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sexta-feira, 25 de outubro de 2019

LIVRO "LAMPIÃO A RAPOSA DAS CAATINGAS"


Depois de onze anos de pesquisas e mais de trinta viagens por sete Estados do Nordeste, entrego afinal aos meus amigos e estudiosos do fenômeno do cangaço o resultado desta árdua porém prazerosa tarefa: Lampião – a Raposa das Caatingas.

Lamento que meu dileto amigo Alcino Costa não se encontre mais entre nós para ver e avaliar este livro, ele que foi meu maior incentivador, meu companheiro de inesquecíveis e aventurosas andanças pelas caatingas de Poço Redondo e Canindé.

O autor José Bezerra Lima Irmão

Este livro – 740 páginas – tem como fio condutor a vida do cangaceiro Lampião, o maior guerrilheiro das Américas.

Analisa as causas históricas, políticas, sociais e econômicas do cangaceirismo no Nordeste brasileiro, numa época em que cangaceiro era a profissão da moda.

Os fatos são narrados na sequência natural do tempo, muitas vezes dia a dia, semana a semana, mês a mês.

Destaca os principais precursores de Lampião.


Conta a infância e juventude de um típico garoto do sertão chamado Virgulino, filho de almocreve, que as circunstâncias do tempo e do meio empurraram para o cangaço.

Lampião iniciou sua vida de cangaceiro por motivos de vingança, mas com o tempo se tornou um cangaceiro profissional – raposa matreira que durante quase vinte anos, por méritos próprios ou por incompetência dos governos, percorreu as veredas poeirentas das caatingas do Nordeste, ludibriando caçadores de sete Estados.


O autor aceita e agradece suas críticas, correções, comentários e sugestões:

(71)9240-6736 - 9938-7760 - 8603-6799 

Pedidos via internet:

Adquira- através deste e-mail: 

franpelima@bol.com.br
Mastrângelo (Mazinho), baseado em Aracaju:
Tel.:  (79)9878-5445 - (79)8814-8345

Clique no link abaixo para você acompanhar tantas outras informações sobre o livro.
http://araposadascaatingas.blogspot.com.br

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LIVRO “O SERTÃO ANÁRQUICO DE LAMPIÃO”, DE LUIZ SERRA


Sobre o escritor

Licenciado em Letras e Literatura Brasileira pela Universidade de Brasília (UnB), pós-graduado em Linguagem Psicopedagógica na Educação pela Cândido Mendes do Rio de Janeiro, professor do Instituto de Português Aplicado do Distrito Federal e assessor de revisão de textos em órgão da Força Aérea Brasileira (Cenipa), do Ministério da Defesa, Luiz Serra é militar da reserva. Como colaborador, escreveu artigos para o jornal Correio Braziliense.

Serviço – “O Sertão Anárquico de Lampião” de Luiz Serra, Outubro Edições, 385 páginas, Brasil, 2016.

O livro está sendo comercializado em diversos pontos de Brasília, e na Paraíba, com professor Francisco Pereira Lima.

Já os envios para outros Estados, está sendo coordenado por Manoela e Janaína,pelo e-mail: anarquicolampiao@gmail.com.

Coordenação literária: Assessoria de imprensa: Leidiane Silveira – (61) 98212-9563 leidisilveira@gmail.com.

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JUNIOR ALMEIDA: A VOLTA DO REI DO CANGAÇO NO FESTIVAL DE INVERNO DE GARANHUNS


O livro custa 45,00 Reais

Entre em contato com o professor Pereira através deste e-mail:  


