Harris, arqueólogo do Parks Canada, que pilotou o veículo subaquático com controle remoto.
Dentro do navio os artefatos de vidro ainda estavam empilhadas ordenadamente nas prateleiras. Garrafas de vinho e jarros envoltos em lodo ainda estavam de pé em nichos de madeira e rifles ainda se encontram pendurados nas paredes, envoltos em ferrugem. Nas 20 salas separadas do navio, as gavetas das cômodas e mesas ainda estavam fechadas – a descoberta mais tentadora aos olhos dos arqueólogos. É aí que eles acreditam que encontrarão diários, registros e mapas sobreviventes, possivelmente iluminando toda a expedição.
Harris disse que eles esperam que os documentos cobiçados possam está preservados sob montes de sedimentos protetores, fixados no lugar graças às temperaturas extremamente frias.
“-Esses cobertores de sedimentos, junto com a água fria e a escuridão, criam um ambiente anaeróbico quase perfeito, ideal para preservar materiais orgânicos delicados, como têxteis ou papeis”, disse Harris à National Geographic. “-Existe uma probabilidade muito alta de encontrar roupas ou documentos, alguns deles possivelmente ainda legíveis. Gráficos enrolados ou dobrados no armário de mapas do capitão, por exemplo, podem muito bem ter sobrevivido”.
Agora as imagens desse naufrágio estão rodando o mundo e mais um dos mistérios que encantam a humanidade se encerra com a pesquisa científica.
Extraído do blog Tok de História do hstoriógrafo e pesquisador do cangaço Rostand Medeiros.
Quem diria que o primo pobre iria ficar rico! Cortei carradas de abóboras (Cucúrbita moschata), chegadas da nossa fazenda Timbaúba, em carro de boi. O destino era a engorda da porcada, pois, como todo o povo dizia: “abóbora é coisa para porcos”. Enquanto isso, o produto guardava seu tesouro para o futuro. Sessenta anos depois as tecnologias e descobertas nutricionais elevaram a abóbora (também conhecida como jerimum) ao patamar de primeiro mundo. A senhora estar sabendo? Fruto da abobreira ou aboboreira é nativa da América do Sul. Ela é cultivada em todo o mundo por ser uma fruta extremamente nutritiva e saborosa. Aqui no Brasil as abóboras são cultivadas há muito tempo e já faziam parte da alimentação dos indígenas, bem antes da colonização.
“O fruto que é tão rico em sabor é igualmente rico em nutrientes que beneficiam nosso organismo. Ele é boa fonte de betacaroteno, vitamina C e vitamina E - que têm propriedades antioxidantes - e de vitaminas do complexo B. Ainda é rico em fibras e fonte de cálcio, ferro, fósforo e potássio. Suas sementes e o óleo extraído delas são excelente fonte de zinco e gorduras insaturadas, além de ter uma boa quantidade de ferro. Por conter boas quan tidades de antioxidantes, o consumo de abóbora está ligado à redução no risco de certos tipos de câncer, doenças cardiovasculares, derrames e problemas nos olhos, como a catarata. As fibras da abóbora ajudam a diminuir a sensação de fome e por isso fazem parte de dietas para controle do peso”.
Veja doze benefícios da abóbora:
1.Melhora a visão e a saúde dos olhos;
2.Previne doenças coronárias;
3.Ajuda a perder peso;
4.Auxilia no tratamento da hiperplasia e no câncer de próstata.
5.Trata vermes intestinais;
6.Abaixa a pressão arterial;
7.Melhora a saúde sexual do homem;
8.Melhora a qualidade do sono;
9.Beneficia o sistema imunológico da mulher.
10.Melhora a saúde da mulher da fertilidade à menor pausa;
Por Cecílio
Tiburtino, procurador jurídico da Câmara de Vereadores de Serra Talhada.
Aproveitando a
excelente, brilhante e formidável apresentação: “O massacre de Angico. A morte
de Lampião”, que ocorreu em nossa cidade entre os dias 24 e 28 de julho de
2013, venho, após leitura de alguns textos, livros e revistas sobre o tema,
propor uma reflexão obre a morte do lendário, formidável e inigualável
Serratalhadense: Virgulino Ferreira. De ante mão, quero deixar bem claro que
não estou propondo desmistificar um personagem histórico, nem tão pouco
pretendo reformular a história. Apenas e tão somente, venho expor outra versão,
possível, sobre o “fim” de Lampião. Por outro lado, gostaria de informar que
não sou nenhuma autoridade no assunto, apenas e tão somente leitor sobre tão
intrigante e cativador tema, e que tive alguns dos meus familiares contemporâneos
aos fatos históricos.
Conta à
história que o desfecho final do intrigante personagem histórico Lampião
iniciou às cinco horas da manhã do dia 28 de julho de 1938, na Grota de
Angico, uma fortaleza de pedras escondida dentro da caatinga, encravada numa
depressão perto do riacho Tamanduá e próxima ao rio São Francisco, no município
sergipano de Poço Redondo. O fogo cerrado das metralhadoras portáteis do
regimento policial militar de Alagoas, comandado pelo tenente João Bezerra,
levaram Lampião, Maria Bonita e mais alguns cangaceiros a morte. Tal empreitada
teria ocorrido depois que o Presidente da República Getúlio Vargas, que sofria
sérios ataques dos adversários por permitir a existência de Lampião, ter
pressionado interventor de Alagoas, Osman Loureiro, que adotou providências
para acabar com o cangaço, vindo inclusive a prometer promover ao posto
imediato da hierarquia o militar que trouxesse a cabeça do cangaceiro.
