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terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

A MISTERIOSA VIDA DE LAMPIÃO

Foto principal de A Misteriosa Vida de Lampião   Autor: Cicinato Ferreira Neto

Autor: Cicinato Ferreira Neto

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LAMPIÃO, O CANGACEIRO MÍSTICO


Mediante diversos depoimentos que lemos sobre o rei do cangaço, chegamos à conclusão que ele era um homem com sentimento religioso. 

Acreditava também em orações fortes, mas tinha verdadeiro pavor a bruxarias. Visitava freqüentemente uma vidente que vivia na serra da Umã, PE.  Ele respeitava os seus dotes de clarividência, que por três vezes consecutivas tinham sido comprovados. Sempre que podia, Lampião visitava esta vidente, uma vez que tinha fé nos seus poderes de premonição.
           
Uma curiosidade que nos chamou bastante a atenção era o costume que Lampião conservava de rezar todo dia para as almas dos inimigos que ele mesmo matava. E isto está comprovado no depoimento de Marcos Passarinho, cangaceiro que foi recolhido a cadeia de Princesa PB, em 1923.
           
Vejam o depoimento do cangaceiro:

- Lampião tem um rusaro cum bem 100 conta. Quando se dá uma brigada e ele sai limpo, Nego Véi (Lampião) bota o ruzaro e reza pulus difunto pra disbastá (diminuir) os pecado.

Quando um cangacero de fora vai vistá ele ou trocá sirviço, ele bota o rusaro e amostra... essa oração é pra fulano.... essa é pra sicrano...( Trocar serviço é programar assalto, morte ou outros, de interesse deles.)
           
Então, como explicar um cangaceiro com dotes de religiosidade? O misticismo tem destas discrepâncias. O indivíduo tem instinto cruel, vingativo, mau, contudo acredita que Deus o protege para que ele resolva as injustiças, que segundo a sua lógica, são cometidas. Matava com o mais cruel requinte de perversidade em nome de Deus e ainda achava  que Ele o perdoava com uma simples oração. Era uma visão distorcida de justiça da época do cangaço. E Lampião, como o maior representante do cangaço do Nordeste, era realmente um cangaceiro místico.

FONTES DE PESQUISA    

Além das fontes referentes aos livros sobre Lampião, acrescentar estas abaixo:

1 – Cangaceiros Coiteiros e Volantes de José Anderson
      Nascimento.
2 -  Território dos Coronéis - de Alberto Galeno
3 -  Revista Fatos & Fotos – Abril de 1970
4 -  Adágios Brasileiros – Leonardo Mota
5 – Contos Cearenses – Francisco Linhares
6 -  Benjamim Abrahão – Firmino Holanda

Observação:

Mesmo pesquisando na Internet não encontrei a fonte referente a este pequeno artigo, pois eu o adquiri em páginas bastante estragadas. 
Se o autor deste se sentir prejudicado, basta enviar e-mail: josemendesp58@gmail.com, que eu providenciarei colocar o seu nome como o verdadeiro autor. 

ENTREVISTA - LUIZ CAMPOS


LUIZ CAMPOS - Fonte: Jornal O MOSSOROENSE

Luiz de Oliveira Campos nasceu em Mossoró aos 11 de outubro de 1939, Luís é considerado como um dos maiores poetas da região. Hoje, apesar dos sérios problemas de visão ele não perde o bom-humor nem a verve poética.


Por Caio César Muniz

O Mossoroense - Você começou o seu trabalho como cantador ou como cordelista? 

Luís Campos - Comecei como cantador. A primeira cantoria minha foi em Pedreiras, no Maranhão, no dia 7 de setembro de 1963. Eu saí daqui como rico, eu tinha um comércio, mas quando eu cheguei em Pedreiras eu alisei. Então eu disse: "eu vou me recorrer ao que eu sei". Naquele tempo eu já tocava umas moda de viola, então eu pedi um violão emprestado a um xará meu, mas ele disse que não podia emprestar, mas se eu quisesse ele alugaria, então eu aluguei por cinco cruzeiros. Adaptei as cordas e fiz a minha primeira cantoria com Campo Verde, eu tenho muito orgulho em falar neste nome, porque foi com quem eu estreei como profissional. Desse dinheiro que eu ganhei nesta cantoria em comprei a minha primeira viola.

