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quarta-feira, 31 de maio de 2023
CANTOR CARLOS ANDRÉ APRESENTA SUA VERSÃO SOBRE PROTESTOS E CONVITE PARA O MCJ 2023
PROGRAMAÇÃO COMPLETA DO FÓRUM DO CANGAÇO DA SBEC E O CARIRI CANGAÇO NO PAÍS DE MOSSORÓ
Acontece entre os dias 09 e 13 de junho de 2023 o XIX Fórum do Cangaço da SBEC, em Mossoró. Em uma iniciativa inédita o Fórum recebe o Cariri Cangaço para num evento único e que promete muitas emoções a partir de um conjunto qualificado de conferências e debates, visitas técnicas e uma espetacular feira de livros; com lançamentos e muita coisa boa de se ver, aprofundar, discutir e se apaixonar.
Vem com a gente: O Cariri Cangaço em Mossoró no XIX Fórum do Cangaço da SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço.
COMO REGISTRAR?
Clerisvaldo B. Chagas, 31 de maio de 2023
Escritor Símbolo do Sertão
Alagoano
Crônica: 2.895
Não havia negócio de celular. As
máquinas de fotografias eram raras e marcas “Kodak”. E na década de 60 tínhamos
somente na cidade os fotógrafos fixos profissionais, “Seu Antônio”, que atuava
no início da calçada alta da Ponte do Padre e “Seu Zezinho”, que residia e
trabalhava também em casa, na Rua Nova. Eram os “Fotos Sport” e o “Foto
Fiel”. Afora esses dois profissionais que depois se mudaram para a
Avenida Coronel Lucena, a mais importante da urbe, só havia os lambe-lambes,
que ficavam na porta da Matriz de Senhora Santana. A rotina de todos era
praticamente a mesma, embora os lambe-lambes atuassem mais em dia de feira, aos
sábados. A rotina era: fotos de casamento, batizado e 3/4 para
documentos. Era uma raridade convite para uma inauguração, uma praça, uma outra
coisa de grande magnitude. Logo, material fotográfico era raro e
caro. E assim muitas cenas e coisas importantes deixaram de ser
registradas através da fotografia.
Quando o padre Delorizano botou
para correr os fotógrafos tipo lambe-lambe da porta da Igreja, eles (eram mais
ou menos meia dúzia), não se adaptaram na feira em outro lugar: migraram,
deixaram a profissão, desapareceram. Não havia mais ninguém para fotografar no
interior da Matriz, casamentos, batizados, 10 Comunhão... O ato do padre,
certo ou errado, representou a morte dessa etapa da fotografia em Santana do
Ipanema. Dos dois fotógrafos fixos, um foi embora e outro morreu. E quantas e
quantas coisas extraordinárias da evolução da terra deixaram de ser
fotografadas para as futuras gerações! Também nunca vimos nenhum artista
pintando a óleo cenas do cotidiano santanense. Escritor era coisa rara e se
havia morava fora.
Falar nisso, recebi mensagem de pesquisador de uma cidade pernambucana perguntando se eu tinha foto do padre Francisco Correia, um dos fundadores de Santana do Ipanema e que foi homenageado na escola mais tradicional da cidade, antigo Grupo Escolar Padre Francisco Correia. Nada de foto, nada de retrato a óleo o que era mais evidente no tempo do padre. Portanto, vamo-nos contentando com cerca de uma dúzia ou um pouco mais, de fotografia antigas da nossa terra e que são raras e domínio público. E quando falo antigas, são da época de 1920 a 1950, mais ou menos em torno disso.
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O EX-COMPONENTE DO TRIO MOSSORÓ, CARLOS ANDRÉ, QUE É DE MOSSORÓ, MAIS UMA VEZ FICOU DE FORA DO MOSSORÓ CIDADE JUNINA.
Por José Mendes Pereira
Tomei conhecimento hoje através do Relembrando Mossoró que, mais uma vez, a Prefeitura Municipal de Mossoró despreza o seu filho Oséas Lopes (Carlos André), nascido e criado neste querido chão mossoroense, e para que ele fosse incluídos na programação musical do "MOSSORÓ CIDADE
JUNINA", foi exigido a ele, apresentar aos organizadores das festividades, cartas da crítica especializada e da opinião
pública, totalmente com firma reconhecida em cartório, informando que ele é um cantor consagrado. Veja
o esclarecimento do nosso conterrâneo Oséas Lopes (Carlos André) em mensagem
endereçada ao blogueiro Ismael Souza.
