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domingo, 9 de dezembro de 2018

AMIGOS DO CANGAÇO:


Muitos estão me mandando mensagens questionando o primeiro tiro em Angico. Todos que gravei tanto cangaceiros e volantes, foram unânimes em dizer que foi em Amoroso. 

Aqui vai outra prova contundente da verdade desse primeiro tiro. "Um relato do próprio João Bezerra dizendo que o primeiro tiro partiu da tropa de Ferreira no leito do riacho". 

Como duvidar de todas essas testemunhas dizendo a mesma coisa? Para mim isso e prego batido e ponta a virada.


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ATRATIVOS INVISÍVEIS

Clerisvaldo B. Chagas, 7 de dezembro de 2018
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.021
PERIFERIA. (FOTO: B. CHAGAS).
Apresentando novamente a serra Aguda, arredores de Santana do Ipanema, anunciada para sediar estátua. A serra em forma de sela é um monte isolado na periferia sul da cidade.  Sua estrutura rochosa é bastante desgastada, daí não abrigar um verde bonito e fechado durante épocas chuvosas. A parte entre o terreno mais baixo e o mais alto, na divisa da sela, mostra um caminho natural de enxurradas, como cicatriz evolutiva. Isso mostra num futuro muito distante, a divisão da serra em dois montes irmãos. Foi ali o local escolhido para se erguer a maior estátua sacra do mundo em homenagem a padroeira do lugar, Senhora Sant’Ana. Isso por certo atrairá turistas de todas as partes do Brasil e do mundo, após o monumento e a divulgação.
Todos os montes que circundam Santana e as partes altas da cidade são verdadeiros colírios para observadores, tanto da paisagem rural quanto urbana. As escolas de Santana deveriam levar seus alunos para todos esses lugares em pesquisas naturais e sociais desses bairros periféricos. Já estou convidando os nossos alunos da Escola Estadual Professora Helena Braga das Chagas, professores e o diretor Ivanildo Ramalho, para um passeio/estudo a serra Aguda, nos primeiros meses do próximo ano. Assim como já fomos à Reserva Tocaia, aproveitaremos esse grande laboratório histórico/geográfico/sociológico do município. A preocupação é conhecer a cidade e o município pelos futuros cidadãos, pesquisando constantemente pontos da sua cidade e do interior.
Lajeiro Grande, Cruzeiro, Cristo, Barragem, Pelado e a realidade dos seus bairros, levam uma gana de conhecimentos para os estudantes.  Conhecer profundamente o lugar em que se vive, é base importante para apreciar o resto do mundo e a sugerir soluções para os problemas da terra. E se estar sendo anunciada a maior estátua do mundo na serra vizinha, vamos conhecê-la, de perto, gente!
Sei não, talvez eu quisesse ter dito outra coisa e tenha entrado por aqui.
Já disse, tá dito.

EU CONHEÇO VOCÊ?

