Por Rostand Medeiros
Este trabalho já havia sido postado antes no http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Ao longo da
história da região Nordeste do Brasil, não faltam ocorrências que perpetuam a
valentia de alguns e a covardia de muitos. Onde muitas histórias são regadas a
sangue, com muitos tiros, correrias e tropelias.
Em toda a região os relatos sobre estes fatos são continuamente passados as
novas gerações, muitas vezes através da tradição oral, do folheto de cordel,
sendo depois documentados em livros, servindo então de temas para teses
acadêmicas, que contestam ou corroboram os fatos. Outras vezes o espectro é
ampliado e estas sagas chegam ao teatro, a televisão e ao cinema. Mas a tônica
é uma só; estes episódios são sempre conhecidos e repetidos pela região.
Localização de
Patos do Irerê e Princesa Isabel no mapa da Paraíba, onde está o casarão.
Neste sentido, é de se estranhar que atualmente na região ocorra um acentuado
desconhecimento e uma estranha falta de informações sobre o conflito deflagrado
no ano de 1930, na região da atual cidade paraibana de Princesa Isabel, próximo
à fronteira com Pernambuco e conhecido como a “Guerra ou Sedição de Princesa”.
Um Cruel Momento da História Paraibana
Esta guerra (e não a nenhum exagero de assim chamá-la) foi pródiga de episódios
interessantes e cruéis, onde tudo começou através de discórdias políticas e
econômicas, envolvendo poderosos coronéis do interior do estado e o governador
eleito da Paraíba em 1927, João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque.
Governador
João Pessoa - PB
João Pessoa discordava da forma como o grupo político que o elegera conduzia a
política paraibana, onde era valorizado o grande latifundiário de terras do
interior, possuidores de grandes riquezas baseadas no cultivo do algodão e na
pecuária. Estes “coronéis” atuavam através de uma estrutura política arcaica,
que se valia entre outras coisas do mandonismo, da utilização de grupo de
jagunços armados, da conivência com grupos de cangaceiros e outras ações as
quais o novo governador não concordava.
Entre os
embates ocorridos, podemos listar uma maior perseguição do governo estadual aos
grupos de cangaceiros e a cobrança de taxas de exportação do algodão. Por esta
época, os coronéis exportavam o produto principalmente através do principal
porto de Pernambuco, em Recife, provocando enormes perdas de divisas
tributárias para a Paraíba. Procurando evitar esta sangria financeira e
efetivamente cobrar os coronéis, João Pessoa implantou diversos postos de
fiscalização nas fronteiras da Paraíba, irritando de tal forma estes caudilhos,
que pejorativamente passaram a chamar o governador de “João Cancela”.
O coronel José
Pereira
Os embates políticos entre o governador e os coronéis foram crescendo. A maior
liderança entre estes poderosos, sem dúvida foi o coronel José Pereira Lima,
verdadeiro imperador da região oeste da Paraíba, na área da fronteira com
Pernambuco, tendo como base, a cidade de Princesa. Do embate entre estes dois
homens resultou em um dos maiores conflitos armados do Brasil Republicano.
Sertão em Armas
A contenda teve início em 28 de fevereiro de 1930, quando ocorreu a invasão da
então vila do Teixeira (PB), por parte da polícia paraibana, com o
aprisionamento da família Dantas, ligada por profundos laços de parentescos e
interesses ao coronel José Pereira.
Apesar de governador João Pessoa não contar com o apoio do Palácio do Catete,
onde o titular, Washington Luís, não viabilizou uma efetiva ajuda as forças
policiais paraibanas, o mandatário paraibano foi à luta.
Com o apoio
discreto, mas efetivo, do Presidente da República e dos governadores de
Pernambuco, Estácio de Albuquerque Coimbra, e do Rio Grande do Norte, Juvenal
Lamartine de Faria, o coronel José Pereira decidiu criar o “Território Livre de
Princesa” com absoluta autonomia, separando-se durante o período do conflito do
restante do estado da Paraíba.
Princesa se tornou uma fortaleza inexpugnável, resistindo palmo a palmo ao
assédio das milícias leais ao governador João Pessoa. O exército particular do
coronel José Pereira era estimado em mais de 1.800 combatentes, onde diversos
desses lutadores eram egressos das hostes do cangaço e muitos eram desertores
da própria polícia paraibana.
