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quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Historiador João de Sousa Lima será um dos palestrantes do Cariri Cangaço


O Historiador e escritor João de Sousa Lima será um dos palestrantes do Carirí Cangaço.
 
No momento será apresentado "Os Roteiros Integrados do Cangaço", que envolve as cidades de Paulo Afonso, Piranhas e Canindé, mostrando os atrativos históricos e culturais dessas cidades, fatos relacionados com o cangaço.

JOÃO APRESENTARÁ TAMBÉM O DOCUMENTÁRIO: CANGACEIRO GATO: UM RASTRO DE ÓDIO E SANGUE.

SEGUE ABAIXO A PROGRAMAÇÃO DO CARIRI CANGAÇO:

Enviado pelo historiador e escritor João de Sousa Lima

Clique no link abaixo para ver a programação do Cariri Cangaço 2013

http://blogdomendesemendes.blogspot.com.br/2013/09/um-cariri-que-se-afirma-programacao.html

LUIZ GONZAGA É CEM: O ANÃO XAXADO E A TURNÊ DE 53

Por: Abílio Neto · Recife, PE

Corria o ano de 1953 e já como Rei do Baião, Luiz Gonzaga fazia um sucesso danado. Teve que provocar uma alteração no seu conjunto pé-de-serra, uma vez que seu sanfoneiro Catamilho só vivia bêbado. Luiz gostava de cerveja, de uísque, de um bom vinho, mas bebia com moderação. Era patrocinado por toda espécie de cachaça, porém detestava gente bêbada. Quem sabe, a perda do irmão mais velho, o Joca, falecido em 1947, vítima de cirrose, tenha provocado essa reação, pois Gonzaga fez de tudo, mas não conseguiu afastá-lo do vício.

Em 1952, numa turnê pelo sertão baiano, Gonzaga conheceu o anão Osvaldo Nunes Pereira e naquela ocasião já pensava em colocá-lo no seu conjunto como tocador de triângulo porque entendia que o fato seria uma coisa inusitada. Mandou o anão ir ensaiando. Um ano depois, a família de Osvaldo havia mudado pra Xonin (nome indígena), distrito de Governador Valadares, em Minas Gerais, mas o motorista de seu Luiz achou o anão, que foi incorporado à comitiva do cantor. A turnê prosseguiu, mas chegando em Itabuna, a capital do cacau, no sul da Bahia, durante um show, Catamilho estava tão bêbado que caiu no palco com zabumba e tudo. Gonzaga, a princípio tentou enrolar o público dizendo que o zabumbeiro tinha ensaiado a queda, mas aí um baiano da plateia falou o seguinte: “oxente, esse cabra tá é bebum!” Como não pôde manter a mentira, Gonzaga ficou irado! O público, no entanto, riu às escâncaras.

Catamilho foi demitido sumariamente, porém o “triangueiro” Zequinha, em solidariedade ao amigo resolveu sair. Saíram os dois e pior pra Gonzaga que naquele momento havia ficado sem seus ritmistas, em que pese à agenda do sanfoneiro registrar compromissos para os dias seguintes, a começar por um em Santo Antonio de Jesus-BA. A turnê do Rei do Baião teve que ser interrompida até a formação de um novo trio. Foi quando Luiz se lembrou de um engraxate do sul do Piauí que chamava a atenção dos fregueses porque fazia malabarismo e percussão com as escovas. Mandou sem demora seu motorista para lá a fim de apanhar o engraxate Juraci Miranda. Motorista de Luiz Gonzaga sofria muito, mas trabalhava contente porque o homem além de ser bem humorado, era espirituoso, contava “causos” e tratava o empregado muito bem.

No Piauí, o engraxate, de imediato, topou a proposta de tocar com Gonzaga. Chegaram cansados da longa viagem, mas seguiram todos no mesmo dia pra Santo Antonio de Jesus com novo conjunto formado e um grande problema: o novo trio não havia ensaiado e, portanto, não poderia se apresentar sem o devido e mínimo ensaio.

