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terça-feira, 31 de julho de 2012

Filme completo - O cangaceiro Trapalhão



Um filme brasileiro de 1983 do grupo de comediantes brasileiros "Os Trapalhões". Inspirado na história do cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva.

Severino do Quixadá, (Renato Aaragão) pastor de cabras, salva Capitão (Nelson Xavier) e seu bando de cangaceiros de uma emboscada do tenente Bezerra. Na confusão, os amigos Mussum e Zacharias fogem da cadeia e todos se encontram no esconderijo dos cangaceiros, onde Gavião (Dedé Santana) é homem de confiança do chefe.

Observando sua semelhança com Severino, Capitão lhe dá uma missão, que acaba revelando-se uma emboscada. Com a ajuda de Aninha, (Regina Duarte) sobrinha do prefeito, conseguem fugir e, no caminho, encontram uma misteriosa bruxa-fada...
In Wikipedia


Açude em que pesquei: Painelbinaton's channel/YouTube
lampiaoaceso.blogspot.com
blogdomendesemendes.blogspot.com

Teria João Bezerra enviado sacos de balas para Lampião?

Por: José Mendes Pereira

Após a morte de Lampião, apareceram dezenas e mais dezenas de histórias que não foram reconhecidas pelos remanescentes do rei do cangaço, e agora que os últimos cangaceiros já passaram dos noventa anos, jamais serão analisadas como fatos verdadeiros.

O José Geraldo Aguiar, já falecido, escreveu um livro, "Lampião, o invencível", afirmando que Lampião escapou da chacina da Grota de  Angico,
na madrugada de 28 de Julho de 1938, fugindo para Minas Gerais, onde lá se estabeleceu, e que só veio a falecer acima dos 80 anos.

Assista este vídeo, para conhecer o depoimento que o cangaceiro Candeeiro cedeu ao cineasta

Aderbal Nogueira, sobre a reunião que Lampião fez com os cangaceiros, na noite que antecedeu à chacina de Angico.

"Ele queria ir para Minas..."

A pesquisadora do cangaço e sócia da SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço, Juliana Ischiara, diz em um dos seus artigos (lembrando ao leitor, que ela diz o que falou Durval Rosa),
"-que segundo Durval Rosa, Pedro de Cândido, seu irmão, teria levado dois sacos de munição a Lampião a mando de João Bezerra. E continua: "-O comum, ao lermos esta afirmativa feita por Durval, é nos perguntarmos: Porque Bezerra municiaria Lampião se combateria com ele no dia seguinte?" 
Outros afirmam que João Bezerra da Silva, o matador do rei do cangaço e sua rainha Maria Bonita, jogava cartas no coito dos cangaceiros, juntamente com Lampião. 
Já o juiz aposentado Pedro Morais, aparece no cenário do cangaço publicando um livro "Lampião o Mata Sete" onde afirma que Lampião era gay, Maria Bonita adúltera e o cangaceiro Luiz Pedro seria o verdadeiro gostosão dos reis do cangaço. 
Mas esta última, denegrindo mais ainda o nome do casal de cangaceiros, deveria ter sido escrita por um rude qualquer, não por uma autoridade que durante toda sua vida de juiz, combateu calúnias, até mesmo penalizando o caluniador.   
Como disse Juliana Ischiara em seu artigo: "O fato é que estas são perguntas difíceis de responder, dado ao simples fato de que todos aqueles poderiam falar ou falaram sobre isso, tiveram seus discursos desacreditados...Mais um mistério de Angico...".
Mas se Lampião estivesse vivo, ou mesmo tivesse deixado um filho ou sobrinho que resolvesse estas afirmativas mentirosas, teria alguém capaz de abrir a boca e dizer isto contra Lampião?
Mas se você, leitor, quiser conhecer as verdades sobre estas informações sem fundamentos, e sem pesquisas, procure adquirir o livro 

"LAMPIÃO CONTRA O MATA SETE", de autoria do Delegado de Polícia Civil - no Estado de Sergipe, escritor e pesquisador do cangaço,

Archimedes Marques, para você não ficar acreditando em histórias fundidas em calçadas, no intuito de fazer gracinha com o casal de cangaceiros.


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JOSÉ ALVES DOS SANTOS - SUPOSTO FILHO DE LAMPIÃO E MARIA BONITA

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Da família dos Ingrácias, um dos grandes coiteiros de Lampião foi João Ramos de Souza, o Joãozinho. Helena, filha do coiteiro, Lampião teve um caso com ela, e poucos dias depois, a moça apareceu grávida. 

Lampião para resguardar a honra da jovem, e não desmoralizar a família, que tanto lhe dava apoio, tomou uma rápida e sábia decisão: Pagou uma alta quantia a um rapaz, chamado Simão Alves dos Santos, para que ele casasse com Helena e assumisse a paternidade do filho do cangaceiro. 

Simão topou o acordo e assim foi feito, nascendo a criança no dia 13 de Agosto de 1930, sendo batizada com o nome de José Alves dos Santos. O parto foi realizado por dona Lídia, mãe do cangaceiro Zé Sereno.

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgCshvmPm-eoHn5IooyoTUDinOtCfm7jejsEOQDGpzln2gKP9_E2qzc1EzMqcrETc7S7Sd_7N2aSWf5iWLGTpRIRBGUKcg2o-JZjnlVqUdGKcONolMGLIurqLT9jvpLeE8b26Z26pwzLQ/s400/ZE_SER~1.JPG 
Zé Sereno à esquerda

Durante muito tempo, as conversas sobre esse caso foram mantidas em segredo, temendo a população que Lampião fosse sabedor que o fuxico havia se espalhado.

http://www.brasilescola.com/imagens/curiosidades/lampiao.jpg

Com esta informação, José Alves dos Santos é filho de Lampião e Helena, dispensando a maternidade de Maria Bonita. 

José Alves dos Santos tem todos os traços de Lampião, inclusive uma de suas comprovações, é cego do olho direito.