OM - Na sua época, Luís, com quem você cantava?

LC - Eu viajei por dezessete estados. Eu comecei a cantar em Pedreiras e quando eu cheguei aqui, eu recebi como estreante Ivanildo Vilanova, eu viajei muito com o pai de Ivanildo, depois com Otacílio Batista, Lourival Batista, Chico Pedra, Elizeu Ventania, Nestor Bandeira, Justo Amorim, todos estes do Nordeste, mas peguei muita fera por aí.

OM - Quais os destaques da viola naquela época?

LC - Na época em que eu comecei eram os irmãos Batista - Dimas, Otacílio e Lourival - estes três eram nomes nacionais. Depois veio Ivanildo e tomou a liderança, liderou por muito tempo este movimento. Teve também o saudoso Severino Ferreira, que Deus o tenha, estes eram os nomes mais fortes.

OM - Existe alguma diferença entre os cantadores de antigamente e os atuais?

LC - Existe. Para começar antigamente os cantadores andavam a pé. Isso criava uma amizade mais forte. Existia uma fidelidade um para com o outro. Eu por exemplo, tirava uma temporada de quinze dias com Zé Pereira, se alguém me procurava naquele período para eu ir fazer qualquer outra cantoria eu dizia: "não, rapaz, eu estou numa temporada com Zé Pereira" e era assim. Cansei de ir de Aracati para Fortaleza a pé, cantando de praia em praia. Hoje não tem mais isso, a cantoria de antigamente o motivo era o que acontecia na hora, ali. Hoje não, o cantador pega um assunto e eu digo que ele "mecaniza" aquele assunto. Eu fui da época em que os cantadores botavam nos livros, hoje eles estão tirando dos livros. 

OM - Era melhor naquela época ou agora?

LC - Era melhor naquela época. Teve uma ocasião em que eu comprei uma geladeira à vista com o dinheiro de uma só cantoria, hoje não tem mais isso. Vamos ser claros, me perdoem, mas hoje em dia não existe cantoria, existe show. Têm estes festivais, as pessoas vêm de fora e fazem aquela apresentação, aquilo não é cantoria, é show. Eu cheguei a cantar de sete horas da noite às seis da manhã. Eu peguei mais pesado. 

OM - E o cordel, quando você se deparou com o cordel?

LC - Eu escrevi o meu primeiro cordel com oito anos, chamava-se "Zezinho e Aldenora". Na época eu adoeci, tive uma febre, e nunca fui de ficar parado. Então eu fiquei fazendo aquilo e eu tinha um tio que era cantador, quando ele chegou que eu mostrei ele disse: "é melhor do que eu só não sabe cantar". Era um cordelzinho até bonito para idade, mas se perdeu na memória.

OM - Dá para viver de poesia?

LC - Dá. Antônio Francisco está vivendo de poesia. E a gente vende aqui acolá uns cordeizinhos. 

OM - Os nossos poetas são reconhecidos?

LC - Alguns. Mas nós temos muita gente no anonimato. Muita gente boa mesmo. O poder público poderia fazer um trabalho de amparo a esse povo. Eu tenho uns vinte a trinta cordéis publicados por aí mas acho que nenhum político, que é quem deve apoiar a gente, tomou conhecimento disso, nunca leu.

OM - "Me Enganei Com Minha Noiva" é um dos seus trabalhos mais conhecidos, foi gravado por Genildo Costa e Amazan. Como você vê a repercussão deste seu trabalho?

LC - Eu fico muito feliz. Certa vez eu liguei a televisão, coisa de meia-noite e tava lá um camarada recitando este poema... longe. Mas eu nunca fui beneficiado com este trabalho, a não ser a Somzoom Sat que me pagou duas vezes uma ninharia lá, depois parou. E ganho quando eu saio por aí vendendo o cordel.

OM - E o que houve que você não recebeu mais os direitos autorais?

LC - Não sei. Dizem lá que a gravadora fechou, faliu, quebrou, sei lá. Amazan não tem nada com isso, a gravadora é que parou de me pagar.

OM - Você escreveu um cordel chamado "O Meu Caso é um Descaso" onde você fala com um certo rancor de Mossoró, o que houve?