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FURANDO A CAATINGA

Clerisvaldo B. Chagas, 23 de outubro de 2019
Escritor Símbolo do Sertão Alagoano
Crônica: 2.203
POVOADO BARRA DO IPANEMA. (FOTO: B. CHAGAS/ARQUIVO)
Para satisfação do povo sertanejo, o gove        rno vem através da “Agência Alagoas” (22) reafirmar que será entregue a pavimentação asfáltica Batalha – Belo Monte. Marca para 90 dias o prazo da entrega. O percurso de 27 quilômetros que liga as duas cidades, a AL -125, já teve concluído os serviços de drenagem e terraplanagem. Agora estar sendo preparada a base para recebimento do asfalto que ligará aquela rodovia à AL-220, em Batalha. O percurso era totalmente de barro com dificuldades em épocas chuvosas. Dentro de 15 dias será iniciado o asfalto com a devida sinalização. Quando o trecho estiver pronto, o tempo gasto para percorrê-lo ficará pela metade dos atuais 40 minutos.
Todo movimento de Belo Monte é por essa única estrada, mas a comunicação com outras cidades acontece através do rio São Francisco, principalmente com as de Sergipe. Hoje Belo Monte está mais integrada ao solo sergipano em todos os setores. Espera-se que essa realidade mude a favor de Alagoas após a pavimentação da AL-125. Bem perto de Belo Monte, a estrada se bifurca e um dos braços leva até o povoado Barra do Ipanema com a praia fluvial mais bela da região. É ali onde está o morro/ilha de Nossa Senhora dos Prazeres, cuja igreja no topo foi tombada pelo IPHAN. Como ninguém falou sobre o assunto, tudo indica que o acesso a Barra não será asfaltado.
Atravessando boa parte de caatinga ainda bruta, o trecho de barro Batalha – Belo Monte é perigoso devido ao seu isolamento. Aguarda-se para um futuro próximo um ganho exponencial para Alagoas, quando Batalha deverá incorporar essa nova economia. Saúde, turismo, educação e comércio terão uma dinâmica maior entre as duas cidades alagoanas. A previsão de entrega total da obra está prevista para o início de 2020, quando a nova realidade chegar à Bacia Leiteira.
No momento em que Alagoas é apontado em primeiro lugar no Brasil como melhor malha viária, a novidade soa bem aos ouvidos sertanejos. Uma vitória e tanta a ser comemorada com peixes, pitus e geladinhas na praia da Barra onde despeja o tão querido rio Ipanema.


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SEU GALDINO DEU UMA DE AGIOTA EMPRESTANDO DINHEIRO A JURO

Por José Mendes Pereira

Tendo um bom rebanho de gado e devido a falta de chuvas por toda região seu Galdino Borba(gato) Mend(onça) Filho resolveu selecionar algumas cabeças de gado mais nutridas, chamou o marchante e negociou todas de uma só vez. Com o valor em mãos ficou sem saber em que deveria empregar aquele dinheirão.
Os amigos mais próximos diziam que o melhor seria comprar lotes de terra, e com certeza, empregaria o dinheiro muito bem, e não teria despesas, ao contrário, cada dia que se passava mais valorizados ficariam os imóveis, e ele nunca iria ter prejuízo, porque terreno ninguém o carrega e nem o bicho come. Mas outros mais distantes achavam que melhor seria comprar casas, vez que elas se alugam e todo mês tem dinheiro extra para receber.
Mas seu Galdino não estava interessado em nenhuma destas opiniões, o melhor para ele era se tornar agiota, porque o juro é bom, e assim fez. Disse a alguns amigos que entrara no ramo da agiotagem.
Manoel Cascudo que há poucos anos morava em Mossoró oriundo da chapada do Apodi e amigo em tempo longínquo do seu Galdino, logo tomou conhecimento que ele estava emprestando dinheiro a juros. Vivo, pegou seu velho carro chevrolet e se mandou até a fazenda do recém/agiota, na intenção de tomar um dinheirinho para negociar lá pelo Mercado Público Central da cidade de Santa Luzia.
Ao chegar, Manoel Cascudo não encontrou o recém/agiota em casa, mas foi informado pela dona Dionísia sua esposa que ele não se demoraria chegar. Tinha ido apanhar em uma cacimba um galão dágua para os serviços da sua cozinha. Ali, sob o alpendre, Manoel Cascudo ficou sentado em um banco feito de tábua da aroeira, aguardando o futuro oportunista. E com alguns minutos depois, ele apontou na estrada conduzindo sobre os ombros o galão com água.
Foi um encontro de dois amigos da antiguidade que há alguns anos não se viam, mas o respeito continuava firme. Ali, sob a cobertura conversaram muito, onde fora relembrados alguns acontecimentos do tempo de jovem. Depois de tudo isso o Manoel Cascudo levou o assunto ao seu Galdino sobre a sua ida até lá. Soubera que ele estava com dinheiro para começar a sua nova atividade de empréstimo a juro. E ele sendo um dos seus amigos e de grande responsabilidade queria uma certa quantia.
Depois de ouvido a conversa do Manoel Cascudo seu Galdino disse-lhe que não seria possível o empréstimo, pela razão de só emprestar todo o dinheiro em uma única mão. Não tinha intenções de dividir o seu dinheiro para três, quatro ou mais mãos. Toda quantia a um único seria melhor para ele. Dito isto, o Manoel Cascudo se engrandeceu. Queria o dinheiro todo. Só assim ele faria uma melhor arrumação, isto é, compraria mais produtos de venda para o seu futuro comércio.
Foi aí que o seu Galdino caiu na conversa, dizendo que estava feito o negócio, mas descontaria logo os 30% de juros sobre o valor emprestado, e lembrasse que estava emprestando aquela quantidade porque ele era seu amigo. E em seguida, seu Galdino foi lá dentro da casa, apanhou o dinheiro, tirou os 30% e o entregou o valor emprestado com desconto. O pagamento seria feito todo de uma só vez, com 60 dias depois.
Aconteceu que chegou o dia do pagamento e o Manoel Cascudo não lhe apareceu. Passou o primeiro dia, segundo, terceiro... e nada do devedor chegar em sua casa com o dinheiro. Desesperado, seu Galdino foi atrás dele para receber a quantia. Ao chegar em sua residência não o encontrou, fora informado que ele tinha ido a casa de um amigo.
Andando pelas ruas à procura do devedor seu Galdino o viu passando de uma lado da rua para o outro. Mas antes ele já tinha visto o seu Galdino e cuidou de se esconder em uma casa onde velavam o corpo do dono do lar.
E andando mais um pouco seu Galdino viu uma porção de gente aos arredores da casa e resolveu saber o que tinha acontecido ali, e de imediato contaram-no que o dono da casa havia falecido e estavam o velando. E ao entrar seu Galdino viu logo o Manoel Cascudo defronte aos pés do defunto como se ali ele estivesse rezando. E foi se aproximando e em seguida, ficou ao seu lado. Como havia encontrado o fujão seu Galdino quis saber o porquê de não ter ido levar o seu dinheiro. E olhando para ele perguntou-lhe:
- Manoel Cascudo, e o meu dinheiro? Por que você não foi me pagar assim como nós havíamos combinado?
E sem olhar para o seu Galdino com os olhos firmes ao defunto, e além do mais, astucioso, com lágrimas de crocodilo no olhar, o Manoel Cascudo perguntou-lhe:
- E ele não te entregou o dinheiro, Galdino?
- Quem ele? - Perguntou-lhe seu Galdino.
- Ele. Este homem que morreu, pois eu mandei por ele na semana passada...
Nesse momento vinha chegando um amigo do seu Galdino que há anos não o via. Diante de tantos abraços e apertos de mão seu Galdino se descuidou, e quando procurou o Manoel Cascudo, já tinha se mandado. "Adeus, Galdino!"
Assim que o homem saiu da sua presença seu Galdino ficou conversando só, dizendo que ele era acostumado pegar onça nos tabuleiros e não tinha medo dela, muito menos de um caloterio fujão, e não iria deixá-lo mais em paz.
O Manoel Cascudo se mandou para suas terras de origens que eram na chapada do Apodi e nunca mais seu Galdino o viu. Perdeu todo dinheiro.
Mas é assim mesmo. Os mais espertos são os mais tolos. Seu Galdino tão esperto para pegar onça, assim afirmava ele, foi ludibriado por um dos seus amigos mui amigo.