Adendo


Amigo leitor:

Infelizmente eu não tenho a fonte desta informação, pois faz um bom tempo que eu a adquiri num blog, e por infelicidade, não o encontrei mais, e o papel que eu havia copiado o conteúdo, foi estragada a parte que guardava a fonte. Mas não é criação, é uma informação com credibilidade. Não afirmo com segurança, mas me parece que é do escritor João de Sousa Lima, este que aparece na foto entre os dois senhores, sendo que o do lado direito é o José Alves dos Santos.
Desculpa-me!

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Rodolfo Fernandes de Oliveira combateu Lampião em Mossoró - Rio Grande do Norte


Apesar de ter sido o grande salvador da Pátria e defensor de Mossoró,  Rodolfo Fernandes de Oliveira não era mossoroense. Nasceu na cidade de Portalegre, também no Estado do Rio Grande do Norte.  Idealizador da resistência contra o bando de Lampião em Mossoró. 

Infelizmente existe um grande desprezo ao nosso herói. Um homem que arquitetou e convocou os mossoroenses para juntos combaterem Lampião e seu bando de cangaceiros, e o que se ver, na representação chuva de balas, é que está mais ligada à admiração pelos facínoras do que para o grande defensor. Rodolfo Fernandes faleceu no dia 16 de outubro de 1927.

O artigo abaixo foi escritor pelo jornalista, historiador e pesquisador do cangaço: Geraldo Maia do Nascimento


Em 24 de maio de 1872 nascia, em Portalegre (RN), Rodolfo Fernandes de Oliveira Martins, ex-comerciante e Prefeito de Mossoró.
               
Era ainda adolescente quando começou a trabalhar no comércio, na cidade de Pau dos Ferros. Posteriormente tomou um vapor e seguiu para o Amazonas, durante o período do primeiro ciclo da borracha, seguindo o caminho traçado por muitos outros nordestinos em busca de vida melhor. A viagem, por si, para uma região ainda selvagem, já demonstrava a bravura daquele jovem. Por sua inteligência e sagacidade, tornou-se chefe de grupos de seringueiros. Lá permaneceu por dois anos. Volta para o Rio Grande do Norte e vai trabalhar em Macau, que naquela época começava a despontar como grande produtora de sal marinho. Permaneceu por dois anos na Companhia Comércio, construindo salinas. Mudou-se para Mossoró aonde veio a consorciar-se em 1900 com Isaura Fernandes Pessoa, com quem teve quatro filhos: José, Julieta, Paulo e Raul, sendo, esse último, escritor, historiador e cientista de renome nacional. Trabalhou ainda na firma Tertuliano Fernandes&Cia, na construção de salinas, sendo o responsável pela implantação de motores a óleo, em substituição dos velhos e antiquados cata-ventos de puxar água, o que permitia melhor aproveitamento das marés. Em 1918 estabeleceu-se por conta própria na indústria salineira. Era a recompensa pela sua dedicação ao trabalho.
               
Numa cidade como Mossoró daquela época, um jovem empreendedor como Rodolfo Fernandes não podia ficar fora da política. Sai candidato e se elege Prefeito de Mossoró para o período administrativo de 1926 a 1928. E como Prefeito implantou um ritmo novo na administração municipal: calçou ruas, cuidou das praças, providenciou a planta topográfica da cidade, fincou marcos na área urbana, delimitando as avenidas e as ruas, planejou e aumentou a cidadela de Souza Machado, como escreveu um dia o historiador Vingt-un Rosado. Foi um grande administrador para Mossoró.
               
Naquela época a região Nordeste vivia momentos de intranqüilidades com a presença de grupos de cangaceiros roubando, matando e causando pânico por onde passavam. As cidades viviam a mercê dos bandoleiros, já que a presença de força pública era insignificante. Em 1927, no segundo ano do seu mandato, Rodolfo tomou conhecimento de que um grande grupo de cangaceiros estava planejando invadir Mossoró. À frente dos cangaceiros estava o famigerado Lampião, terror dos sertões. Era mister tomar providências rápidas. Um boato dessa monta não podia ser desprezado. Buscou, então, ajuda do Governo Estadual, pedindo reforço de tropa e armas. A resposta foi negativa. O Estado não podia ajudar. Restava, portanto, convocar o povo para uma guerra santa. Guerra civil, com a participação mínima de militares. Mossoró tinha muito a perder, se o ataque acontecesse. A cidade era rica, com uma agencia do Banco do Brasil, fábricas de óleo e de beneficiamento de algodão, um comércio que tinha influência não só no Oeste potiguar, como também em parte dos Estados do Ceará e da Paraíba. Tinham que resistir. Com paciência e humildade ganhou a confiança dos mossoroenses e tornou-se comandante das tropas de defesa.
               
Em 13 de junho de 1927 aconteceu o que já era esperado: Os cangaceiros atacaram a cidade. Foram rechaçados; viva a Mossoró! Viva ao Prefeito Rodolfo Fernandes.
               
Mas Rodolfo, tão forte e tão bravo na defesa de sua cidadela, era um homem doente. E o esforço com a batalha foi muito grande para ele. Morreu no dia 11 de outubro de 1927, na capital da República, para onde tinha sido levado logo que seu estado clínico agravou. Partiu sem terminar o seu mandato de Prefeito. Deixou como legado um exemplo a ser seguido pelas gerações futuras.
              
A cidade reconheceu o seu valor e demonstrou o amor que tinha pelo seu Prefeito, denominando de Rodolfo Fernandes a antiga Praça 6 de Janeiro, localizada no coração de Mossoró.

Todos os direitos reservados

É permitida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de
comunicação, eletrônico ou impresso, desde que citada a fonte e o autor.
Autor:
Jornalista Geraldo Maia do Nascimento
Fontes:
Transcrito na coluna GERALDO MAIA, no jornal O MOSSOROENSE, edição do dia seis de junho de 2001-quarta feira.
http://oestenewsblog.blogspot.com.br/2009/04/rodolfo-fernandes.html 

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Convite - 8ª Feira do Livro de Mossoró

O maior evento literário do RN

www.feiradolivrodemossoro.com.br

Dia 8 de Agosto de 2012, às 9;00 h da manhã, acontecerá a abertura da 8a. feira do livro de Mossoró, no Expocenter. A festa cultural será de 8 a 12 de Agosto, e contará com oficinas, palestras, bate papos com autores e diversas atrações literárias. Você é o nosso convidado.Participe!

