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sexta-feira, 21 de outubro de 2022
LIVRO
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OS POETAS JUNTOS - JOSÉ DI ROSA MARIA E ANTÔNIO FRANCISCO,. O ÚLTIMO É AUTOR DE: "A CASA QUE A FOME MORA".
Hoje com meu
poeta e cordelista Antônio Francisco:
Nos seus 73
anos de existência.
23 anos de uma
amizade sadia, poética e construtiva.
Nossa conversa
sempre é sobre cultura, poesia,
Cordel,
cantoria e amizade boa.
Feliz
aniversário grande poeta! Que Deus continue te inspirando
e te
abençoando!
https://www.facebook.com/photo/?fbid=1958241651039098&set=a.125013001028648
A CASA QUE A FOME MORA
Autor Antônio Francisco
Eu de tanto ouvir falar
Dos danos que a fome faz,
Um dia eu sai atrás
Da casa que ela mora.
Passei mais de uma hora
Rodando numa favela
Por gueto, beco e viela,
Mas voltei desanimado,
Aborrecido e cansado.
Sem ter visto o rosto dela.
Vi a cara da miséria
Zombando da humildade,
Vi a mão da caridade
Num gesto de um mendigo
Que dividiu o abrigo,
A cama e o travesseiro,
Com um velho companheiro
Que estava desempregado,
Vi da fome o resultado,
Mas dela nem o roteiro.
Vi o orgulho ferido
Nos braços da ilusão
Vi pedaços de perdão
Pelos iníquos quebrados,
Vi sonhos despedaçados
Partidos antes da hora,
Vi o amor indo embora,
Vi o tridente da dor,
Mas nem de longe via a cor
Da casa que a fome mora.
Vi num barraco de lona
Um fio de esperança,
Nos olhos de uma criança,
De um pai abandonado,
Primo carnal do pecado,
Irmão dos raios da lua,
Com as costas seminuas
Tatuadas de caliça,
Pedindo um pão de justiça
Do outro lado da rua.
Vi a gula pendurada
No peito da precisão,
Vi a preguiça no chão
Sem ter força de vontade,
Vi o caldo da verdade
Fervendo numa panela
Dizendo: aqui ninguém come!
Ouvi os gritos da fome,
Mas não vi a boca dela.
Passei a noite acordado
Sem saber o que fazer,
Louco, louco pra saber
Onde a fome residia
E por que naquele dia
Ela não foi na favela
E qual o segredo dela,
Quando queria pisava,
Amolecia e Matava
E ninguém matava ela?
No outro dia eu saio
De novo a procura dela,
Mas não naquela favela,
Fui procurar num sobrado
Que tinha do outro lado
Onde morava um sultão.
Quando eu pulei o portão
Eu vi a fome deitada
Em uma rede estirada
No alpendre da mansão.
Eu pensava que a fome
Fosse magricela e feia,
Mas era uma sereia
De corpo espetacular
E quem iria culpar
Aquela linda princesa
De tirar o pão da mesa
Dos subúrbios da cidade
Ou pisar sem piedade
Numa criança indefesa?
Engoli três vezes nada
E perguntei o seu nome
Respondeu-me: sou a fome
Que assola a humanidade,
Ataco vila e cidade,
Deixo o campo moribundo,
Eu não descanso um segundo
Atrofiando e matando,
Me escondendo e zombando
Dos governantes do mundo.
Me alimento das obras
Que são superfaturadas,
Das verbas que são guiadas
Pro bolsos dos marajás
E me escondo por trás
Da fumaça do canhão,
Dos supérfluos da mansão,
Da soma dos desperdícios,
Da queima dos artifícios
Que cega a população
Tenho pavor da justiça
E medo da igualdade,
Me banho na vaidade
Da modelo desnutrida
Da renda mal dividida
Na mão do cheque sem fundo,
Sou pesadelo profundo
Do sonho do bóia fria
E almoço todo dia
Nos cinco estrelas do mundo.
