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quinta-feira, 30 de junho de 2022

CYRA BRITTO BEZERRA HOMENAGEADA COMO PERSONAGEM HISTÓRICA DO SERTÃO NO CARIRI CANGAÇO PIRANHAS 2022

 

Muitos são os personagens que se imortalizam por sua coragem, destemor e bravura. Em Piranhas o Cariri Cangaço 2022 presta uma justa homenagem a um desses personagens da história, aliás, uma personagem: Cyra Britto Bezerra, ou dona Cyra Britto, eternizada pelo ato de bravura em defesa de sua casa e de sua cidade; Piranhas; em 1936 quando da invasão dos bandos dos cangaceiros Gato e Corisco. Dona Cyra era a esposa do festejado personagem histórico, tenente João Bezerra, comandante das volantes que deram cabo de Virgulino Ferreira da Silva, vulgo, Lampião.

Para conhecer um pouco mais de dona Cyra, vamos recorrer às linhas de Carlos Jatobá: "Cyra Britto Bezerra (nascida Correa de Britto), nasceu no interior de Alagoas, no município de Piranhas, às margens do rio São Francisco, em 12 de março de 1915. Filha de Francisco Correa de Britto e de Emiliana Gomes de Britto prósperos fazendeiros e, também neta do chefe político da região dos dois lados do rio São Francisco: Piranhas (Alagoas) e Canindé do São Francisco (Sergipe), o Cel Antonio José Correa de Britto (conhecido como "Antonio Menino", "Sinhozinho do Gerimum" ou "Pai-Nosso") e de Prima Gomes de Britto ("Mãe-Nossa"). De família numerosa, dividia com seus 14 irmãos: Carlos, Célia, Ciro, Claudemiro, Clodovil, Cordélia, Guiomar, João, José, Maria José, Nair, Noélia, Raimundo e Yolanda, as brincadeiras entre a Fazenda Gerimum (no lado sergipano) e a casa grande em Piranhas." 

Gato e Inacinha, Inacinha presa em Piranhas; João Bezerra e Dona Cyra.

E segue Jatobá: "Casou-se com o então Ten Bezerra em 1935 de quem lhe era prometida, por "Pai-Nosso", desde tenra idade. Aos 21 anos de idade (por volta de 1936), era considerada a grande incentivadora nas campanhas do marido, além de exercer forte liderança como professora, enfermeira e conselheira entre os seus liderados e respectivas famílias. Fazia de sua casa um verdadeiro quartel da volante. A esse respeito Cyra Bezerra, assim se expressou: "Quando chegava, a volante vinha diretamente para minha casa. Eram 20, 30 homens de uma vez. Alguns com família iam para suas residências. Outros eram medicados, comiam e dormiam na minha casa." 

No Cariri Cangaço 2015, no primeiro tour histórico pela ruas de Piranhas, vamos o encontrar dona Cyra Britto em dos mais marcantes episódios da saga cangaceira, por ocasião da invasão de Corisco e Gato em 1936; na programação, seu filho, Paulo Britto, apresentou aos presentes a imponente participação de sua mãe na defesa de sua casa e de sua cidade na invasão de Corisco e Gato no ano de 1936. 

Paulo Britto filho do tenente Bezerra , teve também sua mãe, dona Cyra, como uma das protagonistas do marcante episodio, que afirmaria depois em um depoimento: "Eram duas da tarde quando eles chegaram a Piranhas. Eu pensei que fosse [o tenente] Bezerra de volta com a volante [proveniente de Delmiro Gouveia]. Então eu saí para a calçada, porém uma prima minha gritou: 'Cyra, entre são os cangaceiros'. Piranhas é uma cidade construída num vale cercado de serras. Quando eu olhei, vi que vinham descendo cangaceiros por todos os lados. Recuei e fui fechar a porta da casa, mas não consegui fechar a primeira janela e, um cangaceiro, escondido atrás de uma gameleira (uma árvore secular que havia em frente à casa) disse: 'Não feche que morre'. Eu me encostei na janela e olhei. Vi a um canto da parede um riflezinho. Peguei-o e atirei no cangaceiro. Fiquei trocando tiro. Ele tentava me alvejar pela janela e eu atirava nele. (...) Nós tínhamos armas em todos os cantos da casa."