Olá a tod@s,
envio o convite da abertura oficial da 8ª Feira do Livro de Mossoró.

Atenciosamente,
Bethânia Lima

Enviado por Kidelmir Dantas

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Hoje tem lançamento no Ceará


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Virgínio Fortunato da Silva - o cangaceiro Moderno

Virgínio é o número 2

Virgínio Fortunato da Silva - o cangaceiro Moderno, era natural do Rio Grande do Norte  e nasceu no ano de 1903. Segundo o pesquisador Franklin Jorge, há suspeita, não comprovada, que Virgínio era da cidade de Alexandria. Foi assassinado em combate no ano de 1936. 

Moreno e Durvalina

Após a sua morte, o seu subgrupo passou a ser comandado pelo cangaceiro Moreno. Este, ficou sendo companheiro da Durvalina, que antes era companheira do Virgínio.
Antes da sua  entrada no cangaço Virgínio era casado com uma irmã do capitão Lampião. Virgínio era educado, comedido, pouco falante. Foi o capador oficial do bando de cangaceiros até os seus últimos dias de vida. 

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LAMPIÃO, MOSSORÓ E O VASO DE GUERRA

Por: Clerisvaldo B. Chagas, Crônica Nº 831
Clerisvaldo B. Chagas

LAMPIÃO, MOSSORÓ E O VASO DE GUERRA
Clerisvaldo B. Chagas, 30 de julho de 2012.
Crônica Nº 831

Vapor de guerra Minas Gerais. (Fonte: Wikipédia).

Apesar de ser mestre em estratégia armada nas caatingas, Virgolino Ferreira da Silva também cometia suas “barbeiragens”. Foi derrotado em combate inúmeras vezes, tanto ganhava quanto perdia. Quando mandou buscar dinheiro em Pão de Açúcar, Alagoas recebeu o recado daquela gente de sangue no olho, que “se quisesse tirar raça de valente mandasse sua mãe para lá”. Engoliu a resposta com casca e tudo e se foi vingar no miserável e indefeso povoado Meirus, no mesmo município. Quando mandou portador a Mata Grande, Alagoas, querendo o “joão-da-cruz” do comércio, ouviu do mesmo portador: “Dinheiro tinha à vontade, ele mesmo fosse buscar que o povo estava com muita saudade dele e queria abraçá-lo”. E nesse abraço o valentão não passou da primeira rua da cidade. Para assaltar a baronesa de Matinha de Água Branca, fez como qualquer ladrão faz, pulando o muro da casa madrugada para levar o alheio. Descoberta a trama, um grupo de comerciários e o delegado o puseram em fuga. O povo cantou:

“Lampião quando correu
Da cidade de Matinha
Foi no chouto americano
No galope almofadinha”

Na sua marcha a Mossoró, primeiro cometeu o grande erro de atacar uma cidade daquele porte, indo na conversa e interesse de outro bandido. Depois, inúmeros outros erros bufas, notadamente na ida e, na retirada foi um desastre. Mas, dizem que todo homem feliz é generoso e certo dia o tal capitão estava de bolso cheio, portanto de bom humor. Segundo Valdemar de Souza Lima, deparou-se com o representante da firma Alves de Brito & Cia., no seu automóvel, simpatizou com o mesmo e puxou conversa. O caixeiro-viajante Manoel Campos, como homem bom de convencimento, explicava, a pedido, como era a vida de vendedor.



Enquanto entusiasmava Lampião, sem saber como terminaria a conversa, conseguiu a admiração do chefe de bando falando do “Minas Gerais” ─ o vaso de Guerra capitânia da nossa esquadra. Descreveu todo seu tamanho, a blindagem o poder de fogo, a quantidade de canhões e que bastaria uma só descarga do bicho para destruir o palácio do Presidente da República. Lampião ouvia aquilo tudo babando de inveja e de euforia porque o caixeiro sabia pintar a cena colorida. E assim que o ladino e labioso palestrante fez pausa para respirar, Lampião, tomado de súbita alegria e saudosismo, exclamou, pondo a mão no ombro de Manoel Campos: “rapaz, mal empregado eu não ter podido pegar um vapor de guerra assim, porque Mossoró nas minhas unhas não tinha dado um cardo”.
Já pensou, amigo, numa peitica para ninguém botar defeito entre LAMPIÃO, MOSSORÓ E O VASO DE GUERRA!

segunda-feira, 30 de julho de 2012

ARCHIMEDES ABSOLVE LAMPIÃO (SOBRE O LIVRO LAMPIÃO CONTRA O MATA SETE)

Por: Severino Coelho Viana


O livro "LAMPIÃO CONTRA O MATA SETE", de autoria de Archimedes Marques, nós consideramos a contrariedade do libelo-acusatório ao livro "LAMPIÃO " O MATA SETE", de autoria de Pedro de Morais. Se tivéssemos a oportunidade de participar de um julgamento, fundamentado nas provas concretas constantes nos autos, nós absolveríamos o livro "LAMPIÃO CONTRA O MATA SETE", pelo o conteúdo irrefutável, e, por via de consequência, condenaríamos o livro "LAMPIÃO " O MATA SETE", que se baseou tão somente em vagos indícios orais, na visão do autor e que lhe foram revelados por fontes frágeis de uma sustentação plausível. 