Antes de chegarem em Santo Antonio de Jesus, fazia um calor danado no recôncavo baiano, mas seu Luiz sabia da existência de um riacho com cachoeira, às margens da estrada. Foi quando Gonzaga falou pro divulgador Romeu o seguinte: “olha, nós vamos parar na beira desse rio, tomar um banho de cachoeira e ensaiar debaixo daquele pé de pau, pois eu tenho que treinar o conjunto. Você segue com o motorista pra cidade a fim de anunciar o show. Quando estiver tudo pronto, volte pra apanhar a gente”.

O banho segundo Gonzaga serviria pro ensaio do grupo, mas também pra tirar a inhaca do anão que, no carro, já vinha com um “cheiro danado de ruim”. Gonzaga era exímio ritmista de zabumba e triângulo e queria que os dois novos ritmistas tocassem do seu gosto e, além disso, que também dançassem o xaxado (segundo Dominguinhos, Gonzaga foi o maior dançador de xaxado que ele viu). Bem, então, todos tiraram a roupa e ensaiaram por quase três horas. Ensaiavam, tomavam banho, ensaiavam e novamente tomavam banho! Palavras de seu Luiz:

“O ensaio foi com todo mundo pelado. Expliquei que Juraci ficava com o zabumba e Osvaldo com o triângulo, e ensinei o ritmo a eles: ‘Olha, vocês vão andando, andando, andando até cansar, mas vão fazendo o passo certo no ritmo. Depois com os instrumentos, andando, andando, andando e tocando, no passo certo do ritmo’.

Em 1952, Gonzaga havia se afastado de Zé Dantas em função de problemas havidos com a parceria entre os dois e Humberto Teixeira tinha se tornado deputado federal, de maneira que Luiz teve de recorrer ao maestro Hervé Cordovil que trabalhava em São Paulo para colocar letra em algumas de suas melodias: “Xaxado”, “Baião da Garoa” e o grande sucesso “A Vida do Viajante”. A primeira e a terceira faziam parte do roteiro musical apresentado naquela excursão e “A Vida do Viajante” ficou famosa justamente a partir daquela turnê, mas outro xaxado também, além de “Xaxado”, ganhou fama naqueles meses de viagens.

Voltando ao banho de cachoeira, os três esqueceram somente de um simples detalhe, e assim cometeram uma falha imperdoável perante os costumes dos habitantes daquelas bandas: quem vai tomar banho de cachoeira e se o banheiro é público, na cerca de palha seca que protege a cascata contra os espiões, o sujeito tem que colocar a roupa estendida com metade pro lado de fora, que é justamente pra dar a entender que o local está ocupado.

Nisso entra no enredo uma cabocla baiana do recôncavo que foi se aproximando da cachoeira também pra tomar seu banho, ao mesmo tempo em que ia escutando o som já harmonioso de um trio composto por sanfona, zabumba e triângulo. Imaginou que estivesse havendo uma festa no local, e foi pra lá espiar. Mulher é um bicho danado de curioso! Foi se chegando, se chegando, e por entre as palhas, de cócoras, resolveu dar uma “brechada”.

Para seu grande espanto viu três homens nus tocando seus instrumentos e dançando ao mesmo tempo! Mas quando ela olhou pro anão, quase caiu sentada: o anão tinha uma rola tão avantajada que o fazia se assemelhar a um jumento nordestino e, dançando, parecia que tinha uma cobra balançando entre as pernas, presa por uma das extremidades, mas querendo se soltar!

Mulher nordestina daquele tempo era criada pra ver só um homem nu em toda sua vida, justamente pra evitar certo tipo de desejo, pois cabôca nordestina é mulé de um homem só. Assustada, deu um grito tão danado que interrompeu o ensaio e desembestou feito uma égua com sede pelo sertão afora, gritando pelos santos protetores dos baianos: “valei-me meu São Bom Jesus da Lapa, ajudai-me meu Senhor do Bonfim, socorrei-me meu Santo Antônio de Jesus, livrai-me dessa visão do inferno!”, passando como uma bala pelo espantado motorista de Luiz Gonzaga que tinha vindo buscar o trio naquele exato momento.

