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domingo, 23 de janeiro de 2022

GRATIDÃO!

 Por José Augusto Sousa

Para com o meu nobre amigo e cabeleireiro Elieudo Silva @elieudo89 empresário do Salão de Beleza "ELE & ELA" em Alexandria-Rn (Contato para agendamento: 84 99848-7557, instagram: @salao_eleeela) pelo apreço e apoio ao presente poeta (no ato de adquirir a obra Levítikus - Sons de uma Poesia). 👏👏👏

Para mim é motivo de muita honra e satisfação caminhar ao lado de cada um de vocês! Que o Deus de Abraão abençoe a sua vida e que Êle seja a glória deste projecto!

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JURITI UM CANGACEIRO DE LAMPIÃO

 Por Kinko Peregrine

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JURITI UM CANGACEIRO DE LAMPIÃO VEJA OUTROS TEMAS https://www.youtube.com/channel/UCPtq...

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ANÁLISE DA ENTREVISTA QUE LAMPIÃO CONCEDEU EM BREJO SANTO, EM 1926 NO CONTEXTO DO QUE NOTICIAVA A IMPRENSA DA ÉPOCA. COLUNA PRESTES. UMA NOTÍCIA FALSA PÕE A VILA DE BREJO EM ALERTA. LAMPIÃO VAI A JUAZEIRO SE ALISTAR AO GOVERNO PARA LUTAR CONTRA O CAVALEIRO DA ESPERANÇA.

A Serra do Poço está localizada no município de Brejo Santo,
na região de fronteira entre o Cariri cearense e o Pajeú pernambucano. 
Registro feito a partir da Barragem dos Porcos.
Foto: Acervo dA Munganga.

O jornal Gazeta de Juazeiro colheu impressionante reportagem a respeito de Lampião e seu grupo, ao passar por Brejo Santo, na direção do Pajeú.

Publicada também pelo Jornal do Recife, em 25 de fevereiro de 1926, a matéria fornece interessantes informações sobre Lampião e o seu bando. O célebre bandoleiro andava fardado de Coronel, depois de realizar malfeitos na região, matando, roubando e lançando o terror por toda a parte.

Nessa época, levas de romeiros pediam a proteção do padre Cícero e se obstinavam em permanecer em Juazeiro, único ponto onde se julgam a salvo do banditismo.

Francisco Saraiva Xavier, mas conhecido como Chiquinho,
foi proprietário da fazenda Poço e vizinho do major Firmino Inácio 
e Dona Sinhá, no sítio Cachoeirinha,
localizados às margens do Riacho dos Porcos.
Foto: acervo de Maria do Socorro Cardoso Xavier.

Estava o senhor Francisco Saraiva Xavier no seu sítio Poço, na vila de Brejo dos Santos (atual Brejo Santo – CE), quando apareceu ali Lampião e um numeroso grupo de bandidos pedindo-lhes pousada. Vinham todos a cavalo e estavam armados até os dentes.  Chiquinho Xavier, como era conhecido, não pôde deixar de dar pousada aos estranhos hóspedes, que se mostraram desde logo sem cerimônias, tomando conta da casa.

O fazendeiro aproveitou o ensejo para realizar uma entrevista ao Rei do Cangaço.

Contou o parnamirinense, radicado em Brejo Santo, casado com Eulália Sampaio Cardoso Martins Xavier,  que o grupo de facínoras era composto de Lampião, Dé Araújo e Sabino, formando um grupo de 45 homens. Vinham de Aurora, tendo penetrado a Paraíba e, após as mais terríveis depredações, retornavam ao Ceará para, em seguida, internarem-se nos sertões do Pajeú pernambucano.

O anfitrião pediu que Lampião se apresentasse, tendo dito:

- Eu sou o coronel Lampião, o homem mais valente do Brasil.

Em seguida, apresentou os principais componentes do seu grupo.

- Aqui o meu estado maior... major Horácio Novais, meu secretário..., capitão fulano..., tenente sicrano.

O repórter descreveu que todos estavam fardados como verdadeiros militares, cada um apresentando as divisas dos seus imaginários postos. A segunda pergunta questionava a Lampião quais os objetivos com a tropa naquele lugar:

- Ando recrutando gente para a guerra... – respondeu Virgulino Ferreira.