LC - Olhe, tudo que está escrito ali é verdade. Eu trabalhei muito em Mossoró, fiz muita coisa e Mossoró não me conhece. Aquela casa que era de Rosalba, quem emadeirou fui eu. Não sei se está do mesmo jeito. Era uma casa de primeiro andar. Ali eu sofri uma queda que passei dois meses doente. Meu pai tem muitos serviços prestados a Mossoró, foi quem botou aquela cruz da igreja São Vicente, sou combatente contra o bando de Lampião, mas ninguém sabe disso. 

OM - Você atribui isso a quê, falta de memória do povo?

LC - Eu acho que a minha falta de sorte (risos).

OM - Você continua escrevendo?

LC - Escrevendo, não. Eu estou só com três por cento da minha visão. Mas eu guardo muita coisa na memória. Um dia desses eu estava por aqui, fazendo uma brincadeira para uns amigos com a viola, eu e Severino Inácio, era época de campanha eleitoral e parou um desses carros de som no maior volume. Então eu fiz um poema, onde eu peço a Tica, que é a dona do bar, para continuar a cantoria. Diz assim:

Tica me faça um favor
Se acaso tiver me ouvindo 
E diga àqueles cachorros
Que, por favor, tô pedindo
Que vão latir noutro canto
Que aqui já tem dois latindo.

E sexta-feira eu tava cantando lá no Redenção e Severino Inácio me deu um mote dizendo que lá tinha mulher de ruma, então eu fiz este:

Eu também possui uma
Que hoje mora bem ali
Tirei ela de um convento
De freiras do Aracati
Deixou de ser freira lá
Pra ser rapariga aqui.


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Extraído do blog do petroleiro:
 Edicarlos Rocha

Em paz, somente com Deus


Em meio ao sangue, Lampião achava lugar para a religião. Nos acampamentos, rezava o ofício, espécie de missa. Carregava livros de orações e pregava fotos do Padre Cícero na roupa. Em várias das cidades que invadiu chegou a ir à igreja, onde deixava donativos fartos, exceto para São Benedito. Ele dizia: "Onde já se viu negro ser santo?", demonstrando seu racismo. 

Supersticioso, andava com amuletos espalhados pela roupa. Levou sete tiros e perdeu o olho direito, mas acreditava-se que tinha o corpo fechado.

Uma parte do bando de Lampião: Enedina, Moreno (de óculos), Dada e Sabonete.


Corisco foi companheiro de Lampião por muito tempo.

 

Separou-se de Lampião para formar seu bando. Dizia para Lampião que seu bando jamais importunaria o seu, se preciso fosse lutaria ao lado de seu bando. Uma semana depois do massacre do bando de Lampião, Corisco (o diabo loiro) desfechou ataques fulminantes sobre cidades a margem do Rio São Francisco como vingança da morte de seu amigo. Jurou matar todas as pessoas de sobrenome Bezerra. Enviou algumas cabeças cortadas ao prefeito do povoado de Piranhas, com um bilhete: 

"Se o negocio é cortar cabeças, vou mandar em quantidade".

Corisco foi morto em julho de 1940, pela volante do tenente Zé Rufino. Finalmente o cangaço do nordeste brasileiro terminou com a morte do cangaceiro Corisco.

Fonte:

Quem passeia pelo Rio São Francisco ver coisas bonitas

Por: Denise G1- SE
Fonte: - audienciadetv.blogspot.com - Foto de Luciana Ávila

Turistas podem mergulhar no lago, que é cercado por paredes de pedra. Local tem museu com acervo constituído por mais de 50 mil peças.

A cidade de Canindé de São Francisco, localizada a 213 km de Aracaju, no Alto Sertão sergipano, é o portão de entrada para quem deseja conhecer o Complexo Turístico de Xingó, que compreende os estados de Sergipe, Alagoas e Bahia. 

Fonte: overmundo.com.br

Diariamente, cerca de 1,5 mil turistas de diversos pontos do país realizam o passeio ao Cânion de Xingó, cartão de visitas da região e que projetou o município no mapa turístico do estado e do Brasil.

