Meninos! Esse evento em Piranhas é simplesmente
im-per-dí-vel! Além da visita ao sítio histórico de Maranduba, onde aconteceu
um dos maiores combates da história do cangaço, somente comparável às Batalhas
de Macambira, Serra Grande e Serrote Preto, teremos a oportunidade de assistir
a mais de uma dezena de palestras e painéis dos companheiros Inácio Loiola
Damasceno Freitas, Manoel Severo Barbosa, Archimedes Marques, Lamartine Andrade
Lima, João de Sousa Lima, Jorge Remígio, Narciso Dias, Sousa Neto, Antônio
Fernandes de Araújo Sá, Vera Ferreira, Ivanildo Silveira, Kiko Monteiro, Celso
Rodrigues, Antônio Amaury, Sílvio Bulhões, Leandro Domingues Duran, Wescley
Rodrigues, Juliana Pereira, Aderbal Nogueira... E, por fim, a Missa do Cangaço,
na Grota do Angico.
Ataque do
Bando de Lampião à Fazenda Jiló, por causa de uma intriga feita por Horácio
Novais, relatado por Cícero Pedro, que na época era criança e ouviu a história
contada por seus familiares.
Jesuíno Alves de Melo Calado ou simplesmente Jesuíno Brilhante, o cangaceiro romântico. Nasceu no sítio Tuiuiú nas proximidades de Patu no Estado do Rio Grande do Norte. Agricultor e criador até os vinte e cinco anos, era um homem pacato. Segundo o grande folclorista potiguar Câmara Cascudo que por sua vez ouvira do padre Antônio Brilhante, Jesuíno era de estatura baixa, robusto, pele clara, arruivado e de olhos azuis, falava manso e tato; exímio atirador tinha grande pontaria sendo ainda ambidestro. Casou-se com uma prima, chamada Maria Carolina C. de Mello com quem teve cinco filhos.
Um verdadeiro “Robin Hood” do sertão, roubava dos ricos para distribuir aos pobres, tendo como fato que durante a grande seca que assolou o sertão nordestino em 1877, uma das mais catastróficas da história, ele e seu bando saqueavam os comboios enviados pelo governo transportando alimentos. Distribuía aos flagelados a seu critério; era aquele que protegia as donzelas ultrajadas, fazendo casamentos, principalmente de filhos de poderosos que abusavam das filhas dos sertanejos humildes, achando que não seriam punidos ou obrigados a casar.
A entrada de Jesuíno Brilhante no cangaço deu-se em razão de uma desavença com uns vizinhos da família Limão, esses ligados ao partido Conservador, então dominante da política local, em contra partida a família de Jesuíno estava ligada ao partido Liberal, “em baixa” como se dizia na época. Este fato em especial viria causar a perseguição de Jesuíno por parte de um governo tendencioso.
Após um roubo de cabras na fazenda dos Calados, praticados por membros da família Limão, a briga esquentou, tendo um irmão de Jesuíno de nome Lucas Alves, levado uma surra de Honorato Limão na “rua” de Patu. O fato revoltou Jesuíno Brilhante que se dirigiu à localidade em busca de vingança, tendo encontrado o agressor em um bar, zombando e mandando abrir uma garrafa de cachaça em “honra do morto”. Jesuíno invadiu o estabelecimento comercial e matou Honorato Limão a golpes de faca, fato ocorrido precisamente no dia 25 de dezembro de 1871, noite de natal.
Outra versão é que um menino da família Limão teria desrespeitado o patriarca da família, o major João Alves de Mello Calado. Zé Limão cumprindo ordens de seu patrão José Lobo, fora à fazenda Tuiuiú devolver uma junta de bois que João Alves havia emprestado a seu patrão. Desgostoso com a ordem, o moleque foi a contragosto e chegando a propriedade dos Calados, não tratara com o devido respeito ao velho fazendeiro. Naquele mesmo instante chegava à fazenda Jesuíno, filho de João Alves que presenciou toda a cena e pediu respeito para com seu pai, o menino atrevidamente respondeu ao filho de João Alves e puxou uma faca para agredi-lo, sendo desarmado e dominado por Jesuíno, acabou levando uma surra. A família Limão passou a jurar vingança pela sova levada pelo caçula.
A partir do assassinato de Honorato Limão, Jesuíno Alves de Melo Calado passaria a ser Jesuíno Brilhante, o nome era uma homenagem a um tio, que havia abraçado a vida bandoleira anteriormente. Sua vida foi repleta de histórias extraordinárias, como a que uma vez, chegando à fazenda de um conhecido seu, pediu ao fazendeiro cavalos, viveres e dinheiro, tendo este negado, dizendo que dar não daria se quisesse que levasse, Jesuíno respondeu-lhe que era cangaceiro sim, ladrão não, montou em seu cavalo e saiu sem mais nada dizer ou fazer. Outro fato famoso de sua vida bandoleira deu-se no assalto a cadeia de Pombal na Paraíba, com o intuito de soltar seu irmão que estava preso naquela cidade. Assim como também o ataque à cadeia de Martins no Rio Grande do Norte, quando, enquanto tiroteava com seus inimigos ia furando buracos nas paredes das casas conjugadas, indo sair na última casa da rua, deixando seus adversários atônitos com sua astúcia. Nesta ocasião deu fuga a 43 presos conforme consta no processo aberto para apurar o caso.
