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Joelmir José
Beting (Tambaú, 21
de dezembro de 1936 — São Paulo, 29
de novembro de 2012) foi um jornalista e sociólogo brasileiro.[1]
Profissional
de grande contribuição para o jornalismo bem como para a economia e a
comunicação, Joelmir foi um pioneiro na tradução dos difíceis termos técnicos
econômicos para a vida cotidiana.
Biografia
Nascido na
cidade paulista de Tambaú,
Joelmir começou a trabalhar nas plantações da propriedade de sua família aos
sete anos. "A minha origem é, de certa forma, de boia-fria",
lembraria o jornalista em entrevista à revista Imprensa em julho de
2012.[2]
Após ter sido
um coroinha na
igreja da cidade, o padre Donizetti Tavares de Lima arrumou-lhe
o primeiro emprego na rádio de Tambaú aos quinze anos.[2]
Formação
acadêmica
Aos dezenove
anos, Joelmir mudou-se para São Paulo e formou-se em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP) na
mesma turma de nomes como Ruth
Cardoso e Francisco
Weffort.
Carreira
Cobrindo
esportes
Em 1957,
durante o período universitário, iniciava a sua carreira jornalística como
repórter esportivo nos jornais O Esporte e Diário Popular. Deixou a área esportiva dois
anos depois, quando deixou sua paixão pelo Palmeiras falar mais alto na
transmissão de um Derby Paulista pela rádio
Panamericana e quase foi agredido pela torcida corintiana.[2]
É atribuída a
Joelmir a ideia de premiar Pelé com uma
placa comemorativa em homenagem a um de seus mais belos gols, feito no Maracanã
contra o Fluminense. Desse fato surgiu a expressão "Gol de
Placa", sempre dita pelos profissionais de futebol do país ao
descreverem um gol de rara beleza e muito difícil de ser feito.[3][4][5]
Na mídia
impressa
Foi contratado
em 1966 pela Folha de S. Paulo para lançar a editoria de
Automóveis, fruto da repercussão de sua tese do curso de Sociologia (Adaptação
da mão de obra nordestina na indústria automobilística de São Paulo), que fora
publicada pelo Diário Popular na íntegra.[2] Dois
anos depois lançou a editoria de Economia do mesmo jornal, lançando
uma coluna diária a partir de 1970.[2] A
coluna tornou-se célebre por desmistificar a economia durante uma época
de inflação astronômica e reiteradas medidas desastradas
do governo.[2] Foi
quando surgiram alguns dos "bordões"
de Joelmir, como "Quem não deve não tem!" e "Na prática, a
teoria é outra!".
Joelmir Beting (centro) mediando debate televisivo entre Mário Covas e Francisco Rossi durante a campanha eleitoral de 1994.
No rádio e na
TV
Paralelamente
à coluna na Folha (que transferiu para O Estado de S. Paulo em 1991), Joelmir
passou, ainda em 1970, a participar de programas de rádio,
na Jovem Pan, e de televisão, na Rede Record[2],
e depois na Rede Globo, onde se tornaria conhecido do grande público
com suas participações nos telejornais, permanecendo na emissora entre agosto
de 1985 e julho de 2003.
O início na TV
foi em 1970, com o programa Multiplicação do Dinheiro, na TV Gazeta,
que funcionava como uma mesa-redonda sobre assuntos econômicos, com
participação dos economistas Eduardo
Suplicy e Miguel
Colasuonno. Em 1974, foi contratado pela Rede
Bandeirantes, onde ficaria até a sua estreia na Rede Globo. Na Band,
ancorou o Jornal Bandeirantes, ao lado de Ferreira
Martins, além de fazer comentários de economia e reportagens especiais.
O mesmo
aconteceu na Rádio Bandeirantes, onde fazia um
comentário diário no programa O Trabuco de Vicente
Leporace. Com a morte deste, em abril de 1978, juntou-se a José Paulo de Andrade e Salomão Ésper para apresentar o Jornal Gente,
criado no dia seguinte ao acontecido. O trio voltaria a reunir-se em 2003,
quando Joelmir foi novamente contratado pela Bandeirantes. Entre os anos 1980 e
1990 foi também comentarista nas rádios Excelsior e CBN. No início do canal por
assinatura GloboNews, em 1996, foi um dos apresentadores do programa
Espaço Aberto.