No lado do
presidente João Pessoa, suas tropas estavam sob o comando do Coronel Comandante
da Polícia Militar da Paraíba, Elísio Sobreira, do então Delegado Geral do
Estado, Severino Procópio, e do Secretário de Interior e Justiça, José Américo
de Almeida. Na tentativa de desbaratar os sediciosos de Princesa, estes
comandantes dividiram os efetivos policiais, compostos por cerca de 890 homens,
em colunas volantes.
No povoado de
Olho D’Água, então pertencente ao município de Piancó (PB), estava aquartelado
o comando geral de operações da polícia paraibana, que decidiu enviar à
Princesa uma de suas colunas volantes, conhecida como “Coluna Oeste”. Esta
coluna era comandada pelo Tenente Raimundo Nonato, que tinha entre seus
principais comandados o valente sargento Clementino Furtado, mais conhecido como
Clementino Quelé, ou “Tamanduá Vermelho” (por ser branco e ficar “avermelhado”
quando nervoso).
Clementino
Quelé
Quelé era a valentia em pessoa, calejado nas lutas do sertão, podia se
vangloriar de possuir no seu “currículo”, mais de vinte combates contra Virgulino
Ferreira da Silva, o Lampião. Foi a volante de policiais comandadas por Quelé,
a primeira a entrar em Mossoró, em 13 de junho de 1927, perseguindo Lampião e
seu bando, logo após este ter tentado invadir esta importante cidade potiguar.
Composta de valentes combatentes foi para a “Coluna Oeste” que o comando
designou uma missão especial.
Em Princesa,
entre um dos mais importantes líderes das tropas locais estava o fazendeiro
Marçal Florentino Diniz, poderoso e influente agropecuarista da região, que
juntamente com seu filho, Marcolino Pereira Diniz, eram parentes e pessoas da
inteira confiança do coronel José Pereira. O coronel Marçal Diniz possuía no
então distrito de Patos de Princesa, a 18 quilômetros da cidade, uma fazenda
localizada no sopé da grande serra do Pau Ferrado, o segundo ponto mais elevado
da Paraíba, com cota máxima em torno de 1.120 metros de altitude e foi para
esta fazenda que o comando da polícia paraibana ordenou que Clementino Quelé
atacasse a casa grande do poderoso coronel.
O Assalto de Quelé
Este episódio é conhecido na região como o “Fogo ou Batalha do Casarão dos
Patos”.
A ideia deste ataque visava dividir as forças do coronel José Pereira, que
teria de retirar homens da frente de combate de Teixeira, para socorrer os
familiares da família Diniz que estavam no casarão, bem como formar com as
reféns uma espécie de cordão de isolamento, um escudo humano, que objetivava
garantir a segurança dos militares. Pensavam que, agindo assim, nenhum defensor
de Princesa ousaria atirar nos combatentes do governo paraibano.
A imprensa
oficial potiguar e o próprio governo de Juvenal Lamartine eram contra João
Pessoa e a favor de José Pereira.
Outra teoria seria a de levar as mulheres como prisioneiras, ou reféns, para a
cidade de Paraíba do Norte (atual João Pessoa) e forçar os comandantes de
Princesa a alguma espécie de negociação.
No dia do
ataque, 22 de março de 1930, Quelé e seus policiais, em número estimado entre
sessenta para alguns, e entre setenta a cem homens para outros, seguiram atravessando
a zona urbana da pequena vila de Alagoa Nova (atual MANAÍRA-PB) e daí subiram a
grande Serra do Pau Ferrado. Ao passarem pela propriedade de Antônio Né, pessoa
ligada à família Diniz, no homônimo Sítio Pau Ferrado, assassinaram um cidadão
por nome Silvino, depois, desceram a serra.
Dona Xandu,
imortalizada pelo grande Luís Gonzaga na música “Xandusinha”
Não havia muitos defensores pertencentes aos grupos do coronel José Pereira, ou
de Marcolino Diniz e a força policial de Quelé ocupa o local sem maior
oposição. Na casa estavam entre outras pessoas, às mulheres de Marcolino Diniz,
Alexandrina Diniz (também conhecida como Dona Xandu, ou Xanduzinha) e a de Luís
do Triângulo, Dona Mitonha. Luís do Triângulo era um dos mais valentes e
destacados chefes dos combatentes de José Pereira.
Neste interregno, o grupo de combate comandando por Marcolino encontrou um
soldado da polícia de nome Zeferino, o qual seguia com uma mensagem do Sargento
Quelé ao Delegado Geral do Estado, Severino Procópio, informando da ação contra
o casarão.
José Pereira e Marcolino Diniz recebem a notícia da prisão de seus familiares.