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VELÓRIO DO NAZARENO ODILON DE SOUZA NOGUEIRA "ODILON FLOR".



Odilon Flor foi um dos grandes e primeiros inimigos de Lampião. Dedicou grande parte de sua vida na persiga e repressão aos grupos cangaceiros sertão a fora.

Participou ativamente de vários combates contra Lampião e seus comandados. Sua valentia beirava os limites da loucura e era reconhecida pelo próprio Rei do Cangaço.

Uma das grandes frustrações de sua vida foi não ter eliminado o inimigo de longa data. Foi injustiçado e não teve o merecido reconhecimento por parte da Força Pública do estado da Bahia, da qual fazia parte a sua Volante, tendo sido reformado apenas como segundo Sargento da Policia do referido estado.

Odilon Nogueira de Souza “Odilon Flor” nasceu no estado de pernambuco no dia 12/01/1903 e faleceu na cidade de Itabuna na Bahia no dia 07/11/1950, vitimado por um câncer de garganta.

Esse foi o fim de um dos mais perigosos e temidos inimigos de Lampião. Um homem que dedicou grande parte de sua vida no combate ao banditismo/cangaceirismo, pelos sertões do Nordeste.

O fim de um bravo.

Fotografia gentilmente cedida por Hildegardo Luna Ferraz Nogueira.

Obs: Ao lado da cabeceira do caixão e de óculos escuro está Manoel de Souza Ferraz "Manoel Flor" irmão de Odilon Flor que também participou da campanha contra o cangaço. A senhora de vestido estampado e em pé olhando para o caixão é Emília Ferraz irmã de Odilon Flor. O garoto que aparece em primeiro plano na fotografia é o Carlos Nogueira de Souza filho do falecido.

Geraldo Antônio de Souza Júnior
Fonte: Cangaçologia


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TÁ ME ESTRANHANDO, CABRA?



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SE NO TEMPO DELE TIVESSE CELULAR...