"Quando eu estava assim trocando tiros com esse homem, Corisco surgiu na esquina da avenida Tabira de Britto [próxima à Prefeitura Municipal], perseguindo meu tio João Correa de Britto, prefeito nessa época. Corisco estava quase pegando meu tio quando eu atirei nele, mas só consegui atingir os bornais. Ele rodopiou, entrincheirou-se na escada de uma casa e ficou atirando em mim. Eu deixei de atirar naquele que estava junto à gameleira e fiquei atirando para o outro. É quando surge na mesma esquina um grupo de cangaceiros trazendo uma rede com um corpo, uma rede toda ensangüentada. Era Gato, marido de Inacinha, que tinha morrido. Um tiro [dos muitos dados pelos defensores da cidade em duas horas de cerrado tiroteio] atingiu a cartucheira que ele trazia na cintura, atingiu o pente de onde explodiram cinco balas que esfacelaram seu intestino." (1985, p. 13) Os cangaceiros, diante do inesperado, bateram em retirada."
Cyra Britto e Tenente João Bezerra

Na noite de abertura do Cariri Cangaço Piranhas 2022, o Conselho Alcino Alves Costa concede a  
CYRA BRITTO BEZERRA o Título de
 "Personalidade Histórica do Sertão"

Ane e Paulo Britto

Na noite de abertura do Cariri Cangaço Piranhas, Paulo Britto, filho e Ane Ranzan, nora, recebem em nome da família de dona Cyra Britto Bezerra as homenagens prestadas pelo Organização do Cariri Cangaço Piranhas 2022. Para Manoel Severo, curador do Cariri Cangaço, "dona Cyra é parte da história, uma personagem de sua grandeza, não só pelo episódio de bravura em 1936 contra o bando de Corisco e Gato, mas por toda uma vida dedicada em apoiar o marido, tenente João Bezerra, e cuidar tão bem dos filhos, nos legando uma prole espetacular, com destaque para o querido Paulo Britto, dessa forma é uma honra prestarmos essa homenagem a dona Cyra no Cariri Cangaço Piranhas 2022". Dona Cyra faleceria na cidade do Recife, Pernambuco no dia 30 de março de 2003, tinhas 88 anos de idade.

Cariri Cangaço Piranhas; 28 a 31 de Julho de 2022 - Alagoas Brasil
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HOMENAGEM A CELSO RODRIGUES NO CARIRI CANGAÇO PIRANHAS 2022

 

A noite de abertura do Cariri Cangaço Piranhas 2022; em 28 de julho; marcará as homenagens a um dos mais destacados filhos deste torrão alagoano: Celso Rodrigues Rego, ou simplesmente "seu Celso Rodrigues". Da tradicional familia Rodrigues, filho do grande Chiquinho Rodrigues; que comandou a resistência quando da invasão de Piranhas pelo bando chefiado por Gato e Corisco em 1936; Seu Celso era a própria memória viva da cidade. Impossível visitar Piranhas e não ir até o Solar dos Rodrigues, no centro histórico da Lapinha do Sertão, para tirar um ou dois ou mil dedos de prosa com seu Celso.

Solar dos Rodrigues no centro histórico de Piranhas

Prefeito por quatro vezes do município de Piranhas, seu Celso devotou toda sua vida à terra amada. Ao lado da esposa, dona Sônia, e de toda família, deixou um legado de honradez, honestidade e muito trabalho. "Por ocasião da noite de abertura no dia 28 de julho em Piranhas, o Cariri Cangaço resgata uma das figuras mais extraordinárias deste baixo São Francisco. Seu Celso era uma lenda, essa homenagem mais que justa a um homem que se notabilizou por construir acima de tudo, grandes amizades" revela o Conselheiro Cariri Cangaço, João de Sousa Lima.

É Manoel Severo, curador do Cariri Cangaço quem completa: "perdemos as vezes em que passávamos horas e horas explorando a memória e a companhia extraordinária de seu Celso, sempre solícito, atencioso e ávido a nos contar tudo sobre sua querida Piranhas, um homem de um memória e um coração, gigantes. Para nós prestar essa homenagem a seu Celso nos enche de alegria e satisfação."  