O escritor Archimedes Marques usou uma linguagem corrente de fácil compreensão. Além dessa linguagem de cunho jornalístico transformou em palavras eloquentes porque soam a verdade dos fatos. Rebuscou o aprofundamento na verdade histórica com o devido cuidado de citar a fonte de onde retirou a informação. Não emitiu juízo de valor porque tinha material suficiente para provar e comprovar a sua verdade. Mostrou ser um pesquisador obstinado, um zeloso pelo manancial abundante do cangaço, e, sobretudo, um relator que usa a decência para expor o fato com a naturalidade dos acontecimentos chegando repetir a lição com o reforço da pergunta nas suas justificativas. Não se apegou a pequenez, nem distorceu o conteúdo, nem tampouco contrariou a história, simplesmente, foi verdadeiro. Por seu turno, as linhas tortuosas do livro o "LAMPIÃO " O MATA SETE", infelizmente, o autor esqueceu o rumo da história do cangaceirismo, de modo diverso, tentou contrariá-la, afastou o seu roteiro, escondeu os caminhos claros e andou pelas veredas. Trouxe um conteúdo que não interessa a ninguém, muito menos aos amantes, pesquisadores, curiosos da história do cangaço no Nordeste brasileiro. É patente a premeditação do enredo em busca do ataque. A partir do primeiro capítulo e quando chegou ao último capítulo à emissão de juízo de valor subjetivo pelo autor fluiu de forma exacerbada que faz os pelos do leitor se arrepiar a ponto do tamanho do sobressalto e cair no campo da indignação.

O nosso entendimento sobre a história do cangaço, percebemos que a sua existência verificou-se entre o final do século XIX e começo do XX quando surgiram, no Nordeste brasileiro, grupos de homens armados conhecidos como cangaceiros. Estes grupos apareceram em função, principalmente, das péssimas condições sociais da região nordestina. O latifúndio, que concentrava terra e renda nas mãos dos fazendeiros, deixava às margens da sociedade a maioria da população. Desde o século XVIII, com o deslocamento do centro dinâmico da economia para o sul do Brasil, as desigualdades sociais do Nordeste se agravaram. Entretanto, no sertão, onde predominava a pecuária, consolidou-se uma forma peculiar de relação entre grandes proprietários e seus vaqueiros. Entre eles, estabeleceram-se laços de compadrio (tornavam-se compadres), cuja base era a relação de fidelidade do vaqueiro ao fazendeiro, com este dando proteção em troca da disponibilidade daquele em defender, de armas nas mãos, os interesses do seu patrão. Os conflitos eram constantes, devido à imprecisão dos limites geográficos entre as fazendas e às rivalidades políticas, transformadas em verdadeiras guerra entre poderosas famílias. Cada uma destas fazia-se cercar de jagunços (capangas do senhor) e de cabras (trabalhadores que ajudavam na defesa ), formando verdadeiros exércitos particulares. Nos últimos anos do Império, depois da grande seca de 1877-1879, com o agravamento da miséria e da violência, começaram a surgir os primeiros bandos armados independentes do controle dos grandes fazendeiros. Por essa época ficaram famosos os bandos de Inocêncio Vermelho e de João Calangro. Contudo, somente na República o cangaço ganhou a forma conhecida, com 


Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião. Que aterrorizou o nordeste de 1920 a 1938. Havia uma razão para esse fato. Com a proclamação da República em 1889, implantou-se no Brasil o regime federalista, que concedeu uma ampla autonomia às províncias, fortalecendo as oligarquias regionais. O poder dessas oligarquias regionais de coronéis se fortaleceu ainda mais com a política dos governadores iniciada por Campos Sales (1899-1902). O poder de cada coronel era medido pelo número de aliados que tinha e pelo tamanho de seu exército particular de jagunços. Esse fenômeno era comum em todo o Brasil, mas nos estados mais pobres, como Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte, os coronéis não eram suficientemente ricos e poderosos para impedir a formação de bandos armados independentes. Foi nesse ambiente que nasceu e prosperou o bando de Lampião, por volta de 1920, coincidindo o seu surgimento com a crise da República Velha. Depois da morte de Lampião, em 1938, nenhum outro bando veio ocupar.

Portanto, podemos entender o cangaço como um fenômeno social, caracterizado por atitudes violentas por parte dos cangaceiros. Estes, que andavam em bandos armados, espalhavam o medo pelo sertão nordestino. Promoviam saques a fazendas, atacavam comboios e chegavam a sequestrar fazendeiros para obtenção de resgates. Aqueles que respeitavam e acatavam as ordens dos cangaceiros não sofriam, pelo contrário, eram muitas vezes ajudados.

Esta atitude fez com que os cangaceiros fossem respeitados e até mesmo admirados por parte da população da época. O cangaceiro - um deles, em especial, LAMPIÃO tornou-se um personagem do imaginário nacional, ora caracterizado como uma espécie de Robin Hood, que roubava dos ricos para dar aos pobres, ora caracterizado como uma figura pré-revolucionária, que questionava e subvertia a ordem social de sua época e região. O nosso livro - "A VIDA DO CEL. ARRUDA CANGACEIRISMO E COLUNA PRESTES", que este teve já vários enfrentamentos com o bando de Lampião, nós contamos o fato da história do ferimento no calcanhar de Lampião que passamos a reproduzir: "Uma outra astúcia e habilidade de Lampião. Lampião vinha a cavalo com Antônio Ferreira, em dois cavalos meeiros, esquivadores, o Teófanes de Ferraz, o mesmo que prendeu Antônio Silvino, em Taquaratinga-PE, vinha com oitenta praças. Encontravam-se nos espigões das serras: Serra Pintada e Serra do Catolé. A força volante deu uma descarga e Lampião deitou-se no "santo Antônio da cela", e saiu atirando com o mosquetão para trás e recebeu um balaço no calcanhar. Desse balaço, os cangaceiros fizeram um rancho no mato, na ponta da serra. Depois Cícero Costa visitou o Lampião. Tinham dezesseis cangaceiros. Lampião anda nu, da cintura para cima, de cueca, de quatro pés, não podia se firmar em pé, sendo tratado por um raizeiro, conhecido por Valões. O Teófanes tomou conhecimento do rancho, voltou novamente e atacou o rancho. Não o cercou porque não tinha lugar disponível para o cerco. Nesse tiroteio morreram Cícero Costa, o Lavandeira, tendo os cangaceiros despitados, conduzindo nos braços Lampião e Antônio Ferreira. Adiante, quiseram deixar Antônio Ferreira, porque já quase morto com um balaço em cima do peito. Foi quando Lampião reagiu: __ Não, se deixar o meu irmão, eu prefiro ficar com ele e morrer com ele. Durante a noite tinha chovido muito e caiu um grande pau de angico enramado. Imediatamente Lampião sugeriu: __ Vocês me deixem aqui debaixo desse angico e saiam deixando vestígio.