Chiquinho Xavier não compreendeu bem a resposta e Lampião se pôs a conversar desembaraçadamente, expondo todos os seus planos com desassombro.

- Por ora somos 32 homens, 32 que você está vendo e mais 20 que mandei a uma diligência (incendiar as propriedades de um fazendeiro na Paraíba). Vim ao Ceará somente recrutar gente para a guerra. Pretendo agora no Pajeú completar uma força de 200 homens para atacar uma cidade importante no Pernambuco, a fim de aumentar o número de homens a mil.

E dizendo isto, mostrou uma porção de rifles e munição que levava de sobressalência, para distribuir com os novos recrutas. As condições do engajamento eram as seguintes: Lampião daria um rifle com munição, fardamento e 1000$000 (cem mil réis) em dinheiro ao recruta e este então fizesse pela vida daí por diante.

- E para que o Coronel quer tanta gente? Indagou Chiquinho Xavier, curioso.

- Não lhe disse que era para a guerra? Tornou Lampião. Quero juntar mil homens para declarar guerra oficial aos estados da Paraíba e Pernambuco. Hei de fazer uma guerra tão violenta a estes Estados que o meu nome ficará na história.

- E não tem medo do Governo Federal? Lampião riu ironicamente e continuou:

- Nós não sabemos o que é medo. O meu plano é resistir como um leão até o Governo nos conceder anistia.

Francisco Xavier estava de queixo caído. Todavia, Lampião prosseguiu:

- Agora vou lutar a descoberto. Estou aborrecido de caminhar por veredas. Só andarei agora pelas estradas e faço questão de me encontrar com os “macacos” do Governo.

A matéria ressaltava a vaidade de Lampião, devido à celebridade que o seu nome havia ganhado nos jornais e citava outras matérias contemporâneas, em que se descrevia um homem de atitudes contraditórias às selvagerias também alardeadas. Por exemplo, sobre as horríveis depredações da Paraíba, nos sítios Cipó e Catingueira, ele foi citado, no jornal O Rebate, de Cajazeiras como um chefe de bando generoso e moderado.

Outra matéria contava que, no Ceará,  Lampião teria dado 500$000 (quinhentos mil réis) para o conserto de uma capela, e mais 100$000 (cem mil réis) de esmola a uma velhinha e obrigou um dos cabras a restituir 60$000 (sessenta mil réis) que roubara de um pobre lavrador.

Trajado como um Coronel do exército, no Poço, em Brejo Santo, usava meias de seda, camisa palha de seda, lenço também de seda ao pescoço, passado num anel de brilhante, relógios, pulseira nos dois punhos, bornal, cartucheira ataviados com moedas de ouro, chapéu de abas largas, ao modo dos bandidos de cinema.

Nos pousos, o bandoleiro chefe costumava tocar uma harmônica e outros jogavam moedas de ouro no chão. O major Horácio Novais era quem lia as últimas notícias dos jornais para o coronel Lampião, que o ouvia atentamente, interrompendo-o aqui e ali para fazer os seus comentários sempre galhofeiros.

Lampião demonstrava gosto por ver seu nome em letras de forma e se interessava especialmente pelas notícias relativas aos revolucionários da Coluna Miguel Costa-Prestes, aos quais devotava um verdadeiro culto de admiração:

- Só não gostei do nome dessa tal Coluna Peste, mas se esses peste é contra o Governo, tô com eles.

UMA FAKE NEWS ANTIGA ASSUSTOU BREJO DOS SANTOS

Grupo de brejo-santenses formado para proteger a vila de Brejo dos Santos
de um possível ataque de Lampião, em janeiro de 1926.
1 - Zé Chicote, 2 - Antônio Cornélio, 3 - Mestre Olívio, 4 - Pedro Celião,
5 - Elias Bastos, 6 - Zé Celião, 7 - Antônio Simplício, 8 - Basílio Neto,
9 - Antônio Matias, 10 - João Gomes.
Foto: acervo dA Munganga.