Em 2015 recebendo de seu neto, Conselheiro Cariri Cangaço Celsinho Rodrigues o Diploma de "Amigo do Cariri Cangaço"
Em 2013 ao lado da esposa Sonia e de Manoel Severo

Um dos momentos mais marcantes do Cariri Cangaço em suas edições em Piranhas foi sem dúvidas no ano de 2015, em momento memorável na Fazenda Patos , revivendo o horror da familia de Domingos Ventura. Ali, durante mais de uma hora Celso Rodrigues com um precisão e lucidez incomuns, traçou o passo a passo de toda a penosa trama que acabou traçando o destino final de Domingos Ventura...  No ano seguinte, 2016, novamente seu Celso se destacava dentro da Programação do Cariri Cangaço Piranhas, sendo um dos grandes anfitriões no Primeiro no Tour pelas ruas de Piranhas elucidando a fatídica invasão da cidade pelos bandos de Gato e Corisco em 1936.

Celso Rodrigues em momento memorável na Fazenda Patos , revivendo o horror da familia de Domingos Ventura ao lado de Manoel Severo, Antônio Amaury e João de Sousa Lima
Celso Rodrigues da sacada do Solar dos Rodrigues e a Invasão de Gato 
no Cariri Cangaço Piranhas 2016

Na noite de abertura do Cariri Cangaço Piranhas 2022, o Conselho Alcino Alves Costa concede a CELSO RODRIGUES REGO o Título de "Personalidade Eterna do Sertão"

Celso Rodrigues, Manoel Severo, Celsinho Rodrigues, Jacqueline Rodrigues, 
Edvaldo Feitosa e dona Zilda

"É com muita honra que nossa família recebe esta homenagem do nosso Cariri Cangaço a meu avô, todos nós estamos festejando o reconhecimento ao trabalho, à dedicação e a honradez de toda uma vida de Vô Celso, por parte de tantos escritores e pesquisadores de nosso Brasil,  sem dúvidas uma grande honra para todos nós", declara Celsinho Rodrigues, Conselheiro Cariri Cangaço e presidente da Comissão Organizadora do Cariri Cangaço Piranhas 2022 e neto do homenageado. Celso Rodrigues Rego, patriarca da familia Rodrigues, viria a falecer no dia 26 de setembro de 2021, aos 81 anos. 

Cariri Cangaço Piranhas; 28 a 31 de Julho de 2022 - Alagoas Brasil

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MONSENHOR NICODEMOS " UM PADRE CENTENÁRIO ".

 Por Luís Bento

30/06/1922 - 30/06/2022.

Em 20 de maio de 1970 a capela de Jati passou a ser " Paróquia ", tendo a frente dos trabalhos religiosos seu primeiro pároco, " Padre Nicodemos Benício Pinheiro. Foi um momento de união de toda paróquia que tiveram a honra e grande alegria de receber o Padre Nicodemos e juntos testemunharam fé, esperança, manifestações de boas vindas. Sabiam que a partir daquele dia, passaria a existir entre todos um vínculo com se ele fosse membro de cada família, compartilhando a partir dali, todos os sofrimentos e alegrias. Para toda comunidade passou a ser como o Pastor que cuidava cada ovelha do seu rebanho.

Como Deus o amou e assim o chamou para compartilhar com ele todo o mistério sacramentalmente nessa missão na nossa pequena cidade sabíamos que ajudaria a interrogar-nos sobre o sentido da nossa vida e da nossa história. Na ocasião estiveram presentes os estudantes da Escola Isolada de Jati, atual Escola Maria Núbia Vieira Novaes na recepção religiosa e ritualização de um acontecimento ímpar, confraternização, rememoração ao Padre recém chegado.

Um fato que despertavam a curiosidade da população na chegada do Padre a pacata cidade de Jati era o " Padre sem Batina " que para época era muito estranho para população, porém logo passaram a entender e aceitar as mundanças e inovações. Compreenderam que o novo Padre era a maior autoridade eclesiástica, um homem de fé, também um ser humano comum, que tinha gostos sentimentos normais assim como suas preferências musicais como por exemplo sua predileção pela bela canção do Rei Roberto Carlos " O Portão ".