Todos nós mossoroenses sabemos que, o nome Mossoró foi levado a todos os Estados brasileiros, através do Trio Mossoró, época em que ele fazia sucesso por todas regiões do Brasil.
Como cantor, fica de fora das comemorações juninas em Mossoró. É um desrespeito não só a Carlos André, como também ao seu irmão João Mossoró. Quem primeiro deveria ter sido convidado, era o Carlos André, que nasceu aqui, aqui se criou. Lamentável!
Mossoró é uma boa madrasta. Quem vem de fora, aqui cresce e enrica, mas os daqui, se são pobres, mais pobres ficam, porque os órgãos públicos não valorizam os daqui.
Lamentável!
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O ACENDEDOR DE LAMPIÕES.
Por Geraldo Maia do Nascimento
O acendedor de
lampiões – por Geraldo Maia do Nascimento – gemaia1@gmail.com -
www.blogdogemaia.com
Last
updated 19 de maio de 2023
O acendedor de
lampiões
A ideia foi do
intendente Aderaldo Zózimo de Freitas, mas toda a assembleia aprovou: as ruas
de Mossoró precisavam ser iluminadas. E em 1896 foram instalados postes
nas esquinas da cidade e nos pontos mais centrais, pelas ruas e pelas praças,
onde ficavam pendurados os lampiões de querosene. Era o progresso que chegava
ao interior, dando mais segurança e ares de modernidade.
Na realidade,
o projeto de iluminação tinha sido apresentado no ano anterior, quando o
município era administrado pelo comerciante Romualdo Lopes Galvão, que havia
tomado posse a 5 de outubro de 1892. Romualdo Galvão já havia
administrado o município no período de 1883 a 86, sendo que no primeiro ano do
seu primeiro período administrativo, 1883, ocorreu em Mossoró o movimento
pela libertação antecipada dos escravos, movimento esse que é lembrado e
comemorado até os dias atuais. E Romualdo Galvão foi uma das figuras de maior
destaque na campanha que teve seu início em 6 de janeiro daquele ano com a
fundação da Sociedade Libertadora Mossoroense e culminou em 30 de setembro do
mesmo ano, quando foi declarado oficialmente que Mossoró estava livre da mancha
negra da escravidão.
Aderaldo
Zózimo de Freitas, o autor do projeto, também era comerciante e tinha seu nome
ligado ao movimento abolicionista. Tinha, portanto, alguns pontos em comum com
o Presidente da Intendência e o respeito da Edilidade, cargos esses que
correspondem hoje ao de Prefeito e de Vereadores.
O ano de 1895
estava sendo um ano de bom inverno, o que na linguagem do sertanejo era uma
grande riqueza. O município contava com um rebanho de 15.000 cabeças de gado
vacum, 2.000 cavalar, 1.000 muares, 10.000 caprinos, 8.000 lanígeros e 1.000
suínos.
A cidade vivia
um período de desenvolvimento, onde já existiam 5 escolas criadas e mantidas
pela Edilidade. Existia também, em 1895, uma preocupação muito grande com a
saúde pública, tanto assim que nesse ano começou a funcionar o serviço de
remoção do lixo e limpeza das ruas e praças da cidade.
Para isso,
contratou-se com Antônio Pompílio de Albuquerque o referido serviço, pela
quantia de 2.400$ por ano. A limpeza seria feita quatro vezes por ano, em
março, junho, setembro e dezembro, a começar do córrego do Canecão à baixa do
Caetaninho, inclusive o caminho do Cemitério. Não só varrimento e remoção
do lixo das ruas, praças, becos e travessas, como também a limpeza dos matos,
nivelamento dos buracos, deixando apenas capim e relva. Duas vezes por semana
as carroças percorriam determinadas ruas, fazendo-se anunciar pelas campainhas,
recolhendo o lixo e cisco das casas e edifícios da cidade acomodados em
vasilhas próprias.
Mas as ruas da
cidade eram iluminadas apenas pela lua.