Eles tomam esta ação como um acinte, uma falta de respeito e preparam o contra
ataque. Ordenam que uma parte de suas tropas que combatiam as forças policiais
do governador João Pessoa na região de Tavares, se deslocasse para Patos de
Princesa e ordenam que os homens levem farta munição. Outros combatentes
conclamam moradores da região para o ataque, enaltecendo a covardia de Quelé,
que usava mulheres como escudos. Este chamamento dos líderes de Princesa e de
seus homens encontra eco entre membros das comunidades de Princesa e Alagoa
Nova e estes decidem seguir com o grupo que vai retomar o “Casarão dos Patos”.
A Batalha Pela Reconquista do Casarão
Na noite do segundo dia após o bem sucedido ataque de Quelé, a situação
permanece inalterada. Segundo relatos dos reféns, os soldados, com raras
exceções, se portaram de forma vândala e arrogante durante a ocupação.
Na minha
última visita a casa já praticamente coberta pelo mato.
Enquanto isso os combatentes de Princesa vão discretamente fechando o cerco ao
casarão. Aparentemente, por falta de comunicação com seus comandantes, Quelé
não abandonou a posição e levou seus prisioneiros. Outros acreditam que ele
logo percebeu que estava cercado e esperou o inevitável.
O certo é que na manhã do terceiro dia de ocupação, o céu se apresentava
nublado, os defensores do casarão estavam tranquilos, apesar da tensão
existente na região. Alguns esperavam o café, outros até jogavam uma
improvisada partida de futebol (possivelmente com uma bola de meia), no pátio
defronte a casa. É quando o primeiro tiro é detonado em um soldado que vinha do
Sítio Pedra e trazia um carneiro para abate, aí tem início um inferno no
“Casarão dos Patos”.
A polícia estava cercada na casa, se defendendo como podia, o sargento Quelé
vai animando seus policiais em meio a uma intensa troca de tiros e insultos
entre as forças combatentes.
Marcolino
Diniz, à frente dos seus homens, está com o “cão no couro”, comandando,
disparando e mandando buscar cachaça nas bodegas da pequena vila de Patos de
Princesa para “esquentar” seus “cabras”. Esta cachaça era trazida em sacos,
distribuída francamente entre seus combatentes. Até hoje se comenta na região
como os distribuidores da bebida terminaram os combates totalmente embriagados
e sem dispararem um só tiro.
O tiroteio é cerrado. Colocar a cabeça muito exposta nas janelas do casarão é
motivo para que algum policial se torne um alvo fácil. Já os homens de Diniz
continuam disparando sem cessar. Eles estão espalhados em todo o perímetro,
protegidos por árvores, pedras, pelos muros e paredes das poucas casas
vizinhas.
O combate prolongou-se até às dezesseis horas do mesmo dia, quando a polícia
praticamente estava sem munição e seus disparos tornam-se esparsos. É quando os
homens de Marcolino, aproveitando uma forte chuva que desabava e a existência
de um canavial nas imediações do casarão, partem para o assalto final.
Sótão do
casarão. Neste local, segundo os moradores da região, vários soldados
paraibanos foram mortos. Até algum tempo atrás ainda haviam marcas de sangue
nas paredes.
Durante a invasão é travado um forte combate corpo a corpo em cada uma das
dependências da casa. Gritos, pancadas, socos, pontapés, dentadas, tiros,
facadas e sons de lutas ocupam o ambiente. Os homens de Quelé procuram à fuga,
mas estando o casarão cercado, muitos são abatidos impiedosamente pelos
combatentes de Marcolino.
Alguns policiais fugiam feridos ou não, pelo mesmo canavial que serviu de
abrigo para os atacantes e de lá seguiam para a serra do Pau Ferrado. Nesta
fuga, muitos combatentes se cruzavam, às vezes cara a cara, dentro do canavial
e tiros ou facadas eram desferidas a curta distância.
O mato é
tanto, que só derrubando algumas plantas para entrar no local
Marcolino, atiçado pela bebida e já dentro do casarão, prometia aos gritos “vou
sangrar todo mundo, até Xandu” que no seu entendimento de valentão do sertão,
com um pensamento extremamente machista, imaginava que a sua mulher já havia
sido estuprada e aí só “sangrando para limpar o corpo”. Mas Xandu e as outras
mulheres estavam bem e foram preservadas por Quelé e seus homens. Todas estavam
em um quarto, acompanhadas de um soldado ferido na perna, que conseguira
desarmar uma bomba (ou granada?), que o sargento Quelé colocara no recinto. O
soldado salvou a vida das reféns, sendo igualmente salvo pelas mulheres de ser
impiedosamente sangrado por Marcolino e seus “cabras”.