Outro fato que deixou a população a observar foi o Padre costumar passar seu aniversário trabalhando como se fosse um dia normal, dedicando-se unicamente a sua igreja e seus fiéis.

Para toda comunidade católica foi um experiência linda de vivenciar, pois realizaram o sonho que era desvincular a Capela de Senhora Santana da Capela de Santo Antônio de Jardim Ceará.

Segundo dados a capela de Senhora Santana teve sua existência em 1835, metade do século XIX no Distrito Macapá atual Jati Ce, da estrutura narrativiva da história da pequena Capela de Santana, sabe-se que a sua reconstrução foi em 1893, pelo Padre Vicente Sollter de Alencar, registra-se também que no ano de 1935 foi celebrada a primeira missa centenária pelo Padre Manoel Alcântara Gondim.

Parabéns

Padre Nicodemos!

Multas Felicidades.

Historiador Luís Bento de Sousa Diretor de Cultura.

JATI 30/06/2022.

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CANGAÇO E CONHECIMENTO (PRA NÃO ACREDITAR NA MENTIRA NEM SER MAIS UM MENTIROSO)

*Rangel Alves da Costa

Todo santo dia surge mais uma baboseira sobre o cangaço. Só faltam dizer que encontraram Lampião na porta do INSS para fazer prova de vida. E não sei se não dizem. Um diz que Lampião morreu em Minas, já outro assevera que sua morte ocorreu na alagoana Pão de Açúcar.

Um diz que morreu envenenado, já outro diz que nem morreu. Pelo jeito, Angico vai se tornando última opção como local de morte. Sim: dizem que aquelas cabeças eram de manequins, pois tudo armação para esconder a fuga acertada de Lampião. O sangue era tinta vermelha e os corpos degolados eram de mentirinha.

Todo santo dia surge uma história assim, sem pé nem cabeça, coisa que nem faz boi dormir. O pior é que muitos acreditam. E pior ainda que muitos escrevem sobre tais mentiras como se verdades fossem. E vão espalhando as aleivosias e os embustes de forma vergonhosa, mas sem vergonha alguma.

Por que tudo isso ocorre? Ora, só pode ser por falta de conhecimento histórico, principalmente da história do Cangaço. E conhecimento que implica em leitura, em pesquisa, em estudo de campo, em ter tempo para ouvir os antigos relatos e testemunhos, para ter capacidade suficiente de avaliar criticamente o dito e o escrito, extraindo de tudo as possíveis verdades. Ou as muitas mentiras.

Conhecimento que implica ainda em buscar diversos escritos sobre a mesma situação, de modo a tornar os múltiplos relatos em possível norte de entendimento. Para conhecer o Cangaço não se deve buscar as aparências ou basear-se somente em teorias conspiratórias. O Cangaço é uma colcha de retalhos que deve ser avistada no todo, desde suas raízes à junção de cada pedaço, pois um entremeado de ações e consequências. E num contexto que envolve injustiça, opressão, vingança, coronelismo, política e traição, dentre outros aspectos.

O acontecido permanece na história, os testemunhos ainda são muitos, mas gente ainda há que prefere o achismo ou o duvidoso. Tudo bem, mas será preciso um mínimo de atenção aos fatos, aos contextos e suas relações. Não se pode dizer apenas que não foi assim. Mas por que não foi assim? Então há que se demonstrar, com seriedade e provas, como de modo diferente aconteceu.

A maioria dos livros sobre o cangaço peca pelas ideologias e defesas próprias dos autores, sem buscar a devida isenção que todo escrito histórico precisa ter, mas ainda assim muitos escritos existem que são confiáveis e que – senão donos da verdade – ao menos traçam confiáveis percursos.

Os testemunhos gravados e que vão surgindo, igualmente devem ser vistos com ponderação, senso crítico e agudeza de discernimento. Até mesmo aqueles que estavam em Angico contam a mesma história de forma diferente e, na maioria das vezes, trazendo para si um protagonismo que nunca existiu. Volantes, coiteiros, cangaceiros, tudo contando a seu modo o que aconteceu de uma forma única. E assim fica difícil de saber quem está dizendo a verdade.