No início de janeiro de 1926, espalhou-se pela vila de Brejo dos Santos uma notícia, que alvoroçou o povo brejo-santense, que correu para se armar. Saia gente de todo canto avisando e pedindo para que as pessoas se prevenissem contra o possível ataque do famigerado bandido. Outras pegaram em armas e se juntaram em grupos com o intuito de enfrentar a horda que se dizia aproximar para grande arruaça. Vários homens, de fato, se reuniram, em busca de um plano que amenizasse os possíveis estragos na cidade.

O coronel Manoel Leite de Moura, que era conhecidamente manso, logo se avexou, procurando defesa. Conforme nos contou o neto do dito coronel, Francisco Leite Quental e o co-autor Antônio Klévisson Viana Lima, no livro - Lampião e Outras Histórias Curiosas do Cangaço: “na agonia e no desespero da tão decantada invasão, correu e agarrou o seu rifle cruzeta e colocou a cartucheira na cintura. Quando voltou todo equipado, chamou logo a atenção dos presentes, pelo inusitado da vestimenta. Guardando certa pose, desfilava um tanto orgulhoso e altaneiro pela casa, quando se ouve um barulhozinho: “top... top... top...” O nêgo Zé Felix, seu amigo e compadre, por sinal muito valente, depois de observá-lo atentamente, disse: - “Coroné, o sinhô colocou a cartucheira foi de cabeça pra baixo e as balas estão todas despencando!” Ninguém aguentou e todos caíram na gargalhada, enquanto o Coronel repetia desapontado: - “Ô que seiscentos diabo! Eu não dou pra isso, definitivamente eu não dou pra isso...”

Coronel Manoel Leite de Moura
 e sua esposa, Antônia Leite Tavares.
Foto: acervo dA Munganga.

Chalé do Cel. Manoel Leite de Moura, na vila de Brejo dos Santos. Década de 1940.
Foto: acervo dA Munganga.

Como dito no subtítulo, foi apenas uma fake news. O bando de Lampião não passou pelo centro da Vila de Brejo dos Santos, do Poço, onde concluiu a entrevista, seguiu para o Pajeú.

Notícias outras noticiavam que Lampião nutria "simpatia' pelos revoltosos da Coluna Prestes, a respeito dos quais acompanhava as notícias por meio da imprensa. Sua admiração pelo "Cavaleiro da Esperança" aparentemente seria tanta que planejava formar um batalhão para se unir aos rebeldes tenentistas, com quem faria uma "guerra oficial" aos estados de Pernambuco e da Paraíba. Os revoltosos, em teoria, estariam tentando aliciar o "rei" dos cangaceiros, de acordo com Flores da Cunha, em carta ao "coronel "Ângelo Gomes Lima, mais conhecido por Ângelo da Gia.

Especulações de que oficiais da Coluna teriam recomendado que Prestes convidasse o bandoleiro a se unir aos revoltosos, mas que ele teria se recusado; e de que um primo de Lampião, na Paraíba, teria se oferecido ao "Cavaleiro da Esperança" para convidar Virgulino a se unir à sua Coluna, o que também foi rejeitado. Até mesmo um cangaceiro, José Alves da Cunha, o Ventania, teria sido capturado pelos soldados de Prestes e incorporado à Coluna, durante a passagem dos "revoltosos" pela região. E que o próprio Lampião chegou a afirmar que havia aprendido muito com os revolucionários.

Conforme dito, foram somente especulações, pois não há nenhum indício, seja da parte de Lampião, seja de entrevistas ou documentos de Prestes ou dos oficiais tenentistas, de que o mais famoso comunista brasileiro tivesse manifestado entusiasmo em se unir aos cangaceiros. Pelo contrário, como se sabe, o "capitão" Virgulino Ferreira se aliaria ao Governo por um breve período para lutar contra Prestes e seus soldados, quando vai receber a patente de Capitão do Batalhão Patriótico, em 06/03/1926, em Juazeiro do Norte-CE, chamando-se de legalista por onde passasse.

Registros da passagem de Lampião em Juazeiro do Norte, em março de 1926, feitas por Lauro Cabral de Oliveira Leite e Pedro Maia.