Por José Mendes Pereira

Imagina bem amigos, se no tempo do amigo perversos e sanguinário capitão Lampião já tivesse sido inventado o celular aí a coisa pegava pra valer. Nem era preciso ele ir a lugar nenhum. Os seus desafetos eram mortos pelos seus facínoras. Bastava uma ligação para um dos seus grupos e dizia:

- Alô, compadre Corisco! O coronel fulano de tal tem que ser morto. Delegue três ou quatro homens do seu subgrupo, ou mesmo que seja você, porém o meu desafeto tem que ser assassinado hoje com maiores crueldades que possa ser, eu só não quero que permaneça vivo nas terras nordestinas. 

- Sim senhor compadre capitão Lampião, farei de acordo com as suas ordens. Não fugirei da sua solicitação. Disse o compadre Corisco.

Nos dias de hoje não existe uma arma mais perigosa do que o celular. Ele prepara mortes, faz ciladas, faz traições, segue mulheres que traem os seus maridos, diz o local onde está o cônjuge traidor. Marca encontros de amantes, desmancha casamentos, justa assaltos, persegue os ladrões do Congresso Nacional, prende quem merece e quem não merece. Aponta os erros dos outros, faz fuxico, mente, cria conversa e de imediato espalha aos outros...

E se os cangaceiros tivessem alcançado esta tecnologia? O número de assassinatos nos sertões nordestinos teria sido bem maior do que aconteceu noutros tempos. Se Lampião tinha vontade de possuir uma metralhadora e assim que soubesse da criação do celular, tinha obrigado os sertanejos providenciar um o quanto antes para dirigir a sua "Empresa de Cangaceiros Lampiônica &. Cia" lá da sua Central Administrativa que era o seu coito em qualquer lugar do nordeste. Nem precisava sair da sua central administrativa. E se não adquirissem, o que o capitão Lampião faria contra esta gente sertaneja? 


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FAZENDA ABÓBORA - UM IMPORTANTE LOCAL PARA A HISTÓRIA DO CANGAÇO E DO NORDESTE

Por Rostand Medeiros

Desde que comecei a ler temas relacionados ao ciclo do cangaço, a sua figura maior, Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, e a história do Nordeste no início do século XX, um local em especial me chamava atenção pelas repetidas referências existentes em inúmeros livros. Comento sobre uma antiga propriedade denominada Abóbora, localizada na zona rural do município de Serra Talhada, próximo a fronteira com a Paraíba e não muito distante das cidades pernambucanas de Santa Cruz da Baixa Verde e Triunfo.


 As luzes de Triunfo.
Vamos conhecer um pouco de sua história e da visita que realizei a este local.

Uma Rica Propriedade

Quem segue pela sinuosa rodovia estadual PE-365, que liga as cidades de Serra Talhada a Triunfo, antes de subir em direção a povoação de Jatiúca e as sedes dos municípios de Santa Cruz da Baixa Verde e Triunfo, percebe que está em um vale cercado de altas serras, que dão uma beleza singular a região. Atrás de uma destas elevações se encontra a Fazenda Abóbora.

Até hoje esta fazenda chama atenção pelas suas dimensões. Segundo relatos na região, suas terras fazem parte das áreas territoriais de três municípios pernambucanos. Aparentemente no passado a área era muito maior. Ali eram criados grandes quantidades de cabeças de gado, havia vastas plantações de algodão, engenho de rapadura e se produziam muitas outras coisas que geravam recursos. No lugar existem dois riachos, denominados Abóbora e da Lage, que abastecem de forma positiva a gleba. [1]

Com tais dimensões, circulação de riquezas, no passado o lugar era ponto de parada de muitos que faziam negócios na região e transportavam mercadorias em lombo de animais, os antigos almocreves. No lugar estes transportadores do passado eram recebidos pelo “coroné” Marçal Florentino Diniz, que junto com irmão Manoel, dividiam o mando na propriedade.

Informações apontam que Virgulino Ferreira da Silva, quando ainda trabalhava como almocreve, realizou junto com seu pai e os irmãos vários transportes de mercadorias entre as regiões de Vila Bela (sua cidade natal, atual Serra Talhada) e Triunfo.[2]

Sentado vemos Marcolino Diniz e seus "cabras".
Certamente em alguma ocasião, o jovem almocreve teve a oportunidade de conhecer a fazenda do “coroné” Marçal e de seu irmão Manoel. Além destes o almocreve da família Ferreira conheceu o impetuoso filho do fazendeiro Marçal, Marcolino Pereira Diniz.[3]

Uma ótima Relação

Chefe de bando inteligente e perspicaz, Lampião buscava antes do confronto, o apoio e as parcerias com os antigos proprietários rurais e assim agiu junto aos donos da Fazenda Abóbora.

Lampa
Após assumir a chefia efetiva de seu bando, depois da partida do seu antigo chefe, o mítico cangaceiro Sinhô Pereira, Lampião frequentou em várias ocasiões as terras da Abóbora, onde o respeito do chefe e dos seus cangaceiros pelo lugar estava em primeiro lugar.