Parte do todo

DIDEUS SALES E DALINHA CATUNDA


 HOJE NO CANTE DE LÁ QUE CANTO DE CÁ:
 DIDEUS SALES E DALINHA CATUNDA

Dideus Sales


Dalinha, quando degusto
A tua literatura,
Às vezes até me assusto
Com tanta desenvoltura.
Acho que tu és elétrica,
Pois produz muito, e a métrica
Agora está bem na linha!
O verso tá bom de um jeito,
Que ao ver um verso bem feito
Já penso que é de Dalinha!

Dalinha Catunda

Dideus eu fico contente
Com tua apreciação.
És um vate competente
Esta é minha opinião.
Nos versos tu és atleta
Que traz a alma repleta
De inspiração e magia
A tua maior riqueza
Concentra-se na beleza
De difundir alegria.


*

Foto de Dalinha Catunda
Décimas de Dideus e Dalinha


 Blog: Cordel de Saia

CANGACEIRO ARVOREDO


A madrugada mal acabou, o novo dia de súbito nasceu no cume  da  Serra da Conceição nas terras de Jaguarari, municipio do norte da Bahia.Num dia agora distante, do mês de maio de 1934, o cangaceiro  Hortêncio Gomes da Silva (Arvoredo) seguiu na direção do novo dia, e do seu último sol. 

No exercicio de liderança do bando, ele desceu a serra nas proximidades do povoado de Barrinha em busca de água para seus comandados que a dois sóis se escondiam na serra.  O destino não avisou aos  dois jovens  o João da Biana e Cicero José Ferreira (Xisto), que madrugaram procurando uns jumentos que haviam desaparecidos da propriedade rural da família.

Bando do cangaceiro Alvoredo

No meio da mata: a surpresa, o medo, um grande  pesadelo, pela frente o temível cangaceiro Arvoredo, que os obrigou à segui-lo, e  ordenando  os dois réfens a adentrar  pela mata fechada. No temor de serem levados ao acampamento e serem mortos pelo bando, os dois irmãos não encontraram outra alternativa a não ser enfrentar o bandoleiro, 

João Biano

João com um canivete e Xisto com um facão entraram em luta corporal e rolaram pelo chão, Xisto tentou fugir, mas foi ameaçado de morte por João. 

Cícero Ferreira - Xisto

Durante a luta o cangaceiro estava pesado, todo aparatado. levou a pior e acabou dominado e desarmado e levando várias perfurações de canivete. Os rapazes abondonam o cenário da luta, porém, precisavam levar alguma prova para polícia. Quando voltam encontram Arvoredo de joelhos, suplicando a Nossa Senhora para não morrer. Mas, depois de arrancar-lhe o patuá que carregava no pescoço, ele foi sangrado a golpe de facão. 

Como prova cortaram a mão do cangaceiro e levaram para a tropa da polícia que se encontrava no povoado de Barrinha. Na companhia dos dois rapazes a polícia foi até o local do crime e lá encontrando o corpo, levaram até a estação do povoado e em seguida  a sede do município em Jaguarari a bordo de um alto de linha(Troller) da Companhia Ferroviária Leste Brasileiro. 

Sepultura do cangaceiro Arvoredo, em Jaguarari - detalhe - AC = Arvoredo Cangaceiro:

O corpo de Arvoredo foi sepultado no cemitério velho de Jaguarari(Próximo ao cruzeiro). Com a morte de Arvoredo, os matadores receberam uma recompensa de 4 contos de réis, a liderança do grupo ficou com o destemido cangaceiro Calais, que também infernizou por aqueles sertões e  vingou a morte do chefe matando familiares dos  rapazes.

Fonte: 

Yvone, filha de Emídio e de Verônica de Jesus

Por: Rubens Antonio
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Material levantado de fontes documentais pelo pesquisador Orlins Santana de Oliveira, Membro do Instituto Historico da Bahia, gentilmente disponibilizada por este estudioso através deste blog.

Em março de 1934, duas crianças foram entregues ao chefe da estação de Jurema, no Distrito de Juazeiro, na Bahia. Este se incumbiu de encaminhá-las para Salvador.

Um bilhete esclarecia, em relação a uma delas. Chamava-se ¨Maria¨ e era filha do cangaceiro Luiz Pedro.