Ao Lampião "patriota" de 1926, atuando agregado ao Batalhão
Patriótico, não ficava bem o uso de chapéu de couro de aba
arrebitada, símbolo máximo do cangaço. Melhor o de feltro.
Foto de Pedro Maia.
Texto: Frederico Pernambucano de Mello.

Tendo recebido a patente de capitão honorário das forças legais,
despira o chapéu de couro, símbolo máximo do cangaço.
Máquina pronta, luz ideal, Lampião segura delicadamente o fotógrafo
 pelo braço e lhe sussurra ao ouvido: "Tu vai tirar meu retrato só daqui
pra cima (e fez um gesto significativo querendo dizer: só o busto!)
"
 e continuou: "Mas cuidado para não pegar meu olho cego, viu?"
 Porém Pedro, como bom profissional que era, sombreou o lado
direito do rosto do cangaceiro e fez um belo perfil,
 representando a melhor foto de Lampião, conhecida mundialmente. 
Foto: Pedro Maia.

Ainda no Juazeiro, Lampião (de chapéu de couro) e 
Antônio Ferreira (irmão de Lampião), vulgo Esperança portam
mosquetões mauser 1895, com pesadas cartucheiras de
 duas camadas à cintura (cerca de cem cartuchos)
e broches do Padre Cícero no peitoral.
Foto de Lauro Cabral de Oliveira Leite.
Texto de Frederico Pernambucano de Mello.

Grupo de Lampião em visita ao Juazeiro em março de 1926. Da esquerda, de pé,
o chefe e o seu irmão mais velho, Esperança, armas em riste. Dos 21 bandoleiros,
 15 portavam rifles Winchester, e 6, fuzis ou mosquetões Mauser. Sabino recusou-se
 ostensivamente a posar, retirando-se com os seus 16 homens.
Foto de Pedro Maia.
Texto de Frederico Pernambucano de Mello.


Grupo completo, vendo-se a primeira fila de joelho no chão; a segunda de pé e a terceira
em cima de um banco. Lampião e Antônio Ferreira aparecem no lado esquerdo da fotografia.
Foto de Pedro Maia.

Foto da família Ferreira na visita de Lampião ao Juazeiro, tirada pelo fotografo
 Lauro Cabral de Oliveira Leite. Da esquerda para a direita: Domingos Paulo,
 um desconhecido, Sebastião Paulo, Ezequiel, João Ferreira, um desconhecido,
Francisco Paulo, Virgínio e José Dandão. Sentados: Antônio Ferreira, Angélica,
 Joana (mulher de João Ferreira), Mocinha, Anália e Virgulino.

Adendo: Eu não estou querendo desmerecer o que o pesquisador escreveu, mas me parece que há um equívoco na legenda. Vejam esta abaixo. Mas não posso dizer que estou certo. - José Mendes Pereira

IDENTIDADES: 1- Zé Paulo, primo; 2 -Venâncio Ferreira (tio); 3 - Sebastião Paulo, primo; 4 - Ezequiel, irmão; 5 João Ferreira, irmão; 6 -Pedro Queiroz, cunhado (casado com Maria Mocinha, que está à sua frente, sentada); 7- Francisco Paulo, primo; 8- Virgínio Fortunato da Silva, cunhado (casado com Angélica) 9 - ZÉ DANDÃO, agregado da família. SENTADOS, da esquerda para direita: 10 - Antônio, irmão; 11-Anália, irmã; 12 - Joaninha, cunhada (casada com João Ferreira); 13 -Maria Mocinha, ou Maria Queiroz, irmã; 14-Angélica, irmã e 15 - Lampião.

Dos nove irmãos da família Ferreira, dois estão ausentes nesta foto: LEVINO, que morrera no ano anterior, 1925, no sítio Tenório, Flores do Pajeú/PE, em combate contra as volantes paraibanas dos sargentos Zé Guedes e Cícero Oliveira. E VIRTUOSA, que, sinceramente, não sei dizer se simplesmente não quis aparecer na foto, ou já era falecida.