*Rangel Alves da Costa

A humildade e a valorização do outro, sempre demonstram a grandeza de cada ser. Ninguém é mais que ninguém. Na escrita da vida, os exemplos mostram que aquele que foi negado será o capaz de servir num instante de precisão.
Não há mão ornada de dourado ou de anel de doutor que seja mais importante que a mão tosca pelo trabalho duro na enxada. Aquele de roupa velha e carcomida de tempo possui o mesmo - ou maior - valor que aquele escondido atrás de terno ou gravata.
A honradez não possui classe social ou se qualifica em pobreza ou riqueza. A honradez não se expressa de outra forma senão no caráter. Então por que negar o outro por ser diferente, por ser empobrecido, por ser “acanhado e matuto”, por ser de pouca palavra ou de verbos desconsertados pelo pouco saber?
Então por que discriminar o outro por não vestir roupa igual a que você usa, por não viver “enturmado com sua turma”, por não gostar do que você gosta, por não “curtir o que você curte”, por não beber a mesma bebida que você bebe ou comer a mesma comida que você come?
Então por que desviar o olhar e esconder as mãos ante aquele que chega com roupa de trabalho debaixo do sol, que vem com o rosto lanhado de tempo e com os pés calçados em velho roló, que tem vontade de se aproximar para uma palavra ou um cumprimento, porém teme que seja negado?
Nada mais temos que um corpo vão que será transformado em pó. Nada mais somos que uma aparência daquilo que realmente queríamos ser. O que queremos ser e não somos está exatamente do desejar além do temos e somos em nós mesmos.
As máscaras um dia caem. As fantasias um dia dão mostras à realidade. As ilusões sucumbem para dar vazão à verdade. Pobre do ferro que se imagina ferro pela eternidade. O tempo enferruja o ferro, a maresia estraçalha os seus restos. O que somos, então?
Somos apenas o que nos resta ser. Nada além disso. Somos uma biologia que aos poucos vai se negando. Somos uma química cuja experimentação vai desfazendo conceitos. Talvez sejamos apenas o barro. Sim, carne e osso que nada são mais que barro. E tão quebradiço que depois em pó se transforma.
 Em todos, indistintamente. Orgulho, soberba e egoísmo, só fazem bem aos corações doentios. Presunção, vaidade e arrogância, só fazem bem àqueles que não gostam nem de si mesmos nem de ninguém. A vida e o mundo clamam por humildade, por respeito, por fraternidade. De todos com todos, indistintamente.
Olhe bem dentro dos olhos daquele carente sertanejo após receber um cumprimento ou abraço seu. Chegam a brilhar de satisfação. E quanto custa entrar numa casinha de cipó e barro, conversar com a família, demonstrar sincera amizade? Quanto custa abraçar aquele velho amigo de infância, relembrar causos antigos e partilhar momentos de amizade?
Quanto custa descer do pedestal da arrogância e se humanizar perante aqueles irmãos de mesmo sertão e mesmo mundo? Quanto custa reconhecer que é igual ao outro, que um dia poderá precisar do outro, que se seu passo faltar uma mão fraterna poderá ajudar a seguir em frente.
Verdade: ninguém é mais que ninguém! E pelos caminhos da vida, nas misteriosas curvas da estrada, de repente aquele que você nunca esperou estará por perto para ajudar. Mas será que você merece ser ajudado? O que você faz que o torne capacitado a ser reconhecido? Como vê, tudo depende de você.
Muito mais pobre do que você, muito mais carente do que você, mas de uma riqueza humana sem igual. E depois de agradecer, você ter o desprazer de recordar que nunca havia dado a mínima importância àquela pessoa. Assim. Bem assim.
Bem assim mesmo acontece. Pessoas passam pelas pessoas e é como se não passassem perante ninguém. Pessoas avistam pessoas e talvez um muro fosse de muito mais importância. Pessoas que são assim. Menosprezam, ignoram, fazem de conta que o outro sequer existe.
E chegam a perguntar: Eu conheço você? Não importa que conheça ou não. Não importa que seja do próprio meio ou não. Neste mundo tão pequeno e de idas e volteios inesperados, tudo mundo acaba conhecendo todo mundo. E aquele que se nega reconhecer, mais tarde haverá de implorar para ser avistado.
Uma questão de valorização. Ou a simples medida daquilo que realmente somos: apenas um nome numa pessoa. Nada mais que isso. Todo o restante é de frágil ferro que pelo tempo vai ser carcomido. Ou o barro que ao pó retornará.

Escritor
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2ª EDIÇÃO FLORO NOVAIS HERÓI OU BANDIDO?


Mais um livro na praça: FLORO NOVAIS: Herói ou Bandido? De Clerisvaldo B. Chagas & França Filho. Este livro estará disponível a partir de amanhã no Cariri Cangaço São José do Belmonte e segunda feira dia 15/10 Para todo Brasil. 

Preço R$ 40,00 com frete incluso. 124 páginas. Franpelima@bol.com.br e fplima1956@gmail.com e Whatsapp 83 9 9911 8286.

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VELÓRIO E ENTERRO SERTANEJOS


 Benedito Vasconcelos Mendes
Susana Goretti e Benedito Vasconcelos Mendes

Algumas das lembranças de minha infância, que se mantêm muito viva na minha memória, são as cenas dos rituais de um velório e enterro típicos sertanejos, que acompanhei quando assisti aos funerais do pequeno fazendeiro David Bezerra Pinheiro, irmão do vaqueiro Sales, da Fazenda Aracati. Certa manhã, o Sales foi comunicado que seu irmão mais novo, David, tinha sofrido um ataque do coração e estava muito doente, em sua casa na cidade de Miraíma, a 25 quilômetros da Fazenda Aracati. Meu avô vestiu seu conjunto de mescla azul, com camisa de quatro bolsos, com grandes botões pretos, calçou seu sapato de cadarço, colocou na cabeça seu chapéu de massa, de cor cinza e da marca Cury, chamou o Sales, o meu tio Francisco das Chagas Mendes (Tio Francisquinho) e eu, para irmos, com urgência, no Jeep Willys, ano 1954, cara alta, de propriedade do meu referido tio, até a cidade de Miraíma para visitar o irmão do Sales. Meu tio Francisquinho ia dirigindo o seu Jeep em alta velocidade, talvez puxando, em média, 70 quilômetros por hora, na poeirenta e esburacada estrada carroçal, que unia o Distrito de Caracará à cidade de Miraíma. Ao chegar na residência do irmão do Sales que estava doente, recebemos a trágica notícia que o mesmo tinha morrido. Sem perca de tempo, o Sales começou a comandar o ritual do velório, preparando o defunto para o enterro. Primeiramente, o Sales formou uma equipe de trabalho formada por um vizinho de David e por um sobrinho. Em obediência aos costumes e tradições sertanejos, deram banho no morto, cortaram suas unhas, tiraram a barba, apararam o bigode e o cabelo, recolheram todos os objetos metálicos que ele usava, como medalha, cordão de ouro, aliança de casamento, relógio e até arrancaram, com a ponta de um punhal, um dente canino de ouro, que ele tinha na boca. A esposa do vizinho, que estava ajudando no preparo do defunto, comprou no armazém ao lado cerca de três metros e meio de morim (tecido de algodão da cor branca) e rapidamente confeccionou a mortalha e levou-a para ser vestida no morto. O Sales encomendou, ao Seu Expedito Carpinteiro, a feitura de um caixão de pau-branco, revestido de tecido preto, com seis aselhas de ferro batido, pintadas de preto. O Tião Ferreiro, da Vila de Aracatiaçu, ficou encarregado de fazer as aselhas de ferro, pintar com tinta a óleo preta e parafusar no caixão. 

