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segunda-feira, 24 de outubro de 2022

LITORAL

 Clerisvaldo B. Chagas, 25 de outubro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.789

 

Caso o amigo ou amiga more na capital, deixe que esse sertanejo fale dos seus mares. Vejamos o Litoral. Litoral é o limite entre o oceano e o continente: representa-se pela faixa coberta e descoberta pelas marés.

As costas constituem os vários aspectos paisagísticos que acompanham este limite. Por isto temos costas altas, com falésias, costas baixas, com as praias, além de manguesais, lagunas e recifes.

As formas de litorais são resultadas dos processamentos efetuados pelos ventos, vagas e as correntes litorâneas movimentando as águas do mar. Deve-se considerar a influência dos rios trazendo sedimentos. Surgem, dessa maneira, as praias, as restingas, (às vezes exibindo dunas), os cordões litorâneos, os mangues, os estuários, as pontas triangulares. Em meio destas são encontrados os terraços marinhos também chamados estáticos.

Os tipos de costas definem-se pelo aspecto geral de todos elementos constitutivos das paisagens junto ao mar, sendo que para isto haja mais a influência de um elemento fundamental. Para o caso das costas de Alagoas, cabe um litoral de “rias”, pois há um afogamento generalizado dos nossos rios da vertente atlântica, assim nós sabemos que seus vales são invadidos pelas águas do mar até certa distância terra a dentro. Para complementar o estudo de um litoral, têm sido objeto dos estudiosos, ultimamente, os movimentos de “levantamento” e “rebaixamento do nível do mar. Seu ramo de pesquisas denomina-se “glaciologia”.

Texto adaptado do professor Ivan Fernandes Lima, Geografia de Alagoas, págs. 74-75

É bom saber que o estado de Alagoas possui um dos mais belos litorais do mundo e com uma formação paisagística altamente diversificada. Tem quem diga que é o mais belo do planeta. Entretanto, estudar o litoral alagoano, nem que seja superficialmente, não pode ser apenas missão de aconselhamento; até porque têm pessoas que estão completamente satisfeitas em apenas contemplar os caprichados cenários de preferência.  Todavia, para quem quer arriscar alguns passos na compreensão dos fenômenos naturais e as interferências humanas no meio ambiente, as praias alagoanas funcionam como laboratórios privilegiados e altamente compensadores.

Eu, Alagoas e nós.


FALÉSIA ALAGOANA NA PRAIA DO GUNGA (FOTO: PINTEREST).



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O TEMPO DÁ UM TEMPO

 Clerisvaldo B. Chagas, 24 de outubro de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.788


Desconsiderando o período anterior às ferrovias em Alagoas e os primeiros ramais, chegamos a 1891. A linha de ferro para o vale do Paraíba, bifurcando-se em Lourenço de Albuquerque, foi inaugurada no ano acima, chegando até Viçosa. Nessa fase, as pessoas do Sertão que viajavam até à capital, passavam dias em lombos de cavalos de sela. Os relatos anteriores à linha férrea em Viçosa, estão praticamente fora das informações encontradas no dia a dia estudantil, no que se refere às maratonas que o sertanejo enfrentava para chegar a Maceió. Com a composição chegando até Viçosa, as viagens sertanejas, receberam até um bom alívio, porque os cavaleiros se dirigiam até àquela cidade, onde embarcavam no trem até Maceió.

Somente 21 anos após Viçosa, isto é, em 1912, já no fim do ano, os trilhos chegaram a Quebrangulo, encurtando bastante a jornada dos sertanejos viajantes a cavalo. Passaram a apanharem o trem em Quebrangulo (antiga Vitória). Somente em 1934 (22 anos após), a estrada de ferro desceu dos altos e alcançou Palmeira dos Índios. Com o trem na “Princesa do Agreste”, as viagens cavaleiras não acabaram, mas foram mais encurtadas ainda para o mundo sertanejo. Somente quando os caminhos foram alargados e surgiram as estradas de rodagens, o Sertão se ligou a Palmeira dos Índios com os ainda raros automóveis e caminhões. Para os dias atuais não, mas para à época já era um belo conforto a mais. Os sertanejos chegavam a Palmeira em boleia/carroceria de caminhão ou automóvel no dia anterior à viagem do trem. Dormiam nos hotéis da cidade e ainda na madrugada, desciam para a estação na cidade às escuras. Foi assim que viajaram às cabeças de Lampião e Maria Bonita até à capital.