 

PS: Francisco Saraiva Xavier, mais conhecido por Chiquinho, nasceu em Leopoldina, hoje Parnamirim – PE, em 1896 e é filho de Pedro Xavier de Souza e Josefa Leocádia de Castro Saraiva. Casou-se em 10.12.1917 com Eulália Sampaio Martins Cardoso, mais conhecida por Lolosa, nascida 04.04.1892, no sítio Crioulos, em Barbalha – CE, sendo filha de João Martins Cardoso de Oliveira e Maria Glória Sampaio Cardoso. Chiquinho e Lolosa tiveram os seguintes filhos: Audízio Martins Xavier, Olavo Martins Xavier, Alberto Martins Xavier, Adalberto Martins Xavier, Agemir Marins Xavier, Agamenon Martins Xavier, Aldo Martins Xavier, Adair Martins Xavier, Marlene Xavier do Amaral e Maria Sampaio Xavier Mariano.

O Brejo é Isso!

Por Bruno Yacub Sampaio Cabral.

Agradecimento especial aos amigos Hérlon Fernandes Gomes e Ângelo Osmiro Barreto.

PANORAMA ATUAL DA FAZENDA POÇO, ANTERIORMENTE PERTENCENTE A FRANCISCO SARAIVA XAVIER.




Referência bibliográfica:

- BONFIM, Luiz Ruben F. de A; Lampeão antes de ser Capitão; Paulo Afonso; Editora Oxente; 2ª Edição; 2020;

- CHANDLER, Billy James; Lampião: o rei dos cangaceiros; São Paulo; Paz e Terra; 1981;

- IRMÃO, José Bezerra Lima; Lampião: a raposa das caatingas; 4ª edição; Salvador; JM Gráfica & Editora Ltda; 2018;

- PERICÁS, Luiz Bernardo; Os Cangaceiros: ensaio de interpretação histórica; São Paulo; Boitempo; 2010;

- QUENTAL, Francisco Leite; e Lima, Antônio Klévisson Viana; Lampião e Outras Histórias Curiosas do Cangaço; Brejo Santo;

- MACIEL; Frederico Bezerra; Lampião: seu tempo e seu reinado; Petrópolis; Vozes; v. III; 1986;

- MELLO, Frederico Pernambucano de; Guerreiros do sol: violência e banditismo no Nordeste do Brasil; São Paulo; A Girafa; 2011;

- MELLO, Frederico Pernambucano de; Benjamim Abrahão: entre anjos e cangaceiros; São Paulo; Escrituras Editora; 2012;

- MELLO, Frederico Pernambucano de; Apagando Lampião: vida e morte do rei do cangaço; São Paulo; Global; 2018;

- NETO, Lira; Padre Cícero: poder, fé e guerra no sertão; São Paulo; Companhia das Letras; 2009;

- SANTOS, Robério (organizador); Álbum do Cangaço 2; 2018;

- XAVIER, Maria do Socorro Cardoso; Cardoso: troncos e galhos de um clã caririense; João Pessoa. Sal da Terra Editora; 2006;

- XAVIER, Maria do Socorro Cardoso; A saga de um clã Xavier; João Pessoa; Sal da Terra Editora; 2012;

- WALKER, Daniel; Padre Cícero, Lampião e coronéis: análise de vida política de Padre Cícero através de dois eventos: outorga da patente de Capitão a Lampião e o Pacto dos Coronéis; Fortaleza; Expressão Gráfica e Editora; 2017;

- WALKER, Daniel; Lampião e sua falsa patente de Capitão; Rio de Janeiro; Katzen Editora; 2019;

- Jornal O Combate (SP); edição de 13 de janeiro de 1926;

- Jornal A Província (PE); edição de 26 de janeiro de 1926;

- Jornal do Recife (PE); edição de 25 de fevereiro de 1926.

LAMPIÃO, CANGAÇO E NORDESTE – AGLAE LIMA DE OLIVEIRA – O FESTEJADO LIVRO E SUA HISTÓRIA COM SR. ANTÔNIO DA PIÇARRA – 1ª PARTE

 Por Hérlon Fernandes Gomes

Em 1970, uma mulher se tornou a sensação do momento, entrando pela TV nos lares brasileiros, no famoso programa Show Sem Limite, de J. Silvestre, respeitado apresentador da TV Tupi. O programa era desses da pergunta milionária. A professora Aglae, de Cabrobó-PE, foi sabatinada na atração, respondendo a tudo sobre um difícil e interessante assunto: LAMPIÃO. Os programas se avolumavam, a audiência era grande e a professorinha aproximava-se da resposta premiada.

