Por José Mendes Pereira
Tibúrcio Soares era um dos mais antigos comerciantes de Mossoró, com a sua loja estabelecida no bairro Paraíba, no cruzamento da Rua Felipe Camarão, com a Rua Tiradentes, onde nos dias de hoje, funciona o comércio Freitas. Era alto, não tão magro, de cor branca, prestativo, educadíssimo, e gostava de separar moedas para doar aos que lhe pediam uma ajuda.
No comércio, seu Tibúrcio Soares vendia de tudo, desde cereais, bebidas em
grosso e em doses, cabos para todas as ferramentas, vassouras, esteiras
fabricadas com palha da carnaubeira, alpargatas de couro cru, fumo, rapaduras,
cangalhas, e mais algumas ferramentas como: enxadas, foices, machados,
martelos, alicates, colheres para pedreiros, prumos, níveis, esquadros, linhas
para tarrafas, cordas...
Devido a
confiança que empregava às pessoas, seu Tibúrcio fora diversas vezes roubado
por alguns dos seus fornecedores. Mas mesmo sendo ludibriado, deixava
isso pra lá, apenas, ficava de orelhas em pés, para que isso não se repetisse.
Muitos desses que lhe forneciam mercadorias, não lhe entregavam os pedidos com
a quantidade comprada.
Gregório das Esteiras, como era conhecido neste ramo de negócio, por só vender
esteiras; sabendo que alguns dos fornecedores do seu Tibúrcio andavam faltando
com a sua responsabilidade, resolveu também entrar nessa, de não entregar a sua
mercadoria de acordo com o que lhe vendera. “-Se os outros andam enganando seu
Tibúrcio, eu também vou lhe enganar”.
E aconteceu que na primeira tentativa de enrolar seu Tibúrcio, o Gregório foi
logo pego, porque, chegou em uma oficina de um dos seus amigos, para
consertar uma câmara da sua carroça, e como batia muito com a língua, contou
para ele que havia vendido ao seu Tibúrcio dez rolos de esteiras, cada um com
10 esteiras, mas só havia colocado no monte oito rolos. Já que ele não havia notado,
iria às pressas voltar até lá, para lhe vender novamente os outros dois.
Mas, o Gregório não sabia que bem próximo a ele tinha um amigo do seu Tibúrcio,
que ao ouvir a conversa, montou-se em sua velha e desmoronada bicicleta, e foi
contar ao comerciante.
Chegando ao comércio do seu Tibúrcio, o sujeito repassou-lhe o que havia ouvido
do seu fornecedor, e tomando conhecimento disto, ele o agradeceu e ficou
aguardando o Gregório, que até antes, o comerciante o tinha como um homem de
confiança.
Seu Tibúrcio chamou o seu ajudante, e mandou que ele contasse os rolos de
esteiras que havia comprado ao Gregório, e segundo o ajudante, só tinham oito
rolos de esteiras.
Uma hora depois, o Gregório espirrou na porta do comerciante. E ao descer da carroça, entrou e foi logo dizendo:
- Seu Tibúrcio, eu tenho dois rolos de esteiras...
- Eu sabia! - Atalhou seu Tibúrcio - Eu sabia!
O Gregório quis se espantar um pouco, perguntando-lhe:
- Seu Tibúrcio, sabia o quê?
- Eu sabia que o senhor esquecera-se de colocar os outros dois rolos de esteiras ali. Isso é que eu chamo homem de confiança. Vi que só tinha oito rolos, mas eu tinha real certeza, que o senhor voltaria para me entregar os outros dois rolos de esteiras que se esqueceu.
O Gregório não tinha conhecimento, que seu Tibúrcio sabia da sua desonestidade. E olhando para ele, disse:
- Seu Tibúrcio, nesta minha munheca, homem nenhum há de pegar nela um dia. O que é meu é meu. Mas o que é dos outros, é dos outros. E eu não sou e nem serei capaz disto.
- Eu sei disso, seu Gregório! – Falava seu Tibúrcio. Eu sei que tem muitos dos meus fornecedores honestos. E o senhor é um deles. Mas assim do seu tipo, é muito difícil. Voltar até aqui, para me entregar dois rolos de esteiras que se esqueceu de colocar no monte, é coisa para homem honesto mesmo. - Dizia seu Tibúrcio incentivando-o a ser honesto.
Minhas Simples Histórias
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