Ora, o plano fora um feito admirável. A força volante saiu atirando atrás, passou por cima dos galhos de angico com Lampião embaixo. Os cangaceiros levaram Antônio Ferreira. No dia seguinte, Lampião com sede e com fome, vinha um vaqueiro puxando uma vaca. Uma vaca chocalhada, aboiando e Lampião começou a gritar. O vaqueiro aproximou-se. Era o vaqueiro João Menino, pertencente ao engenho Montevidéu. O Lampião mandou buscar leite. O João Menino veio e ele disse que fosse a Patos avisar a Marcolino. Patos se refere a Patos de Princesa, e não Patos Espinhara. Marcolino juntou sessenta homens e mandou buscar em redes, Lampião e Antônio Ferreira que se escondera em outro ponto. O Antônio Ferreira, apesar do ferimento mais grave, ficou bom, dentro de três meses já andava e conversava. Mas Lampião levou seis meses na casa de Luis Leão, sendo tratado por dois médicos. Luis Leão morava no sopé da Serra de Triunfo, casa grande, caiada, mas vivia em Princesa. Os médicos chamavam-se Dr. Severino Diniz e Dr. João Lúcio. Toda manhã o Sabino saia com uma bolsa de ferramenta, num burro e o Severiano a cavalo preto "estrela" e iam fazer os curativos de Lampião". (fls. 38/39). Nesse sentido - heroico/mitológico - o cangaço é precursor do banditismo que ocorre atualmente nos morros do Rio de Janeiro ou na periferia de São Paulo, onde chefes de quadrilhas também são considerados muitas vezes benfeitores das comunidades carentes. Outro livro de nossa autoria "O PODER DA CIDADANIA", assim explicávamos que o cangaço não acabou: "O antigo e autêntico cangaceiro nordestino caracterizava-se pela sua indumentária: roupa de cáqui, chapéu de couro, com as abas quebradas para cima, duas cartucheiras cruzadas no tórax e uma cercada nos quadris, um rifle, uma pistola, um facão afiado, um bornal, um par de sandálias de rabicho, cabelos puxados à brilhantina, cordão de ouro e o pescoço envolto de patuás e vivia no meio das caatingas ressecadas do sertão. Enquanto que o novo e moderno cangaceiro, que atua em todas as regiões, o distintivo é sua vestimenta de etiqueta, paletó, gravata, sapatos macios, relógio de marca, cabelos escovados, frequenta hotéis e restaurantes de cinco estrelas, mansões e palácios, gabinetes e escritórios notórios, utiliza celular, Internet e televisão, municiado de armas de fogo de alto potencial ofensivo, dinheiro depositado em contas secretas no exterior, desvios e gastos excessivos do dinheiro público. Mudou somente o perfil do cangaceiro da Antiguidade para o gangster da modernidade. A título de ilustração, trazemos à baila, com o fito de arregimentar o nosso artigo, comentários de pesquisadores na matéria e como analisaram o mundo do cangaceirismo": Na visão de Billy Jaynes Chandler:

"O cangaço era um fenômeno exclusivamente do sertão". "Sem encontrar garantia de proteção nem do patrão, nem do Estado, muitas dessas povoações do sertão se transformaram em verdadeiras selvas, onde cada um lutava pela sua sobrevivência. Parece, portanto, que o aparecimento do cangaço esteja intimamente ligado a este estado de desorganização social" ...

"Naquele tempo, a polícia era quase igual aos bandidos, e buscas como estas significavam a destruição quase total das casas e de seus conteúdos, além de maus-tratos aos seus habitantes1".(fls. 167/168). Parabéns! Archimedes Marques, o livro de sua autoria 


"LAMPIÃO CONTRA O MATA SETE", de forma resumida, mas autêntica, resgate toda a história verdadeira do cangaço no Nordeste brasileiro, que os grandes pesquisadores já haviam contado nos livros publicados anteriormente, no entanto, serve também como fonte ideal para os novos aprendizes questionarem este fenômeno social de sangue, suor e lágrimas. João Pessoa, 25 de julho de 2012.

Autor:   Severino Coelho Viana

Enviado pelo escritor do livro "Lampião Contra o Mata Sete", Delegado de Polícia Civil no Estado de Sergipe, e pesquisador do cangaço: Dr. Archimedes Marques

http://www.cangacoemfoco.jex.com.br/arte+cultura+do+cangaco/archimedes+absolve+lampiao+sobre+o+livro+lampiao+contra+o+mata+sete+

Antonio Conselheiro

Ruínas da Igreja velha de Santo Antonio

Antonio Vicente Mendes Maciel, o Antonio Conselheiro, nasceu em 1830, no sertão de Quixeramobim, Ceará. Seu pai foi um ex-vaqueiro, proprietário de uma bodega que queria vê-lo ordenado padre, por essa razão o menino teve acesso a uma instrução formal.

O sonho do sacerdócio, contudo, frustrou-se com o falecimento do pai, em 1855. O futuro conselheiro herdou o comércio e a responsabilidade de cuidar da família, mas acabou falindo, mergulhado em dívidas. 

Casou-se em 1857, sendo depois abandonado pela família. Exerceu as funções de professor, pedreiro, construtor, rábula e caixeiro – teria inclusive, como vendedor ambulante encontrado e acompanhado o Padre Ibiapina nas andanças pelos sertões. Residiu durante algum tempo em Santa Quitéria, onde conviveu maritalmente e teve um filho com Joana Imaginária, mulher mística e escultora de rústicas imagens sacras.

Por volta de 1873, aparece em Assaré-CE, já com a fama de beato, e com as notícias de suas peregrinações pelos Estados do Ceará, Bahia e Sergipe. Ganhou fama, prestigio e seguidores, e começou a ser chamado pela população de Antonio Conselheiro. Seus seguidores, gratuitamente, reconstruíam muros caídos de cemitérios, reforçavam paredes ameaçadas das igrejas, levantavam capelas, construíam pequenos açudes. Virou um homem respeitado no sertão, multidões se formavam para ouvir seus sermões: palavras otimistas, que previam um mundo melhor, feliz, mais próximo de Deus, longe da miséria.