- Absolutamente certa a resposta, dona Aglae! – bradava o apresentador.

Com J. Silvestre - Fotografia: Revista O Cruzeiro - 11/08/1970.

Ela foi uma apaixonada pela história do cangaço, rendendo a publicação de impressionante livro a respeito, intitulado Lampião, Cangaço e Nordeste. Dedicou uma vida a pesquisar, visitando lugares, consultando sobreviventes do período. Nertan Macedo, que honrou as orelhas do livro; e Rachel de Queiroz, que o prefaciou, assim escreveram sobre autora e obra:

“Sem contar jamais com verbas e recursos oficiais, Aglae não fez pesquisa livresca, buscando nas fontes consagradas o que entre nós foi dito e escrito sobre os cangaceiros. Ela própria, nascida e vivida no sertão, conviveu, durante duas décadas, não apenas com a paisagem que emoldurou o Capitão do Cangaço, mas com os cabras sobreviventes da terrível aventura, que lhe ditaram memórias e reminiscências inesquecíveis sobre a vida comunitária do grupo bandoleiro, fatos, hábitos, higiene, sexo, maneiras de encarar as coisas, os homens e os animais. [o livro] é uma fonte de consulta obrigatória a quantos queiram conhecer o cangaço nômade na intimidade.” (Nertan Macêdo)

“Hoje ninguém poderá pretender discutir cangaço e cangaceiros - especialmente quando se tratar daquele que foi chamado o Rei do Cangaço, Lampião -, sem se curvar ante a professora Aglae Lima de Oliveira, autoridade máxima no assunto. (...) Aglae domina o assunto, conhece-o profundamente, vive a história de Virgulino, interpreta-a, recorda-a quase como uma testemunha - , o que de certa forma o foi. Pois se a moça não viu, porque nem era nascida então, ou era pequena demais para entender o que assistia, soube depois recolher no testemunho direto dos contemporâneos, na visita aos cenários do drama (que ocupou lugar tão dilatado no tempo e no espaço do Nordeste), no interrogatório paciente e minucioso dos sobreviventes da grande tragédia sertaneja, a sua verdade mais autêntica.” (Rachel de Queiroz)

Sr. Antonio Teixeira Leite, o famoso Antônio da Piçarra e a escritora Aglae, na Fazenda Piçarra- 1970.

Sobre Lampião, resumiu Aglae à revista O Cruzeiro, de 11/08/1970: "Na minha concepção, foi um fenômeno sociológico e psicológico. Um gênio militar perdido nas caatingas. Grande capacidade de liderança. Amava e odiava, alimentava e assaltava, era herói e covarde. Foi profundamente nacionalista. Sua vida foi a luta de um homem contra o destino. Lampião era astuto e calculista e não se pode dizer que era totalmente ruim. É que seu lado mau tem sido muito explorado. Ele não cansava de repetir as quatro coisas que mais gostava: gado gordo, cavalo de passada boa, mulher e arma de fogo."

A distante Piçarra, no Cariri, localizada no município de Porteiras-CE, foi um dos pontos para onde convergiu a escritora, em busca de conversar com Sr. Antônio, 75 anos de idade,  memória viva de sua complicada relação com Lampião: de coiteiro a delator, premido pelas questões legalistas. De fato, a Piçarra foi palco de importantíssimas diligências cangaceiras. Foi lá, por exemplo, onde aconteceu, em 1928, uma das mais penosas baixas no bando do Rei do Cangaço, a morte de Sabino Gomes, o lugar-tenente de Lampião.

Wilson é a criança em primeiro plano, com o avô, primo e tio.

