Por Francisco de Paula Melo Aguiar
"Se os
bons professores que são muitos, não conseguirem ajudar os poucos que não
prepararam os seus espíritos para enfrentarem a profissão que exercem com amor,
jamais conseguirão a igualdade de todos e uma educação de boa qualidade".
José Mendes¹
O
fenômeno da aprendizagem é tratado por Carl Rogers² através de dezenove
princípios primitivos sobre a capacidade do homem tendo em vista sua adaptação,
isto é, a capacidade e ou propensão individual que cada indivíduo tem para
crescer em determinada direção de modo que venha engrandecer sua existência
dentro de uma abordagem humanista. Estamos enfatizando, portanto, esse
crescimento positivo pode ser dificultado, tolhido e até mesmo dirigido de
maneira errada, se a noção, desenho e/ou imagem única que se tem da realidade
do individuo não é congruente com a realidade, conforme enfatiza Milhollan
& Forisha³ (1978).
O
processo da aprendizagem via a fenomenologia é uma abordagem filosófica e assim
sendo privilegia a consciência e ou saber individual de cada pessoa, onde são
destacados os aspectos subjetivos dos indivíduos envolvidos e por isso são
chamados de atores sociais, tendo em vista que são eles próprios que edificam e
ou constroem suas próprias realidades sociais ao longo de seus envolvimentos
com o tipo de atividades e ou caminhos que querem conquistar. Diante de tais
atitudes, não adiante afirmar de que existe apenas uma realidade única, pronta,
objetiva, independente da consciência humana, tendo em vista que existem tantas
quantas realidades de aprendizagem quanto o número de pessoas e ou indivíduos
assim considerados. De modo que podemos afirmar de que só existe conhecimento
subjetivo, tendo em vista que o homem é quem imprime a realidade suas próprias
leis. Diante daquilo que costumamos chamar de experiência pessoal e subjetiva,
daí o fundamento sobre o qual é construído o conhecimento que se pretende ter e
ou adquirir via o saber humano. Não existe modelo de aprendizagem pronta,
predeterminada e muito menos regras facilitadoras e ou caminhos assim
dirigidos, o que existe é um processo de persistência individual em permanente
e continuo desenvolvimento, pois, o objetivo último que o ser humano quer
atingir é aquilo que chamamos de auto-regulação e ou de o uso pleno de suas
faculdades e ou suas potencialidades e capacidades intelectuais e mentais. É
publico e notório de que o homem enquanto individuo racional é assim
considerado como sendo uma pessoa residente/presente e por assim dizer situada
no mundo que se conhece e/ou dele tem ciência própria e conhecimento. Desta
forma o homem é o ser único dentre os demais animais, que em sua vida interior
e em suas percepções é capaz de fazer suas próprias avaliações de si e do mundo
vivenciado por ele. Deste modo, Mizukami (1986) enfatiza de que a pessoa
enquanto individuo é considerada em processo permanente e ou contínuo de
aprendizagem, de descoberta de seu próprio ser, inclusive ligando-se sempre a
outras pessoas e grupos.
Carl
Rogrs (1972) apresentou dezenove proposições a respeito do comportamento humano
que tratam direta e indiretamente de como o indivíduo deve aprender a
apreender, conforme seguem transcritos 4: 1ª) Todo individuo é
o centro de um mundo de experiências que está em permanente mudança; 2ª) O
organismo reage ao campo perceptivo tal como este é experimentado e aprendido.