Vista geral de Canudos, depois do massacre

Para as classes dominantes, no entanto, Antonio Conselheiro era um charlatão louco, e estaria desviando as pessoas das atividades produtivas.

Em 1893, Conselheiro e seus seguidores se fixaram numa velha fazenda abandonada do norte da Bahia, às margens do rio Vasa-barris. O beato batizou o lugar de arraial do Belo Monte, embora ficasse conhecido por Canudos. 

Ante o quadro de secas, fome, doenças e exploração vigente no sertão nordestino, o Arraial do Belo Monte tornou-se uma espécie de terra prometida para os pobres da região. 

Em pouco tempo o Arraial assumiu dimensões extraordinárias, há quem estime sua população em 30 mil habitantes. Era um ambiente rústico e pobre, mas nos domínios do Conselheiro não existia fome e reinava um espírito de solidariedade e cooperação. 

A maior parte do que era produzido era repartido entre os moradores. Essa comunidade alternativa, cooperativa, assustou os poderosos. Os latifundiários perdiam a mão-de-obra sertaneja. A igreja católica perdia os seus fiéis.

 

Por outro lado, era evidente que o Conselheiro pregava contra a república, estimulando a que não se lhe pagassem tributos e até espantasse os funcionários que representavam a justiça e o casamento civil. Canudos assemelha-se às incontáveis comunidades rebeldes religiosas, lideradas por fanáticos, que reúnem ao seu redor uma multidão de fiéis aos quais é assegurada não só a salvação, mas a imortalidade.

Seguidores do Conselheiro prisioneiros 

Usando como argumento principal o fato de Antonio Conselheiro fazer críticas à república – cuja proclamação em 1889 não alterou em nada a penúria em que vivia grande parte do povo nordestino – as camadas dominantes exigiram a destruição do Arraial, o que acabou acontecendo depois de três expedições anteriores fracassarem na tentativa de acabar com o aglomerado.

Mesmo com o arraial cercado pelo exército, a população lutou até o fim. Umas 300 mulheres, velhos e crianças se renderam. Alguns homens sobreviventes foram degolados e os que resistiram até o fim foram mortos a golpes de baionetas na luta corpo-a-corpo que se travou dentro do arraial, no dia do assalto final, em 5 de outubro de 1897. 

Antônio Conselheiro, com a saúde fragilizada, morreu dias antes do último combate. Ao encontrarem seu corpo, deceparam sua cabeça e a enviaram para que estudassem as características do crânio de um louco fanático.

Pesquisa:
História do Ceará, de Airton Farias
A Guerra de Canudos e Sertões. Disponível em
http://educaterra.terra.com.br/voltaire/500br/canudos.htm
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Zé do Telhado


Zé do Telhado alcunha de José Teixeira da Silva, nasceu a 22 de Junho de 1818 na Aldeia de Castelões, comarca de Penafiel. 

Foi um famoso salteador Português do século dezanove e era chefe da quadrilha mais famosa do Marão. É conhecido por "roubar aos ricos para dar aos pobres" e por isso muitos consideram-no como o Robin Hood português. 
No dia 3 de Fevereiro de 1845 casou-se com sua prima Anna Lentina de Campos.

Zé do Telhado foi apanhado pelas autoridades em 31 de Março de 1859 quando tentava fugir para o Brasil, e preso na Cadeia da Relação , onde conhece Camilo Castelo Branco. 
Em 27 de Abril de 1861 foi condenado ao degredo, em África.

José Teixeira da Silva desembarcou em Luanda, seguindo para Malange, onde viveu cerca de um ano. 
Palmilhou cada légua das terras da Lunda. Fez-se negociante de borracha, cera e marfim. Casou-se com uma angolana, Conceição, de quem teve três filhos. Cresceu-lhe a barba, até ao umbigo. 

angola-africa.forum-ativo.com

Era, para os angolanos, o “quimuêzo” – homem de barbas grandes. 
Sepultado na aldeia de Xissa, a meia centena de quilómetros de Malange, o povo ergueu-lhe um mausoléu. Hoje, fazem-se romagens à campa do mito.

http://angola-africa.forum-ativo.com/t550p120-regiao-norte-tras-os-montes-minho-e-douro

UMA ESTÓRIA DO SERTÃO (Crônica)

Por: Rangel Alves da Costa(*)
Rangel Alves da Costa

Nos tempos mais antigos, idos em que o sertão era marcado pela força coronelista, pela arrogância jaguncista e pela submissão do autêntico e empobrecido sertanejo – sem esquecer, porém, da lutas cangaceiras que se travavam noutras veredas -, teve lugar um acontecimento que até hoje é relembrado debaixo dos pés de pau, em tardes de proseado.

E diz que certa feita o homem mais poderoso da região, o Coronel Querilânio Bonome, senhor de um mundão de terras que não acabava mais, fora bichos de monte e jagunços de rodo, deu uma cusparada na varanda do casarão e depois chamou um cabra para ordenar que fosse chamar o jagunço Tervino. E que o pistoleiro estivesse ali antes que aquele cuspe secasse. E apontou.

Em menos de dois minutos o mais famoso dos jagunços estava na presença de seu patrão, fazendo reverência com o chapéu e dizendo que estava à ordem pro que desse e viesse. Antes de falar sobre o que realmente queria, o Coronel Bonome olhou para o local da cusparada e depois levantou o olho pra perguntar onde estava aquele que havia ido lhe dar o recado.


Sem saber nada do que se tratava, Tervino disse apenas que talvez ele tivesse ido tomar algum chá de planta medicinal, pois sem um pingo de sangue como estava e tremendo feito vara verde, só podia estar doente. E o coronel nem pensou duas vezes pra dizer:

“Quando vosmicê pisou aqui na varanda uma cusparada que dei havia acabado de secar. Gosto de castigar a quem não cumpre minhas ordens dentro do tempo acertado. E vosmicê chegou quando o cuspe já havia secado. Entonce o jeito que tem é mandar dar um jeito naquele cabra, e de um jeito que ele num cuspa nunca mais nessa vida. Entendeu o que quero dizer? Vosmicê tá encarregado de mandar outro cabra fazer o serviço, pois tenho outra missão que vai lhe ser mais fácil do que imagina...”.