Sendo aprovado
por unanimidade o projeto de iluminação pública da cidade, que contava com uma
verba de 600$ no orçamento público, foi providenciada a compra dos lampiões
(sessenta e três lampiões), dos postes de madeira, etc. Na sessão de 14 de
fevereiro de 1896 foi criado o cargo Zelador da Iluminação. Ao Zelador da
Iluminação, ou Acendedor de lampiões, como ficou conhecido. A esse funcionário,
cabia abastecer de querosene os lampiões, acender e apagar, enfim, manter os
mesmos funcionando.
E assim,
quando vinha chegando a hora do escurecer, aparecia o Acendedor de lampiões com
uma escada nas costas e uma caixa de fósforo nas mãos. De poste em poste
escorava sua escada, subia por ela, tirava a manga de vidro do lampião e
acendia o pavio.
Ao amanhecer
do outro dia, voltava o Acendedor de lampiões com sua escada, fazendo o mesmo
giro, de poste em poste, para abastecer e limpar os vidros das mangas dos
lampiões com um pano úmido. E a rotina se repetia dia após dia, menos nas
noites claras, pois nestas noites, era a lua que cobria de luz as ruas e praças
da cidade.
Pesquisador e
Escritor: Geraldo Maia do Nascimento – gemaia1@gmail.com
https://www.omossoroense.com.br/por-geraldo-maia-do-nascimento/
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
terça-feira, 30 de maio de 2023
FÉ
Por José G. Diniz
GEO DAS VEIAS E CAPILARES
Clerisvaldo B. Chagas, 30 de maio de 2023
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.894
Para meu ex-professor de Geografia José Pinto de Araújo
Uma bacia hidrográfica é formada por um rio principal, seus afluentes e subafluentes. Graças a esse sistema natural o nordestino resistiu durante séculos aos efeitos das estiagens e estiagens prolongadas, denominadas “secas”. Os caminhos desses cursos d’água, maiores, menores e minúsculos, mitigaram a sede do povo sertanejo com água corrente, água empoçada e suas reservas freáticas em processos de cacimbas, cacimbões e poços artesianos. Na mesma estrutura, bebia os diversos tipos de gado que alimentavam o homem. No período de estiagem formavam-se as várzeas, chamadas no sertão de vazantes ou baixios que são partes muito baixas do relevo local, banhadas imediatamente pelos riachos, rios e riachinhos.
Essas partes baixas, são fertilizadas por esses cursos d’água, que fazem nascer o pasto que permitem o sustento e a engorda de ovinos, caprinos, bovinos e aves que procuram bichinhos, além de ser lugar de refrigério. E se formos particularizar os sertões nordestinos, focaremos o município de Santana do Ipanema. A bacia do rio Ipanema recebe diretamente seus afluentes em todas as regiões do município e indiretamente acolhem todos seus subafluentes e todos os outros filhotes de riachos. A título de ilustrações vejam nomes populares dos que mais aparecem. Do Oeste para Leste: Mocambo, Salobinho, Tigre, Camoxinga Salgadinho, João Gomes, Bode e Gravatá.
O Mocambo é interestadual e escorre no sítio do mesmo nome, vindo do Poço das Trincheiras. O Salobinho vem das imediações do sítio Baixa do Tamanduá, banha o sítio Salobinho e tem sua foz no bairro Barragem. O riacho Tigre, é montanhoso do Maciço de Santana do Ipanema, despeja no riacho Camoxinga e este cruza a cidade, divide o bairro topônimo, do Comércio e despeja sobre a Ponte do Padre, no Poço do Juá O riacho Salgadinho nasce na Reserva Tocaia, divide os bairros Domingos Acácio e o antigo Floresta e tem sua foz também no poço do Juá. O João Gomes vem do município santanense e do município de Carneiros contorna a cidade e tem sua foz no sítio Barra do João Gomes. O bode vem das imediações da serra da Camonga (que faz parte do maciço de Santana) e deságua no Bairro Bebedouro. E por fim, o riacho Gravatá vem de Pernambuco e banha vários sítios entre a serra do Gugi e a serra da Lagoa, tendo a foz no Ipanema. Cada um tem sua geografia própria e um histórico de bravura e ocupação humana.
São veias, artérias e capilares da bacia do Ipanema.
AS SANDÁLIAS DE LAMPIÃO FORAM FEITAS PARA QUE ELE FUGISSE DA POLÍCIA
Por Júlio César de Araújo
Lampião - (Fonte: Museu do Ceará/Wikimedia Commons)
O símbolo agreste
Ao ver o pai ser assassinado durante um conflito agrário, Virgulino Ferreira da Silva deixou de existir para dar lugar ao famoso e temido Lampião, considerado o "rei do cangaço" brasileiro na década de 1930.