E eis a chave do problema. Apenas um livro ou dois não vai dar o conhecimento suficiente a ninguém. Apenas um testemunho ou dois não vai trazer a verdade a ninguém. Por isso mesmo será sempre preciso o descontentamento. Não se contentar com a história dada é a raiz da questão.

E assim, mesmo que jamais chegue a verdades absolutas sobre a história do Cangaço, a pessoa ao menos não vai querer nem ler ou ouvir baboseiras, mentiras, coisas de quem parece não ter o que fazer.

Escritor
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SERÁ?

Clerisvaldo B. Chagas, 30 de junho de 2022

Escritor Símbolo do Sertão Alagoano

Crônica: 2.725

Quando o Canal do Sertão chegará ao destino projetado, isto é, em terras arapiraquenses? Podemos afirmar que as obras do Canal do Sertão, rasgando o semiárido com tantos obstáculos a serem vencidos, é uma das maiores obras do planeta. Canal d’agua mergulhando por túneis, pontes e pontilhões nas áreas mais difíceis de caatinga, é uma amostra pujante da engenharia brasileira, assim como foi a de Paulo Afonso. Mesmo assim não é obra para o período de um só governo. E a redentora alagoana, infelizmente depende do estado de humor do governo federal. Como, porém, têm sido aproveitados até agora os trechos do Canal já em atividade? A falta de divulgação geral não pode orgulhar o povo que não conhece o que está sendo realizado sobre os possíveis benefícios.

CANAL DO SERTÃO (CRÉDITO: FLICKR)

“Nesta quarta-feira (29), o governador Paulo Dantas e a secretária de Infraestrutura, Maria Gevan, assinam a ordem de serviço para perímetro de irrigação do Gavião, localizado no município de São José da Tapera. O valor investido ultrapassa os R$ 11 milhões, com recursos provenientes do Fecoep. A solenidade tem início às 9h em Santana do Ipanema”.

“O perímetro irrigado do Gavião é um projeto desenvolvido pela Secretaria de Estado da Infraestrutura (Seinfra) em parceria com a Sedetur e Seagri, localizado entre o km 100,5 e o km 103,5 do Canal do Sertão, em São José da Tapera – Alagoas. O perímetro de irrigação possuirá uma área irrigada de aproximadamente 250 hectares, tendo como principal objetivo contribuir para o desenvolvimento de pequenos produtores rurais da região”.

As informações são de Camylla Klevia/Ascom Sinfra. A notícia é boa até porque as obras do Canal estão paradas e o governador resolveu continuar os trabalhos com recursos estaduais, assim falam as divulgações. Como tudo nesse país é desse jeito, vamos acreditar, mesmo assim que um dia essa obra chegue com êxito até o final da programação. Vale salientar que ainda estamos com os trabalhos dentro do Sertão, faltando ultrapassar alguns municípios da Bacia Leiteira para poder atingirmos o Agreste.

Um dia... Quando o Canal do Sertão atingir os limites Sertão/ Agreste, valerá soltarmos bombas e foguetões, mesmo com alegria retardada.

http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2022/06/sera-clerisvaldob.html

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CABRAS DE LAMPIÃO EM SÃO PAULO

 Por Anildomá Willans.

O Projeto Xaxando nos Festivais estará acontecendo na Praça da Sé, na capital paulista, no pra dia 06 de julho.

O Grupo de Xaxado Cabras de Lampião, da cidade de Serra Talhada, Sertão do Pajeú, com seu espetáculo homônimo, retrata a saga de Lampião, através da dança, da música e com poesias do Ciclo do Cangaço. O grupo é referência no estado pela sua resistência no fazer cultural e é um dos principais responsáveis pela difusão do Xaxado - Patrimônio Cultural Imaterial de Pernambuco - no Brasil e no mundo.