Este campo percentual é para o individuo, a sua realidade; 3ª) O organismo
reage ao campo fenomenal como um todo organizado; 4ª) O organismo tem uma
tendência e um empenho básico: realizar, manter e aceitar o organismo
experimentador; 5ª) O comportamento é basicamente o esforço do
organismo dirigido a um fim para satisfazer as suas necessidades tais como as
experimentadas no campo apreendido; 6ª) A emoção acompanha, e de modo geral
facilita, a conduta dirigida a um fim; 7ª)O melhor ângulo para a compreensão da
conduta é a partir do quadro de referência interno do próprio indivíduo; 8ª)
Uma parte do campo total da percepção vai-se diferenciando gradualmente como
“self” (é onde o individuo identifica a si mesmo); 9ª) Como resultado da
interação com o ambiente e, de modo particular, como resultado da interação
valorativa com os outros, forma-se a estrutura do “self”, um modelo conceitual,
organizado, fluido, mas consistente, de percepções, de características e
relações do “eu” ou de “mim”, juntamente com valores ligados a esses conceitos;
10ª) Os valores ligados à experiência e os valores que fazem parte da estrutura
do “self” são, em alguns casos, valores experimentados diretamente pelo
organismo, e em outros casos, são valores introjetados ou pedidos a outros, mas
captados de uma forma distorcida, como se fossem experimentados diretamente;
11ª) A medida que vão ocorrendo experiências na vida de um individuo, estas
são: a) simbolizadas, apreendidas e organizadas numa certa relação com a
estrutura do “self”; b) ignoradas porque não se capta a relação com a estrutura
do “self”; c) recusadas à simbolização ou simbolizadas de uma forma distorcida
porque a experiência é incoerente com a estrutura do “self”; 12ª) A maior parte
das formas de conduta adotadas pelo individuo são as consistentes com o
conceito do “self”; 13ª) A conduta pode surgir em alguns caso de experiências
orgânicas e de necessidades que não foram simbolizadas. Essa conduta pode ser
incoerente com a estrutura do “self”, mas nesses casos a conduta não é
“apropriada” pelo individuo; 14ª) A desadaptação psicológica existe quando o
organismo rejeita da consciência experiências sensoriais e viscerais
importantes que, por conseguinte, não se simbolizam nem se organizam na
estrutura do “self”. Quando se verifica essa situação, há uma tensão
psicológica básica ou potencial; 15ª) Existe adaptação psicológica quando o
conceito do “self” é tal que todas as experiências viscerais e sensoriais do
organismo são, ou podem ser, assimiladas de uma forma simbólica dentro do
conceito do “self”; 16ª) Qualquer experiência que seja inconsistente com a
organização ou estrutura do ego pode ser apreendida como uma ameaça e, quanto
mais numerosas forem essas percepções, mais regidamente a estrutura do “self”
se organiza de modo a manter-se a si mesma; 17ª) Em determinadas condições que
impliquem, principalmente, a total ausência de qualquer ameaça à estrutura do
“self”, podem captar-se e analisar-se experiências coerentes com essa estrutura
e esta pode ser revista de maneira a assimilar e a incluir tais experiências;
18ª) Quando o individuo apreende e aceita, num sistema coerente e integrado,
todas as suas experiências viscerais e sensoriais, necessariamente compreende
melhor os outros e aceita-os mais como pessoas distintas; 19ª) A medida que o
individuo apreende e aceita na estrutura do “self” um maior número de
experiências orgânicas, descobre que está a substituir o seu atual sistema de
valores, baseado em larga medida em introjeções que foram simbolizadas de uma
forma distorcida, por um processo contínuo de valorização organísmica5.
O
que Carl Rogers pretende com seus argumentos, em termos de princípios que
ensinam a aprender a apreender na vida ajustada de cada individuo, como sendo
um ser plenamente atuante naquilo que faz, se permitindo a viver de forma e/ou
maneira aberta, tendo em vista as mais diversas experiências que vivencia no
seu dia a dia. De modo que o individuo deve viver em permanente
mudança, ex-vi processo contínuo de incorporação e ou apropriação de novos
valores familiares, sociais, culturais, históricos, geográficos, profissionais,
etc, o que ele chama de movimento incessante de atualização do “self” e isso
ocorre dentro e fora das organizações: Estado, Família, Escola, Igreja, etc.,
de modo que tais visões de si e do mundo influência positivamente no
conhecimento do outro, seus valores e instituições. Cada indivíduo enquanto ser
precisa viver construindo seu “self” permanentemente para poder sentir
estruturado na vida em todos os sentidos, inclusive com maior autoconfiança.
http://www.recantodasletras.com.br/artigos/4574743
¹ http://sednemmendes.blogspot.com.br/2013/11/sexta-feira-15-de-novembro-de-1889.html
² http://geoaprendizagem.blogspot.com.br
³http://books.google.com.br/books?id=nKLSpbuW0yUC&printsec=frontcover&hl=pt-BR&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false
4 -
Souza. Marcos Aguiar. Curso de Pós-Graduação Docência do Ensino Superior –
Fundamentos Psicossociais da Educação. Rio de Janeiro:EAD/Projeto CEP-UFRJ,
2000.
5 http://es.wikipedia.org/wiki/Teor%C3%ADa_organ%C3%ADsmica
Enviado pelo o escritor Francisco de Paula Melo Aguiar
http://blogdomendesemendes.blogspot.com