À noite, com o defunto já dentro do caixão e exposto na sala da frente da residência, iniciou-se as rezas e o recebimento, pela esposa, filhos, irmãos e outros familiares, das condolências dos amigos que estavam chegando de fazendas, vilas e de outras cidades para participar do velório e do enterro no cemitério local. Ao escurecer, o Sales, em cumprimento a um costume regional, derramou a água das quartinhas e dos potes de água para beber da casa do finado. Mandou matar um carneiro, um porco, algumas galinhas caipiras e pediu para preparar muito arroz vermelho e farofa de torresmo de porco com farinha de mandioca para os participantes do velório comerem durante a noite. Na bodega ao lado foram compradas dez garrafas de cachaça serrana, para não faltar reza e alegria na despedida do seu ente querido. Dona Raimunda, mulher do Sacristão, acendeu as velas ao redor do caixão e puxou o terço, sendo acompanhada pelas mulheres presentes. Os homens, no alpendre, bebiam cachaça, conversavam e faziam algazarra. Mais ou menos às nove horas da noite chegaram, das fazendas e vilas vizinhas, quatro carpideiras vestidas de preto para chorar o morto. Nos intervalos das orações fúnebres, entravam o choro e as lamúrias das carpideiras, que derramavam muitas lágrimas e externavam, em voz alta, suas lamentações. Estas carpideiras não recebiam dinheiro pelo seu trabalho de elogiar e de chorar o morto, pois elas faziam por prazer e exigiam apenas os agradecimentos dos familiares do cadáver. Elas externavam tão bem os sentimentos de tristeza que as lágrimas pareciam ser o resultado de um grande sofrimento. Durante toda a sentinela, ao longo da noite, houve muita reza (benditos, ofícios, ladainhas e incelências) e muito choro das carpideiras, além da alegria dos que bebiam e comiam no alpendre. Ao amanhecer o dia, o Eufrásio Sacristão foi chamar o Padre Antônio José para encomendar o corpo e celebrar a Missa de Corpo Presente. Depois da Santa Missa, o Sales deu ordem para não permitir que nenhum bêbado pegasse na aselha do caixão, pois podia derrubar o falecido. Ao chegar no Campo Santo, o Sales e mais três outras pessoas retiraram o defunto do caixão e inumaram o corpo em contato direto com a terra. O caixão não foi enterrado. O corpo foi coberto com terra, sem proteção de paredes de alvenaria. Cada acompanhante do enterro colocava uma mancheia de terra sobre o morto. A cova era profunda, para evitar que o falecido fosse molestado por cachorros ou outros animais. O Sales chumbou, em frente a cova, a cruz de madeira contendo o nome, a data de nascimento e a data do falecimento, pintados de preto, sobre a cruz de cor branca. Após o enterro, os presentes colocaram pequenas pedras no pé e sobre os braços da cruz. 

Todos estes costumes, crenças e tradições ligados aos funerais sertanejos são de origem judaica, trazidos pelos Cristãos Novos, que vieram de Portugal como colonizadores do sertão quente e seco nordestino, no final do Século XVII e início do Século XVIII. 

Curioso também é o enterro de anjinhos no sertão nordestino. Tive oportunidade de presenciar algumas exéquias de criancinhas na Vila de Caracará. Diferentemente dos funerais de adultos, no enterro de criancinha não se chora e sim cria-se um ambiente de alegria e de festa. Todos querem levar nos braços, por uma certa distância, o caixãozinho azul com a criancinha morta. O pequeno caixão fica cheio de flores silvestres. Todos querer colocar, sobre o anjinho, flores e raminhos de plantas regionais. O cortejo até o Cemitério é feito com muitos cânticos, benditos, incelências, ofícios e ladainhas, especialmente o Ofício das Almas, que é acompanhado por rabecas, violas, pífanos de taboca, tambores e maracás. Acredita-se que a criancinha, por ser inocente e não ter pecados, será recebida no Céu por Maria Santíssima e São José. Fazem bilhetes endereçados à Nossa Senhora, pedindo graças e milagres e colocam os mesmos no caixãozinho do anjinho, pois ele é considerado uma criatura celestial e mensageira dos pedidos das pessoas aqui da terra para Nossa Senhora e seu filho Jesus Cristo. 