Ele ganhou o apelido devido à facilidade que tinha em manejar o rifle que, de tanto atirar, parecia um candeeiro aceso nas escuras noites da caatinga. Foi assim que ele se tornou um fenômeno, sobretudo, histórico e político, de um anti-herói ou bandido que nem mesmo a história sabe dizer – e que depende da perspectiva de quem conta. “Não sou cangaceiro por vontade minha, mas pela maldade dos outros”, dizia ele.
O que ninguém pode negar, no entanto, é que sua luta o tornou um dos mais emblemáticos personagens da história brasileira. Nem por isso ele deixou de ser perseguido. Tão famosas quanto seu histórico, foram suas artimanhas para fugir das autoridades. A sagacidade dele foi tanta que Lampião mandou fazer suas sandálias sob medida para fugir da polícia.
Aos 21 anos, um pouco antes de sua vida virar de cabeça para baixo, Lampião era alfabetizado – algo muito incomum para a região sertaneja e pobre onde morava – e sonhava em dar uma vida melhor a sua família. Assim que seu pai morreu, em 1919, durante um confronto com a polícia, tudo isso desapareceu.
Jurando vingá-lo, ele se juntou aos dois irmãos e integrou o grupo do cangaceiro Sinhô Pereira. Três anos depois, Lampião já se tornava o líder do bando em Pernambuco e assassinava o informante que entregou seu pai à polícia. O cangaceiro também realizou o maior assalto da história do cangaço contra a Baronesa de Água Branca, em Alagoas. Ali começavam seus anos de fuga.
Leia também: Quem foi Maria Bonita?
(Fonte: Biblioteca Nacional/Reprodução)
Lampião foi perseguido por toda a polícia do Nordeste ao longo de 20 anos, desafiando não só as autoridades locais, como o poder central do Brasil. Ele sequestrava coronéis, assassinava seus inimigos e desafiantes com crueldade, na mesma proporção que distribuía doces para crianças e remédios aos necessitados. Lampião também se fez presente em casamentos, festas comemorativas e até batizados, dançando xaxado e cantando repentes com seu bando.
Além de suas habilidades, o homem ficou conhecido por criar um dress code que acabou se tornando um símbolo cultural por todo o sertão. Ele percebeu que a roupa seria motivo de orgulho dos seus comparsas e imporia respeito por onde passasse.
Seu apurado e extravagante senso estético incluía símbolos como a cruz de malta (associada aos cavaleiros de Malta), a estrela de Davi (que oferecia proteção mística) e a flor-de-lis (usada nos escudos da realeza francesa). Eles foram alinhados com lenços, broches, anéis, cartucheiras e coletes. Tudo isso o conferiu um ar de realeza.
História sendo feita
(Fonte: Waldemar Cunha/Artesol/Reprodução)
Mas nem tudo era apenas sobre estilo. Lampião também pensou em seu conforto e facilidade para conseguir se safar da polícia quando encomendou uma sandália com o artesão Raimundo Seleiro.
Por meio de um mandante, o homem disse que queria uma sandália diferente, com solado quadrado e sem marca da curva da sola do pé para não indicar qual era a frente do calçado. Desse modo, deixaria uma pegada quadrada na poeira, impedindo que a polícia soubesse sua direção. Ele chegou até a fazer um desenho de como queria suas sandálias.
Seleiro fez exatamente como o cliente pediu. Dias depois quando o capanga veio buscar a encomenda, ele ficou sabendo que era para Lampião. De acordo com seu filho, Expedito Veloso de Carvalho, o pai disse para que levasse a sandália sem precisar pagar.
O filho Expedito foi responsável por carregar a marca de Lampião e o legado que as sandálias se tornaram para a família, fazendo delas o item de moda mais revolucionário da história nacional.
https://www.megacurioso.com.br/estilo-de-vida/125276-as-sandalias-de-lampiao-foram-feitas-para-que-ele-fugisse-da-policia.htm?utm_source=whatsapp&utm_medium=noticias&utm_campaign=compartilhamento&fbclid=IwAR1i7pci8_p0-rriRMQHJBXNDCPGoq0SlyIEhU2QffPYF7xKdyXstLYwaj8
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HISTÓRIA LAMPIÔNICA... O ASSASSINATO DO LEITEIRO
Por José Cícero da Silva
Manhã de
sábado.