O Xaxando nos Festivais tem o incentivo do Funcultura/Fundarpe/Secretaria de Cultura/Governo de Pernambuco.

https://www.facebook.com/groups/471177556686759

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LAMPIÃO CANGACEIRO

 Por Wesley Ferreira da Silva

AMULATADO e de estatura meia; magro e sem corcunda; barba e nuca ordinariamente raspada; cabelos compridos e, sempre que é possível, perfumados; na perna esquerda, encravada, uma bala, com que o alvejou o sargento Quelé, da polícia, paraibana; o olho direito, branco e cego, escondido pelos óculos pardacentos, de aros dourados; mãos compridas, que semelham garras; os dedos cheios de anéis de brilhantes, falsos e verdadeiros; ao pescoço, vasto e vistoso lenço de cores berrantes, preso no alto por valioso anel de Doutor em Direito; sobre o peito, medalhas do Padre Cícero, escapulários e sequilhos de rezas fortes; chapéu de cangaceiro, tipicamente adornado de correias e metal branco; ensimesmado toda vez que defronta uma turba de curiosos, folgazão quando entre poucos estranhos ou no meio de seus comparsas; não se esquecendo dum guarda-costas vigilante, à direita, sempre que desconhecidos o rodeiam; paletó e camisa de riscado claro, calças de brim escuro; alpercatas reluzentes de ilhoses amarelos; a tiracolo, dois pesados embornais de balas e bugigangas, protegidos por uma coberta e xale finos; tórax guarnecido por três cartucheiras bem providas; ágil como um felino, mas aparentando constante estropiamento e exaustão; às mãos o fuzil e à cinta duas pistolas “Parabelum” e um punhal de setenta e oito centímetros de lâmina: 

Eis Virgolino Ferreira da Silva – LAMPIÃO – duende das estradas, assombração das matas e caatingas!

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LAMPIÃO NO RN, MEDO TERROR E SANGUE - PARTE IX - "O HOMEM TÁ DISPOSTO A BRIGAR"

 Por José de Paiva Rebouças


Ao ver Lampião, Luís Siqueira, o Formiga, pediu proteção. O cangaceiro garantiu, mas lhe fez um interrogatório. Quis saber quantos homens estavam armados em Mossoró. Formiga exagerou e disse que talvez uns duzentos.

https://tokdehistoria.com.br/2020/09/11/lembrancas-de-lampiao-sabino-massilon-e-jararaca-no-livro-1927-o-caminho-de-lampiao-no-rio-grande-do-norte/

Lampião chamou o estado-maior e voltou a detalhar o plano de invasão. Escutaram as ponderações de Massilon que desenhava na areia um mapa das principais artérias da cidade.

http://cariricangaco.blogspot.com/2015/05/a-vida-breve-e-vertiginosa-do.html

De acordo com a estratégia, o ataque seria protagonizada por duas colunas que se dividiria em quatro ao entrar na cidade. Sabino comandaria a tropa. Os melhores atiradores seriam distribuídos nos grupos, cada um com cerca de 400 cartuchos.

Sabino Gomes - http://lampiaoaceso.blogspot.com/2014/05/sabino-gomes.html

Lampião propôs entrar pela barragem do Rio Mossoró, mas Formiga avisou que seria arriscado, pois havia um piquete naquela área. Aborrecido, Lampião chamou Massilon.

"Você tinha me dito que entrava em Mossoró com dez homens. A cidade tinha poucos soldados e os civis estavam desarmados e eram mofinos. Agora o homem tá disposto a brigar. Não estou gostando nada disso". Reclamou.

O fazendeiro Antônio Gurgel e família - https://tokdehistoria.com.br/tag/antonio-gurgel-do-amaral/

Lampião e Sabino perguntaram ao coronel Antônio Gurgel se ele conhecia o coronel Rodolfo Fernandes. Gurgel disse que sim, mas era íntimo.

Cel Rodolfo Fernandes - Ex-prefeito de Mossoró.

Lampião ordenou que o coronel escrevesse uma carta ao intendente. Determinou que no bilhete fosse cobrado 500 contos de réis para o bando não entrar na cidade. Gurgel achou muito, Lampião então baixou para 400. Assim a carta foi escrita.

13 de junho de 1927
Meu caro Rodolfo Fernandes.

Desde ontem estou aprisionado do grupo de Lampião, o qual está aquartelado aqui bem perto da cidade. Manda, porém, um acordo para não atacar mediante soma de quatrocentos contos de réis - 400.000$000.