Obrigado!

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço Benedito Vasconcelos Mendes

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BRASIL IMPERIAL A PALMATÓRIA



“A Palmatória” Fotografia de Hermann Kummler, Pernambuco 1861. No Brasil a prática da Palmatória era comum entre os professores a fim de castigar alunos em sala de aula, também era usado por donos de escravos como instrumento de tortura. Somente nos Anos 1970 a prática passou e ser considerada crime no Brasil.

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80 ANOS DA MORTE DE LAMPIÃO..

Um vídeo de Aderbal Nogueira.
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Publicado em 6 de dez de 2018

Participação minha no programa Entrelinhas juntamente com o amigo historiador Beto sousa. Pauta do programa foi o Combate de Angico.
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UMA ENTREVISTA COM O BRAVO TENENTE ARLINDO ROCHA, O MATADOR DO CANGACEIRO SABINO GOMES


José Tavares de Araújo Neto
Arlindo Rocha

Arlindo Rocha, (nascido em 23 de março de 1883 e falecido em 07 de outubro de 1956), na condição de delegado da cidade de Salgueiro, Pernambuco, tinha sob sua guarda o indivíduo conhecido por Antonio Padre, suspeito de ter cometido um crime na região. Inocentado, Antonio Padre roga um emprego ao delegado, que o leva para trabalhar em uma de suas fazendas de nome Barrocas, onde reside com sua família. Nessa relação próxima à família, nasce em Antonio Padre uma forte paixão por uma das filhas de patrão, que chega a propor que a jovem fuja com ele. Ao ter conhecimento da intenção do seu empregado, Arlindo o expulsa imediatamente de sua propriedade.

Injuriado pela humilhação a que foi submetido, Antonio Padre declara guerra ao seu ex-patrão, e vai em busca de proteção junto ao coiteiro Francisco Pereira de Lucena, o temível e poderoso Chico Chicote, proprietário da fazenda Guaribas, no município Brejo dos Santos (hoje Brejo Santo), localizado no cariri cearense, na divisa com Pernambuco e Paraíba.

Antonio Padre, vez por outra, enviava bilhetes extorsivos e recado ameaçadores dizendo que além de roubar a filha, iria “partir a MELANCIA, aterrar as BARROCAS e derrubar as CAEIRAS”, referências as três propriedades de Arlindo Rocha. Diante dessas ameaças, Arlindo Rocha forma um grupo armado, com pessoas de sua extrema confiança, constituído por parentes e agregados, pois sabia da alta periculosidade do seu antigo empregado, agora um afamado bandoleiro do bando do famigerado Lampião.

Em meados de 1924, Arlindo articula uma bem-sucedida emboscada contra o subgrupo de Antonio Padre, ocorrendo uma forte troca de tiros, no episódio que ficou conhecido como o “Fogo de Pilões”, que resultou nas mortes de Antonio Padre e Gavião. Em 26 de novembro de 1926, já promovido tenente, Arlindo Rocha participa da sangrenta Batalha de Serra Grande, considerada a mais importante vitória de Lampião sob as forças volantes. Nesta batalha, que havia dito que os cangaceiros iriam comer bala, foi acertado por disparo na boca que quase lhe destruiu a mandíbula, que lhe trouxe problemas de mastigação e cicatriz pelo resto da vida, sendo então chamado pelos cangaceiros pelo apelido pejorativo de “Queixo de Ferro”. Em fevereiro de 1927, Arlindo comanda uma as das volantes no histórico cerco a Fazenda de Chico Chicote, evento que ficou conhecido como o “Fogo de Guaribas”, no qual é morto o temível fazendeiro e coiteiro cearense.


Em 13 de março de 1928, três forças volantes, comandadas pelos tenentes Arlindo e Eurico Rocha e o bravo sargento nazareno Manoel Neto, intensificam o cerco ao bando de Lampião no cariri cearenses, precisamente no município de Macapá, atual Jati, na fazenda Jati, do fazendeiro Antonio Teixeira Leite, o celebre coiteiro Antonio da Piçarra. Já era tarde da noite, sob forte chuva, o céu entrecortado por raios e trovões, que um dos soldados da volante de Arlindo Rocha deflagrou um tiro certeiro no vulto de uma pessoa que atravessava um passadiço, pondo fim a vida do célebre Sabino Gomes, o mais importante cangaceiro do bando de Lampião, que, em entrevista em Juazeiro/CE, já o havia apontado como seu potencial sucessor.

Após a malfadada tentativa de Lampião de atacar a cidade de Mossoró, no oeste potiguar, ocorrida em 13 de junho de 1927, os governos do Estados do Rio Grande do Norte, Paraíba, Ceará e Pernambuco, uniram esforços no intento de eliminar definitivamente o cangaço dos seus territórios. A bem-sucedida “Campanha de 1927”, comandada pelo oficial cearense major Moisés de Figueiredo, em solo cearense, mas que também contava com contingentes policiais militares advindos do Rio Grande do Norte e da Paraíba, promoveu baixas, forçou deserções e fugas de cangaceiros rumo ao Estado Pernambuco. Em 21 de agosto de 1928, Lampião e seu bando, reduzido a apenas seis componentes (Ele; Ezequiel, seu irmão; Virgínio, seu cunhado; Luiz Pedro; Mariano e Mergulhão), em fuga, atravessam o Rio São Francisco e vão se homiziar na Bahia.