Na noite de 23 de outubro de 1953, em Santo Antônio de Jesus/BA, Gonzaga estreou o novo conjunto com seus integrantes devidamente batizados: Cacau na zabumba, e no triângulo, o anão Xaxado. Um ano depois Gonzaga mudou o nome do anão pra Salário Mínimo. Numa excursão à região Norte, um recepcionista de um hotel disse que aquele músico era tão pequeno que mais parecia com o salário-mínimo do estado do Maranhão (naquela época o salário mínimo era diferenciado por região). Foi sem dúvida o mais carismático ritmista de Luiz Gonzaga. Deixou de trabalhar com ele porque também se danou a beber. Muito tempo depois, Salário Mínimo voltou a usar o nome artístico que lhe deu o Rei do Baião, Xaxado, e a trabalhar com ele no Forró Asa Branca, na Ilha do Governador/RJ (1972/1975). Cacau, a partir de 1957, passou a trabalhar com Marinês e Abdias formando o conjunto “Marinês e Sua Gente”. Luiz Gonzaga, em entrevista 34 anos depois, confirmou que o anão tinha uma “pra ti vai” fora dos padrões: aproximadamente meio metro!!! E olhe que todos os homens da família de Januário tinham a fama de ter a penca grande.

Nessa turnê de 1953 em que apareceu esse anão roludo, Luiz Gonzaga cantava uma música que viria tornar-se um dos seus grandes e inesquecíveis sucessos: “A Vida do Viajante”, lançada em disco de 78 RPM em novembro/53, dele e Hervé Cordovil. E o xaxado que também apresentava pelo Brasil afora, era um dos mais significativos do seu repertório: “Vamos Xaxear”, de Luiz Gonzaga e Geraldo Nascimento, gravado em agosto de 1952.

Para ouvir “A Vida do Viajante” com um solo de sanfona irresistível do Rei do Baião, basta clicar aqui.

Para escutar “Vamos Xaxear”, um xaxado que em cuja gravação estão presentes todos os ingredientes que dão sabor a esse ritmo gostoso, é só clicar aqui.

http://www.overmundo.com.br/banco/luiz-gonzaga-e-cem-o-anao-xaxado-e-a-turne-de-53

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Mas... o Gonzaga Não Morreu!...

Contribuição: Dona Dora Limeira

Eu nunca mais ouvi uma música de Zé Gonzaga, irmão de Gonzagão, que falava sobre o boato que correu o Brasil inteiro de que Gonzaga tinha morrido de acidente de carro.

Não me lembro bem da letra completa, mas era mais ou menos assim:


"Luiz Gonzaga não morreu
Nem a sanfona dele desapareceu
Seu astromóvi na virada se quebrou
Seu zabumba se amassou
Mas o Gonzaga não morreu.

E o Zequinha,
O famoso rei do passo,
quase que vira bagaço
com uma pancada no focinho
Coitadinho!...

Luiz, escuta esse baião!
Quem tá falando
Na sanfona é teu irmão
Tá esperando,
Todo o povo brasileiro,
O seu grande sanfoneiro
Com as cantigas do sertão!...

Contribuição: Dona Dora Limeira

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Jadilson Ferraz: De Bin Laden a Falcão

Por: Manoel Severo
Manoel Severo Aderbal Nogueira, Paulo Gastão e Antonio Vilela

Sem sombra de dúvidas, "quem o conhece já não o esquece mais"!!! Estamos falando do grande pernambucano, artista talentoso e empresário de sucesso, 

Jadilson Ferraz e a lembrança do primeiro Cariri Cangaço

Jadilson Ferraz, para alguns, no passado: Bin Landen e hoje: Falcão. Nos apresentado ainda no primeiro Cariri Cangaço, no ano de 2009 pelo confrade João de Sousa Lima, Jadilson Ferraz foi chegando com toda sua alegria e contagiante descontração e acabou se tornando um dos principais personagens do Cariri Cangaço.