Após isto,
Marcolino e seus homens seguiram pelos vários recintos do “Casarão dos Patos”,
chacinando os policiais que não fugiram. Dos militares que lá dentro se
encontravam, não sobrou nenhum vivo, pois até o soldado que havia salvado as
mulheres, morreu no mesmo dia, devido aos ferimentos, quando era transportado
para a vizinha cidade pernambucana de Triunfo.
Marcas Sangrentas
Segundo relatos dos moradores da região, havia até recentemente, em alguns
quartos da casa, registros de mãos ensanguentadas nas paredes, mostrando a
agonia deste dia terrível.
Quanto a
Quelé, vendo-se acossado pelos homens de Marcolino e escutando o próprio
caudilho dos Patos de Princesa gritando dentro do casarão que “queria pegar
Clementino e matá-lo sangrado”, pulou do andar superior, juntamente com dois
soldados e juntos fugiram em direção ao canavial. Já era noite quando
conseguiram chegar à serra do Pau Ferrado, depois seguem para Alagoa Nova e ao
encontro das forças de João Pessoa. O restante dos militares que escapou com
vida embrenhou-se em território pernambucano.
Das forças de
José Pereira e Marcolino Diniz houve apenas uma baixa, um senhor de nome Sinhô
Salviano, possivelmente sob efeito da cachaça, desprezou as ordens e ficou sob
a mira dos soldados. Para alguns pesquisadores, as forças paraibanas perderam
mais da metade do efetivo, mas segundo os relatos que se perpetuam na região,
contados por aqueles que participaram do conflito e transmitidos para seus
descendentes, foram mortos em torno de cinquenta policiais, sendo seus corpos
enterrados em uma vala comum nas proximidades do casarão. Os equipamentos
bélicos dos policiais mortos foram recolhidos pelos combatentes de Princesa
para reforço de arsenal.
Fato comum;
morador da região com um cartucho de fuzil Mauser intacto, encontrado ao arar o
terreno próximo ao casarão.
Final da
Guerra de Princesa
Houve outros episódios sangrentos e terríveis na Guerra de Princesa, mas após a
morte, em Recife, do governador João Pessoa e a consequente eclosão da
Revolução de 30, o conflito em Princesa acabou, era o dia 26 de julho de 1930.
O coronel José Pereira Lima organizou a defesa dos seus domínios de forma
impressionante, provocando baixas estrondosas à força pública paraibana durante
os quatro meses e vinte e oito dias que durou sua resistência.
A partir de um
caminhão foi desenvolvido em Campina Grande um veículo blindado para combater
os revoltosos de Princesa.
Princesa não foi conquistada pela polícia paraibana. Após a eclosão da
Revolução de 30, tropas do exército, de forma tranquila, ocuparam a cidade.
O coronel José Pereira e muitos dos que lutaram com ele fugiram da região e a
família Diniz se retraiu diante do novo sistema governamental imposto. O tempo
dos caudilhos do sertão estava chegando ao fim, pelo menos naquele formato
utilizado por José Pereira.
Com o fim da
guerra, a fortuna da família Diniz ficou seriamente comprometida. O combate e,
principalmente, a ira dos soldados, destruiu tudo. Canaviais, engenhos de
rapadura, moendas, casas e outros bens foram alvo da vingança dos fardados,
quase nada escapou.
Depois da
Guerra.
Mesmo com as perseguições sofridas após o fim da guerra, todos os anos
Marcolino Diniz e sua gente, comemoravam o aniversário da retomada do casarão
com muita festa.
Marcolino
sempre foi um homem controverso, valente, prepotente, astuto e sagaz. Era
proprietário das fazendas Saco dos Caçulas e Manga, onde diversas vezes Lampião
descansava dos combates. Esta polêmica amizade entre Marcolino e Lampião é bem
retratada em um episódio; em 30 de dezembro de 1923, Marcolino, juntamente com
seu guarda-costas conhecido por “Tocha”, por conta de uma briga, matam o então
magistrado da cidade de Triunfo (PE), o Dr. Ulisses Wanderley. Marcolino fica
ferido e é feito prisioneiro na cadeia pública local. Seu pai, o coronel
Marçal, recorreu aos préstimos do cangaceiro a fim de libertar o filho. Não
demora muito e um grupo armado, com um número de homens estimado em torno de
100 a 150 homens, retira tranquilamente o prisioneiro ferido da cadeia.