Posso adiantar sem receio que o grupo é numeroso, cerca de 150 homens bem equipados e municiados a farta. Creio que seria de bom alvitre você mandar um parlamentar até aqui, que me disse o o próprio Lampião, será bem recebido. Para evitar o panico e o derramamento de sangue, penso que o sacrifício compensa. Tanto que ele promete não voltar mais a Mossoró. Diga sem falta a Jaime que os vinte em contos que pedi ontem para o meu resgate não chegaram até aqui, e se vieram, o portador se desencontrou. Assim, peço por vida de Yolanda para mandar o cobre por uma pessoa de confiança para salvar a vida deste pobre velho. Devo adiantar que todo o grupo tem me tratado com muita deferência, mas, eu bem avalio o risco que estou correndo. Creia meu respeito.

(a)Antônio Gurgel do Amaral.

Depois de escrita, a carta foi lida em voz alta. Lampião perguntou quem era Yolanda e o coronel explicou se tratar de sua neta de dois anos. Ficou a cargo de Formiga o trabalho de levar a carta e trazer resposta de Mossoró.

Yolanda, neta do coronel Antônio Gurgel do Amaral
https://tokdehistoria.com.br/tag/antonio-gurgel-do-amaral/

Ao chegar à cidade, o portador pode ver a aflição das pessoas. Casas vazias e mulheres chorando pelas ruas em desalinho. Perto do meio-dia, entregou o bilhete à mão do intendente Rodolfo Fernandes. Ele leu o texto em voz alta para que os presentes acompanhassem o drama. 

O coronel fez discurso efusivo brandando a necessidade da luta por parte de Mossoró. Em seguida, contou vantagem sobre a preparação da cidade. Com o fim da reunião, pediu ao portador que aguardasse na recepção pela resposta da carta. Horas depois lhe entregaram um pequeno bilhete.

Mossoró, 13.06.1927.
Antônio Gurgel

Não é possível satisfazer-lhe a remessa de quatrocentos contos (400.000$000), pois não tenho e nem mesmo no comércio é impossível se arranjar tal quantia. Ignora-se onde está refugiado o gerente do Banco, sr. Jaime Guedes. Estamos dispostos a recebê-los na altura em que eles desejarem. Nossa situação oferece absoluta confiança e inteira segurança. 
Rodolfo Fernandes.

Mossoró se prepara para o confronto

https://blogcarlossantos.com.br/page/309/

Apesar da confiança de Rodolfo Fernandes, o clima em Mossoró era de pânico. Antes do meio-dia, estima-se que 15 comboios já tinham partido para Areia Branca. Dali a pouco, nem mesmo o telégrafo teria mais gente para anotar os recados.

https://areiabranca.wordpress.com/2015/09/04/

Adendo:

"Para quem não sabe, Areia Branca é uma cidade salineira do Rio Grande do Norte que fica localizada ao Norte de Mossoró, 45 min (49,3 km) via BR-110" - http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Trincheira tinham sido espalhadas pela cidade, mas a maioria estava incompleta. Muita gente tinha largado as armas e ido embora, outros caíam de sono por causa da vigília da noite.

A maior barricada ficou na frente da casa do chefe da intendência. Sacos de algodão foram colocados em posição estratégica de modo a não permitir qualquer transposição. Pelo menos 40 homens estavam de prontidão, do quintal ao telhado.

Manoel Alves de Souza, Léo Teófilo e Manoel Félix ficaram no campanário da capela de São Vicente. Tinham a incumbência de informar qualquer aproximação.

Na estação ferroviária, hoje Estação das Artes Elizeu Ventania, Vicente Carlos de Sabóia Filho, o Saboinha, diretor gerente da Estrada de Ferro, distribuiu homens armados em pontos estratégicos. Ao seu lado, estavam o engenheiro Lafaiete Tapioca, o comerciante Raimundo Leão de Moura e os militares Severino França, Clóvis de Araújo e o sargento Pedro Sílvio, além de nove funcionários.