O jagunço era homem perigoso demais, pau pra toda obra segundo o desejo do seu patrão, e por isso mesmo já havia tocaiado e derrubado mais de vinte, desde inimigo comum do coronel até desafetos poderosíssimos, da mesma patente coronelista sertaneja. Contudo, mesmo trazendo consigo essa sina de matador, fazia tudo pra não puxar o gatilho se antes de fazer a derrubada conhecesse um motivo injusto para uma morte tão medonha e covarde.

Por isso mesmo já tinha no pensamento que ia mandar o coitado marcado pra morrer pra bem longe dali, e depois dizia que o homem já tinha ido pro beleléu do mal repentinamente acometido. Mas isso ficaria pra depois, pois em seguida perguntou ao coronel o que pretendia que ele fizesse daquela vez. Coisa boa não seria, disso tinha certeza. E se pôs a ouvir a ordem da cobra velha, jaracuçu da pior espécie. E lhe chegaram as palavras:

“Vosmicê sabe muito bem que nunca fui homem de aguentar nem desaforo nem desfeita de ninguém, seja padre ou governador. E sabe também que quem atravessa o meu caminho tem de sair por bem ou por mal. Imagina vosmicê que já faz mais de vinte anos que não faço inimizade, não arrumo confusão nem mando derrubar ninguém por causa de terra. O último a se lascar foi o besta do Coronel Elesbão. E agora me surge uma coisa sem pé nem cabeça, coisa só pra tomar espaço no meu tempo. Não é coisa do outro mundo, é verdade o que vou dizer. Conhece João do Burro, aquele mesmo que tem uma filepinha de terra lá vizinha da minha Fazenda Taquara? Sei que conhece. Pois bem. Preciso ajuntar a nesga de terra dele com a minha e o cabra se nega a vender pelo preço que eu mandei oferecer. E diz que só aceita por dez vezes mais. O cabra safado deve ter enlouquecido. Como ele tem uma filha muito bonita, morena cheirosa, ainda cheia das purezas da mulher, então num queria que a bichinha ficasse sem pai. Mandei oferecer o dobro do oferecido e o safado mangou da cara do mensageiro. Então agora cabe a vosmicê, Tervino, cuidar do negócio. Mas agora não vou oferecer nada não. Tocaie o bicho, faça uma emboscada bem feita, e acerte bem na testa do bode velho. Quando o corpo for encontrado e a família empobrecida estiver chorosa, na precisão, apareça por lá e bote esse dinheiro aqui na mão da mocinha e diga quem lhe mandou como auxílio de entristecimento. E num esqueça de dizer a flor sertaneja quem tem muito mais desse aqui pra ela, bastando que ela queira...”.

O coronel falava numa tranquilidade de sacristão. Acendeu o cachimbo de fumo importado, entregou o maço de dinheiro na mão do jagunço e antes que este saísse ainda avisou: “Amanhã já quero esse trabalho feito. Já tô sentindo o cheiro da flor mimosa. Agora anda, vai, vai. E não esqueça de mandar matar também o outro que deixou o cuspe secar...”.


Antes de sair, Tervino prometeu que tudo seria feito segundo o determinado pelo patrão. Mas botou o pé do lado de fora da varanda meio acabrunhado com essa situação. Havia percebido que lhe havia sido repassada a responsabilidade por mais uma morte desnecessária, injusta, desumana, sem cabimento algum. Já estava na hora de o coronel saber que as coisas não eram mais assim como ele queria não, tudo na bala, no sangue, na morte, na covardia da emboscada. E geralmente de gente pobre e inocente.

Decidiu que não cumpriria a ordem recebida de jeito nenhum, até mesmo porque andava de olho caído por aquela mocinha que agora o coronel queria se intrometer. Se corresse até lá para contar sobre a encomenda da morte talvez a família ficasse agradecida e o recebesse para um café de vez em quando. Então seria a porta aberta para adentrar naquele coração agrestino. Mas antes de ir até lá resolveu fazer outra coisa não menos importante. E seria o fim daquela história toda de perseguição, tocaiagem, encomenda de cabeça de gente.

Correu até o rapazinho que também já estava marcado pra morrer, aquele mesmo do cuspe, contou-lhe a situação e fez uma surpreendente proposta. E era aceitar ou perder a vida. E disse ao quase morto que daria aquele pacotinho de dinheiro que o coronel havia mandado entregar a outra pessoa se ele fosse até a varanda do casarão e acertasse em cheio o cabrunquento do velho coronel. E entregou sua própria arma carregada e o dinheiro.


Cinco minutos depois ouviu o disparo. Correu até lá para contar tudo aos outros jagunços e acalmar a situação, afinal de contas já havia até passado o tempo de algum cabra valente prestar contas com o safado do velho mandante de pistolagem. Mas assim que chegou defronte ao casarão parou surpreendido.

De lá de dentro, tranquilamente e de arma na mão, saiu João do Burro, aquele mesmo pai da mocinha e que o coronel já havia encomendado sua morte. Sabendo que morreria a qualquer momento, se antecipou e reverteu a situação. O jagunço mandou que ele seguisse sem medo, que fosse embora cuidar da família. E depois entrou na varanda e deu uma cusparada por cima do coronel estrebuchado no chão.