Em 20 de outubro de 1929, o Jornal Pequeno, de Recife/PE, veiculou uma entrevista concedida pelo tenente Arlindo Rocha, que reveste-se de importante documento para se entender melhor o mundo do cangaço.

Segue abaixo a transcrição integral da entrevista:

O tenente Arlindo Rocha, anteontem chamado ao Recife, é atualmente o comandante da forças pernambucanas no sertão.

Vimo-lo ontem, à noite, na chefatura, conferenciando demoradamente com o dr. Eurico de Sousa Leão. As indicações que se prestava, no mapa todo assinalado da Repartição Central da Polícia, e o justo renome que usufrui aquele policial em todo o sertão nordestino, levaram-nos a procurá-lo no intuito de conseguirmos um testemunho seguro da situação do cangaceirismo, afora o prazer natural de ouvir um homem que, anos a fio, dia e noite, tem batido cerrados e caatingas numa luta de vida e morte contra os mais ferozes bandoleiros. O tenente Arlindo Rocha é um homem moreno, alto e magro, muito tímido e que não fala nunca; tem que ser provocado então. Na face esquerda ostenta uma cicatriz profunda: uma bala de rifle em pleno rosto, às duas e meia da tarde, no dia 26 de novembro de 1926, no combate de Serra Grande.

Onde foi esse combate? Perguntamos logo, com nossa curiosidade despertada!

_ Serra Grande fica perto de Custódia. Comandava as forças o bravo tenente Hygino José Belarmino. Foi o início da campanha do atual governo estando no poder o saudoso Júlio de Melo contra Lampião. Este tinha, ao tempo, sob seu comando 125 homens. Estavam todos entrincheirados no alto da serra. A brigada começou as 8 da manhã e terminou as 6 horas da tarde. Nós tínhamos duas metralhadoras que Antonio Ferreira, irmão de Lampião, procurou cercar três vezes e gritava: _ Hoje tomo uma costureira dessa.

E tomou?

_ Não. Parece que tomou foi uma bala, pois morreu três dias depois do tiroteio. Os bandidos fugiram e desde então começou a debandada. O grupo fragmentou-se em quadrilhas que operavam em zonas diferentes. Ferido, nesta luta, acrescentou o tenente Arlindo, só escapei devido a meu irmão que me amparou. Os cangaceiros me alvejaram a pouco passos de distância, no momento em que eu chamava por Manoel Neto, ocupado em botar uma retaguarda.

Mas foi esse, tenente, o seu primeiro encontro com Lampião?

O tenente Arlindo riu e respondeu, a voz pausada:

_ Não. Eu já tinha brigado há tempos. Desde em que era subdelegado em Salgueiro, quando fui atacado e procurei tomar desforra. Mas isso no tempo em que, no sertão, cada qual se defendia por si mesmo. Eu e meus parentes demos uma brigada em Pilões. Brigada boa, aquela. Morreram de Lampião dois cangaceiros dispostos: Gavião e Antonio Padre. De lá p´ra cá tem sido essa marcha. Mas, de verdade, só melhorou a coisa com os drs. Estácio de Coimbra e Eurico de Sousa Leão. Foram eles quem me ajudaram, fizeram minha carreira militar; e é pór isso também que venho combatendo satisfeito sempre. 

_ O sr. pode alto e bom som, disse o tenente Arlindo Rocha, que o sertão do Pernambuco está livre de cangaceiros. Pode acrescentar mais: os crimes de sangue e os assaltos a fortuna alheia se acabaram de vez.

E Lampião, tenente?

_ Lampião é, agora apenas, uma lembrança dos outros tempos. Dos tempos em que fora o rei do cangaço, dominando de Vila Bela a Salgueiro, do Ceará às margens do São Francisco. Avalie que eu mesmo, de uma feita, ao sair de Vila Bela com 12 homens, fui atacado na estrada pelos cangaceiros. Eram 26. Foi uma emboscada que me deu trabalho. Agora, no atual governo, jamais se viu Lampião procurar as forças para lutar.

Sempre na emboscada?

_ Nunca. É a fuga pela caatinga. O trabalho dos contingentes é todo para alcançá-lo e dar-lhe combate. Agora devemos argumentar com deficiência de comunicações, de aviso, de transporte e de víveres, etc. Entra-se pela caatinga adentro cinco, dez dias, um mês inteiro sem descanso. A comida é fruta e garapa de açúcar. E a cama é de pedra – um pedaço de jurema ou angico como travesseiro.

Mas onde anda Lampião? Inventam tantas coisas, às vezes ...