 Jadilson Ferraz o outrora BinLaden do sertão, no Cariri Cangaço 2010 e 2011

Empresário do ramo de calçados, vestuário e mercado imobiliário o talentoso artista Jadilson Ferraz encanta não só pelos dons de poeta, compositor, músico e interprete, mas e acima de tudo encanta e conquista a todos por seu espetacular caráter.  Basta passar algum tempo e mesmo que seja pouco tempo, a seu lado, para descobrir o grande ser humano que é Jadilson.

Em nossas viagens pelo sertão, passou a ser parada obrigatória a sua amada cidade de Petrolândia; logo depois de Floresta e antes da divisa com Alagoas e Bahia. Ali Jadilson nasceu e mantem seus negócios empresariais. Ali Jadilson esbanja generosidade e talento cultural e ali Jadilson cumpre a sua mais espetacular Missão: Amar e cuidar como ninguém de seus pais e de toda sua família; que é grande ! Todos os que ele encontra no meio da rua, vai logo apresentando: "Severo esse aqui é um irmãozinho, aquele ali é um irmãozinho....etc etc etc". 

 
 Jadilson Ferraz e a caravana Cariri Cangaço em Petrolândia, Pernambuco.

Dentre seus novos empreendimentos está o Complexo Trupé Cultural, com museu, espaço para shows, exposições, além de bar e restaurante, localizado bem na orla de Petrolândia, abençoado pela brisa que vem do São Francisco. No Trupé Cultural Jadilson já mantem um pequeno museu das coisas e da vida de sua cidade Petrolândia, mas também quer levar para lá as coisas do cangaço, para isso conta com o apoio das famílias locais e o comprometimento de muitos colaboradores.

Jadilson Ferraz, Manoel Severo e Juliana Ischiara no Trupé Cultural
 Ingrid Rebouças e Pedro Barbosa em visita ao acervo de vinil do músico Jadilson Ferraz

Jadilson Ferraz é desses seres humanos especiais; gente do bem, que constrói o dia a dia com base no trabalho, na retidão, e confiança nas pessoas, Jadilson Ferraz é mais uma especial presença confirmada para o Cariri Cangaço 2013.

Manoel Severo

http://cariricangaco.blogspot.com
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NA ROTA DO CANGAÇO, TURISTAS FAZEM O TRAJETO DA VOLANTE QUE MATOU LAMPIÃO

Publicado em 10/09/2013 por Rostand Medeiros

Fonte – G1 – Autor – Waldson Costa, do G1 Alagoas – O jornalista viajou a convite da Secretaria de Estado do Turismo.

Grota de Angico, local onde o grupo de Lampião foi emboscado, é marcado por uma cruz e placa com o nome dos cangaceiros mortos (Foto: Waldson Costa/G1)
Grota de Angico, local onde o grupo de Lampião foi emboscado, é marcado por uma cruz e placa com o nome dos cangaceiros mortos (Foto: Waldson Costa/G1)

Passeio tem navegação de catamarã pelo rio e trilha pela caatinga. Roteiro expõe aos visitantes belezas naturais e históricas do Nordeste.

Na Rota do Cangaço, em Alagoas, a história do bando de Lampião e Maria Bonita é contado por guias vestidos de cangaceiros, que conduzem os visitantes até a Grota de Angico, local que foi ponto do massacre que deu fim ao mais famoso clã de cangaceiros do país.

A reportagem do G1 apresenta um roteiro turístico que começa em Piranhas, cidade histórica de Alagoas tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional.

