Por NCastro
Depois de
algumas reformas administrativas no Brasil da época, aqui vamos falar um pouco
do que acontecia em Cabaceiras. Entre anos 1885 a 1900. Período em que foi
alterado o nome da sua sede municipal. Antes: Vila Federal de Cabaceiras (1835)
passou para denominação de: “Vila Cabaceiras (1885)”.
Só para
rememora as histórias, muito antes desse período já citado, Cabaceiras também
foi palco de outros movimentos de protestos. A exemplo da Confederação dos
Cariris, quando o Capitão Inácio de Barros Leira combateu os revoltosos. E
supostamente comandou um massacre em 1824, na região. Bem como na épocas dos
revoltosos dos “Quebra-quilos”, em 1874. Liderado por Manezinho ou Néco (Manoel
Barros) também da estirpe “Barros Leira de Cabaceiras”. Segundo as histórias
teria ele se tornado um fora das leis por ter se vingado do assassino de sua
mãe, em 1870. De acordo com as histórias narradas por Apolônia Barros, após
1874, Manezinho acompanhou um grupo de cangaceiros.
Durante esse
espaço de tempo (1885/1900), se ouvia falar em Cabaceiras de alguns movimentos
de revoltas no Brasil. Entre os quais, contra e a favor do Imperador D. Pedro
II. Em que protestos obrigavam na época ele ir embora do Brasil. E sem
resistência. Sem participação popular o Imperador foi deposto e banida toda
família real do país. E se aproveitando desse momento difícil, o Marechal
Deodoro da Fonseca proclamou a República do Brasil. E isto no dia 15 de
novembro de 1889. Se instalava no Brasil um Governo Provisório, com nova
administração. Mas cá pra nós, que administração? Em Cabaceiras nada mudou com
a chegada da República. Continuou o mesmo esquema administrativo regional. O
município comandado tradicionalmente pelos “donos dos poderes (“Barros Leira /
Pereira Castro(Tejo)”. Onde eles dominavam as repartições dos Poderes
Executivo, Legislativo e Judiciário. Pessoas com patentes de Alferes, Tenentes,
Coronéis, Major e Capitães.
Entre os
“donos dos poderes” se encontrava o Capitão Antônio de Barros Leira Júnior.
Presidente do Conselho Municipal. Função antes também executada pelo seu pai:
Capitão Antônio de Barros Leira Neto (1835 a 1853). Anexado a este domínio de
poder na região de Cabaceiras, também se encontrava o Coronel Manoel Melchiades
P. Tejo (Castro). Conservador moderado. Tendo esse assumido o comando geral
como chefe político do município. Passado pelas mãos do seu parente: Padre
Renovato Pereira de Castro (Tejo), em 1874. Mas acusado também pelo Capitão
Jovino Dinoá, de na época do cangaço ser um dos coiteiros de Antônio Silvino. O
Coronel Manoel Melchiades hoje, é considerado o maior líder político das
histórias de Cabaceiras. Vindo a deixar o comando após sua morte, em 1916.
Voltando ao
período citado (1885/1900) o município de Cabaceiras era composto pelos
seguintes povoados: Cabaceiras: que era a sede das atrações; Alcantil, Bodocongó
(Barra de Santana); Carnoió (Boqueirão); Ledo (Boa Vista); Potira (Barra de São
Miguel) e Santo Antônio (Riacho de Santo Antônio). Permanecendo este quadro até
1887. Quando teve início a fundação de mais um povoado denominado: “Conceição
de Cabaceiras” (hoje Município de Caturité). Tendo sido no mesmo fundada uma
capela no ano 1897. Salientamos aqui que o povoado de “Ledo”, no dia 9 de
novembro do ano 1887, havia sido elevado à categoria de distrito e passou a ser
chamado de “Boa Vista”.
Depois dos manifestos
dessa época, alguns religiosos católicos da região também se interessaram pelos
movimentos sociais da política partidária. Em 1889, alguns padres chegaram a
disputar funções políticas. Entre coronéis e fazendeiros do gado. Entre
documentos arquivados em cartório do município de Cabaceiras podemos citar o de
nome: Padre Joaquim Enéas Cavalcante. Sendo esse natural de Taperoá,
descendente de alemão. Nessa época vigário da Paróquia de Cabaceiras. Eleito
nesse ano (89) a Deputado Provincial. Para a Legislatura seguinte 1890 a 91.
Contudo o dito padre não chegou a tomar posse devido às novas reformas
administrativas da Proclamação da República do Brasil. Tendo sido este fato
muito repercutido em Cabaceiras da Paraíba.
O Padre Enéas
também se tornou no final deste período (1885/1900), início da época do cangaço
na região em um dos coiteiros de Antônio Silvino. Proprietário de terras e
gados na região de Cabaceiras, chegou a “possuir” duas das maiores fazendas:
Charneca (do antigo proprietário Capitão Antônio de Barros Leira Junior,
vendida em 1857) e Pedrinhas (onde criava muitas reses em sua maioria gados. De
acordo com as histórias e, segundo matéria publicada pelo jornalista e
funcionário público Federal: João Gomes Pereira, esse padre também havia sido acusado
de um escândalo na região. Delatado pelo seu próprio administrado (José), em
dia de missa dentro da Igreja Matriz de Cabaceiras. Após acusar o padre com
suposta revelação, “José” também pediu seu perdão por ter falado a verdade em
público. Padre Enéas permaneceu em sua função de sacerdote da Vila Cabaceiras
até 1903. E seu falecimento se deu no dia 5 de outubro de 1904.