Se vocês continuarem
Me caçando nas favelas,
Nos lamaçais das vielas,
Nunca vão me encontrar,
Eu vou continuar
Usando o terno Xadrez,
Metendo a bola da vez,
Atrofiando e matando,
Me escondendo e zombando
Da Burrice de vocês.
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PRESOS PELOS CANGACEIROS
Júlio Soares e
Pedro José da Silveira, os dois foram presos pelos cangaceiros na empreitada em
Mossoró próximo a Passagem de Oiticica junto com outros reféns de menos
importância e foram utilizados como escudo humano na entrada na cidade.
Fonte: Jornal
Mossoroense "De Fato" - Junho de 2022.
https://www.facebook.com/photo/?fbid=6026533710768545&set=gm.2034033480138919&idorvanity=179428208932798
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O SERTÃO E O PORCO
Clerisvaldo B. Chagas, 21 de outubro de 2022
Escritor Símbolo do Sertão
alagoano
Crônica: 2.787
Dificilmente faltava nas fazendas o porco doméstico que era criado em pequeno grupo de 3 a 4 cabeças, em chiqueiro de varas ou alvenaria. Esse porco era criado principalmente, com restos de comida, abóbora e muitas outras coisas extraídas da roça e do mato. Isso era para complementar a renda do agricultor que recebia a visita de quem comprava porco ou levava para a feira, em gradeado ou tangendo, a pé. Sempre encontramos gente que não gostava de criar o animal por causa do mau cheiro, da falta de comida, além da voracidade do bicho; porém, a fedentina não estava no porco, mas sim na imundície das misturas que se formavam no chiqueiro. Havia basicamente duas raças de porcos no Sertão denominadas pelo povo de: baé e do focinho grande. O porco baé, pequeno, arredondado engordava ligeiro e possuía maior valor. O porco de focinho grande, levava o triplo do tempo e era desvalorizado.
Com as experiências genéticas e
nutricionais, surgiu há cerca de quarenta anos, o novo porco chamado pelas
indústrias de “suíno” e pelo povo do Sertão de “porco galego”. Foi desenvolvido
para os grandes criatórios com mais carne e quase sem banha, melhor preço de
venda, alimentado somente com ração. O porco doméstico continuou endo chamado
de porco e, consequentemente foi desaparecendo. O porco galego, com todo
exagero, parece um jumento na altura e é muito comprido. Condições mesmo para
criá-lo somente nas granjas milionárias de exportação. Por aqui não conhecemos
nenhuma nestas condições, mas dizem que têm granjas fortes de suínos em Traipu
e Arapiraca. O caboclo que saiu da roça para a periferia da cidade, trouxe o
hábito para um chiqueiro no quintal, já utilizando o suíno, ‘o galego”. Um
tormento de fedor para a vizinhança.
Não existe sabor nas águas melhor
do que o camarão, bem como não tem em terra nem nos ares, carne mais gostosa do
que a de porco. Mas, já havia restrição a ela no Antigo Testamento e mesmo
sobre forte pressão muita gente a evita. Já ouvimos um médico dizer a uma
senhora cheia de problemas físicos: “se a senhora bem soubesse não comeria
carne de porco”. Também ouvimos outro médico falar que até as proteínas do
animal não combinam com as proteínas humanas. Nossos antepassados já evitavam
carne de porco. Comer ou não comer, eis a questão. Afinal de contas,
nem somos a China e nem a Rússia, medonhas devoradoras do produto.
SUÍNO DE GRANJA OU “PORCO GALEGO”, AINDA NOVO (FOTO: NUTRIÇÃO E SAÚDE ANIMAL.COM.BR).
http://clerisvaldobchagas.blogspot.com/2022/10/osertao-e-o-porco-clerisvaldo-b.html
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SEU TIBÚRCIO SOARES - UM ANTIGO COMERCIANTE DE MOSSORÓ
Por José Mendes Pereira
Tibúrcio Soares era um dos mais antigos comerciantes de Mossoró, com a sua loja estabelecida no bairro Paraíba, no cruzamento da Rua Felipe Camarão, com a Rua Tiradentes, onde nos dias de hoje, funciona o comércio Freitas. Era alto, não tão magro, de cor branca, prestativo, educadíssimo, e gostava de separar moedas para doar aos que lhe pediam uma ajuda.