Capela é um dos atrativos no trajeto pelo rio até o povoado de Entremontes (Foto: Waldson Costa/G1)
Capela é um dos atrativos no trajeto pelo rio até o povoado de Entremontes (Foto: Waldson Costa/G1)

Segue pela Rota do Cangaço, percorrendo a trilha que a volante militar fez em busca do bando de Lampião e Maria Bonita, até a Grota do Angico, onde parte do grupo foi morto, para depois desvendar parte das belezas dos Cânions do São Francisco e um pouco da arte e dos sabores do Sertão.

Prainha no São Francisco é um dos atrativos do Cangaço Eco Park para quem deseja relaxar após a trilha (Foto: Waldson Costa/G1)
Prainha no São Francisco é um dos atrativos do Cangaço Eco Park para quem deseja relaxar após a trilha (Foto: Waldson Costa/G1)

O ponto de partida para esta aventura é o cais de Piranhas. Lá, o visitante embarca em um dos catamarãs que seguem em navegação pelas águas do Rio São Francisco até o município de Poço Redondo, em Sergipe. O percurso é feito ao som do típico forró nordestino e das histórias e ‘causos’ do cangaço relatados pelos guias.

A navegação pelo rio dura em média 30 minutos, tempo suficiente para o visitante contemplar a exuberância do ‘Velho Chico’ e todo o cenário proporcionado pelos morros de paredões rochosos cobertos pela vegetação da caatinga. Entre um trecho e outro, o cotidiano dos ribeirinhos é revelado entre o vai e vem das pequenas embarcações que circulam com famílias ou pescadores que tiram o sustento do rio.

Vestido com roupas do cangaço, Francisco Rodrigues, recebe grupo em receptivo localizado na praia da Forquilha (Foto: Waldson Costa/G1)
Vestido com roupas do cangaço, Francisco Rodrigues, recebe grupo em receptivo localizado na praia da Forquilha (Foto: Waldson Costa/G1)

Duas empresas de turismo receptivo oferecem o passeio em Piranhas. Uma delas é operada pelos familiares de Pedro Durval de Cândido, homem que dava suporte a Lampião na época do cangaço, mas que entregou o clã para a volante alagoana após ser torturado. Historiadores contam que os policiais desconfiaram da grande quantidade de mantimentos comprados em uma mercearia daquele município por Pedro Cândido. Ele foi capturado e forçado a dizer o local onde o bando se escondia.

Após atracar o catamarã na praia da Forquilha, o visitante chega a um local com estrutura rústica, porém agradável, com restaurante e lojinha, que contextualiza o cenário da caatinga. Deste ponto até a Grota de Angico são aproximadamente 700 metros por uma trilha estreita com vegetação bem preservada.

Grupo segue por trilha na vegetação de caatinga até a Grota do Angico (Foto: Waldson Costa/G1)
Grupo segue por trilha na vegetação de caatinga até a Grota do Angico (Foto: Waldson Costa/G1)

No trajeto, há pontos para descanso e muitos relatos sobre o que ocorreu no dia 27 de julho de 1938, data em que 13 cangaceiros do bando foram emboscados, mortos e decapitados. “Esta trilha que é feita hoje pelos turistas é exatamente a mesma que a volante fez na época para chegar até o bando de Lampião. Mantivemos a originalidade em cada passo do percurso para recontar a história”, diz Francisco Rodrigues, que é sobrinho-neto de Pedro Cândido.

Após a trilha, o visitante permanece no restaurante Angicos onde pode desfrutar do banho no Rio São Francisco e das iguarias bem peculiares do Sertão, como a farofa cangaceira, geleia de xique-xique (cactos), doce de coroa do frade e da bala de doce de leite, conhecida como a ‘bala que matou Lampião’.