Fui me encontrar com Wilton Santana (Vilson), filho-neto de Sr. Antônio, que me contou a bonita história de afeto entre ele e o seu velho invisível - o seu velho indivisível avôhai; e como foram as visitas de Aglae em busca de todos os detalhes sobre o cangaço. À época, Vilson era uma tenra e curiosa criança, que cresceu apaixonado pelas histórias do perigoso sertão. Ele me contou os detalhes desses encontros.

... Continua

Hérlon Fernandes Gomes

By Hérlon Fernandes às janeiro 22, 2022 

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Marcadores: Lampião Cangaço e Nordeste - Aglae Lima de Oliveira - Um festejado livro de História com Sr. Antônio da Piçarra - 1ª parte.

Local: Porteiras, CE, 63270-000, Brasil

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FOTOGRAFIA DE MANOEL HERÁCLITO, SOLDADO DA VOLANTE COMANDADO POR MANOEL NETO.

Por Pedro Melo

Mais vale lembrar ao amigo leitor que esta foto do volante Manoel Heráclito pertence ao acervo do professor, escritor e pesquisador do cangaço Antonio Vilela de Souza.

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SOB A PROTEÇÃO DO CEL. SANTANA ANTÔNIO SILVINO EM MISSÃO VELHA, CE

Por João Bosco André

Antonio Silvino o governador do sertão

O afamado cangaceiro Paraibano, Antonio Silvino, esteve também por estas bandas de Missão Velha, sob a proteção do Cel. Antonio Joaquim de Santana, juntamente com alguns dos seus irmãos. Um dos irmãos de Silvino, de nome Pedro Silvino, mantinha uma casa de comércio na Cidade, isso entre os anos de 1902 para 1904 e tendo um dos irmãos do cangaceiro Paraibano, andado metendo os pés pelas mãos em Missão Velha, um belo dia do mês de abril, Antonio Silvino recebeu um recado do Cel. Santana, convocando-o até o seu Quartel General na Serra do Mato. Antonio Silvino, imediatamente selou um animal e se pôs à viagem, ali chegando, já se encontrava à mesa para o jantar o Cel. Santana, que o convidou para sentar-se e jantar, Silvino atendeu ao convite, se sentado para jantar, mais com o seu rifle nas pernas. Terminado o jantar o Cel. Santana, usando o seu linguajar roceiro, disse:

“Sim senhor Antônio Silvino, mandei lhe chamar aqui, para lhe dizer que você não tem mais a minha proteção em missão velha”; “O lugar do seu rifle aqui na minha casa, era ali no canto daquela parede, hoje você jantou na minha mesa com o rifle nas pernas”. 

Coronel Santana.
 
Imediatamente Antônio Silvino se levantou e convidado pelo cel. Santana, para tomar o café, Antônio Silvino respondeu-lhe: “na sua casa eu não tomo mais, nem água” e de rifle em punho e já engatilhado, saiu de costas até o alpendre onde se encontrava o seu animal amarrado e pulando de costas em cima do animal, cortou-lhe a corda que o amarrava na varanda do alpendre e desceu para missão velha, isso já tudo escuro, pois já era noite e chovia muito, só via a estrada quando o relâmpago abria.

Chegando em Missão Velha, já noite velha, foi acordar os irmãos e ordenou-lhes que deveriam deixar Missão Velha, antes do dia amanhecer, pois temia um ataque do Cel. Santana. O seu irmão que era comerciante, foi acordar os seus vizinhos para vender as mercadorias existentes na sua bodega. Os colegas de comércio, sabendo que os Irmãos Silvinos, tinham que deixar Missão Velha às pressas, ficaram se amarrando para ficar com as mercadorias de graça, foi quando  Pedro Silvino, notando a matreirice dos seus colegas de comércio, começou a espalhar umas latas de gás dentro da sua mercearia e começou a furá-las a punhal. Perguntaram o que ele iria fazer, ao que ele respondeu-lhes:

“- Vocês acerem o que é de vocês, porque eu vou queimar o que é meu”; “não vou deixar nada de graça prá ninguém”.

Neste instante, os comerciantes que eram seus vizinhos, resolveram a comprar as mercadorias de Pedro Silvino, más o que é certo que antes de amanhecer o dia seguinte, os irmãos Silvinos desocuparam Missão Velha e nunca mais voltaram aqui.