Corria calmo o
pequeno riacho do Jatobá. O pouco gado que havia no cercado já tinha sido solto
para comer nos matos.
Sol
preguiçoso.
O vento fresco
trazia consigo o cheiro gostoso dos frutos dos joazeiros e da floração
abundante da jitirana e do mufumbo. A tudo isso também se misturava o cheiro
dos estrumes chovidos em lamaceiros vindo do pequeno curral quase escondido
entre o barranco do riacho e a casa de taipa do vaqueiro.
No caminho,
entre os verdes arvoredos três indivíduos. Um velho, outro de meia idade e um
menino tímido(Zé Alves) que todos os dias cumpria seu eterno ofício de
leiteiro.
O dia parecia
ser igual como todos os outros, tranquilo. Muitos pássaros desfilavam seus
cantos quase em uníssono pelas bibocas e as moitas verdejantes daquele mundo
inteiro.
Além do
barulho dos bichos, apenas o som dos ventos assoviando sobre as copas frondosas
das oiticicas, dos paus d'arcos, das timbaúbas, dos cedros. unhas de gatos e
joazeiros.
De súbito,
vozes de gentes. Cascos de animais quase tinindo nas pedras, subindo os lajedos
que davam para as bandas do marizeiro.
O menino
leiteiro, acabara de amarrar no caçuá do seu burrico o balde de leite que
sempre entregava como sem falta no vilarejo. E assim seguiu, curioso e
destemido seu caminho.
Desceu o
barranco do riacho que corria do jenipapeiro para engordar mais embaixo, depois
da linha do trem, o rio Salgado.
Quando enfim
subiu a grota sombreadas pelas altas moitas brabas de Jurema e de angico deu de
cara com o bando de jagunços e cangaceiros.
Puxou com força
as rédeas do seu burro. De chofre, como dois seres congelados no meio do
caminho. Menino e jerico ficaram estagnados.
- Pra donde
você tá indo menino sabido? - perguntou o cangaceiro.
- Tô indo pra
vila das Ororas, seu moço, deixar a encomenda: sou leiteiro.
- Tamo com
sorte cambada!
Disse o
cangaceiro. Quando em seguida, dois dos seus comandados, se atracaram com o
balde.
Abriram
ligeiro. Ambos começaram a beber com sofreguidão como bichos com fome e sede.
- Vai querer
ou não seu Massilon? - Disse um deles.
Em silêncio, o
jovem leiteiro, sequer descera do seu burro. Coração batendo forte. Olhos
arregalados...Suor frio na testa e no lombo.
Até que de
repente, um pouco mais atrás surgiu quase do nado mais quatro cangaceiros.
Estes se pareceram muito mais afáveis e cordiais.
- Aquele lá é
o capitão, nosso chefe. - Explicou Zé Baiano para o menino. Depois completou: -
Você por acaso já ouviu falar em Lampião, menino? - Indagou ao leiteiro, outros
dos jagunços que chegaram primeiro.
- Já vi falar
sim senhor, mas não conheço ele não. Respondei.
- O que está
acontecendo aqui. - Quis saber o rei do cangaço.
- ora, tamo
matando nossa sede com leite bom, capitão. - respondeu Mormaço.
- E vocês
beberam tanto leite assim, estão com o diabo? Redarguiu o chefe deles.
- Não capitão
- disse o cangaceiro. - O bando derramou no riacho o resto, pro menino não
precisar mais ir pro vilarejo.
- Não foi
certo este proceder. - Enfatizou de modo ríspido Lampião. - Por fim emendou: -
Não quero nenhum mal por estas bandas. Pra mim basta a covardia e a traição
daquela peste de Izaías. Aquele sim há de merecer um bom trocoo. Mas só ele,
acentou o rei do cangaço. Cardoso e Saraiva não se acovardaram, não
Depois
completou: - Mas o que se é de fazer agora tá sem jeito. Deixa as frutas
amadurecer pra eles ver! Em seguida olhou de soslaio para o menino e disse: -
Não fique triste seu menino, os que beberam seu leito tem dinheiro suficiente
pra te pagar em dobro. Mas, você não vai poder ir hoje pra cidade não; porque
lá tá cheio de macacos. E você sem querer pode dá com a língua nos dentes.