O fogo cerrado
teria durado aproximadamente 15 minutos. Eram tantos tiros que mal dava para
enxergar o que acontecia. Pedaços de xiquexique, mandacaru, facheiro –
vegetação típica do sertão – caíam por todos os lados. Lampião teria tombado
primeiro. Maria Bonita foi abatida logo depois. Apanhados de surpresa, muitos
dos 39 cangaceiros que se refugiavam na grota ainda dormiam, e nove morreram na
emboscada. O restante conseguiu fugir. Em seguida, iniciou-se um processo de
decapitação dos que tombaram, inclusive Lampião e Maria Bonita, vindo após
promoção de verdadeira caça ao tesouro dos cangaceiros, desde as joias,
dinheiro, perfumes importados e tudo mais que tinha valor foi alvo da
“rapinagem” promovida pela polícia.
De forma
simples, essa é a história oficial. Mas é a real? Quantos de nos nunca ouvimos
falar que Lampião ainda estaria vivo. Quantos de nós não desconfiou e ainda
desconfia de alguns relatos históricos. Para a história e para o Brasil era
necessária à morte (extinção) de Lampião, posto que o cangaço há anos tinha
desafiado as autoridades locais e regionais, sagrando-se vencedor nesse âmbito,
partindo a desafiar a “Nação”. Porém isso não quer dizer que Virgulino
Ferreira da Silva também tivesse que ser Seguindo essa premissa, o fotografo,
técnico em contabilidade e escritor José Geraldo Aguiar, que passou 17 anos pesquisando
a vida de Lampião, publicou: “Lampião o Invencível – Duas Vidas, Duas Mortes, o
outro lado da moeda” (Thesarus, 2009). O objetivo do livro é “provar” que
Virgulino Ferreira da Silva não foi morto pela Polícia na localidade de
Angicos, como conta a história.
Relata o
escritor que conheceu Lampião pessoalmente em 15 de fevereiro de 1992, na
cidade de São Francisco, no Norte de Minas Gerais, na República Federativa do
Brasil, apontando a sua morte no dia 03 de agosto de 1993, aos 96 anos de
idade, no estado de Minas O escritor afirma que conviveu com Virgulino Ferreira
da Silva por cinco meses, promovendo uma história investigativa, tendo viajado
em grande parte do Brasil, pesquisando para montar o livro, especialmente pelo
interior de Minas Gerais, tendo entrevistado 46 testemunhas que também
relataram ter visto Lampião.Um dos relatos, dentre vários outros contidos no
livro de José Geraldo Aguiar, às fls. 184/185, dá conta de que o Delegado de
Polícia Orlando Correia Alberlaz, no ano de 1978, recebera uma queixa de um
senhor que exigia providencias contra seu vizinho, ex-prefeito de São Francisco
(MG), tendo em vista que cinco cabeças de gado do queixoso estariam na fazenda deste.
O queixoso
afirmou que “possuía um punhal (espeto) que dava para atravessar três pessoas
de uma só vez, se não recebesse seu gado de volta”, o Delegado pediu a
identificação do queixoso, quando recebeu 03 (três) identidade diferentes,
quando então questionou quem de fato era o senhor que estava a sua frente. Para
sua surpresa a resposta que ouviu foi: Virgulino Ferreira. As fls. 186 relata
José Geraldo Aguiar que José Rodrigues Cordeiro (Zezão) dono de um bar em São
Francisco (MG) presenciou o homem conhecido por João Teixeira se dirigir ao
balcão de atendimento do Funrural com objetivo de requerer a aposentadoria. De
imediato a tendente pediu-lhe os documentos, tendo o Sr. João Teixeira
demonstrado ser portador de três documentos, um foi entregue a atendente, outro
ficou na bolsa e o terceiro caiu ao chão.
A atendente,
ao olhar para o documento, questionou o Sr. João Teixeira sobre o referido
documento, pois o nome que constava era: Virgulino Ferreira. De proto
João Teixeira afirmou que tal documento pertencia ao seu irmão. Pegando-o de
volta e indo embora sem maiores explicações. Não fossem apenas os depoimentos
acima transcritos, dentre vários outros contidos no livro de José Geraldo
Aguiar, impossível não observar a semelhança entre a fotografia de Lampião e a
do Sr. João Teixeira de Lima, constante no citado livro. Como relatado no
início, não pretendo com esses breves relatos reduzir o personagem que foi
Lampião, ou mesmo induzir a um erro da história, pelo contrário, apenas
pretendi demonstrar que existem outras versões sobre o fim do cangaço,
sem que tal fim tenha conduzido ao fim do lendário Virgulino Ferreira da Silva,
que apenas estudos profundos, o que não é o caso, podem confirmar.
Postei este texto não na finalidade de confirmar que o homem que se dizia ser Lampião é verdade, foi simplesmente pela boa narração do autor. Um grande narrador, por isso me fez postar. Parabéns para ele.