Marcolino e a
sua adorável Xandu, continuaram unidos até a morte, tendo seu amor sido
imortalizado em 1950, por Luís Gonzaga e Humberto Teixeira, com a música
“Xanduzinha”. Marcolino nasceu em 10 de agosto de 1894 e faleceu em Irerê, em
21 de dezembro de 1980, com 86 anos, conforme está inscrito em sua lapide, na
igreja deste atraente lugarejo.
Já o sargento
Clementino Quelé sobreviveu à Guerra de Princesa e ainda teria fôlego para
perseguir, no ano de 1936, o bando do cangaceiro Virgínio Fortunato da Silva.
Conhecido como “Moderno”, foi cunhado de Lampião, homem de sua mais alta
confiança, que neste ano investiu contra a região conhecida como “Tigre
paraibano”, atacando várias fazendas na área próxima a cidade de Monteiro.
Quelé, possivelmente pelo analfabetismo, nunca passou da patente de sargento,
tendo morrido idoso na cidade paraibana de Prata. Coincidentemente, Quelé
também foi lembrado em uma música de Luís Gonzaga intitulada “No Piancó”.
Quem visita
atualmente a antiga Patos de Princesa, atual Irerê, município de São José de Princesa,
com suas casas antigas e bem preservadas, nem imagina que o carcomido e
arruinado casarão existente no fim da rua principal, foi palco de tamanho
conflito.
Mesmo em
ruínas, o casarão impressiona pela imponência da sua estrutura, pela
grandiosidade da sua construção. Nele existe um andar superior, com dois sótãos
independentes, vários quartos e dependências, sendo um exemplo do poder emanado
pelos coronéis da região. Em meio ao silêncio atual, se o visitante puxar pela
imaginação, é possível ouvir os sons da batalha ali ocorrida no longínquo ano
de 1930.
Nota –
Especificamente sobre o “Fogo do Casarão dos Patos”, utilizo principalmente as
lembranças de várias pessoas que vivem na região de Princesa Isabel, Irerê e
Manaíra. Sendo as informações do senhor Antônio Antas Dias, residente na cidade
de Manaíra, as narrativas mais utilizadas. Este senhor comentou sobre este
momento histórico, em uma entrevista concedida no dia 14 de agosto de 2006. O
Sr. Antônio Antas tinha 61 anos na época da entrevista, onde as informações que
ele prestou lhe foram transmitidas principalmente por Marcolino Diniz, de quem
era parente, pelo guarda costas deste último, Manoel “Ronco Grosso” Lopes, por
José Florentino Dias, seu pai, e pelo senhor Sebastião Martins, morador do atual
distrito de Irerê.
No dia desta entrevista, o autor estava acompanhando do Sr. Dr. Juiz de Direito
e pesquisador, Sérgio Augusto de Souza Dantas.
Igualmente
utilizei os trabalhos do amigo e professor de geografia José Romero Araújo
Cardoso, lotado na UERN-Universidade do Estado do Rio Grande do Norte, em
Mossoró. Estes artigos são “Marcolino Pereira Diniz e Xanduzinha: Imortalizados
através da arte de Luiz “Lua” Gonzaga”, no link –
http://www.turismosertanejo.com.br/?target=artigos&id=69
Outro Trabalho
do professor Romero, ao qual utilizei material para a confecção deste artigo,
foi uma série de interessantes entrevistas realizadas entre 1989 e 1991, com
diversas testemunhas sobre episódios do cangaço e da Guerra de Princesa, que
está inserido no link -http://www.marcoslacerdapb.hpg.ig.com.br/romero/cangaco.htm
- Este artigo já havia sido anteriormente publicado e reproduzido em sites de
vários de amigos por este Nordeste afora, que colocam a devida referência em
relação ao autor e vários outros sites que nem se preocupam com isso. Mas
decidi colocar o meu próprio blog, com novas fotos para quem gosta destas
antigas histórias do nosso sertão.
Um detalhe importante. Já faz um tempo que não vou por lá, nem sei se o casarão
está mais de pé, mas se tiver, visite enquanto é tempo.
Um abraço a todos
Rostand Medeiros...pesquisaor e escritor
http://tokdehistoria.com.br/2015/02/02/holandeses-no-nordeste-do-brasil-sngue-e-destruicao/
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
http://jmpminhasimpleshistorias.blogspot.com
http://sednemmendes.blogspot.com