_ Bem sei, dr. Mas há muita mentira. O sr. argumente pelo pelos fatos da capital. Dá-se um conflito ali na esquina e na outra rua os mortos e feridos já estão triplicados. Basta notar o seguinte: seis meses atrás, Lampião com seis homens, pretendeu atravessar Pernambuco com direção ao Ceará. Não o pode fazer. Perseguimos o reduzido grupo um mês em Alagoas com o concurso esforçado e leal das forças daquele Estado. Encurralado, o bandido fez uma coisa que sempre se arreceara: Atravessou o São Francisco, rumo à Bahia. As nossas fronteiras, de acordo com o plano traçado pelo dr. Chefe de Polícia, se acham inteiramente resguardadas de um impossível retorno dos bandoleiros. O próprio Lampião, por onde passa, diz que em nosso Estado não poderia mais viver. Na Bahia mesmo, a perseguição lhe foi terrível. Nossas forças como as daquele Estado, lhe moveram uma guerra tenaz. Na última corrida que lhe demos fomos pelo alto sertão baiano botá-lo a uma distância de mais de 100 léguas além de Juazeiro.

_ Quando Estive em Juazeiro da Bahia, contou-nos o tenente Arlindo, o prefeito perguntou-me porque sendo eu um homem doente e Lampião já em completa fuga, não mandava eu os meus homens em perseguição do bandoleiro e me arriscava aos percalços da caatinga. Respondi-lhe: É um entusiasmo que tenho pelo meu governo; quero ajudá-lo, assim de perto, cumprindo o meu dever. Lampião só tem cinco cangaceiros, segundo corre pelos sertões baianos, o seu objetivo é alcançar Goiás. E diz que não se entregou às nossas forças porque não tinha certeza se o trataríamos bem.

Sabe quais os cangaceiros que vão com ele?

_ Sei. Ezequiel Ferreira, seu irmão; Virgínio Fortunato, seu cunhado; Mariano; Menino Oliveira e Luiz Pedro do Retiro.

E o famigerado Sabino?

_ Afirmam que morreu em Piçarra, no Ceará, num combate com minhas forças. O choque foi a meia noite. Debaixo de muita chuva e muita trovoada. Era um velho inimigo meu, o terrível Sabino. Lembro-me que num tiroteio ele gritava pra mim: “Arlindo das Barrocas, já te arranquei um queixo, quero levar o resto”.

Mas não levou, tenente ...

_ Não. Nem se cumpriram as promessas de Lampião, que me mandava dizer nos seus tempos folgados: _ ”Quando passar na tua casa só deixo o chão molhado.”

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A CHACINA NA FAZENDA PATOS

Material do acervo do pesquisador do cangaço Antonio Corrêa Sobrinho

Jornal "A Noite" - 05/08/1938

ARRASTADAS PELOS CABELOS PARA A DEGOLA!

DEPOIS DA FORMIDÁVEL CHACINA, PERPETRADA COM INOMINÁVEIS REQUINTES DE CRUELDADE, “CORISCO” E SEU BANDO DANÇAM ALEGREMENTE AO SOM DO REALEJO – POUPADAS À SANHA ASSASSINA “PARA CONTAREM A HISTÓRIA”
DECAPITADAS VIVAS

NENHUM TIRO FOI DISPARADO CONTRA AS VÍTIMAS DA FAZENDA DOS PATOS

DUAS MULHERES NO BANDO DE “CORISCO” – VISTO, ONTEM, NA FAZENDA BEM FEITA, EM MATA GRANDE – O BILHETE RECEBIDO PELO PREFEITO DE PIRANHAS

PEDRA (Alagoas), 5 (Dos enviados especiais de A NOITE) – Segundo informações aqui recebidas em Piranhas, “Corisco”, à frente de um grupo composto de oito pessoas, inclusive duas mulheres, foi visto ontem na fazenda Bem-Feita, em Mata Grande. A polícia do Estado, através de suas forças volantes, já está no encalço, nesta direção. 

Refere-se também que o assalto à fazenda dos Patos, de propriedade do sogro do capitão João Bezerra, foi realizado sem se disparar um tiro sequer. Todas as vítimas foram degoladas vivas pelos bandidos, o vaqueiro Domingos, sua mulher e três filhos cujas cabeças foram mandadas para o capitão João Bezerra, na falta de prefeito de Piranhas, ausente no momento.


PIRANHAS (Alagoas), 5 (Serviço especial de A NOITE) – O assalto do grupo de “Corisco” à fazenda dos Patos foi realizado pela madrugada. Os bandidos puderam assim aproximar-se sem serem pressentidos, atacando de surpresa as vítimas. Seis pessoas, como já informamos, foram então decapitadas, sendo as cabeças enviadas ao capitão João Bezerra. Acompanhava os despojos, que incluíam duas cabeças de mulher, o seguinte recado: “As cabeças destas mulheres pagaram as duas mortas”.