Depois, com rodagem direta até o litoral, mesmo na poeira, na lama, nos catabius (solavancos na buraqueira) representava uma conquista extraordinária. Essa geração já chegou com o asfalto pronto, Sertão – Maceió e se não sabe nada do passado, até pensa que tudo foi sempre assim.  Porém, mesmo neste início do Século XXI, o Sertão alagoano ainda não pode contar com um único aeroporto. Estagnou na conquista dos transportes.

Fazer o quê?

PALMEIRA DOS ÍNDIOS, VISTA PARCIAL (FOTO: PREFEITURA).


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SERRA GRANDE, O GRANDE COMBATE: CENÁRIO CARIRI CANGAÇO EM CALUMBI

 Por Manoel Severo

Manoel Severo, Louro Teles, Joaquim Pereira, Luiz Ferraz Filho, Clênio Novaes 
e Valdir Nogueira; na Serra Grande

O Cariri Cangaço Serra Talhada - Calumbi - Bom Nome , se aproxima. Uma agenda intensa de visitas técnicas que nos proporcionarão conhecer uma gênese importante do coronelismo e cangaço de nosso nordeste. Em nosso terceiro dia a programação chegamos ao município de Calumbi, cenário de um dos maiores combates do ciclo lampiônico, cenário da emblemática Serra Grande; primeira visita técnica do dia 13 de novembro de 2022. Avante !!!

Manoel Severo, Clênio Novaes, Louro Teles e Junior Almeida em visita à Serra Grande nos preparativos do grande encontro de novembro.

"Serra Grande ! Pedaço de chão encravado no sertão pernambucano de Virgulino Ferreira, serra enigmática com seus mais de 900 metros de altitude situada entre os municípios de Calumbi, Flores e Serra Talhada, no famoso Vale do Pajeú. Serra Grande, palco do maior combate que o cangaço de Lampião protagonizou ao longo de seus 20 anos de reinado." 

Serra Grande chega em grande estilo ao Cariri Cangaço Serra Talhada - Calumbi - Bom Nome 2022, com a expectativa da presença de mais 300 pesquisadores de todo o Brasil, sem dúvidas conhecer mais de perto o que foi esse extraordinário combate, in loco,  será um dos pontos altos de toda a agenda do evento, a visita guiada ao local do combate acontece na manha do dia 13 de novembro de 2022.

Cariri Cangaço nos preparativos para o Cariri Cangaço em Calumbi - Serra Grande 2022

Os números são impressionantes até para aqueles que são afeitos ao estudo do fenômeno: 10 mortos, 14 feridos, quase 300 militares numa sanha desesperada em busca de dar fim a Virgulino com seus mais de 115 cangaceiros; foram cerca de 3 mil tiros em quase 10 horas de combate naquele longínquo 26 de novembro de 1926..

a cidade de Calumbi, distante cerca de 18  Km de Serra Talhado recebe o segundo dia de Cariri Cangaço. As visitas do segundo dia saindo de Serra Talhada as 8h30 para a primeira parada no distrito de Varzinha. Em Varzinha teria sido o local onde Lampião exigiu a entrega do resgate de 20 contos pelo sequestrado Pedro Paulo Magalhães Dias; inspetor da Standard Oil Company; ali também localizava-se a residência de Silvino Liberalino; que tinha sido subdelegado de Vila Bela, em 1911; local onde Lampião estacionou com seu bando antes do fogo e acabou levando o mesmo como refém.  


Comissão Organizadora do Cariri Cangaço visita as trilhas do combate da Serra Grande para o grande encontro de novembro em Calumbi


Dali partiremos para o cenário da guerra !!! Chegaremos a localidade de Monte Alegre, primeiro cenário do famoso combate da Serra Grande e seguiremos a trilha do fogo. Sob o comando dos Conselheiros Cariri Cangaço;  pesquisador e escritor Louro Teles e pesquisador Vilson da Piçarra; os visitantes terão a oportunidade de pisar o solo sagrado de um dos maiores combates de toda a saga cangaceira. 