Rodrigues de Carvalho, autor do livro “Serrote Preto” (1974), informa nas páginas 252 a 254 que ocorreu uma intensa e positiva relação de amizade entre Lampião e a família Diniz principalmente com o “jovem e pretensioso doutor” Marcolino Diniz, que chegou há cursar durante algum tempo a Faculdade de Direito em Recife, mas não concluiu.[4]

Esta relação ambígua de amizade entre estes ricos membros da elite agrária da região e o facínora Lampião foi posta a prova em duas ocasiões.

Antiga Cadeia Pública de Triunfo, 
em breve um novo centro cultural.

A primeira no dia 30 de dezembro de 1923, quando Marcolino Diniz é preso pelo assassinato do juiz de Direito Ulisses Wanderley em um clube de Triunfo. Marçal solicita apoio de Lampião para tirar Marcolino da cadeia, se necessário a força. Juntos vão acompanhados de um grupo que gira em torno de 80 a 100 cangaceiros armados. Não Houve reação dos carcereiros.

A segunda ocorreu no mês de março do ano seguinte. Após o episódio do ferimento do pé de Lampião na Lagoa Vieira e o posterior ataque policial na Serra das Panelas, onde o ferimento de Lampião voltou a abrir e quase gangrenar, é a família Diniz que parte em socorro do cangaceiro. Marçal e Marcolino cederam apoio logístico para a sua proteção, transporte, medicamentos e plena recuperação com o acompanhamento dos médicos José Lúcio Cordeiro de Lima, de Triunfo e Severino Diniz, da cidade paraibana de Princesa. Sem este decisivo apoio, certamente seria o fim do “Rei do Cangaço”.[5]

Lagoa Vieira
Foto - Alex Gomes.
Foi igualmente na propriedade Abóbora que Lampião conheceu Sabino Gomes de Gois, também conhecido como “Sabino das Abóboras”.[6]

Frederico Pernambucano de Mello, autor do livro “Guerreiros do Sol-Violência e banditismo no Nordeste do Brasil” (2004), nas páginas 243 a 246, informa que Sabino efetivamente nasceu na Fazenda Abóbora, sendo filho da união não oficial entre Marçal e uma cozinheira da propriedade. Consta que ele trabalhou primeiramente como tangedor de gado, o que certamente lhe valeu um bom conhecimento geográfico da região.

 Sabino
Valente, Sabino foi designado comissário (uma espécie de representante da lei) na região da propriedade Abóbora, certamente com a anuência e apoio do pai. Organizava bailes e em um destes envolveu-se em um conflito, tendo de seguir para o município paraibano de Princesa. [7]

Depois, entre 1921 e 1922, acompanhou seu meio irmão Marcolino para Cajazeiras, no extremo oeste da Paraíba. Marcolino Diniz desfrutava nesta cidade de muito prestígio. Era presidente de clube social, dono de casa comercial, de jornal e tinha franca convivência com a elite local. Sabino por sua vez era guarda costas de Marcolino e andava ostensivamente armado. Nesta época Sabino passou a realizar nas horas vagas, com um pequeno grupo de homens, pilhagens nas propriedades da região.

Outros Episódios do Ciclo do Cangaço na Fazenda Abóbora

Pelos muitos autores que se debruçaram sobre o tema cangaço e pelos relatos da região está mais que provado a franca convivência entre os membros da família Diniz e os cangaceiros no seu verdadeiro feudo na Abóbora.

Mas no meio desta história, onde estava o aparato de segurança do estado?

Segundo informações colhidas pelo autor deste artigo, que esteve na região em várias ocasiões, a polícia frequentava a Fazenda Abóbora, mas o poder dos Diniz era tal, que os homens da lei tinham que avisar com antecedência que iriam lá.

Daí, no caso de cangaceiros estarem acoitados na grande gleba, estes eram informados por Marçal, Marcolino ou alguém de confiança, e seguiam tranquilamente para coitos nas Serras Comprida, da Pintada, ou da Bernarda, ou nas propriedades denominadas Xiquexique, Pau Branco, Areias do pelo Sinal e outras.