Grota de Angico, local onde o grupo de Lampião foi emboscado, é marcado por uma cruz e placa com o nome dos cangaceiros mortos (Foto: Waldson Costa/G1)

Grota de Angico, local onde o grupo de Lampião foi emboscado, é marcado por uma cruz e placa com o nome dos cangaceiros mortos (Foto: Waldson Costa/G1)

Com proposta similar, o Cangaço Eco Parque, que também possui estrutura às margens do São Francisco, tem restaurante, tendas para relaxamento, ampla área livre para apresentações culturais e banho de rio, além do passeio de catamarã e da trilha até a Grota do Angico, em um trajeto mais longo, de aproximadamente 1,5 km, expande o roteiro com uma parada no povoado de Entremontes, distrito de Piranhas.

O sucesso de Entremontes, além do charme dos casarios históricos, se dá por conta da habilidade das mulheres que transformam linhas em bordados de redendê e ponto-cruz.

Na Grota de Angico, grupo ouve explicação de guia sobre as emboscadas feitas contra o bando de Lampião (Foto: Waldson Costa/G1)
Na Grota de Angico, grupo ouve explicação de guia sobre as emboscadas feitas contra o bando de Lampião (Foto: Waldson Costa/G1)

Arte e tradição que chamaram a atenção de estilistas nacionais e internacionais, e que compôs até mesmo o enxoval do Papa Francisco, quando ele esteve no Brasil.

Custos

As duas empresas que operam o passeio, que oferece acessibilidade para crianças, jovens, adultos e até idosos, cobram valor tabelado de R$ 50 por pessoa. No restaurante Angico, o valor inclui a navegação pelo rio, ficando como opcional a trilha, onde é cobrada uma taxa de R$ 5 que é destinada ao guia. No local, que oferece almoço, também opcional, o tempo de permanência é de aproximadamente 3 horas.

Cais do povoado de Entremontes possui uma bela vista para o rio São Francisco (Foto: Waldson Costa/G1) 
Cais do povoado de Entremontes possui uma bela vista para o rio São Francisco (Foto: Waldson Costa/G1)

Já no restaurante Eco Park, o passeio de barco é estendido até o povoado de Entremontes, com parada de 20 minutos para visitação e compra de artesanato. No receptivo, o almoço também é opcional. Já a trilha até a Grota do Angico, com percurso maior e que não é considerado o trajeto oficial dos livros de história, é gratuita. O tempo de permanência também é de aproximadamente 3 horas.

Fonte – G1 – Autor – Waldson Costa, do G1 Alagoas – O jornalista viajou a convite da Secretaria de Estado do Turismo.

Extraído do blog Tok de Histórias do historiógrafo e pesquisador do cangaço Rostand Medeiros

http://tokdehistoria.wordpress.com/
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A DOIDA

Por: Rangel Alves da Costa(*)
Rangel Alves da Costa

 A DOIDA

Todo mundo dava ela por sadia, boa do juízo, pessoa normal. Todo mundo não, pois muita gente, ainda que não falasse mais que o devido, sabia muito bem que ela não batia bem da bola, era adoidada.

Mas não doida completamente, daquelas que de vez em quando tem de ser trancada ou, por conta do desajuizamento, se esconde feito bicho. Era, na verdade, mais maluca por dentro do que por fora.

Pela aparência, dificilmente alguém poderia desconfiar. Vestia-se como uma moça qualquer, falava normalmente, penteava o cabelo, passava batom e usava perfume, agia sem desvarios.

Mas nem sempre assim. De vez em quando se transformava totalmente. Amanhecia com aparência normal e de repente já se mostrava completamente insana. Então começava a fazer besteiras. E coisas de não se acreditar.


Assanhava os cabelos, retorcia a face, olhava com olhos de fera, não dizia coisa com coisa. Mas quando queria dizia cada uma de causar palpitação em quem ouvisse. E também saía às escondidas, ia encontrar com desconhecidos, sumia por dias e não dava nenhuma satisfação à família.

Ora, mas de que doida estou falando. De todas as doidas, de todas as doidices, de todas as maluquices da vida. Porque insana, varrida, de pedra, não é só aquela que tem problemas psiquiátricos, mas também aquela cujas ações são ainda piores.