Calumbi - Serra Grande
Cenário de Serra Talhada, 24 de outubro de 2022
Redação Cariri Cangaço 

https://cariricangaco.blogspot.com/2022/10/serra-grande-o-grande-combate-cenario.html

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O MAESTRO MARCADO PARA MORRER APÓS FOTOGRAFAR LAMPIÃO EM RIBEIRA DO POMBAL

 

Alcides Fraga, o homem que fotografou Lampião, e sua esposa Rita de Cassia Cunha Fraga (Foto: Acervo pessoal)

Alcides Fraga teve que fugir após registrar Virgulino Ferreira e seu bando em uma “Agora imagine a situação de Alcides Fraga? Estava na mira dos policiais volantes e jurado de morte por ninguém mais, ninguém menos, que Lampião. Isso sem ter ajudado nem um lado e nem o outro. Ele fez, então, a única coisa sensata que poderia. Pegou tudo que tinha e partiu embora com a esposa. Era um homem com uma boa condição social e respeitado em Pombal, mas abandonou tudo para sobreviver”, afirma Rubens.

Alcides Fraga passou a levar uma vida errante. Migrava de cidade em cidade esperando a poeira baixar para poder, definitivamente, voltar para casa. Neste ponto, a história se ramifica em muitas versões. Uns dizem que ele nunca mais regressou à vila, perdendo a esposa e se entregando completamente ao álcool. Perderia toda a fortuna e levaria a família à falência.

Recortes dos jornais noticiando a passagem de Lampião pelo norte da Bahia 

Outros afirmam que o maestro, sim, conseguiu voltar para casa, após driblar o cangaceiro rancoroso, àquela altura com outras preocupações prementes na reorganização do seu bando. Há, porém, um consenso entrelaçando estas duas narrativas: o maestro jamais teria sido capturado, impedindo a consumação da vingança.

Cidade hospitaleira
O historiador Oleone Coelho Fontes, autor do livro “Lampião na Bahia”, enxerga na imagem feita em Pombal um recorte ilustrativo da nova etapa na vida do cangaceiro dali em diante.

“Em 1926, Lampião vai sofrer uma das mais importantes derrotas da sua trajetória, em Mossoró, no Rio Grande do Norte. A partir dali, ele reorganiza suas forças e passa a adotar bandos menores. Antes, eram 150, 100 homens seguindo ele. Depois dessa derrota, passa a se organizar em grupos menores e subgrupos. Na foto de Alcides, dá pra ver que ele é seguido apenas por sete cabras, alguns muito famosos, como seu irmão Ezequiel, Mergulhão, Arvoredo e Corisco. A chegada dele na Bahia representa este novo momento”, analisa.

Para os moradores do povoado ficaria a fama de um lugar hospitaleiro. Anos depois, a vila cresceria tanto até se tornar a cidade de Ribeira do Pombal, no norte da Bahia, emancipada em 1933.

“Eu costumo brincar que o povo pombalense é tão acolhedor que até o bando de Lampião, que tocava o terror em todo sertão, foi bem recebido aqui. Esse é um traço nosso, do nosso jeito de ser. O próprio Lampião teria ficado encantado com essa recepção. Meu avô mesmo, na época tinha 11 anos, me contava que pediu a bênção a Lampião e ele deu uma moeda em troca”, diz Osvaldo Rocha, ex-secretário de cultura da cidade.

O lugar onde os cangaceiros posaram hoje é a fonte luminosa da Avenida Getúlio Vargas, principal via da cidade. Rocha conta que, durante os anos 1970 e 1980, os moradores questionaram a própria recepção calorosa oferecida pelos antepassados.

Local onde os cangaceiros posaram para a foto hoje é uma fonte luminosa, na Avenida Getúlio Vargas, em Ribeira do Pombal (Foto: Reprodução/Google Street View)

“Durante muito tempo, os moradores mais novos questionaram se foi certo receber os cangaceiros de forma tão hospitaleira. Afinal, eram foras da lei que cometerem crimes terríveis. Meu próprio avô, que pediu a bênção a Lampião quando criança, depois passou a defender aquilo como um erro. Mas é difícil julgar”, diz.

Este embate polêmico cancelou um projeto de construção de oito estátuas, cada uma representando um dos cangaceiros, enfileiradas no exato local onde a foto de Alcides foi batida. A ideia era explorar o potencial turístico da icônica imagem. 

Por enquanto, o que permanece mesmo intacta, e garante o retorno dos visitantes, é a hospitalidade do povo pombalense.

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https://www.correio24horas.com.br/noticia/nid/o-maestro-marcado-para-morrer-apos-fotografar-lampiao-em-ribeira-do-pombal/

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