Essa verdadeira promiscuidade praticamente só vai ter um fim diante da extrema repercussão do ataque dos cangaceiros a cidade de Sousa, na Paraíba. Ocorrido na noite de 27 de julho de 1924, o fato logo ganha destaque nas páginas de vários jornais e assusta as autoridades nas capitais da Paraíba e de Pernambuco. Em pouco tempo os líderes sertanejos são instados a negarem a proteção dada aos bandos de cangaceiros. [8]

 Theophanes Ferraz Torres
Tanto assim que três dias após o assalto a Sousa, ao meio dia, uma força volante sob o comando do major Theophanes Ferraz Torres, trava um combate contra um grupo de cangaceiros comandados por Sabino, que foge sem dar prosseguimento à luta. Certamente Sabino tentava chegar ao seu conhecido “lar” e teve esta desagradável surpresa. [9]

Ao longo do mês de agosto de 1924 vários combates serão travados na região. Tiroteios nos lugares Areias do Pelo Sinal, Serra do Pau Ferrado, Tataíra e outros vão marcar a história de luta contra os cangaceiros. Não havia propriedade que não pudesse ser adentrada e varejada pela polícia.

Mas não seria o fim da presença de cangaceiros no local.

 "Diário de Pernambuco", 4 de agosto de 1926.
Em uma pequena nota existente na página quatro do jornal “Diário de Pernambuco”, edição de quarta feira, 4 de agosto de 1926, encontramos a informação que por volta das três horas da tarde do dia 30 de julho, na área da Fazenda Abóbora, foram mortos pela polícia pernambucana e paisanos, depois de demorado tiroteio, os cangaceiros Juriti e Vicente da Penha.

Juriti era erroneamente apontado pelo jornal como sendo o comandante de um ataque ocorrido no dia 7 daquele mesmo mês, a uma casa comercial em Triunfo. No caso o comandante da ação foi Sabino.

O “Coito” do Coronel José Pereira

Com o declínio da ação de cangaceiros na região de Triunfo, discretamente a Fazenda Abóbora deixa de ser local de combates, mas não deixaria de servir como um ótimo esconderijo.

Em 1930, eclodiu um grave conflito armado na vizinha Paraíba, mais precisamente no município de Princesa.

Entre as origens deste sério problema, estavam as divergências entre o governador eleito da Paraíba em 1927, João Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, e os coronéis monopolizadores da economia e política do interior do estado.

 João Pessoa
João Pessoa discordava da forma como este grupo político, que o elegera, conduzia a política paraibana. Entre estes poderosos era valorizado o grande latifúndio de terras do interior, possuidores de grandes riquezas baseadas no cultivo de algodão e na pecuária.

 Casarão de onde José Pereira comandava suas forças no conflito de Princesa.
Estes fazendeiros, como vimos no exemplo de Marçal Diniz, atuavam através de uma estrutura política arcaica, que se valia entre outras coisas do mandonismo, da utilização de grupos de jagunços armados, da conivência com cangaceiros e outras ações as quais o novo governo não concordava.

Um dos pontos mais fortes da discórdia era cobrança de taxas de exportação do algodão. Os ditos coronéis paraibanos exportavam a produção desta malvácia pelo porto do Recife, causando perdas tributárias para o estado da Paraíba. O governador estabelece diversos postos de fiscalização nas fronteiras do Estado. Por esse motivo os coronéis do interior passaram a apelidar João Pessoa de “João Cancela”.

 José Pereira (em destaque) e seu estado maior 
durante a chamada Guerra de Princesa.

O fazendeiro e líder político José Pereira Lima, mais conhecido como “Coronel Zé Pereira”, da cidade de Princesa, era o mais poderoso entre todas as lideranças do latifúndio na sua região. Para muitos ele é descrito como verdadeiro imperador do oeste da Paraíba, na área da fronteira com o estado de Pernambuco. Zé Pereira contava com o apoio dos governadores de Pernambuco e do Rio Grande do Norte, respectivamente Estácio de Albuquerque Coimbra e Juvenal Lamartine de Faria.

Diante do impasse com o governador João Pessoa, Pereira declarou Princesa “Território Livre”, separando-o do estado da Paraíba, tornando-o absolutamente autônomo.

 Combatentes durante o conflito
Fonte - http://rotamogiana.blogspot.com
A reação do governo estadual foi pesada e uma verdadeira guerra começou. Princesa se tornou uma fortaleza inexpugnável, resistindo palmo a palmo ao assédio das milícias leais ao governador João Pessoa. O exército particular do Coronel José Pereira era estimado em mais de 1.800 combatentes, onde diversos lutadores eram egressos das hostes do cangaço e muitos eram desertores da própria polícia paraibana.

Combatentes da Guerra de Princesa
Fonte - http://rotamogiana.blogspot.com
A força do governador João Pessoa possuía cerca de 890 homens, organizados em colunas volantes. Essas colunas eram chefiadas pelo coronel comandante da Polícia Militar da Paraíba, Elísio Sobreira, pelo Delegado Geral do Estado, o Dr. Severino Procópio e José Américo de Almeida (Secretário de Interior e Justiça).

Marçal Florentino Diniz e Marcolino, ligados por parentesco com José Pereira, se juntam a luta na região. Houve muitos episódios sangrentos na conhecida Guerra ou Sedição de Princesa.