A outra era identificada como Yvone.

Um bilhete a referenciava como filha de um cangaceiro cujo nome real era Emidio ou Ymidio Ribeira da Silva, do bando de Arvoredo. 


A mãe da criança estava indicada como se chamando Veronica de Jesus. O cangaceiro foi citado como sendo parente de Sérgia Ribeiro da Silva, a Dadá.

 

Enviadas as crianças para Salvador, foram colocadas, em 28 de maio de 1934, na roda do Asylo dos Expostos, em Salvador.

Santa Casa de Misericórdia, em Salvador, atualmente:


Situação atual da antiga localização da Roda dos Expostos, da Santa Casa de Misericórdia, em Salvador:


Situação antiga com a Roda dos Expostos, na Santa Casa de Misericórdia, em Salvador:


Atualmente, a roda original encontra-se no Convento do Desterro.

Registro de batismo e de falecimento


Transcrição das anotações do batismo e do falecimento:
Yvone de Matos
Baptisou-se no dia 24 de abril de 1934
Está no Asylo
Falleceu de bronco-pneumonia, no dia 1 de abril de 1935


Enviado pelo professor e pesquisador do cangaço:
Rubens Antonio
http://cangaçonabahia.blogspot.com


Maria de Matos, filha de Luiz Pedro e Nenê

Por: Rubens Antonio

Material levantado de fontes documentais pelo pesquisador Orlins Santana de Oliveira, Membro do Instituto Historico da Bahia, gentilmente disponibilizada por este estudioso através deste blog.

Em março de 1934, duas crianças foram entregues ao chefe da estação de Jurema, no Distrito de Juazeiro, na Bahia. Este se incumbiu de encaminhá-las para Salvador.

Um bilhete esclarecia, em relação a uma delas. Chamava-se ¨Maria¨ e era filha do cangaceiro Luiz Pedro.

Enviada para Salvador, foi colocada em 28 de maio de 1934 na roda do Asylo dos Expostos, em Salvador.

Seu registro de entrada:


Transcrição do registro de entrada:
"Livro n.28 do Asylo dos Expostos
De 10 de Maio de 1934 á 21 de Novembro de 1935
1934
Maio – 28
Pelas 14 horas 1/2 foi posta na roda do Asylo de N.S. da Misericordia uma menina parda, com 3 mêses de edade, em bom estado de saúde.
Trouxe os seguintes objectos:
1 – Vestido com renda de
2 – Fralda de morim velha;
3 – Touca branca com renda de bibro
e a seguinte declaração:
Maria – com 3 mêses de edade, filha do bandido.
Pai – Luiz Pedro
Mãe – desconhecida, vinda do Nordeste"

Santa Casa de Misericórdia, em Salvador, atualmente


Situação atual da antiga localização da Roda dos Expostos, da Santa Casa de Misericórdia, em Salvador:


Situação antiga com a Roda dos Expostos, na Santa Casa de Misericórdia, em Salvador:


Atualmente, a roda original encontra-se no Convento do Desterro.
A menina foi batizada Maria de Matos, no dia 29,
Morreu de pneumonia, a 8 de julho de 1934.



Registro de batismo e de falecimento:


Transcrição das anotações do batismo e do falecimento:
Maria de Mattos
Baptisou no dia 29 de Maio de 1934
Falleceu de pneumonia, em 8 de Julho de 1934.


Enviado pelo professor e pesquisador do cangaço:
Rubens Antonio

http://cangaconabahia,blogspot.com

UMA CASA NA MONTANHA (Crônica)

Por: Rangel Alves da Costa*
Rangel Alves da Costa

UMA CASA NA MONTANHA

Na montanha, uma casa talvez não seja uma casa. Não vejo outra coisa senão um santuário, uma escada para a nuvem, uma vizinhança ainda maior com Deus, o altar dos meus dias.

Mas uma casa na montanha é muito mais. Mesmo com aquela solidão das distâncias, aquele abandono premeditado, aquele aspecto circunspecto e aflitivo daquilo que se esconde longe de tudo, uma casa na montanha é a junção do prazer espiritual com o prazer da existência.