Jesuíno entrou na vida bandoleira aos vinte e cinco anos, passando cerca de dez anos vivendo em baixo do cangaço, porém jamais foi assalariado para cometer qualquer tipo de crime, tinha orgulho de dizer que nunca havia matado para roubar. Dentre as histórias heroicas da tradição oral atribuída a Jesuíno Brilhante, conta-se que certa vez pedindo pouso em uma fazenda, foi atendido pela mulher do fazendeiro, pois este estava viajando. Aflita, a mulher pede socorro, um valentão do lugar havia mandado avisar que ela se preparasse àquela noite, pois ele viria dormir com ela. Jesuíno orientou a mulher a sair de casa e tomou seu lugar no quarto. Brilhante esperou o valentão, que apareceu à noite e adentrou no quarto pensando encontrar a pobre mulher indefesa. Pouco tempo depois o homem saiu gravemente ferido e veio a falecer. Ao amanhecer a mulher voltou para casa, encontrou Jesuíno que a tranquilizou, dizendo ter resolvido o problema, o valentão não voltaria mais, pois havia viajado.
Também no Ceará, o cangaceiro romântico fez das suas. Após sua esposa e seu pai sofrerem severas humilhações praticadas pelo Alferes Sá Leitão no Rio Grande do Norte, o militar agressor tentou refugiar-se nas redondezas da cidade de Russas, onde para seu azar, moravam vários familiares do cangaceiro. Não demorou muito para que Jesuíno Brilhante fosse avisado pelos parentes do paradeiro de seu inimigo. Deslocou-se para as terras jaguaribanas acompanhado somente do cabra conhecido por Pajeú. Sabendo de todos os passos do militar, Jesuíno preparou uma emboscada e feriu mortalmente seu opositor, após o ocorrido voltou oculto para o território potiguar.
Sua saga foi romantizada pelo grande escritor cearense Rodolfo Teófilo, através do livro “Os Brilhantes”. Escritor nascido na Bahia, entretanto dizia ser cearense por opção. Algumas histórias de gentil homem são atribuídas hoje em dia ao cangaceiro Lampião, o que cria de certa forma uma áurea de herói para o cangaceiro do Pajéu, o que na realidade Lampião não foi, algumas dessas atitudes foram mesmo protagonizadas pelo cangaceiro herói potiguar, esse sim um cangaceiro romântico. Outras histórias sequer existiram, sendo pura criação do imaginário popular.
A vida de Jesuíno Brilhante foi heroica, e sua morte não poderia ser diferente. Sendo atacado pela polícia comandada por um seu inimigo da família Limão, vendo-se acuado montou em seu cavalo e partiu célere em direção dos seus perseguidores disparando seu bacamarte, mas foi ferido mortalmente pelo inimigo. Jesuíno foi ainda carregado pelos companheiros, vindo a falecer no lugar Palha, no meio do mato, onde foi enterrado. Anos depois seu amigo o médico Francisco Pinheiro de Almeida Castro exumou o esqueleto, levando a caveira para Mossoró, daí para a cidade do Rio de Janeiro de onde não se sabe hoje seu paradeiro. Jesuíno Brilhante o verdadeiro Cangaceiro Romântico.
Ângelo Osmiro
Fonte: lampiaoaceso.blogspot.com
*Ângelo Osmiro Barreto é Historiador e Pesquisador do Cangaço, sócio da SBEC - Sociedade brasileira de estudos do cangaço
Hoje, dia 21
de junho de 2015, pela manhã, às 9:00 horas, estive na casa do José Rodrigues
da Costa, proprietário do Foto Rodrigues, em companhia do professor adjunto do
Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da
Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), escritor e pesquisador do
cangaço José Romero de Araújo Cardoso. José Rodrigues e José Romero são amigos
de longos anos, os quais vem contribuindo para o enriquecimento da cultura do Nordeste,
bem como do Brasil inteiro.
José Romero de Araújo Cardoso e Marcela Ferreira Lopes
Na ocasião,
José Romero de Araújo Cardoso fez uma doação a José Rodrigues da Costa, em nome
dele e da namorada Marcela Ferreira Lopes, que também é uma importante colaboradora
no que diz respeito à cultura do nosso país, sobretudo da região Nordeste.
Marcela
Ferreira Lopes é graduada em Geografia pelo Centro de Formação de Professores
da Universidade Federal de Campina Grande e graduanda em Pedagogia pela mesma
instituição de ensino superior, além de Especialista em Educação de Jovens e
Adultos, com ênfase em Economia Solidária, pelo Centro de Ciências Jurídicas e
Sociais da Universidade Federal de Campina Grande.
Virgulino Ferreira, o bandido Lampião Rodolfo Fernandes, Prefeito de Mossoró em 13 de Junho de 1927
1954
– (...) o baião “Sina de Cangaceiro”, de João Costa Neto e Paulo Gutenberg,
sobrinho de Joãozinho. Esse baião conta a história da péssima recepção sofrida
por Lampião, ao chegar à cidade de Mossoró, no Rio Grande do Norte.
SINA
DE CANGACEIRO
(Paulo
Gutenberg – Costa Netto)
Mossoró,
Mossoró, Mossoró.
Cangaceiro
chegou numa nuvem de pó
Cangaceiro
voltou sem vencer Mossoró (Bis)
Cidade
de Baraúna,
Uma
aroeira bem forte
Resistiu
seu povo bravo,
Não
nasceu pra ser escravo
Dos
bandoleiros do Norte
Bis
Na
trincheira de Rodolfo,
Só
de fardo de algodão,
Quebrou
o orgulho do cabra,
De
Virgolino Ferreira,
O
bandido Lampião.
In:
DANTAS, Kydelmir. Luiz Gonzaga e o Rio Grande do Norte – Personalidades,
Músicas e Episódios. Mossoró – RN: Queima-Bucha, 2012. P. 156 - 157
Enviado pelo professor, escritor e pesquisador do "Cangaço" José Romero de Araújo Cardoso