O grupo de Corisco, depois da chacina, conseguiu montada na própria fazenda, batendo em retirada. Comunicado o fato às autoridades, saiu em perseguição do grupo o sargento Aniceto, que, anuncia-se, já conseguiu a pista dos bandidos.

IMPRESSIONANTE! – O FESTIM SINISTRO

PIRANHAS, 5 (Dos enviados especiais de A NOITE) – Urgente – Acabamos de chegar a Piranhas, a cidade do interior alagoano que Corisco escolheu para palco do seu sanguinolento revide pela morte de Lampião. Ainda todos os habitantes da localidade se encontram sob a penosa impressão do monstruoso crime. Ouvimos, a respeito, o Sr. Manoel João da Costa, cunhado do vaqueiro Domingos José Ventura, o infeliz morador da fazenda dos Patos que encontrou morte horrível, juntamente com toda a sua família, nas mãos ávidas de vingança do bandoleiro Corisco e seu bando.

Ainda tomado de profunda emoção, o Sr. Manoel João da Costa, narrou-nos o drama tremendo, verdadeiro festim de sangue e horror.

Demos a palavra ao nosso entrevistado:

- “Corisco” chegou noite fechada já na fazenda dos Patos. Eram mais ou menos oito horas. Ao estrepito dos bandoleiros, que se aproximaram como demônios batendo as coronhas das armas no terreiro, a família do vaqueiro Ventura acordou em pânico. Mas nada mais era possível fazer; nem fugir! “Corisco”, à frente do bando, com os olhos verdes fuzilando de ódio, ordena rispidamente à mulher e à filha do morador:

- Faça café para todo o pessoal!

Em seguida, apontando para o vaqueiro e seu filho Manoel, ordena aos seus “caibras” que os levem para trás do curral, o que é feito imediatamente, sem qualquer gesto de resistência dos prisioneiros.

Os dois homens são amarrados e arrastados para fora.

No local escolhido, “Corisco” então contempla mais uma vez com uma expressão de sinistro sarcasmo as duas vítimas e, em voz ríspida, grita para os seus homens, que já haviam desembainhado os punhais agudíssimos:

- Degolem esses bandidos!

HEDIONDO!

- Uma angustiada expressão de desesperança perpassa pelas fisionomias dos homens que iam ser imolados. Inútil qualquer apelo a quem já perdeu o último resquício de bondade humana.

Os cangaceiros escolhidos para carrascos aprestam-se para a tarefa macabra. Fuzilam os punhais na meia luz do luar. Rápidas como raios, as lâminas cortam o espaço e duas cabeças tombam sobre a terra, entre golfadas de sangue. Os troncos decepados oscilam ainda uma última vez e caem pesadamente sobre o solo empapado de sangue.

ÓDIO DE BANDIDO

Não satisfeitos em sua insaciável sede de vingança, “Corisco” e seus homens, depois de amaldiçoarem em altos brados as vítimas indefesas, voltam à casa, onde tinham ficado os outros “caibras”, guardando os demais moradores. Um frêmito de horror circula pelo sistema nervoso daquelas pobres criaturas, ao verem de volta o sombrio “Corisco”, cujas pupilas com um ódio inextinguível.

Chegou a vez dos filhos do vaqueiro Ventura: José, solteiro, e Odon, casado. Os facínoras amarram-lhe as mãos para trás, conduzem-nos para o terreiro, e aí, entre imprecações demoníacas, degolam-nos de um só golpe, com a sua alucinante mestria de sangradores.

AGORA AS MULHERES!

- Agora as mulheres! – grita “Corisco”, enquanto seus homens agarram pelos cabelos a mulher e a filha do vaqueiro, Guilhermina Nascimento Ventura e a jovem Waldomira Ventura.

- Vocês vão pagar a morte de Maria Bonita e Enedina – diz o bandido olhando para as mulheres.

Nenhuma sombra de piedade naquelas fisionomias que só o ódio sabe fazer vibrar. As mulheres são brutalmente arrastadas para fora, e ainda o feroz “Corisco”, com a sua impassibilidade desumana, ordena e assiste ao seu degolamento.

MÚSICA!

- Parece momentaneamente aplacada a cólera do chefe. Seus cabeças jazem sobre o solo, imobilizadas numa última expressão de angústia e sofrimento. Mas nada comove o bandoleiro empedernido. Gritos de satânica satisfação atroam os ares. É a alegria das feras saciadas. Os bandoleiros estão superexcitados. Voltam à casa, no meio de um vozerio infernal. “Corisco” ordena então que se comemore condignamente a vingança.

Manda transformar em salão de baile a sala da casa assaltada. E, estimulados pela cachaça, entregam-se a desenfreadas manifestações de alegria, dançando e gritando. Alguns dos bandidos trazem violas e realejos com que animam a dança. É um festim macabro. Pantomina de horror e sangue. Farândula de demônios alucinados.

