Por Prof.
Stélio Torquato Lima
Prof.
Stélio Torquato Lima e o filho Davi
O Morro dos
Ventos Uivantes, obra Prima em Cordel, publicado pela Cordelaria Flor da Serra,
com adaptação poética de Stélio Torquato Lima e Ilustração de Cayman Moreira.
Esse folheto faz parte da caixa número 02, da coleção Obras Primas.
O Morro dos Ventos Uivantes foi publicado em 1847, sob o pseudônimo de Ellis Bell. A obra não teve boa recepção inicialmente, devido ao clima tenso da história. No entanto, veio depois a ser reconhecida como um clássico da literatura mundial, e inspirou várias adaptações para o cinema, a começar pelo filme de 1920 dirigido por A. V. Bramble. A mais famosa filmagem é a de 1939, com Laurence Olivier e Merle Oberon nos papéis principais e direção de William Wyler. O livro também inspirou as óperas escritas por Bernard Herrmann e Carlisle Floyd e um musical de Bernard J. Taylor. No Brasil, foram feitas duas telenovelas com base na obra: O Morro dos Ventos Uivantes (1967), pela TV Excelsior, e Vendaval (1973), pela Rede Record.
A autora, Emily Jane Brontë nasceu em Thornton, Inglaterra, em 1818, e faleceu em Haworth, em 1848. Levando vida reclusa, pouco se conhece sobre sua vida. Sabe-se que seu pai, Patrick Brontë, era vigário da Igreja da Inglaterra, e que suas irmãs, Charlotte e Anne, também se tornaram escritoras. Depois da morte da mãe, a austera tia Branwell foi morar com eles, e as crianças foram mandadas para um colégio interno em Cowan Bridge, onde sofriam castigos, alimentavam-se mal e não dormiam, devido ao frio. Duas das irmãs de Emily, Maria e Elizabeth, faleceram devido às condições do internato, e o pai resolveu levar as crianças, definitivamente, de volta para casa. Além de O Morro dos Ventos Uivantes, escreveu versos.
Agora leia os versos iniciais da adaptação de Stélio Torquato. Para ler a obra completa, faça seu pedido para Cordelaria flor da Serra pelo E-mail cordelariaflordaserra@gmail.com ou pelo WhatsApp (085) 999569091.
Oi! Meu nome é Lockwood
E vim aqui lhes contar
Um causo bastante estranho
Do qual vim a me inteirar.
Eu peço, assim, sua atenção
Pra narrar com precisão
Essa história de assombrar.
A Granja da Cruz dos Tordos
Eu tinha então alugado.
Era o dono o Sr. Heathcliff,
Sujeito mal-encarado.
Um dia, fui visitá-lo,
Montado em belo cavalo
Devidamente encilhado.
Lá pra onde ele morava
Eram bastante freqüentes
As tempestades cruéis
E ventos muito inclementes,
Produzindo os vendavais
Sons que lembravam demais
Uns uivos intermitentes.
Por conta desse fenômeno
Veio então a se chamar
Morro dos Ventos Uivantes
Do senhor Heathcliff o lar.
Num morro localizada,
Fora a casa preparada
Pra tais ventos suportar.
Logo que eu ali cheguei,
O vendaval começou.
Depois dele, a tempestade
A desabar não tardou.
“A retornar não se afoite.
Durma aqui por esta noite”,
Heathcliff para mim falou.
A criada preparou
Um quarto para eu ficar.
Quando entrei, notei que há tempos
Ninguém viera a usar
O referido aposento,
Onde um renitente vento
Insistia em penetrar.
Mexendo eu num baú
Que naquele quarto estava,
Eu encontrei alguns livros,
Que o tempo já amarelava.
E atentou minha retina
Que o nome de Catarina
Em todos eles se achava.
Pouco depois que dormi,
Eu sonhei que a tal senhora
Batia em minha janela
E gritava lá de fora:
“Quero entrar... deixe-me entrar!”
E então sumia no ar,
Seguindo trevas afora.
Pela manhã, comentei
Sobre o sonho que eu tivera.
E perguntei: “Essa ‘Cathy’
Uma endiabrada era?”
A minha interrogação
Fez o meu anfitrião
Bradar que nem uma fera:
“Como é que em minha casa
Vem falar de Cathy assim?
Você nunca a conheceu,
E a toma por gente ruim?
Se aqui você quer ficar,
É melhor você parar,
Ou não respondo por mim!”
Desculpei-me por causar
Tanta contrariedade.
Após isso, me apressei
A deixar a propriedade.
Porém aquele incidente
Despertou inteiramente
A minha curiosidade.
Para a minha governanta,
Cujo nome era Ellen Dean,
Eu perguntei sobre Heathcliff,
E ela contou-me, enfim,
A história que passa agora
A lhes narrar a senhora,
Tal como a contou pra mim.
Morro dos ventos uivantes...
O Heathcliff e a Catarina...
Jamais irei esquecê-los:
São lembrança que alucina.
Lembrarei anos a fio
Daquele lugar sombrio
Que me assusta e me fascina.
Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso
http://blogdomendesemendes.blogspot.com