Aurora hoje vai ficar sem beber seu leite igualzim a esses bezerros magros.
Falou ele. E logo depois perguntou:
- Cadê seu pai
menino? Preciso de alguém pra mim guiar por estes caminhos brabos que não
conheço. Preciso chegar logo à Conceição na Paraíba, com as bençãos do meu
padim.
- Meu pai e
meu tio tão bem ali em casa. Eles conhecem tudo por aqui. Eles podem ajudar o
senhor... Respondeu baixinho o leiteiro ainda em cima da cangaio do seu
burrico.
Então desça já
desse animal e vamos lá. Quero ver que cara tem o seu pai. E assim
seguiram....o leiteiro agora puxava o animal pelos cabrestos.
Chegando na
casa apenas o tio do leiteiro e sua esposa se encontravam lá. Sob o pé de
juazeiro, Lampião logo se entendeu com o vaqueiro. O bando ficou na cancela.
Os dois(
vaqueiro e Leiteiro) seguiram com o bando como guias. Antes do serrote do
Brandão o grupo se dividiu em dois. O vaqueiro seguiu com Lampião que ansiava
atravessar a linha do trem, enquanto o jovem leiteiro( Zé Alves) seguiu com o
subgrupo do cangaceiro Massilon, nos rumos do sítio Catingueira a mais ou menos
légua e meia dali.
No outro dia
antes do sol nascer o vaqueiro chegou em casa, inclusive, com algum dinheiro
ofertado por Virgulino como sendo a paga do Leite e do serviço prestado como
guia.
Enquanto o
jovem leiteiro não retornara. Vez que fora morto por Massilon logo que
avistaram as terras da catngueira na direção da Ingazeiras.
Dias depois
seus familiares encontraram seu corpo denunciado pelos urubus no fundo de uma
grande grota um pouco antes do açude velho. Só o reconheceram por conta do
cinturão de couro malhado que o leiteiro usava.
História e
estória quem ouvi contar.
<><>
(José Cícero)
Aurora - CE.
https://www.facebook.com/groups/179428208932798
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PRISÃO DO CANGACEIRO ANTÔNIO SILVINO
Multidão em frente a estação do trem para ver a chegada do famoso cangaceiro Antônio Silvino em Recife, preso pelo Major Teófanes Ferraz Torres em 1914.
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ONDE FICARAM PRESOS OS CANGACEIROS EM SALVADOR?
Revista do Brasil, edição 13. |
Alguns dos entregues em 1938 e os que só se renderam em 1940, foram direcionados para a Penitenciária do Estado da Bahia.
A antiga Casa de Prisão com Trabalho, recebeu os primeiros prisioneiros em outubro de 1861. Símbolo da modernização prisional que chegou ao Brasil após varrer a Europa e EUA, a Casa de Prisão da Bahia representava o abandono de práticas punitivas medievais representadas em ações como o açoite e o enforcamento, vistas como atraso pela sociedade do século XIX.
A instituição foi um símbolo de modernidade e o orgulho de políticos baianos que se inspiravam nos europeus na tentativa de trazer para o Brasil um sistema penitenciário mais eficiente e moderno, uma visão um tanto romântica da ressocialização de indivíduos através do trabalho.
Em 1902, passou a se chamar Penitenciária da Bahia, nome que consta nas cartas de Guia dos integrantes do grupo de Ângelo Roque que lá chegaram em 1943 após julgamento.
Em 1908, passou por uma significativa reforma e ampliação, a inauguração da obra foi um evento pomposo que reuniu diversas autoridades e ganhou amplo destaque na edição de número 13 da revista do Brasil, datada de 31 de março daquele ano.
A reportagem fez hiperbólicos elogios ao prédio e autoridades, além de fazer cuidadosos registros fotográficos do ambiente. As fotos daquela edição seguem abaixo na ordem que aparecem na publicação e com legendas da edição da revista.
Moisés Santos Reis Amaral, Professor há 21 anos do Município de Fátima, Licenciado em História pela Uniages com especialização em História e Cultura Afro-brasileira, Mestre em Ensino de História pela Universidade Federal de Sergipe. Autor das obras: Manual Didático do Professor de História, O Nazista e da HQ Histórias do Cangaço e dos livros Fátima, traços da sua história e O Embaixador da Paz.
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