História que me foi contada pelo Sr. José Gonçalves de Lucena. O comércio de Pedro Silvino ficava localizado na Rua Cel. José Dantas, onde hoje funciona atualmente o Café de Dona Didi Fideles.

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MAIS UM GARIMPEIRO DA MARCA AZEDA

Por Rubens Antonio

Confira algumas das imagens e respectivas manchetes de jornais ripadas pelo confrade Rubens Antonio em suas "rastejadas" pela Bahia.

As fotos são escaneadas de jornais deste estado. Infelizmente ainda não conseguimos a nitidez desejada. A intenção é para que nossos leitores constatem que semelhantes a estas há outras imagens que permanecem perecíveis na fragilidade dos jornais e ainda não estão devidamente recuperadas e reproduzidas nos livros.

Quem é este elegante cidadão? 
Esta foto foi "batida" em 1940 na cidade de Salvador quando o ex cangaceiro "Jurity" já em liberdade após um ano e meio de ter se entregado foi visitar os velhos companheiros, cangaceiros do bando de "Labareda", que estavam detidos após as ultimas entregas. Compare com  a sua figura na época do cangaço em foto de 1936.


Os visitados

 Saracura, JandaiaLabaredaPatativa,  e suas mulheres, com e Deus-te-guie, no centro ao fundo. As meninas eram Zephinha, de Jandaia; Maria Eunice, de Patativa; Flauzina, de Saracura e Ozana, de Labareda.


05 de junho de 1932, no “A Tarde”: (Grafia da época)

"É presa a companheira de um bandido de Lampeão

Dentre os bandidos do grupo de Lampeão, que infelicita os sertões nordestinos, figura o de alcunha “Ferrugem”, que é um cabra destemido e bem disposto.

A policia tem estado por varias vezes na eminencia de captura-lo, não o logrando por causa da sagacidade e dextreza do caibra. Mesmo assim não houve esmorecimento por parte dos perseguidores.

Há dias, foi capturada ali, a rapariga Maria da Conceição, que tinha nos braços uma criança. Interrogada, confessou ser amante do perigoso “Ferrugem”.

Hontem, Maria da Conceição chegava a esta cidade pelo trem do horario, sendo recolhida ao xadrez da delegacia auxiliar, de onde, pela tarde de hoje vae ser mandada para a detenção.

Maria que é cabocla forte e sadia, ao ser inquerida pela reportagem de “A Tarde” nada quiz responder. Não sabia contar os combates.

Só “Ferrugem” que é homem do cangaço – disse rindo-se bastante, deixando á mostra os seus dentes alvos e certos."

Para quem não consegue enxergar o Cangaço em muitas das suas dimensões... aqui uma delas... Uma foto de um soldado morto em Outubro de 1933.


Pedro Emygdio de Oliveira pernambucano, com 36 anos de idade, morto devido a ferimento em confronto com cangaceiros, sendo enterrado no cemitério da Quinta dos Lázaros, em Salvador, Bahia.
Causa-mortis no laudo cadavérico: "sceptcemia grangrenosa, em consequencia de fractura do femur por projectil de arma de fogo."

Já do ladro negro da força: Os despojos de Alagadiço,SE.

 O que restou dos cangaceiros Zé Baiano, Demundado, Chico Peste e Ascelino. 
Foram assassinados por civis em 1936 no Povoado Alagadiço, município de Frei Paulo, SE. Para facilitar a escavação os corpos foram enterrados em um "formigueiro". Após a exumação Zé Baiano teve a cabeça cortada, mas não foi levada. Foram novamente enterrados, alguns ossos estão expostos no Memorial que fica no mesmo local deste massacre.

Corpo de Zé Baiano e a sua cabeça sob o mesmo.

Detalhe da face da "pantera negra dos Sertões".  
Choca? Agora imaginem esta foto em cores!

Postadas originalmente nas comunidades do Orkut : Cangaço, Discussão Técnica e Lampião, Grande Rei do Cangaço .

http://lampiaoaceso.blogspot.com/2011/05/rubens-antonio-mais-um-garimpeiro-da.html

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