 João Pessoa assassinado 
Estopim da Revolução de 30
Após a morte do governador João Pessoa, ocorrida em Recife, houve a consequente eclosão da Revolução de 30 e o conflito em Princesa acabou. Durante os quatro meses e vinte e oito dias que durou sua resistência, Princesa não foi conquistada pela polícia paraibana. Após a eclosão da Revolução, as tropas do Exército Brasileiro, de forma tranquila, ocuparam a cidade.

Para muitos pesquisadores José Pereira Lima organizou de tal maneira a defesa dos seus domínios, que provocou baixas estrondosas à força pública paraibana.

Diante da derrota, José Pereira e muitos dos que lutaram com ele fugiram da região. A família Diniz se retraiu diante do novo sistema governamental imposto e a fortuna de Marçal e Marcolino ficou seriamente comprometida.

O tempo dos caudilhos do sertão estava chegando ao fim, pelo menos naquele formato utilizado por Marçal Diniz e José Pereira.

José Pereira deixa Princesa no dia 5 de outubro de 1930 e fica escondido em propriedades de pessoas amigas, em diversas localidades existentes em outros estados. Segundo o Sr. Antônio Antas, depois de percorrer vários locais, segundo lhe informou o próprio Marcolino Diniz, José Pereira passou muito tempo escondido na Fazenda Abóbora, até que em 1934 o novo regime lhe concedeu anistia e ele decidiu permanecer em território pernambucano.

 Antônio Antas, conviveu quando jovem com Marcolino Diniz, seu parente. 
Um grande amigo e memória viva da história de sua região.
Mas segundo o Sr. Antônio Antas, a situação na Fazenda Abóbora não foi fácil. Um ano depois da anistia, por ordens de Agamenon Magalhães, então Interventor Federal em Pernambuco, a polícia estadual cerca a Fazenda Abóbora. José Pereira escapa, volta a Princesa e recebe garantias dos líderes estaduais paraibanos.

Visitando a Fazenda Abóbora

Em recente ocasião estive na cidade de Triunfo, onde mantive contato com Lucivaldo Ferreira e André Vasconcelos. Há tempos que mantemos parcerias entre o nosso blog “Tok de História” e o ótimo blog que eles comandam, chamado “Boom! Triunfo”.

A principal igreja católica de Triunfo 
e a névoa da época de inverno na serra.
Tive oportunidade de travar contato com ambos, onde pude entregar-lhes meu último livro “João Rufino-Um Visionário de Fé” e conversar muito sobre cangaço. Os dois são verdadeiramente apaixonados por Triunfo, sua história, sua cultura e lutam para que isso seja divulgado entre os mais jovens.

Lucivaldo é professor de artes da Escola Nova Geração Triunfense, atua como produtor cultural independente. Ele concilia o trabalho de Regente da Filarmônica Isaias Lima, com o de cantor, compositor, arranjador, vocalista da Banda Templários e participante da Orquestra Maestro Madureira.
 O autor deste artigo e André Vasconcelos.
Já André é bacharel em hotelaria, já foi secretário de cultura de sua cidade, é funcionário do SESC-Serviço Social do Comércio, trabalhando no belo hotel que esta entidade mantem na cidade serrana e é um grande pesquisador do tema cangaço. Acredito que tudo que diz respeito ao cangaço em Triunfo e região, se ele não souber, chega perto.

Com extrema boa vontade, ambos se colocaram a disposição para apresentar as características e fatos históricos de Triunfo, de uma forma tranquila e aberta.

Nas nossas andanças me chamou a atenção como às pessoas na região são extremamente tranquilas e comunicativas, sempre buscando ajudar. Percebi que na busca de informações, é difícil alguém que não tenha algum fato em sua história familiar, relacionado a episódios relativos ao cangaço.

 Na busca da Fazenda Abóbora, com a Serra Grande ao fundo. 
Mais de 900 metros de altitude.
Em um dos dias em que lá estive, busquei alugar uma moto 125 e fui com André desbravar os difíceis, longos e enlameados caminhos até a Fazenda Abóbora. Devido às chuvas, o trajeto foi bem complicado e quase caímos em algumas ocasiões. Mas o legal foi que André não perdeu a animação.

Durante o trajeto foi bonito ver a distância a famosa Serra Talhada. Neste caso não era a cidade, mas a elevação com mais de 800 metros de altitude que nomeia o lugar.

 A Serra Talhada.
A sede da Fazenda Abóbora fica praticamente escondida pelos contrafortes da chamada Serra Grande e seus mais de 900 metros de altitude. Já a passagem dos Riachos Abóbora e da Lage foi uma verdadeira aventura, pois ambos estavam com água corrente e, devido a ser final da tarde, não dava para ver a profundidade. Mas o negócio era encarar e seguir em frente. Graças a Deus deu certo.