No comércio, seu Tibúrcio Soares vendia de tudo, desde cereais, bebidas em
grosso e em doses, cabos para todas as ferramentas, vassouras, esteiras
fabricadas com palha da carnaubeira, alpargatas de couro cru, fumo, rapaduras,
cangalhas, e mais algumas ferramentas como: enxadas, foices, machados,
martelos, alicates, colheres para pedreiros, prumos, níveis, esquadros, linhas
para tarrafas, cordas...
Devido a
confiança que empregava às pessoas, seu Tibúrcio fora diversas vezes roubado
por alguns dos seus fornecedores. Mas mesmo sendo ludibriado, deixava
isso pra lá, apenas, ficava de orelhas em pés, para que isso não se repetisse.
Muitos desses que lhe forneciam mercadorias, não lhe entregavam os pedidos com
a quantidade comprada.
Gregório das Esteiras, como era conhecido neste ramo de negócio, por só vender
esteiras; sabendo que alguns dos fornecedores do seu Tibúrcio andavam faltando
com a sua responsabilidade, resolveu também entrar nessa, de não entregar a sua
mercadoria de acordo com o que lhe vendera. “-Se os outros andam enganando seu
Tibúrcio, eu também vou lhe enganar”.
E aconteceu que na primeira tentativa de enrolar seu Tibúrcio, o Gregório foi
logo pego, porque, chegou em uma oficina de um dos seus amigos, para
consertar uma câmara da sua carroça, e como batia muito com a língua, contou
para ele que havia vendido ao seu Tibúrcio dez rolos de esteiras, cada um com
10 esteiras, mas só havia colocado no monte oito rolos. Já que ele não havia notado,
iria às pressas voltar até lá, para lhe vender novamente os outros dois.
Mas, o Gregório não sabia que bem próximo a ele tinha um amigo do seu Tibúrcio,
que ao ouvir a conversa, montou-se em sua velha e desmoronada bicicleta, e foi
contar ao comerciante.
Chegando ao comércio do seu Tibúrcio, o sujeito repassou-lhe o que havia ouvido
do seu fornecedor, e tomando conhecimento disto, ele o agradeceu e ficou
aguardando o Gregório, que até antes, o comerciante o tinha como um homem de
confiança.
Seu Tibúrcio chamou o seu ajudante, e mandou que ele contasse os rolos de
esteiras que havia comprado ao Gregório, e segundo o ajudante, só tinham oito
rolos de esteiras.
Uma hora depois, o Gregório espirrou na porta do comerciante. E ao descer da carroça, entrou e foi logo dizendo:
- Seu Tibúrcio, eu tenho dois rolos de esteiras...
- Eu sabia! - Atalhou seu Tibúrcio - Eu sabia!
O Gregório quis se espantar um pouco, perguntando-lhe:
- Seu Tibúrcio, sabia o quê?
- Eu sabia que o senhor esquecera-se de colocar os outros dois rolos de esteiras ali. Isso é que eu chamo homem de confiança. Vi que só tinha oito rolos, mas eu tinha real certeza, que o senhor voltaria para me entregar os outros dois rolos de esteiras que se esqueceu.
O Gregório não tinha conhecimento, que seu Tibúrcio sabia da sua desonestidade. E olhando para ele, disse:
- Seu Tibúrcio, nesta minha munheca, homem nenhum há de pegar nela um dia. O que é meu é meu. Mas o que é dos outros, é dos outros. E eu não sou e nem serei capaz disto.
- Eu sei disso, seu Gregório! – Falava seu Tibúrcio. Eu sei que tem muitos dos meus fornecedores honestos. E o senhor é um deles. Mas assim do seu tipo, é muito difícil. Voltar até aqui, para me entregar dois rolos de esteiras que se esqueceu de colocar no monte, é coisa para homem honesto mesmo. - Dizia seu Tibúrcio incentivando-o a ser honesto.
Minhas Simples Histórias
Se você não gostou da minha historinha não diga a ninguém, deixe-me pegar outro.
Fonte:
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