O SAQUE – BILHETE AO CAPITÃO BEZERRA

- Quando se dão por satisfeito, “Corisco” ordena o saque geral da fazenda, depois do que dá instruções para a retirada. Dirigem-se todos para a fazenda Pedrinhas, próxima à fazenda dos Patos, pertencente também ao Sr. Antônio José de Brito, vulgo, “coronel Antonio Menino”. Aí então “Corisco” redige uma carta injuriosa e violenta ao capitão Bezerra, endereçando-lhe as cabeças sangrentas. Entrega o bilhete ao portador, que foi o vaqueiro João Crispim Moraes, dizendo:

- Vá entregar isto ao tenente Bezerra. Diga a ele para comer uma, frita. Na falta dele, entregue ao prefeito.

POUPADOS PARA CONTAREM A HISTÓRIA!

- Os bandidos deixaram vivos três outros filhos do vaqueiro Ventura: Antonio, de doze anos, Silvino, de dez e Carmelita, de onze.

Por isso, ao despedir-se do portador da macabra encomenda, “Corisco” acrescentou:

- Os meninos ficaram para contar a história. Mas brevemente voltarei para matá-los, pois faço questão de extinguir toda a raça daquele vaqueiro traidor, que nos denunciou à polícia.

As cabeças foram enterradas no cemitério da cidade, sendo que aos corpos foi dada sepultura cristã na fazenda Patos. 

O vaqueiro tão tragicamente trucidado tem ainda uma filha que reside em companhia da família do “coronel Menino”. Receia-se aqui nova façanha dos bandidos, que prometeu vingar a morte de Lampião impiedosamente.

Na carta dirigida ao tenente Bezerra enviando as cabeças, diz “Corisco”: “Matei duas mulheres para vingar a morte de Maria Bonita e Enedina.

A esposa de Odon Ventura, que também se encontrava na casa assaltada, foi perdoado pelos bandidos em virtude de ter dato à luz há oito dias. A criancinha também nada sofreu. Os três filhos sobreviventes do vaqueiro que foram mandados por “Corisco” juntamente com as cabeças de seus pais e irmãos, nada quiseram declarar.

Seguimos viagem para Angicos

Na mesma edição do dia 05/08/1938, este mesmo jornal, sobre a chacina na fazenda Patos, publicou notícia de uma outra fonte, a Agência Nacional, nos seguintes termos:
MACEIÓ, 4 (Agência Nacional) – A população desta capital continua sob a forte impressão da vindita tomada por Corisco e seu bando, composta todo ele dos fugitivos da fazenda Angicos. Os jornais dão amplo noticiário do fato sangrento. Conhecem-se, agora, os mortos da fazenda de Patos, onde Corisco chegou de surpresa, não tendo sido possível nenhuma resistência.

Chegou e não conversou. Amarrou todas as pessoas encontradas, em número de seis, fuzilou-as, cortando, depois as cabeças e mandando-as num saco para o prefeito de Piranhas, com um bilhete, no qual dizia que as onze cabeças da fazenda de Angicos fariam rolar muitas outras. O saco com o presente macabro foi levado por uns caboclos, que chegaram a Piranhas pela madrugada. Esses caboclos, que vivem nas redondezas onde se deu a chacina, foram obrigados a cumprir a tarefa, sob a ameaça de que se não levassem o saco e não o depositassem no lugar determinado, mais tarde seriam sacrificados e decapitados.

O saco foi encontrado pela criada do prefeito, no batente da porta da rua. Alarmada, a empregada saiu correndo e gritando. As pessoas da casa vieram ver o que se passava, e deram com aquela coisa horrível. O prefeito de Piranhas também foi ver e deparou com as cabeças, empapadas em sangue e terra. A notícia espalhou-se com rapidez, e dentro em pouco a residência do chefe do executivo municipal estava cercada por uma multidão de curiosos, que ali ficou comentando a trágica represália, entre indignada e transida de pavor.

BRUTAL!

MACEIÓ, 4 (A. N.) – As pessoas mortas e decapitadas na fazenda de Patos pelo bandoleiro Corisco, em revanche à morte de Lampião, foram o vaqueiro do coronel Antonio Brito, sua mulher e quatro filhos menores. A família do proprietário da Fazenda lá não se encontrava. Mas a vingança foi tirada, somente porque essas pessoas trabalhavam para o coronel Brito, que é, como já mandamos dizer, avô da esposa do atual capitão João Bezerra. Corisco, entretanto, depois de sacrificar seis vidas inocentes, num ato de incrível barbaridade, incendiou a fazenda, que é, agora, por informações de pessoas vindas de lá, um campo ressequido e devastado.

NO COMANDO DAS FORÇAS VOLANTES

MACEIÓ, 4 (A. N.) – O primeiro-tenente Francisco Ferreira de Mello, por determinação do coronel Lucena, assumiu o comando das tropas volantes, que saíram em perseguição do novo bando de cangaceiros, chefiado por “Corisco”.

Imagens dos filhos do vaqueiro Ventura, ANTONIO e SILVINO, poupados por Corisco.

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