(*)Poeta e cronista
e-mail: rac3478@hotmail.com
http://blograngel-sertao.blogspot.com.br/2012/07/uma-estoria-do-sertao-cronica.html



LONDRES 2012


Por: Clerisvaldo B. Chagas - Crônica Nº 829
Clerisvaldo B. Chagas

Enquanto muitos indivíduos vão levando seus países às guerras, surgem grandiosos exemplos de amizade entre as nações. Os sentimentos egoístas, mesquinhos e animalescos de cérebros doentios, parecem não enxergarem os belos matizes que ornamentam a paz. É como se as próprias forças do mal penetrassem no couro desses atrasados que agem como bestas sub-humanas nesse mundo ainda infelizmente tão primitivo. Apesar das inúmeras advertências do quase número total de religiões do mundo, muitos animais de duas pernas continuam se apoderando descaradamente de tudo que podem, esquecidos ou duvidando de que ninguém leva nada para o além. Quando não é a ambição do possuir, à custa de muito sofrimento alheio, é o rato que rói por dentro pelas rédeas de espinhos do poder. O que faz um homem entrar num cinema e matar os espectadores para ele desconhecidos? Por que o dirigente da Síria teima em matar seus compatriotas? Assim outros estão agindo no planeta. Com guerra ou sem guerra não querem largar o poder que possui a doçura da ilusão de mandar em outras criaturas e o uso da verba pública que não sacia nunca a voracidade da avareza.

Abertura dos jogos olímpicos. (Fonte: smn).

Felizmente surgem na marcação do calendário eventos importantíssimos para a humanidade como as Olimpíadas que oferecem o fantástico poder da amizade entre os povos. Londres teve a capacidade de levar para o seu território nada menos de que 204 nações. Todos os países estão ali representados, cada um com sua numerosa ou minúscula delegação, mas sentindo o prazer que não existe preço do abraço fraternal que o planeta Terra oferece aos seus habitantes. Calculamos que todos os países juntos comemorando o encontro seja o máximo a que a humanidade pode alcançar. E se esse titânico encontro fosse em comemoração à última guerra, ao último miserável, à última discriminação de cor do Globo, seria aplaudido até pelos que fazem os mundos superiores. Mas, dentro do que se pode fazer, está aí à festa bonita em meio a uma crise financeira que se arrasta pelos continentes ante a choradeira de quase todos. E como dissemos no início, o exemplo de fraternidade entre os homens não comovem os constantes troar de canhões em território Sírio e em outros lugares.
Aproveitemos, então, a parte boa e torçamos pelos nossos atletas que conduzem a bandeira da esperança. Pelos menos são essas lágrimas diferentes; surgidas das derrotas, passam como o vento; se brotam das vitórias, são dádivas para o Ego. Aplausos a LONDRES 2012.




domingo, 29 de julho de 2012

Reportagem de Laércio de Vasconcelos

Palavras de Dona Cyra Britto

“Eu nunca tive medo de nada, pois quando criança estava acostumada a me esconder no mato, fugindo dos cangaceiros que ameaçavam meu pai. Até que veio aquele dia em que meu marido, ajudado pelo


tenente Ferreira e o sargento Aniceto, encontrou Lampião na serra de Angico e o abateu inclusive Maria Bonita. Isso foi em 1938. Nós sabíamos que a família de Pedro de Cândida (Pedro de Cândido - segundo o escritor Alcino Alves da Costa), acoitava Lampião. Pedro ia sempre lá em casa, para colher informações e passá-las ao bandido. Certa vez, ele chegou, dizendo que Lampião estava para os lados Moxotó, em Pernambuco. Era mentira e Bezerra logo percebeu isso, e para despistar, meu marido foi com a tropa para cidade de Pedra. O sargento Aniceto ficou em Delmiro Gouveia, à espera de notícias. 

Depois de Bezerra partir, chegou um caboclo amigo nosso, contando que Lampião tinha sido visto perto de Angico. Imediatamente passei um telegrama para o meu marido e outro para Aniceto, em Delmiro Gouveia. Eles, imediatamente, dirigiram suas volantes para Piranhas, onde embarcaram em canoas pequenas, amarradas umas às outras com a finalidade de levar mais soldados. Quando Bezerra saiu à caça de Lampião, a noite estava enluarada e bonita. Senti muito medo, mas confiava em meu marido e na sua vitória. Fiquei ao lado de um soldado doente, até às quatro da madrugada. Ele acordou esperou  e me disse: Dona Cyra, o Capitão Bezerra entrou em combate. Estou ouvindo o tiroteio. A cidade entrou em polvorosa. Quando amanheceu, todo mundo assustou-se com o estampido de um tiro. Será que o bando de Lampião estava tão perto assim? Corri para fora de casa e soube então que um homem ao carregar uma arma disparou-a acidentalmente, ferindo a mulher. Fui à casa deles e encontrei a coitada quase morrendo, suplicando que não prendessem o marido. Depois, ela apagou. No meio daquela agonia, chegou um rapaz dizendo que vinha rio abaixo uma canoa cheia de homens. Pedi para ele ir até a margem do Rio São Francisco, para ver se Lampião havia fugido. Nesse caso, ele deveria voltar e avisar a gente na cidade. Se desse tempo, nós fugíamos. Fui para casa e fiquei esperando os acontecimentos. Já ouvia barulhos estranhos por toda cidade. Eram tiros e gritos. Eu não entendia nada daquilo. Mas pensava: “Se o rapaz não voltou, talvez Lampião o tivesse pegado e agora o bandido está entrando na cidade.”. Fui para a calçada da casa, à espera do pior. Um grupo de homens surgiu no fim da rua. Na frente deles, eu vi Bezerra, caminhando todo ensanguentado. Atrás vinham os seus soldados, trazendo cabeças seguras pelos cabelos. Foi o quadro mais horrível que presenciei na vida. Corri para dentro, apavorada, e me debrucei no berço da minha filha. Não conseguia tirar as mãos do rosto. Foi quando senti entrar gente no meu quarto. Era Bezerra. Ele disse: “Minha filha, venci. O Cego está morto. Venha ver”. Mas eu não tinha coragem de tirar as mãos do rosto. Bezerra insistia: “Você não quer ver? Olhe, eu estou ferido”.
Finalmente o bandido mais poderoso do Brasil foi morto na madrugada do dia 28 de Julho de 1938, na Grota de Angico, nas terra de Poço Redondo, no Estado de Sergipe.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com 

VIAGEM DE CONHECIMENTO!!!


As professoras: Terezinha Toscano (ciências), e Ilana (História), da Escola Estadual José Martins de Vasconcelos, em Mossoró, organizaram (aula passeio) no dia 02/06/2012, no Sítio Arqueológico de Soledade, em Apodi - Rio Grande do Norte.