Por Antonio Morais
Infância
Aos cinco
anos, Virgulino foi morar com o tio Manuel Lopes, na casa da avò materna Dona
Jacosa, no sítio “Poço do Negro”, nas adjacências da vila de Nazaré. Aos dez
anos, frequentou a escola, apenas três meses. O tio, para poupar aos
aborrecimentos e as queixas, mandou-o de volta.
Dona Jacosa avó materna de Lampião
Naqueles idos, grupos de cangaceiros cruzavam aquela gleba sertaneja, zombando
da polícia. Tiroteios, escaramuças e estórias de façanhas arrebatadoras,
narradas e cantadas nas feiras, empolgavam a criançada. Eram seus heróis
Antonio Silvino, Cassimiro Honório, Né Pereira e Antonio Quelé. Não escapara
aos filhos do Ferreira tal influência.
Dos nove aos doze anos, tinha Virgulino,
como esporte favorito, o hábito de organizar grupos de meninos armados a
bodoque e passavam as tardes inteiras brigando nas mesmas condições táticas e
estratégicas das usadas pelos afamados guerrilheiros. A ação do meio social,
nas criaturas incultas, aprofunda-se, forjando-as conforme a receptividade
individual. Conta-se que Virgulino, aos treze anos, recitou, numa festa, o
verso, julgado de sua autoria, colocando-se entres os grandes:
Cassimiro no navio
Né Pereira em Pajeú
Virgulino e Silvino
Gostam assado e comem cru.
Naquele
instante, desabrochava um cangaceiro, carecia apenas de motivação. Criado pela avó, faltava-lhe as coerções necessárias a formação, que só os pais sabem dar.
“A criança vaidosa em excesso, gosta de mandar e deseja o predomínio". Se,
acaso, protege um ser mais fraco, é para sobrepujá-lo em seguida. Prefere o mal
ao bem, porque o mal satisfaz melhor a sua vaidade e emoção. É o anseio de
emoções que a torna cruel.
CONTINUA...
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