Em 1890, uma
reforma administrativas do Estado da Paraíba, fez com que alguns municípios se
adequasse ao novo sistema administrativo. Entre eles Cabaceiras. Sendo assim, o
Decreto Lei Estadual nº 7(sete) dissolveu a Câmara Municipal. O antigo Sistema
Administrativo deu lugar a um novo “Conselho de Intendência”. Onde continuou o
Presidente Capitão Antônio de Barros Leira Jr. com os mesmos poderes: Executivo
e Legislativo. Onde seus conselheiros tinham vencimentos anuais de (300,000$)
mil réis. Respondendo nessa época pelo Judiciário em Cabaceiras o Juiz Dr. João
Lopes da Costa (1890/1891).
No dia 15 de
dezembro de 1892, foi aprovada na Paraíba outro Sistema de Administração. E de
acordo com a Lei Estadual n° 9, excluiu os Conselhos de Intendências. Assim
sendo, excluído o Conselho de Intendência de Cabaceiras, deu lugar ao novo
Conselho Municipal Constituído de 7 (sete) Conselheiros. Por um mandato de 4
(quatro) anos. Tendo o Presidente que responder pelos Poderes: Executivo e
Legislativo. Mas quem respondia pela Presidência? Capitão Antônio de Barros
Leira Jr. Passando o dito Conselho a funcionar em seu próprio prédio. Fundado
em 30 de Janeiro de 1893. E era formado esse Conselho Municipal pelos seguintes
cidadãos: Capitão Antônio de Barros Leira Jr., Francisco de Assis Pereira de
Sousa, Caetano Cavalcante de Albuquerque, José Paulo de Freitas Cavalcante,
Capitão Manoel Vicente Guimarães, Agostinho Clemente de Borja Castro e Justino
de Freitas Guimarães. E para secretariar o dito Conselho Municipal foi nomeado
o cidadão; Antônio José Moreira.
Vale salientar
que no mesmo período, o prédio denominado de Paço Municipal foi transformado em
“Prefeitura Municipal de Cabaceiras”, de acordo com o Decreto Lei Municipal nº
24/96 art. 1º, Pág. 7 (sete), Livro 20, data de 11 de Janeiro de 1896.
Respondendo desde 1895 como Prefeito de Cabaceiras: Capitão Tito Carneiro de
Melo.
Início dos
anos 1900... Cabaceiras passava por alguns movimentos, contra e a favor o
Sistema Político Administrativo Municipal. Na verdade, o que existia eram as
contestações políticas atrapalhando o desenvolvimento do lugar. Desacordos
entre Conservadores Moderados e os Liberais. Além disso, Cabaceiras passava
aceitar na época situações complicadas pra o sistema. Facilitar (acoitar) as
transações do cangaceiro Antônio Silvino pela região. Cabaceiras passou a ser
citada algumas vezes nos anais da Casa Legislativa do Estado sobre a sua
situação econômica e política. Onde se declarava na época que apenas o Distrito
da Barra de São Miguel era mais prospero da região. Assim sendo e, entre outros
interesses a Lei Estadual nº 66, fez com que fosse transferida os status de
Sede Municipal (Cabaceiras) e seus órgão para Barra de São Miguel. Em 10 de
julho de 1900. Entretanto, Cabaceiras entre os anos: 1900 e 1907, havia passado
a ser distrito do seu antigo Distrito: Barra de São Miguel. Tendo esse que
responder pelo quadro administrativo do municipal. Durante essa época: Coronel
Manoel Melchiades Pereira Tejo (Castro) - 1901/1905 e o Coronel Tranquilino
Correia de Araújo - 1905/1908, foram os cidadãos que responderam nas funções de
Prefeitos. Entretanto, Barra de São Miguel (sede municipal) respondia pelos
distritos de: Cabaceiras, Alcantil, Boqueirão, Barra de Santana, Caturité e
Riacho de Santo Antonio. Sendo nomeado para secretariar os trabalhos do
Conselho Municipal o cidadão: Francisco de Assis Pereira Tejo Sobrinho. E para
administrador das Rendas o Sr. João Mendes da Rocha.
E por fim,
após outras confusões políticas... Aconteceu mais uma reforma administrativa. A
nova Lei Estadual nº 264, de 17 de setembro de 1907, reestabelece a condição de
Sede Municipal a Cabaceiras. Mas, sem conseguir se reestabelecer. Vale
salientar que por esses tempos o envolvimento político e econômico de
Cabaceiras, se dava mais transitável com o Estado de Pernambuco. E não com o da
Paraíba. Daí pressupomos que, não foi à toa que a região de Cabaceiras
tornou-se berço de descanso para o cangaceiro Antônio Silvino (entre
1900/1914).
Texto: NCastro
Histórias
baseadas em documentos de arquivos do Cartório Registral de Imóveis.
Arquivos do
Fórum da comarca.
Arquivos do
autor NCastro.
Arquivos de
João Gomes Pereira “O Grito”, pg.5, Ano 2000.
Cabaceiras na
época do cangaço: pág. 92/3/4/5. Ano 2018.
https://www.facebook.com/groups/508711929732768
http://blogdomendesemendes.blogspot.com