Percebe-se com clareza no trajeto o quanto a região ainda é isolada. Existem serras cercando todos os quadrantes da propriedade, o que de certa maneira deixa a área bastante intocada. Tudo é muito bonito em termos naturais e paisagísticos.

Aspecto da região.
Em meio a tantas situações interessantes, em um ponto mais alto, avistamos a casa grande da fazenda Abóbora. À primeira vista, à distância, confesso que fiquei até um pouco decepcionado. Achei que era “história demais, para casa de menos”. Mas não era bem assim.

 Sede da Fazenda Abóbora.
Devido à distância e as condições da estrada, chegamos praticamente à noite. Era estranho tentar imprimir velocidade na 125, em meio a uma estrada terrível, desconhecida, cheia de curvas, altos e baixos e o medo de não conseguir as fotos devido a falta de iluminação natural. Ainda bem que André foi um passageiro bem tranquilo na moto. Mas deu certo.

Na casa os proprietários não se encontravam, mas os moradores foram extremamente solícitos em nos receber e abriram as portas do local.

 Oratório de São Sebastião.
O interessante é que a residência está mantida praticamente na sua forma original. Com exceção do pequeno pátio, do murinho, portal e escadarias localizados na parte frontal, eles afirmaram que o resto da casa é todo original e a intenção dos donos é mantê-la como está. Ao redor existem muitas antigas casas de moradores, a grande maioria desocupadas, mostrando que a quantidade de trabalhadores que havia no local já foi bem maior.

A antiga e preservada cozinha.
Fizemos muitas fotos, mas por questão de respeito aos proprietários, apresentamos apenas o interessante oratório com a figura de São Benedito e a original cozinha com seu fogão a lenha.

Os caseiros do local informaram que vivem há anos no lugar e tiveram oportunidade de ouvir através dos moradores mais velhos, a maioria já falecidos, inúmeras histórias sobre a passagem de Lampião pela casa . Ele nós garantiram que era a primeira vez que conheciam pessoas que vinha à casa da Fazenda Abóbora em razão do tema cangaço.
A nossa visita foi rápida, mas valeu e muito.
Mas uma vez agradeço ao André Vasconcelos pelo apoio.

Bibliografia e depoimentos

[1] Relatos transmitidos em entrevista gravada junto ao Sr. Antônio Antas, da cidade paraibana de Manaíra, em dezembro de 2008. O Sr. Antônio, parente de Marcolino Diniz, conviveu com o filho de Maçal quando este estava idoso e vivendo na Comunidade de Patos do Irerê. Vale ressaltar que é relativamente pequena a distancia da sede da Fazenda Abóbora para a cidade de Manaíra.

[2] Relato transmitido ao autor em entrevista gravada junto ao Sr. Antônio Ramos Moura, em agosto de 2006, em Santa Cruz da Baixa Verde.

[3] Para Frederico Pernambucano de Mello, autor do livro “Guerreiros do Sol-Violência e banditismo no Nordeste do Brasil” (2004), na página 244, afirma que Maçal Diniz conheceu Lampião e seus irmãos quando os mesmo já eram membros do bando de Sinhô Pereira, cangaceiro que igualmente recebeu proteção e apoio deste fazendeiro em 1919.

[4] Entrevista gravada com Antônio Antas, dezembro 2008.

[5] Sobre o combate de Lampião na Lagoa Vieira Clique aqui

[6] Segundo Frederico Pernambucano de Mello, Sabino também era conhecido como Sabino Gomes de Melo, Sabino Barbosa de Melo, ou ainda com os denominativos Gore, Gório ou Goa. Ver “Guerreiros do Sol-Violência e banditismo no Nordeste do Brasil” (2004), pág. 243.

[7] Rodrigues de Carvalho (pág. 164) afirma que Sabino nasceu na Paraíba, no lugar denominado Pedra do Fumo, então município de Misericórdia, atual Itaporanga. Pela lei estadual nº 3152, de 30 e março de 1964, o antigo distrito de Pedra de Fumo foi desmembrado do município de Itaporanga e elevado à categoria de município com a denominação de Pedra Branca, localizado a cerca de 20 quilômetros de Itaporanga. Pelo que escutamos durante nossas visitas a região, acreditamos que a versão do autor de “Guerreiros do Sol” é mais correta.

[8] Sobre o ataque a Sousa ver o livro “Vingança, Não”, de Francisco Pereira Nóbrega.

[9] Sobre este combate ver “Pernambuco no tempo do Cangaço – Theophanes Ferraz Torres, um bravo militar (2 volumes)”, de Geraldo Ferraz de Sá Torres Filho, págs. 379 e 380.
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