Por Luiz
Serra
A situação das livrarias não está nem
no plano do razoável no Brasil, mas, nos anos 2017 e 2018, foi me expressivo o
cartel de vendas de nosso modesto ensaio O Sertão Anárquico de Lampião. A recordar
a Livraria Saraiva, do excelente Midway Shopping de Natal, que em três meses o
gentil gerente Ednardo nos avisou da vendagem superior a 200 exemplares. Noutra
parte a ressaltar os períodos ditosos nas livrarias da Praça de Casa Forte de
Recife e Leitura do Natal Shopping, entre outros circuitos de cultura valorosos
para superar estes tempos bicudos.
O conteúdo do livro traz interesse do
torrão nordestino, em especial o sofrido e cultural sertão das penitências e
provações de uma gente guerreira, dizendo daqueles tempos da República Velha
(até 1930). O temário de história oral e documental envolvendo em boa parte a
questão política explosiva dos tempos iniciais da República, o escapismo
religioso dos beatos que acolhiam a todos, as guerras localizadas, na Paraíba e
no Ceará, a passagem da Coluna Prestes conturbada pelo Nordeste, e o fenômeno
do cangaço, o western brasileiro, com seus pistoleiros redentores, que
sobreviviam nos saques para manter a instituição da morte que virou lenda
cultural perene.
Nesse aspecto, depois de anos
esfalfando documentos me apresentados por um professor quase centenário, José
de Andrade Nóbrega de Princesa, Paraíba, sobrinho do lendário coronel José
Pereira, e entrevistas com personagens ligados as histórias de Capela, Sergipe,
e Juazeiro do Padre Cícero, que muito contribuíram para tornar efetivado o
compêndio. O prof.-dr. Hugo Studart pelo introito, autor do livro festejado
Borboletas & Lobisomens, indicado ao Jabuti, que aborda o recente conflito
político do alto Araguaia. A Maurício de Mello Júnior, alagoano, escritor e
crítico ímpar, pela cordial e expressiva resenha de capa. A editora Maria Clara
Arreguy Maia, que concebeu a obra, gestora da Outubro Edições.
Enfim nesses mais de 2 mil exemplares,
há seis meses concebemos a 2ª edição, com alguma ampliação e várias corrigendas
alertadas por leitores, como imperdoáveis equívocos de locais e datas, Crateús
em lugar de Crato, por exemplo. Mas já emendadas. A 2ª edição está sendo
distribuída pelo amigo das artes, Ivo Donayre, idealizador e gestor da
PoloBooks Portal de São Paulo, que congrega excelente e laureado produto
gráfico, a PoloPrinter.
Aos gentilíssimos amigos
incentivadores como João de Sousa Lima, autor de prodigiosas obras, como Maria
Bonita, Rainha do Cangaço, Moreno e Durvinha, e mais exímias pesquisas, fruto
de um labor e exame de época com ex-cangaceiros, notável. O paladino da
história e da cultura sertaneja, dr. Manoel Severo, curador do essencial Cariri
Cangaço, com um naipe de conselheiros e escritores de domínio cultural da
arraigada história de Lampião, o próprio e seus soldados e capitães da caatinga
ardente. A Casa de Câmara Cascudo, em Natal, nosso mestre da nacionalidade, tão
bem conduzido pela neta a historiadora Daliana Cascudo. O notável tribuno histórico-cultural
nordestino escritor prof. Honório de Medeiros, minha gratidão pela prédica no
recinto cascudiano quando do lançamento na capital potiguar.A Nelson Freire,
ilustre escritor, artista, político potiguar, que nos entrevistou no seu
festejado talk-show Ponto de Vista da Band Natal. A elencar tantos admiráveis
amigos do sagrado solo nordestino, orgulho para quem se sente brasileiro em
virtudes e reconhecimentos.
Mesmo para a arte nestes tempos
reclusos, boa oportunidade para os amigos escritores trazerem a lume as suas
criações, de minha parte, espero concluir um desafio que tentarei somar uma
nova abordagem para a guerra do fim do mundo, de Canudos, a partir de
documentação do Arquivo do Exército e textos da própria lavra do Santo Antônio
Conselheiro da comuna do Belo Monte. A ver e agradecer pelos nobres amigos que
nos acolheram e permanecem na elevada estima.
Foto: Livraria Saraiva, Midway Mall
Shopping
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