Diante da doida social, familiar, a desmiolada ou maluca do juízo é muito fácil de cuidar. Aquela faz besteira porque quer, pratica atos insanos por conta e vontade própria, e esta, coitada, é apenas uma vítima da mudança da lua, por exemplo.

A doida que com premeditação é muito mais perigosa que a outra vítima de um estado mental desequilibrado. Esta, naqueles instantes de crise, tem pouca ou nenhuma consciência do que faz. Desconhece a família ou um amigo porque sua realidade é completamente confundida pela insanidade.
Mas a outra doida não, a outra louca não. Age por sem-vergonhice pura, comete insanidades porque deixa se envolver com o que não presta. Ou continua no seu hospício porque talvez ache bonito destruir-se a si própria e à família.

Que bom se a louca consciente se mirasse na loucura da doida psicótica. O comportamento desta, assim que a crise lhe acomete com mais voracidade, é perfeitamente compreendido por todos que a conhece. Diferentemente ocorre com a doida social. Esta causa uma profunda estranheza, e sempre acompanhada de revolta e indignação.

A doidice da verdadeira doida é permeada pelas mesmas atitudes, com mais ou menos afetação. Sente a lua cheia chegar, se enche de pavor, passa de um estado de êxtase para um de silêncio e retraimento. Mas em seguida passa a fazer o que um afetado mental faz.

Grita chamando a lua, quer voar até lá, se põe à janela em agonia. Ora está demasiadamente sorridente ora está em prantos; provoca diálogos desconexos consigo mesma; se veste e se desnuda, se pinta, se lambuza, tem um brilho diferente no olhar.


Senta na pedra quente e ali fica por muito tempo; faz careta pra quem passar, enche as mãos de pedras ameaçadoras; não sente sono nem fome. De vez em quando experimenta um pouco de terra. É rainha e tem um castelo, e valseia pelo imenso salão da impiedosa loucura.

Mas a outra, como afirmado, pauta sua loucura por desvarios na vida, por atitudes reprováveis para uma pessoa consciente, por ilusões e fantasias que acabam colocando em perigo sua própria condição humana.

Esta é louca, completamente louca, mas sempre louca para fazer o que não presta, para viver em más companhias, para viver no passo das drogas, para se esbaldar de balada em balada, para ser de qualquer um, para enlamear sua idade e seu futuro. Mas o pior é que também vai enlouquecendo a família.

Doida por doida, só há uma doidice que justifique a distorção comportamental. Uma ama e teme a lua, a outra se entrega aos braços da rua. Só que uma é filha desse inconsciente mistério; enquanto a outra é filha do seu próprio erro.

Rangel Alves da Costa, nascido em 1963, é natural de Poço Redondo, no Alto Sertão Sergipano do São Francisco. É advogado e escritor, e reside em Aracaju. Já publicou os seguintes livros: Estórias dos Quatro Ventos (crônicas), Memória Cativa – O Sertão em Prosa e Verso, Sertão - Poesia e Prosa, Tempestade (romance), Ilha das Flores (romance), Evangelho Segundo a Solidão (romance), Desconhecidos (romance), Todo Inverso (poesias), Já Outono (poesias), Poesia Artesã (poesias), Andante (poesias), O Livro das Palavras Tristes (crônicas), Crônicas Sertanejas (crônicas), Crônicas de Sol Chovendo (crônicas), Três Contos de Avoar (contos), A Solidão e a Árvore e outros contos (contos), Poço Redondo – Relatos Sobre o Refúgio do Sol, Da Arte da Sobrevivência no Sertão, Estudos Para Cordel (prosa rimada sobre o cordel). Participou também da coletânea Gandavos - Contando outras histórias. Possui outros livros prontos para publicação, dentre os quais Nas mãos de Deus: um romance de injustiça e Entre a Ficção e a História - O Cangaço Imaginário. Colabora com artigos para o Jornal do Dia, de Aracaju. Diversos sites também publicam seus textos.


Poeta e cronista
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