Por tudo isso uma casa na montanha é paz, é sossego, é felicidade, é prazer, é encontro consigo mesmo, é devoção espiritual, é encantamento da alma, é alimentação da vida com a beleza da vida.

Do alto se avista tudo ao redor, mas olhando para cima se avista muito mais. E tem gente que encontra um meigo olhar, um sorriso amigo, um belo semblante e até ouve uma voz dizendo que esteja em mim que estarei contigo, acolha a minha palavra que um dia te mostrarei a porta, queira me reconhecer no mais belo que há que te darei outro olhar para enxergar muito mais.

Do alto dessa montanha a passagem do tempo é quase imperceptível. Somente cores mais vivas, mais fortes, ou mesmo aquelas de tênue luz e escurecimento, dizem se é manhã, dia ensolarado, entardecer, noite, madrugada gelada. Mas às vezes o sol surge à meia-noite e as estrelas brilham depois antes que a tarde chegue.

Ao primeiro sinal da manhã, quando é possível se ter uma manhã amanhecida, ouve-se uma bela música vinda levemente dançante na brisa. Valsa, sonata, talvez um prelúdio matinal, qualquer coisa misteriosa e inebriante que faz a natureza inteira parar para refletir, enxergar a beleza ao redor, sentir que a maravilhosa vida também tem sua trilha sonora.

Não só ao amanhecer, mas durante todo o dia parece se ouvir compassos de flautas, violinos, pianos. Mas ao anoitecer, quando o tempo deixa que a vaguidão escurecida se alastre adiante, é que surge a mais bela das orquestras: a do silêncio.

O silêncio na montanha, ao redor e dentro da casa, é orquestra realmente indescritível. E assim porque os pensamentos produzem sons, a mente chama e responde, ouve-se a voz da saudade, o murmúrio da recordação e, mais silenciosamente ainda, o grito da dor. Se uma lágrima cair será eco numa distância sem fim, se um beijo for dado o corpo ensurdecerá de tanto ouvir.

E ao abrir a porta que nunca é fechada, porque a casa no alto da montanha só precisa dos íngremes caminhos pelos penhascos e não de chaves e fechaduras, o passo se verá na fronteira entre aquele mundo e os outros mundos ao redor. Abaixo e além, a vida nas suas durezas quando se desce da montanha. No horizonte e mais acima, a contradição de tudo que ocorre lá embaixo.

Para o olhar essa fronteira é ainda mais angustiante. É manhã e a paz ao redor não consegue sequer acreditar que mais adiante, lá por baixo e mais distante, também não possa estar na tranqüilidade merecida. Ali, na montanha, se avista o passarinho, a nuvem passa bem ao lado, a brisa vem com sua música, tudo é tão maravilhoso que se chega a acreditar que o mundo inteiro é feliz.

Mas sabe que não. Sabe que as pessoas que estão noutros lugares nem sempre conseguem viver em casas no alto da montanha. Preferem viver tecendo a discórdia, alimentando a desonra, plantando o infortúnio com o grão dos imperceptíveis pecados que se acumulam.

Que bom que todos pudessem viver essa fronteira, ter o passo e o olhar nesse cume. Mas não. Apenas alguns vivem em casas no ponto mais elevado da terra, bem perto dos degraus que sobem aos céus.

Mas eis o mistério desvendado: Se o espírito e a alma fazem do passo e dos olhos meios para estar cada vez mais próximo de Deus, então qualquer casa – luxuosa, barraco ou tapera – estará no cume dessa sagrada montanha.


Rangel Alves da Costa* 
Poeta e cronista
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com

O da triste figura (Poesia)

O da triste figura


Triste cavaleiro sem alento
ao sopro de moinhos de vento
pelo mundo tão errante
a loucura segurando o escudo
seguindo sempre adiante
desafiando dragões e tudo
incerto na certeza inconstante
e vê um moinho e fica mudo
o inimigo chegou nesse instante
se arma de florete pontiagudo
e logo desperta em rompante
rolando em espinhos de veludo
caindo bem ao lado da amante
soltando um grito bem agudo
porque o amor é assim delirante

quem dera ser Dom Quixote
quem dera sua loucura ter
mas sou eu à sombra da solidão
nessas léguas sem te merecer.



Rangel Alves da Costa
Poeta e cronista
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com