Outra trincheira foi montada na empresa Tertuliano Fernandes & CIA. Na igreja matriz, estavam posicionados o dentista Antônio Brasil, com um binóculo, e dois policiais. No ginásio Diocesano, outros quatro homens; mais quatro na torre da igreja do Sagrado Coração de Jesus e oito no Mercado Central.

Seis atiradores se deslocaram para a parede divisória das águas do rio. Piquetes menores foram dispostos no prédio da Mesa de Rendas do Estado, no Grupo Escolar Ezequiel Fernandes e na Cadeia Pública.

Tenente Abdon Nunes - http://jotamaria-pmpatrono.blogspot.com.br/

Os tenentes Abdon Nunes, Laurentino Morais e João Nunes ficaram responsáveis pelas patrulhas nas áreas mais abertas. Coube ao vigário da matriz, Padre Mota, corrigir as trincheiras. Encontrou diversos problemas e chegou a dissolver a da Caieira, redistribuindo os homens. 

Padre Mota é o terceiro da direita - http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/o-padre-visiona-rio-de-mossora/302503

Última troca  de Bilhetes

Passava de duas da tarde e Formiga não chegava. Os cangaceiros não podiam mais esperar. Mesmo sem notícias do intendente, precisavam seguir. As margens do rio Mossoró, próximo ao Estreito, o capitão voltou a perder a paciência com Massilon.

Carta de Lampião ao prefeito de Mossoró Rodolfo Fernandes

"Você disse que o rio estava seco. A viagem está atrapalhada! Nada está dando certo!", reclamou. Massilon pouco respondeu. Atravessaram o rio com água na cintura.

Tenente Laurentino Morais

Na outra margem, Sabino usou os reféns como escudo humano. Antônio Gurgel na frente. "Você é o nosso ministro da guerra", sentenciou. Pouco adiante, perceberam a aproximação de um cavaleiro. Era Formiga com a resposta de Rodolfo.

Coronel João Nunes

Ao saber do conteúdo, Lampião amassou e jogou fora o papel. Alarmou aos comparsas que iriam mesmo tomar Mossoró. "Vamos atacar! É vergonhoso chegar tão perto e voltar sem fazer uma tentativa", destacou, conforme Sérgio Dantas.

Maria Ferreira Queiroz a "Dona Mocinha" irmã de Lampião ainda viva. - http://lampiaoaceso.blogspot.com/2011/10/prazer-em-conhecer-lampiao-aceso.html

Lampião parecia apreensivo. Desconfiava do fracasso e fez nova tentativa com Rodolfo. Escreveu de próprio punho outro bilhete.

Enviou o bilhete ao destinatário e seguiu por mais quatro quilômetros, parando no sítio Saco, hoje bairro Belo Horizonte. Da residência de Domingos Camilo, Lampião pode contemplar Mossoró pela primeira vez.

Segundo Sérgio Dantas, jamais o cangaceiro tinha visto aglomerado urbano de semelhante proporção. Observou casas e alguns edifícios mais altos e se demorou contemplando as torres das quatro igrejas.

Teria, segundo o pesquisador, olhado para Antônio Gurgel e dito ali uma de suas frases mais célebres "Cidade de mais de uma igreja não é lugar para cangaceiro".

Ao receber a mensagem de Lampião, coronel Rodolfo Fernandes fez como antes e compartilhou com outros em seu gabinete. Recebeu apoio dos presentes. Após conversa longa com o tenente Laurentino de Morais e Sabóia Filho, escreveu, também de próprio punho, a resposta ao cangaceiro. Mais uma vez foi inflexível.

Virgulino Lampião.

Recebi seu bilhete e respondo-lhe dizendo que não tenho a importância que pede e nem também o comércio. O Banco está fechado, tendo os funcionário se retirado daqui. 
 
Estamos dispostos o acarretar com tudo que o Sr. queira fazer contra nós. A cidade acha-se, firmemente, inabalável na sua defesa, confiando na mesma.

a. Rodolfo Fernandes.
Prefeito. 13.06.1927.

Continuarei amanhã.

Fonte - Revista Brava Gente  do Jornal de fato.com

Página 27

Mês Junho de 2022.

Digitado e Ilustrado por José Mendes Pereira - administrador deste blog.

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