Destaques
Alguns de seus
mais célebres trabalhos na TV são o primeiro debate entre candidatos a eleições
na Band, e a entrevista com os membros da equipe econômica de Fernando
Collor em março de 1990, quando Zélia Cardoso de Mello e Ibrahim
Eris, entre outros, foram surpreendidos por Joelmir, Lilian
Witte Fibe e Paulo Henrique Amorim, então especialistas em
economia da Globo. Quando Amorim detalhou uma das principais medidas do Plano
Collor, o confisco, Joelmir teve uma curiosa reação, como descrita pela
revista Imprensa: "Encarando a câmera, [ele] arregalou os olhos e
escancarou a boca, como se informasse, bem didaticamente, a reação apropriada
para a medida: espanto."[2] A
imagem seria usada pela edição do Jornal
do Brasil do dia seguinte, sob a manchete "A cara da nação".[2]
Morte
Joelmir morreu
em 29 de novembro de 2012, no Hospital Albert Einstein, em
decorrência de um AVC hemorrágico, após ter passado
mais de um mês internado para tratar de doença autoimune.[6][7][8]
Joelmir tinha
dois filhos: o publicitário e especialista em aviação Gianfranco
"Panda" Beting, um dos co-fundadores da Azul Linhas Aéreas Brasileiras, e o
jornalista e comentarista esportivo da Rede Bandeirantes Mauro
Beting. O falecimento de Joelmir foi anunciado ao vivo aos ouvintes da
Rádio Bandeirantes pelo seu filho Mauro durante a cobertura pós-jogo da partida
entre São Paulo e Universidad Católica, pela Copa Sul-Americana.[9]
Ao falecer,
Joelmir exercia a função de editor e comentarista econômico do Jornal
da Band, apresentado por Ricardo
Boechat, e co-apresentador do Canal
Livre na Band, além de participações no Jornal Gente e Jornal em Três
Tempos, da Rádio Bandeirantes, e no programa esportivo Beting&Beting, com o
filho Mauro e o seu sobrinho Erich, no BandSports.
Fazia também comentários para o Primeiro Jornal e o Jornal
da Noite, da Band, e para o canal de notícias por assinatura BandNews.
O "caso
Bradesco"
O jornalista
foi centro de uma polêmica em 2003, ao aceitar convite do Bradesco para
participar de uma campanha publicitária. Os jornais onde ele mantinha
coluna, O Estado de S. Paulo e O Globo,
consideraram a prática incompatível com o exercício da profissão de jornalista
e suspenderam a publicação de sua coluna diária. Em 4 de dezembro, Joelmir
publicou um artigo intitulado "Posso falar?", em que deu explicações
acerca do episódio.[10] Joelmir
alegou que o produto que vendia aos jornais era "um produto isolado, tido
como de boa qualidade e isento". No mesmo texto, afirmou também que
"o jornalismo não deveria se envergonhar da publicidade".
Em entrevista
à Imprensa, em julho de 2012, disse que já havia comunicado à época que
iria deixar de escrever as colunas nos jornais, por estar
"sobrecarregado".[2] Teria
sido apenas depois de essa notícia se espalhar pelo mercado que surgiu o
convite do Bradesco.[2] "Os
jornais já sabiam que a coluna ia parar, assim como já sabiam que eu não fazia
mais televisão", explicou.[2] A
coluna seguiria sendo distribuída pela Agência
Estado para cerca de trinta jornais até janeiro de 2004, quando a
distribuição foi suspensa, após 34 anos.
A partir desse
episódio, Joelmir dedicou-se prioritariamente ao rádio e à TV, além de manter
sua agenda como palestrante e debatedor de assuntos macroeconômicos.
Notas e Referências
↑ «Morre
em SP o jornalista Joelmir Beting». Consultado em 29 de novembro de 2012
↑ Ir
para:a b c d e f g h i j k l Guilherme
Sardas (julho de 2012). «Descomplicando...». São Paulo: Imprensa Editorial
Ltda. Imprensa (280): 60-64
↑ «Joelmir
Beting é o criador do "gol de placa" e da placa do gol». Portal
Terra. Consultado em 29 de novembro de 2012
↑ «Criador
do "gol de placa", Joelmir Beting deixou jornalismo esportivo por
amor ao Palmeiras». Portal UOL. Consultado em 29 de novembro de 2012
↑ «Jornalista
Joelmir Beting morre aos 75 anos em São Paulo». Revista Veja. Abril.
Consultado em 29 de novembro de 2012
↑ Saraiva, Jacqueline (29 de novembro de
2012). «Morre
o jornalista Joelmir Beting, aos 75 anos, em São Paulo». Correio
Braziliense. Consultado em 29 de novembro de 2012
↑ «Morre
o jornalista Joelmir Beting, aos 75 anos». Folha de S.Paulo. 29 de
novembro de 2012. Consultado em 29 de novembro de 2012
↑ «Após
AVC, jornalista Joelmir Beting não resiste e morre aos 75 anos». Terra.
29 de novembro de 2012. Consultado em 29 de novembro de 2012. Arquivado
do original em
2 de dezembro de 2012
↑ «Mauro
Beting, filho de Joelmir, lê carta em homenagem ao pai». Portal G1.
Consultado em 29 de novembro de 2012
↑ «Observatório
da Imprensa - "Posso falar?", de Joelmir Beting». Consultado em
21 de novembro de 2007. Arquivado do original em
8 de dezembro de 2007
https://pt.wikipedia.org/wiki/Joelmir_Beting