Ao longe e por todo lugar, como em revoada, as avoantes despontam altaneiras,
tão belas quanto o senhor, meu pai, tanto gostava de descrever em versos, em
prosas, em composições musicais.
Sim, Seu Alcino, as andorinhas voltaram...
As andorinhas voltaram aos céus do seu sertão amado, nos horizontes do seu tão
sagrado chão. Aves que agora se fazem presentes não somente no bater de asas,
mas principalmente noutros voos que certamente muito alegraria seu coração.
Sim, meu pai, as andorinhas voltaram...
Como é bom rever as andorinhas voando, em arribação, em revoada, para depois
pousar nas galhagens da história do seu sertão. Não apenas em catingueiras, em
craibeiras, em baraúnas, mas nas ribeiras dos rios, nas ruas da cidade, na boca
do povo e por todos os sertões adentro.
Sim, Seu Alcino, as andorinhas voltaram...
Sei o quanto gostava não só de andorinhas como de garças brancas. A beleza das
andorinhas, com sua elegância e agilidade no voo, certamente significava um
olhar do alto para a sua terra. E as garças brancas, igualmente majestosas,
como se fossem lenços brancos de amor e paz. Mas agora significando muito mais.
Sim, meu pai, as andorinhas voltaram...
Veja Seu Alcino, quanta andorinha em voo agora sobre seu sertão! Os céus de
Poço Redondo parecem tomados de andorinhas e todas trazendo no bico aquilo que
mais lhe encantava: a cultura, a história, a saga sertaneja, as lides matutas,
o ser e o viver de um povo. A saga lampiônica!
Sim, Seu Alcino, as andorinhas voltaram...
Quando se imaginou que com sua partida o sertão e seu Poço Redondo ficariam
órfãos de sua sabedoria e suas lições, eis que as andorinhas chegam em bandos
para tudo reviver, para tudo fazer renascer. Andorinhas no voo de pessoas que
reencontram seu Poço Redondo para a mais justa das homenagens.
Sim, meu pai, as andorinhas voltaram...
Andorinhas que chegam e trazem a esperança de tornar Poço Redondo, enfim, num
imensurável cenário de valorização histórica, cultural e geográfica. Andorinhas
que voarão sobre o Angico, sobre a Maranduba, sobre as ribeiras do Velho Chico,
sobre a Estrada de Curralinho, sobre os alicerces mais antigos e de infinitas
riquezas.
Sim, Seu Alcino, as andorinhas voltaram...
E são andorinhas que abnegadas chegam para cultuar sua memória, para abraçar o
seu chão, para sentir saudade e prazer no solo sagrado de Alcino. E aves
arribando de todo lugar, de todos os recantos nordestinos, para então pousar no
mais alto da árvore que tem seu nome: eternidade!
Sim, meu pai, as andorinhas voltaram...
Aves saídas de um ninho formidável, portentoso, grandioso demais para ser
descrito, chamado Cariri Cangaço. E avoantes com nomes tão conhecidos ao seu
coração: Manoel Severo, Paulo Gastão, Lili, Juliana, Ivanildo Silveira,
Professor Pereira, Aderbal Nogueira, Kydelmir, Archimedes, Elane, João de Sousa
Lima e tantos outros.
Sim, Seu Alcino, as andorinhas voltaram...
Junto à cumeeira do sertão pousarão velhos e saudosos amigos, deitarão suas
asas aqueles que no passado ouviram suas lições e no presente cultivam seus
ensinamentos. Todos estarão aqui no próximo mês de junho. E todos feito
andorinhas pelos caminhos, caatingas e ribeiras do seu sertão.
Por isso, Seu Alcino, por isso meu pai, as andorinhas voltaram. Em teu nome,
como um céu sertanejo, as andorinhas voltaram!
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